Rory estava passando uma temporada na casa de Brittany, mas não porque ele conhecia ela ou porque eles era amigos próximos, e sim porque esse havia sido o acordo de intercâmbio quando ele deicidiu ir para os Estados Unidos. Quando fez a viagem, nem mesmo pensava sobre com que tipo de pessoa dividiria a casa, se seria alguém legal ou um tremendo pé no saco, entretanto, quando descobriu Brittany, Rory sentiu como se tivesse ganhado na loteria!

Brittany era linda, loira e tinha um corpo de mulher que ele tanto gostava. Era bom demais para ser verdade. Assim que a viu pela primeira vez, achou que finalmente tinha encontrado a garota perfeita para namorar - ou apenas para um romance de verão, quem sabe? De qualquer forma, foram várias as suas investidas, mas muito poucas as que surtiam efeito. Brittany era uma garota difícil, mas não porque não se deixava levar por qualquer xaveco, e sim porque não entendia as cantadas que ele dizia. Mas nem por isso Rory estava disposto a desistir de quem tanto gostava.

Certa vez, ele foi procurar Brittany em seu quarto e estava pronto para finalmente ganhá-la em seus braços. Aprendera uma série de flertes e xavecos imbatíveis com Puck, um dos seus colegas de Clube Glee, e estava pronto para usá-las. Puck sempre conseguia todas as garotas que queria com aquelas dicas, então com certeza elas funcionariam!

De frente para a porta do quarto de Brittany, ele deu duas batidas e achou que teria que esperar um pouco até ser atendido, porém, assim que sua mão encostou na porta, ela se abriu. Estava apenas encostada, portanto, qualquer um poderia entrar. Sem pedir licença, ele adentrou ao quarto de Brittany, achando que a encontraria em um momento íntimo, porém tudo o que viu foi um quarto vazio, aparentemente abandonado às pressas. Os únicos sinais de que Brittany estivera ali em algum momento eram os cobertos bagunçados em cima de sua cama e um caderno aberto, com uma caneta pousada sobre.

Espera aí, um caderno? Isso não é um caderno, é um...

Rory avançou em direção ao diário de Brittany com a mesma ferocidade de alguém faminto avançando em uma torta de morango. Aquilo também era bom demais para ser verdade, afinal, quantas vezes na vida teria oportunidade de ler o diário de sua tão grande desejada? Ali, Rory viu a deixa de que precisava para entender um pouco mais sobre o cérebro loiro (e algumas vezes ingênuo) de sua amada e poderia até descobrir o que tinha que fazer para conseguir conquistá-la. Por isso, encostando a porta do quarto para não ser visto, ele voltou à cama e pôs-se a ler aquela página Brittany parara de escrever momentos atrás.

(Rory não queria assumir para si mesmo, mas também queria ler o diário porque, bem, faz parte da natureza huumana um pouco de fofoca.)

O texto era simples e muito mal escrito. Brittany mal sabia escrever as palavras para demonstrar o que sentia. Enquanto lia, Rory foi ficando tomado de expectativa. O que estava escrito era mais ou menos assim:

"Querido diário,

Acho que estou sendo acertada pela flecha do Cupim, ou qualquer que seja o santo responsável por nos deixar apaixonados. Tenho sido constantemente flertada nos últimos dias e algo na atitude desse alguém está conseguindo me fazer sentir o mesmo por ele. Quer dizer, não que ele tenha chegado em mim e dito 'Ei, quer namorar comigo?' ou nada do tipo, mas seus olhares dizem isso. Quando me fitam em meus momentos de distração, é como se desejassem o meu corpo - não só o que se vê por fora que, cá entre nós, é muito bonito, pois eu cuido muito bem dos meus cabelos, do meu tratamento de pele e dos meus exercícios físicos, mas é como se me desejasse inclusive por dentro, com todos os meus órgaos que mantêm esse corpinho sempre vivo. Não sei se nesse caso é canibalismo, então vou deixar me mencionar esse tipo de coisa. Mas aqueles olhos de gato, azuis e claros, tão sedutores, céus!, eles me fuzilam! Não precisa ficar preocupado, diário, isso foi apenas uma figura de linguagem, nunca fui alvejada por ele. Mas é como se fosse. Acho que você entende, não? Bem, de qualquer forma, acho que vou me entregar a essa paixão, afinal, como a Santana me disse certa vez, a vida é curta demais para perdemos tempo tomando decisões. Vou me jogar nos braços dele e sei que estou certa quanto à minha decisão. Não posso estar enganada quanto ao que estou pensando a respeito dele - mas eu poderia, já que toda vez que ele fala comigo eu mal consigo entendê-lo. Talvez seja o sotaque do lugar onde tenha nascido.

Enfim, vou dar o meu primeiro passo em direção a essa paixão. E vou fazer isso agora, querido diário. Tanto que estou indo atrás dele agora, porque sei que ele está na sala de estar. Depois eu volto para dar uma conclusão melhor a essa minha história"

E o texto acabava assim, sem assinatura.

Rory jogou o diário sobre a cama e apressou-se em correr para a sala. Como Brittany ressaltara, não podia perder tempo!

- Brittany, estou aqui! - ele entoou, cantando, ao entrar na sala.

Brittany estava sentada num pufe, acariciando o seu gato, e o olhou espantada.

- Que bom - disse. - Quer alguma coisa?

Rory olhou dela para o gato e de novo para ela e de novo para o gato e sentiu vontade de ter uma metralhadora para estraçalhar o bichano que agora Brittany acaraciava.

- O que foi, Rory? Está me deixando preocupada, e olha que eu nem te conheço direito para sentir isso - ela voltou a dizer.

Rory não sabia o que dizer.

Brittany deu de ombros e levantou o seu gato com ambas as mãos. Fitou-o com seus belos olhos e, para horror e surpresa de Rory, deu um beijo rápido na ponta do nariz do animal, que ronronou, como se gostasse. Em seguida, largou o gato de volta ao pufe e voltou a acaraciar as suas costas.

- Eu e meu gato... Acho que pode rolar uma coisa entre nós - Brittany disse e corou.

Rory não aguentava mais aquilo. Virou-se nos calcanhares e deixou a sala para nunca mais querer ver Brittany em sua vida.