Noite. Nada além do profundo silêncio reinava sobre Londres. A cidade havia sido engolida pela escuridão, apenas a luz da lua era refletida apesar das nuvens cobrirem-na constantemente.

Caminhava tranquilamente para casa após um longo dia de trabalho e escola. A quietude sepulcral incomodava-me, resolvi ligar meu iPod para distrair. Passei por uma das ruas mais importantes da cidade a Wall Street, ali se encontrava os bancos mais importantes e grandes centros financeiros.

Após passar aquela rua adentrei um dos becos que conhecia, a fim de cortar caminho. O beco nada mais era do que um estreito e longo corredor, mal iluminado. Mesmo com os fones de ouvido tocando Sweet Dreams do Marilyn Manson em uma altura razoavelmente alta, conseguia ouvir o ruído dos meus pés sob o chão.

Assustei quando avistei no final do beco um homem encostado na parede. Engoli em seco. Diminui o som dos meus fones.

Os nossos olhares encontraram-se naquela escuridão. Conforme me aproximava dele, via-se que era alto e esguio; dono de um rosto finamente bem traçado. Lábios bem desenhados, rosados. Com o lábio inferior demarcado por um piercing preto. Os olhos que haviam chamados a minha atenção eram grandes profundos, tão negros quanto ébano. Contrastando com sua pele branca e alva; possuía cabelos cortados até a altura dos ombros. Tinham a mesma cor que seus sedutores olhos.

In the dead of night, love bites… You… Invites you to feast in the night. Excites you… Delights you… And drains you to white. Love Bites.

(Na calada da noite, o amor morde… Você... Convida-a para saciar-se na noite. Excita-a. Deleita-a... Deixa-a pálida. O amor morde.)

Elizabeth POV:

Olhava-me intensamente, o negrume de seus olhos fitando os meus, azuis.

Sentia medo? Talvez. Mas percebia que estava diante da criatura que mais admirava.

Aqueles seres descritos muitas vezes como noturnos, sombrios e sedutores. Sabia que era um deles e o pior era que estava perdidamente atraída pelo perigo. Se pensasse em fugir não teria como escapar dele, era um perito em caça e eu estava cedendo...

Meu coração encontrava-se descompassado, lentamente ele aproximou, fazendo recuar até encostar-me a parede gélida.

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Sem hesitar, tocou meu rosto com a ponta de seus dedos contornando-a vagarosamente. Engoli em seco. Em nenhum momento quebrou aquele contato com o olhar, me prendendo hipnotizante. Deslizou sua mão em meu pescoço, carinhosamente. Estávamos próximos demais. Conseguia sentir sua leve respiração em meu pescoço. Aproximou seus lábios no lóbulo de minha orelha, deixando aquele metal negro e gélido roçar. Estremeci.

– Sem nenhum barulho. Não queremos olhares curiosos neste encontro, não? – Sua voz soara profunda e rouca. Mas ainda aveludada em meu ver. Encarou-me.

Kieran POV:

O som pulsante vindo de seu coração era denunciante, uma música atraente para os meus ouvidos. Fazia tempo que não ouvia algo parecido com aquilo.

Estava nervosa, apesar de demonstrar um físico calmo. Seus olhos eram duas órbitas de safiras brilhantes em um rosto harmônico.

O desejo de sorver-lhe o sangue aumentava, queria possuir-lhe vagarosamente. A minha sede estava matando-me. Novamente deixei que meus lábios roçassem suavemente em sua pele. Ela estava paralisada.

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– É disso que gosta? – sorriu maliciosamente.

Não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Minha voz morria em minha garganta antes que pudesse emitir qualquer som.

– Clama por mim suplicante... Sussurra meu nome ao anoitecer enquanto dorme. Vim responder-lhe o pedido, vou colocar um fim ao seu desejo angustiado.

– Não me lembro de um pedido.

– Vejo procurar-me em cada rua obscura desta cidade. Carregando livros sobre mitologia de seres sobrenaturais. Tentando achar o meu rasto. Por mais que não demonstre, está com medo Elizabeth McKnight?

– Como sabe o meu nome?

– Conheço muito mais coisas sobre você, do que possa imaginar. Onde está a minha educação? Deixe-me eu me apresentar… Sou Kieran Manson. – disse, distanciando para uma breve reverência. Estou vivo há mais de 350 anos. E posso dizer que em todos estes anos, nunca vi mais belos olhos que os teus.

Enrubesci com aquele elogio, ainda mais sendo pronunciado por ele. Mal notei-o encostar seu corpo ao meu, pressionando suas pressas em meu pescoço.

Kieran POV:

Enterrei-as suavemente, sentindo o seu perfume que emanava de sua jaqueta. Lentamente um líquido vermelho - vivo começou a fluir. Como um licor doce e precioso. Quente. Delicioso. Irresistível. Minha eterna sede era engolfada por seu sangue.

Elizabeth POV:

Meu coração batia forte, o som dele chegava aos meus ouvidos parecendo que iria explodir a qualquer momento. Suas pressas enterram-se em meu corpo. Fechei os olhos naquele momento delirante. Minha mão estava em sua nuca, puxando-o para mais perto.

Tudo perdera significado. Somente ele importava. Queria-o. Minha respiração estava ofegante. Meu devaneio fora interrompido pela sua magnífica voz.

– Elizabeth, abra os olhos...

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Do lado direito, uma de suas mãos encontrava na curva do meu pescoço, segurando-o. Deixando a veia da jugular a mostra. Aquele contato fez com que minha mão fechasse em alguns feixes do seu cabelo, puxando-o suavemente.

– Elizabeth, abra os olhos...

Abri-os, para vê-lo ardiloso, sob meu pescoço. Senti sua língua percorrer a região marcada.

Kieran POV:

Senti-a suspirar com aquele toque.

– Como se sente? Agora sei o quão irresistível és.

– Eu... Preciso ir... – disse tentando ser firme. Coloquei a mão sobre a região.

Tudo girava em minha mente. Dei-lhe as costas e fui andando. Mas senti meu corpo desfalecer em sues braços.

– Shhh... Eu te levo.

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Acordei. Estava em casa. Olhei em volta, tudo parecia perfeitamente normal. Fora somente um sonho louco. Até percorrer a mão pelo pescoço e sentir as marcas. Voltei a deitar, aconchegando meu rosto no travesseiro, mesmo assim, não conseguia dormir. Pensava nele. Nem mesmo minha cama macia fazia-me dormir.

Lá fora caía uma leve chuva, deixando o tempo mais frio.

Sweet dreams are made of these... Who am I to disagree?

( Doces sonhos são feitos disso… Quem sou eu para discordar?)