Bohemian Rhapsody - Season 1 escrita por Léo Cancellier


Capítulo 1
Capítulo 1 - Loucuras Por Amor


Notas iniciais do capítulo

Músicas
Nine - A Call From The Vatican
Glee - Jessies Girl
Glee - Dont Rain On My Parade
.
Por ser uma Songfic, é claro que fica bem mais divertido de se acompanhar com música (sempre haverá um aviso com o nome da música e o link para se ouvir antes da letra da música entrar).



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Fim das ferias. Tempo de voltar aos estudos. Porém, como eram férias de julho, os alunos não voltaram bronzeados, e sim muito bem agasalhados. De manhã, antes de começar a primeira aula, era comum ver fumaça saindo das bocas dos estudantes quando falavam. Luvas, casacos, calças e braços cruzados eram predominantes no pátio. Casais ficavam abraçados, procurando se esquentar.

Bom... Nem todos.

– Jessie, chega. Eu não quero mais ouvir. – exclamou Mônica, enquanto colocava a mochila em cima da última carteira próxima à janela.

– Mas eu tenho muita coisa para te dizer. – protestou Jessie.

– Se não forem coisas boas, não quero ouvir. – disse a garota, puxando a cadeira e sentando-se nela.

– Eu gosto muito de você. – exclamou o rapaz, jogando a sua mochila na carteira que ficava ao lado da de Mônica. Sentou-se na cadeira e pegou a mão dela. – Mô, eu acho que te amo.

– Como assim acha? – perguntou Mônica, fazendo cara de desentendida. E fez um biquinho para ele.

– Não. Eu não acho. Tenho certeza. – disse Jessie.

– Eu também te amo Sr. Jessie Arnstein. – rebateu Mônica, dando um beijo nele.

Nesse momento, Cebola e os colegas da banda entraram na sala.

O vocalista fitou sua amiga beijando Jessie. Ficou parado por um tempo, mas logo foi empurrado para dentro pelos colegas da banda. Eles foram para o fundão, como era de costume.

– Olha só se não é o casal mais fofo da face da terra! – exclamou uma garota. Mônica desgrudou de Jessie e riu. Era a sua melhor amiga, Magali. As duas se abraçaram.

– Então, Magá. Hoje é um dos seus dias favoritos, né?

– Pois é, Mô. Aula de Artes com o professor Guido. Mas eu nem sei se consigo olhar para a cara dele.

– Por quê?

– Eu fiz uma loucura nessas férias. Tomara que ele tenha esquecido. – Magali estava vermelha.

– O que você fez? – perguntou Mônica.

– Tipo, esses dias, o professor ligou lá em casa, mas eu estava deitada já. Parece que eu tinha esquecido um trabalho com ele antes de entrar de férias. Mas como eu tava de preguiça no quarto, resolvi retornar. Descobri com a esposa dele que o professor estava doente. Então ela me deixou falar com ele. Quando o Sr. Guido atendeu, eu disse:

A Call From The Vatican


[Magali]
Guido...
Guido...

Eu estava de preguiça no meu quarto quando você ligou
E me ocorreu uma idéia
De que você poderia estar

Curioso por aí

Guido

Quem não está vestindo nada?
Eu não estou!
Meu querido
Quem tem medo de beijar os dedos dos seus pés?
Eu não!

Sua mamãe, querido
Sopra ao seu ouvido
Para que você ouça alto e claro.
Preciso que você me aperte aqui...
Aqui...
E aqui.

Cootchie, cootchie, cootchie coo
Eu já
Planejei tudo o que vou fazer você
Tão quente
Que vai te fazer suar
E berrar
E vibrar como uma corda
Que eu sacudisse


Beijar sua fonte febril
Beliscar suas bochechas
Até você dizer “Ai!”
E mal posso esperar
Para te mostrar como
Guiiido!

Quem não liga
Quando você me procura
Exausto do trabalho?
Eu não ligo, querido
Quem conhece tratamento melhor
Que o efeito que eu provoco?
Eu não!

