POV do Hyunseung

Fiquei intrigado com essa garota... Ela parece ser vagamente feliz, mas tem algo por trás disso e eu quero descobrir. Pelo pouco tempo que passei com ela deu pra perceber que se depender dela eu morro sem saber. Então vou ter que recorrer ao meu instinto de detetive.

Fiquei pensando no nosso fim de tarde. Foi bastante agradável, e ela realmente me parece boa mas como eu penso, algo a impede. Pensei em ligar para ela, mas lembrei que nem ao menos lhe pedi seu número.

Droga Hyunseung !

Como você espera descobrir algo se não começa pelo básico ?

Resolvi ir dormir e amanhã pegar o número dela.

–NO DIA SEGUINTE-

Acordei fiz minha higiene e não me senti tão alegre como sempre. Acho que estou de... mal-humor. Aish, só um dia com aquela garota e eu já estou ficando baixo-astral ! Eu tenho que reverter essa situação.

Quando desci para tomar café da manhã não encontrei nem meu pai nem minha mãe. Resolvi comer qualquer coisinha e ir logo para a escola.

Quando estava saindo de casa coinscidentemente Hyuna também estava saindo da casa ao lado! Ela é minha vizinha e eu não sabia disso?

HYUNSEUNG VOCÊ É UM IDIOTA.

–Hey vizinha!- Ela apenas revirou os olhos e caminhou.-Vai me ignorar ?

–Era o que eu pretendia.

–Hum, se você disse era então é passado. Não me ignore!

–Ainda pretendo te ignorar.

–Se você parar para pensar, você esta falando comigo o que significa que você não esta me ignorando!

–Idiota!

–Pare de me chamar de idiota!

–Hum, é impressão ou o Sr. Alegrinho esta de mau-humor ?- Ela abriu um pequeno sorriso de deboche.

–Impressão ou é a primeira vez que eu vejo a Sta. Grossa sorrir ?- O sorriso dela na mesma hora sumiu dando lugar a uma expressão sombria.

–Eu te odeio.

–Me dá seu número ?

–Não.

–Por favor.

–Não

–Por favor.

–Eu disse que não, e se você vai fazer o mesmo joguinho que fez para descobrir meu nome então nem chegue perto de mim.

–Ótima idéia!- Peguei meu caderno e anotei meu número. - Aqui.

–YAH ! Pare de me irritar ! E eu não quero o seu número.- Apesar dela ter dito isso, ela não me devolveu o papel, nem o jogou no chão. Ela quer o meu número.

POV da Hyuna

Que irritante! Ele realmente sabe me irritar. Mas eu percebi que hoje ele não estava tão alegre como ontem. Ele com certeza está de mau-humor. Geralmente quando as pessoas estão de mau-humor tudo as irrita. Vou mostrar-lhe que também sei irritar.

Sentei-me em minha mesa e puxei meu caderno. Comecei a rabiscar coisas bobas que provavelmente o deixaria irado. Fiz um desenho "lindo" do Sr. Alegrinho e quando o vi chegando coloquei minha melhor expressão de desculpa.

–É... eu queria... me desculpar com você.-Vi a expressão de surpresa dele.- Eu sei que fui muito grossa com você e... não devia ter lhe tratado mal. Desculpe. - Entreguei o papel dobrado com o desenho dele. Ele foi desenrolando o papel e quando viu o que tinha ficou vermelho de raiva.

–Cadela. -Tremi quando ele disse isso. Odeio cachorros. Me lembram aquela noite horrível... Uma lágrima escorria discretamente pela minha bochecha o que me fez lembrar mais ainda daquela cena terrível.

Joguei meu cabelo para frente a fim de esconder o meu rosto. Não quero ninguém me vendo chorar, se eu tentar secar as lágrimas iria molhar a mão o que deixaria mais óbvio que eu estava chorando. Já já secaria e depois era só tirar o rastro.

Mas o pior é que eu estava errada. As lágrimas desciam agora com mais rapidez. Levantei-me e fui em direção a porta. Sai de lá e corri até o parque em que estava ontem, mas dessa vez em uma parte mais afastada. Sentei-me e chorei. Eu ainda não conseguia lidar com esse trauma.

Senti-me ser abraçada com força. Me assustei tentando escapar do aperto mas não consegui.

–YAH! ME LARGUE!

–Cale a boca puta!- O cara me virou de frente para ele e deu-me um tapa no rosto.

–Me largue... por favor não faça nada comigo!

–Aishh ! JÁ LHE MANDEI CALAR A BOCA ! -Deu-me outro tapa e rasgou minha blusa tateando meus seios.

–Por favor, pare! PARE ! - Gritei em desespero. Como uma pessoa tenta estuprar a outra a essa hora do dia ? - SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! SOCORRO!

–YAH YAH YAH! CALE A BOCA PORRA! CALE A BOCA E SÓ ABRA QUANDO EU MANDAR ! -Deu-me um tapa mais forte ainda e puxou meu cabelo. Eu não podia fazer mais nada além de chorar.

