- 31 de Julho de 1971 -

A rua dos alfineiros estava tão ensolarada como nunca estivera antes. Havia um garoto de cabelos negros e oleosos que estavam chegando à altura dos ombros (mas Severus Prince Snape não ligava para isso). Severus era um garoto magricela que morava na casa que havia ao horizonte, claro, se você estivesse em sua posição, na moita próximo a uma árvore, alguns dos galhos o tinham causado arranhões, mas ele sabia que bastava contar qualquer história para sua mãe que ela acreditaria e logo o curava. Ele observava as garotas, as duas. Porém seu olhar sempre era direcionado com mais intensidade para a mais jovem. A ruiva.

As duas garotas continuavam a sua tarde monótona brincando no parque. Todo dia a mesma coisa. Petúnia: em mais uma de suas tardes entediantes. Líly: se divertia enquanto tentava chamar a atenção da irmã. Algo que Petúnia não sabia, Lily queria ser seu orgulho, pelo menos uma vez a queria fazer sentir-se feliz. Porém todas as suas tentativas haviam demonstrado serem em vão. Bem, nem todas...

- Túnia... – Lily chamou com um sorriso.

- O que foi agora, Lílian? – Petúnia falou, demonstrando que não havia nenhum tipo de interesse em qualquer que seja a coisa que Lily iria fazer.

- Olhe isso – Lily começou a balançar-se, cada vez mais alto. Parecia que queria voar.

- Lílian pare de fazer isso, é perigoso – Petúnia disse sem emoção. Lily não a escutou e bem, ficou flutuando alguns centímetros do chão por alguns segundos, então veio descendo lentamente, tal como um anjo ao aterrissar em terra firme.

- Isso não é divertido, Túnia? Está se divertindo irmã? – Lily perguntou com um lindo sorriso inocente que só fez com que a raiva de Petúnia aumentasse. Petúnia odiava aquele sorriso, pois era o mesmo sorriso com que Lily conseguia o que quer que fosse.

- Não isso não é divertido! Sabe por quê? – Petúnia começou a gritar, Lily espantou-se, nunca vira a irmã tão zangada assim. – Sabe por que, Lílian Evans? Porque é sempre...- Petúnia interrompeu-se, não podia demonstrar nenhum tipo de ciúmes. Respirou fundo e encarou aqueles olhos verdes.

Lily fitou o chão, mais precisamente uma flor que jazia morta ali. Lily sentiu pena da flor, ela deveria ser tão linda quando estava cheia de vida. A ruiva abaixou-se apanhou a flor entre as mãos, fazendo com que esta ficasse em algo como uma caverna fechada em suas mãos.

- Túnia – sua voz saiu em um sussurro -, aproxime-se.

Até agora Petúnia apenas observou todos os movimentos que Lily fazia. Não tinha a mínima idéia do que isso significava. Ela aproximou-se de Lílian com um olhar confuso. Lilian abriu as mãos lentamente. A pequena flor, a mesma flor que Lily havia buscado no chão, morta, agora estava linda, com vida. Suas pétalas brancas davam a impressão de que nunca haviam sido tocadas, de que acabara de desabrochar. As suas pétalas abriam e fechavam rapidamente. Não havia nenhum tipo de explicação lógica para isso! Lily sorria e Petúnia a encarava séria. Lily entrou a flor para Petúnia.

- O q... Que tipo de monstro é você? – Petúnia perguntou. O sorriso de Lily desfez-se dando lugar a lágrimas, grossas lágrimas que escorriam pela sua face. Lily tentara segurar elas, porém era impossível, principalmente depois de ouvir aquilo.

- Eu não sou um monstro, Túnia – Lily falou em seu tom suave, enquanto limpava as lágrimas. – Sou apenas uma menina normal.

- Normal? – Petúnia soltou uma gargalhada. – Querida, normal você está longe de ser. Você parece um monstro! Ops... Uma monstrinha – mais lágrimas brotavam dos olhos de Lily, desta vez não fez questão limpa-las. Lily estava sem palavras. Lily recolheu a mão e flor recomeçou a abrir e fechar, tal como o movimento de uma ostra. Petúnia aproximou-se em tom que a dividia entre a curiosidade, a raiva e o ciúme.

– Pare com isso! Mamãe disse que não era para você fazer isso.

- Mas não estou machucando ninguém – Lily disse em sua defesa.

- Como consegue? – Petúnia perguntou em um tom abafado.

- Isso é obvio, não? – Severus saíra de seu “esconderijo” as garotas haviam assustado-se. Petúnia havia voltado para os balanços, porém, Lily, mesmo assustada, continuava ali.

- O que é obvio? – ela perguntou. As bochechas pálidas do garoto assumiram um tom rosado.

- Você pode fazer isso por que é bruxa – ele falara fitando o chão. Lily espantou-se.

- Isso não é uma coisa que se diga a uma menina! – ela exclamou.

- Eu sei quem você é – Petúnia havia tomado coragem. – Você é aquele garoto estranho que mora naquela casa – ela indicou no horizonte uma casa mal cuidada, com janelas pendendo -, você é o garoto esquisito que mora lá. Vamos Lílian – Petúnia chamou a irmã.

Ela começou a caminhar em direção a casa, mas Lily não a seguia, ainda estava absorta por ouvir aquilo, ora, onde vira, ela uma bruxa! Isso era impossível.

- Qual o seu nome? – Lily perguntou ao garoto.

- Severus Snape – ele murmurou.

- Sou Lily Evans – ela lançou um sorriso ao garoto. – Prometa-me de que não ira mais falar algo do tipo para alguém, isso é feio, não se pode chamar as pessoas de bruxas.

- Mas é q... – ele começara a falar.

- Lílian – a voz de Petúnia rosnou.

- Adeus, Severus – Lily disse, depois fez o mesmo caminho que a irmã havia feito.

- Adeus, Lírio – ele murmurou depois de ver apenas o cabelo ruivo da garota distanciando-se dele.