Mas isso
Terá que ser suficiente por enquanto

Guiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiido

Tchau

Eu te amo Guido

Mônica estava incrédula. Ela sabia que Magali e o professor ficavam de amassos, mas a amiga tinha exagerado.

– Você é louca. E aí? O que aconteceu?

– Ele disse que eu precisava ter o meu “momento mágico” com alguém da minha idade. Alguém que eu amasse e não com o professor, que foi apenas uma paixãozinha. – e, nesse ponto, sussurrou. – Eu concordei com ele e o meu alvo é o Cascão.

– Menina, mas você só se mete com caras comprometidos. O Cascão está com a Cascuda. – Mônica sussurrou de volta.

– Mas já ouvi dizer que ele também gosta de mim. E se eu mostrar para ele que também o amo, que realmente é amor, pode ser que role algo. – O sinal tocou. Magali encarou a amiga. – Mô, deixa eu sentar no seu lugar e você senta na minha frente, por favor. Não quero que ele me veja.

Mônica riu e sentou-se na carteira da frente. Magali sentou-se atrás da amiga e se encolheu. Logo, o professor entrou na sala. Cebola foi até ele e pediu para dar um recado.

– Bom, nós queríamos avisar para vocês que no domingo haverá o primeiro show da nossa banda, os Grampeadores de Gaveta. Será na Praça do Limoeiro, oito da noite, no Festival de Inverno. Não percam. – anunciou Cebola.

E voltou para o seu lugar, sem deixar de lançar um olhar para Mônica. Jessie reprovou essa atitude, mas não disse nada. Sabia que Mônica não agüentaria mais um ataque de ciúmes.

Sete e meia da noite. Algumas pessoas dançavam no centro da praça. O palco iluminado erguia-se imponente diante de todos. Mônica e Jessie, junto com Magali e Cascuda, estavam bem perto do palco. Um DJ animava as pessoas. Jessie estava com uma cara emburrada. Mônica olhou para ele.

– Algum problema? – perguntou.

– Sei lá. Estou sentindo que algo vai acontecer nesse show e eu não vou gostar nadinha disso. – comentou Jessie.

– Ah não Jessie. Não vai começar a ter ataques de ciúmes. – pediu Mônica. – Eu já conversei com você sobre isso. Não há motivos para ter ciúmes do Cebola. Ele é meu amigo. E é o seu amigo também. Ou era. Não vai fazer nada para deixar um de nós dois passar vergonha aqui.

Jessie apenas suspirou e esperou o show começar. Logo, as luzes começaram a piscar e o DJ saiu do palco. Uma voz anunciou o nome da banda. Primeiro entrou Do Contra, seguido de Titi, Xaveco e Cascão. Cascuda e Magali começaram a gritar.

– Cas lindo!! – berrou Magali.

– Cas MEU lindo!! – Cascuda berrou mais alto.

Cebola entrou com a sua guitarra e foi até o microfone.

– Estão prontos para agitar? – perguntou. Todos berraram um “SIM”.

Cebola começou a tocar a guitarra.

Jessie's Girl


[Cebola]
Jessie é meu amigo
Sim, eu sei que ele tem sido um bom amigo
Mas ultimamente algo mudou e não é difícil de definir
Jessie conseguiu uma garota e eu a quero para mim

E ela o está observando com aqueles olhos
E ela o está amando com aquele seu corpo, simplesmente sei
E ele está segurando-a em seus braços à noite

Sabe, eu queria ter a garota do Jessie
Eu queria ter a garota do Jessie
Onde posso encontrar uma mulher que nem aquela?

Levo tudo numa boa
Não parece ter uma razão para mudar
Sabe, eu me sinto tão sujo quando eles começam a falar daquele jeitinho fofo
Quero dizer a ela que eu a amo
Mas isso provavelmente ia gerar discussão

Porque ela o está observando com aqueles olhos
E ela o está amando com aquele seu corpo, simplesmente sei
E ele está segurando-a em seus braços à noite

Sabe, eu queria ter a garota do Jessie
Eu queria ter a garota do Jessie
Onde posso encontrar uma mulher que nem aquela?
Como a garota do Jessie
Eu queria ter a garota do Jessie
Onde posso encontrar uma mulher
Onde posso encontrar uma mulher que nem aquela?


E estou olhando para espelho o tempo todo
Perguntando-me o que ela não vê em mim
Tenho sido engraçado, respeitei os limites
Não é desse jeito que o amor deveria ser?

Diga-me, onde posso encontrar uma mulher que nem aquela

Sabe, eu queria ter a garota do Jessie
Eu queria ter a garota do Jessie
Eu quero a garota do Jessie
Onde posso encontrar uma mulher que nem aquela?
Igual à garota do Jessie
Eu queria ter a garota do Jessie
Eu quero, eu quero a garota do Jessie

Após o último acorde tocado por Cebola, todos explodiram em aplausos. Todos menos Mônica e Jessie. Ela estava com as mãos na boca e ele estava furioso. Jessie apenas se levantou e invadiu o palco. A platéia ficou em silêncio. Ele tirou do microfone do suporte e começou a falar.

– Como vocês podem aplaudir isso? Ele acaba de esfregar na cara de vocês que quer a minha namorada! – trovejou Jessie, chutando o suporte do microfone. Encarando Mônica, berrou. – Eu sabia que tinha algo entre vocês. Os dois são ridículos! RIDÍCULOS!

Dois seguranças invadiram o palco e tiraram Jessie de lá. Mônica estava paralisada. Magali olhava para a amiga. Depois de ver que ela não esboçava emoção, tomou uma atitude. Ajudou Mônica a se recompor e saiu com ela de lá.

– Bom... Vamos voltar ao show. – anunciou Cebola.

Magali tentava afastar Mônica do show o mais rápido que conseguia. Mônica soluçava e falava coisas sem sentido.

– Como ele... Não! Não... Vegetal filho da puta... Jessie mais filho da puta ainda...

– Calma, amiga. – Magali tentava acalmar Mônica. – Vamos para a minha casa. Você pode se acalmar lá.

– Não... Tudo bem... Pode voltar para o show. Eu consigo ir sozinha para a casa, Magá. Se você não ficar lá, como o Cas vai te notar? – disse Mônica, esboçando um sorriso. Magali sorriu e acenou com a cabeça.

– Qualquer coisa, pode me ligar que eu vou correndo te ajudar.

Mônica riu e deu um beijo no rosto da amiga. Cada uma foi em uma direção. Magali, para o show e Mônica, para a sua casa.

“Ele me humilhou publicamente. Então amanhã devolverei na mesma moeda. E na frente do colégio inteiro.”, pensou Mônica, enquanto parava diante do portão da casa de Jessie. Tocava uma música alta. De repente, viu, através da janela, um objeto cruzar o quarto. “Deve estar descontando a raiva...”, deduziu.

Caminhando lentamente, Mônica logo chegou à sua casa. Deu um “oi” vago para a sua mãe e foi direto para o seu quarto. Precisava armar um plano.

Um raio riscou o céu. O trovão veio em seguida. A última aula parecia não acabar nunca.

– Legal... Chovendo... – resmungou Mônica. – Eu esperava um dia melhor para humilhar o Jessie.

– Amiga, tem certeza disso? – perguntou Magali.

– Claro, Magá. Payback is a bitch. – sussurrou Mônica.

– Mas você pode ser suspensa.

– Vale o risco. Quero ver a cara de bunda do Jessie. – riu-se Mônica. O sinal tocou. – É agora.

Mônica encontrou Jessie no meio do pátio. Berrou o nome dele. O rapaz virou-se e a encarou. A escola inteira parou. Parecia que todos que estavam no show esperavam um grande espetáculo na escola.

– Jessie... Eu preciso te dizer algo. – disse Mônica.

– Eu não vou aceitar a suas desculpas. – rebateu Jessie.

– Mas quem te disse que eu vou pedir desculpas? – Mônica colocou as mãos na cintura.

– Como disse?

– Eu não tenho que pedir desculpas! É a sua obrigação fazer isso para mim! Você me expôs ao ridículo, me colocou como a vagabunda piranha na história, sendo que eu nem sabia o que aquele pateta do Cebola faria!

– Mas...

– Cale a boca, Jessie Arnstein!

Todos no local fizeram um “Uhhhhhhh”.

– Eu sou o seu namorado e...

– É quem? Desde quando? Pelo que eu sei, um namorado tem que confiar na namorada e não humilhá-la diante de todos. Tem que dar liberdade para ela.

– Eu... – protestou Jessie, mas Mônica colocou a mão na boca dele.

– Eu já disse para você calar a boca!

.

Don't Rain On My Parade


[Mônica]
Não me diga para não viver
Só sentar e vagabundear
A vida é doce e o sol é uma bola de manteiga
Não traga uma nuvem negra para estragar o meu desfile

Não me diga para não voar
Eu simplesmente tenho que fazer isso
Se alguém leva um tombo
Sou eu e não você
Quem disse que você está autorizado a estragar o meu desfile?

Vou marchar com minha banda
Vou bater meu tambor
E se eu estou bagunçada
Você ficará assim também, senhor
Pelo menos eu não fingi
Seu chapéu, senhor
Eu acho que eu não consegui

Mas quando sou a rosa da perfeição absoluta
Uma pinta no nariz da complexidade da vida
A Cinderela ou a maçã brilhante do olho dele

Eu tenho que voar uma vez
Eu tenho que tentar uma vez
Eu só posso morrer uma vez, certo, senhor?
Ooh, a vida é doce, doce e você vê
Eu tenho que pegar meu pedaço dela, senhor


Esteja pronto para mim, amor
Porque eu estou vindo
Eu simplesmente tenho que marchar
Meu coração é um baterista

Não traga uma nuvem negra
Para estragar o meu desfile

Eu vou viver e viver agora
Conseguir o que o quero, eu sei como
Um rolo para a turma toda
Uma jogada e aquela campainha tocará
Olhos no alvo e wham!
Um tiro, um disparo e bam!
Ei senhor Arnstein, aqui estou!

Vou marchar com minha banda
Vou bater meu tambor
E se eu estou bagunçada
Você ficará assim também, senhor
Pelo menos eu não fingi
Seu chapéu, senhor
Eu acho que eu não consegui

Esteja pronto para mim, amor
Porque eu estou vindo
Eu simplesmente tenho que marchar
Meu coração é um baterista
Ninguém, não, ninguém
Estragará o meu desfile!

O sol surgiu no lugar das nuvens cinzentas. O colégio inteiro vaiou Jessie, que saiu de cabeça baixa. As garotas ergueram Mônica no ar e berraram o seu nome.

– Isso mesmo, Mô. Mostra que um cara não pode achar que a culpa é da mulher quando na verdade não é! – berrou Carmem. Mônica sorria.

– Esse momento merece uma comemoração. Todas para a sorveteria! – anunciou Aninha.

As garotas colocaram Mônica no chão e foram para a sorveteria. Os garotos cruzaram os braços.

– Ela me chamou de pateta? – perguntou Cebola.

Cascão olhou para ele.

– Eu ficaria mais atento se fosse você. Não faça mais aquilo que fez no show. Acho que se fizer, o seu dentista ficará rico.

– Eu não desisti dela ainda, Cas. Só farei isso quando não vir mais chance alguma. – anunciou Cebola.

Enquanto os alunos iam esvaziando o pátio, Jessie ficou parado no centro do local.


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Notas finais do capítulo

Há personagens originais misturados com a TMJ. Jessie entrou agora e entrarão mais alguns ao longo dessa temporada.