POV do Hyunseung

Estranhei o ato dela.Olhei para sua cadeira e pude perceber que sua mesa estava molhada. Não... eu ... eu não acredito. Eu que fiz isso ?

Ela chorou por minha causa ? A garota grossa e fria esta chorando por minha causa ?

Levantei-me e corri até a porta. Sai disparado pelo corredor e quando estava fora da escola pensei onde ela poderia estar. Eu não a conheço o suficiente para saber que lugares ela frequenta então... Só me resta o parque em que estavamos ontem.

Corri até o lugar onde ficamos ontem mais não a encontrei. Resolvi fazer a volta por lá e ver se a encontrava. Estava chegando perto de um laguinho quando escutei gritos e apelos de socorro. Corri na direção dos gritos e encontrei Hyuna chorando desesperadamente enquanto um cara lhe atacava.

–SOCORRO ! SOCORRO ! - Ela gritou recebendo um tapa no rosto. O lugar ficou com a marca da palma do homem.

Corri em direção a ela dando um chute no meio das pernas do cara o fazendo cair de joelhos ainda segurando-a. Dei-lhe uma cotovelada na nuca e que o fez cair desacordado.

Toquei o braço de Hyuna e ela tremia mais que vara verde. Puxei-a para um abraço e ela desabou a chorar desesperadamente em meu peito. Ajudei-a a se levantar mas ela não conseguia se manter em pé, então a peguei em meus braços em estilo de noiva.

–Vou levá-la para casa.

–NÃO! Eu não quero ir para casa.- Ela chorou mais ainda.

–Então vou te levar para a minha.

–Tem certeza que você pode ?

–Tenho.

Depois dessa breve conversa segui para minha casa em silêncio.Quando entrei em casa subi para meu quarto e coloquei Hyuna deitada em minha cama. Fui até o guarda-roupa e peguei uma blusa grande e uma calça.

–Toma um banho e coloca essa roupa tá?- Ela apenas acenou com a cabeça e foi em direção ao banheiro.

Desci e preparei um chá para ela, peguei algumas cobertas e travesseiros. Preparei também um macarrão, caso ela estivesse com fome.

Subi com as cobertas e os travesseiros e os espalhei pela cama.

Hyuna saiu do banheiro com os cabelos molhados, os olhos inchados vestida com a roupa que lhe dei e com a toalha na mão.

–Obrigada.-Ela entregou-me a toalha.

–De nada. Não quer descançar um pouquinho ?

–Ah seria bom. - Ela deu-me um sorriso fraco e acomodou-se na minha cama, se encolhendo entre as cobertas.- Obrigada por me salvar.

–De nada. E me desculpe. Se eu não tivesse lhe ofendido você não teria que passar por aquela situação. Foi culpa minha, então se você quiser me bater, me chingar ou qualquer coisa do gênero pode fazer.

–Eu... eu não vou lhe fazer nada. No fundo a culpa é minha. Se eu não tivesse lhe tratado mal ontem você não teria ficado de mau-humor hoje e eu não iria tirar proveito disso. Então na realidade quem tem que pedir desculpas sou eu.

–Então que tal esquecermos isso e apenas voltarmos ao normal ?

–Ótima idéia.- Pela primeira vez estavamos interagindo bem sem ficar em silêncio.

–Mas posso te perguntar uma coisa ?

–Dependendo do que for pode.

–Ah então é melhor não perguntar.

–Pergunte.

–Não melhor não.

–Aahh agora que você me deixou curiosa não vai mais perguntar ?

–É.-Ela pegou um travesseiro e me bateu com ele- Aii, vai me bater é ?

–Se você não me perguntar sim.

–Aish, esta menina...-Peguei um travesseiro e bati nela também.

–Yah! Por quê me bateu?

–Por que você me bateu.-Respondi.

–Mas eu te bati por um motivo justo.

–Eu também ué!

–Ah é assim é?- Ela perguntou com uma cara travessa.

–É assim sim.- Dei um sorriso bem grande.

Comessamos a guerra de travesseiros e penas voavam para todos os lados. Ela estava rindo muito e eu também. Pela primeira vez desde que eu a conheci, vi que ela estava realmente feliz.

–YAH ! Chega! - Ela pediu sentando-se de novo.

–Foi divertido.

–É foi mesmo.

–Primeira vez que eu te vi rindo. Eu gostei disso.

–Pare com isso. Você esta tentando me enrolar para não fazer a pergunta!- Caramba eu realmente achei que ela tinha esquecido isso.

–Tá, eu só faço se você prometer que vai responder.

–Eu não faço promessas.

–Então a curiosidade vai matar a gata.- Ela pensou um pouco e por fim aceitou a proposta.

–Tá, eu prometo que irei responder.

–Ok. A pergunta é a seguinte... Por que você é tão fria e grossa com as pessoas ?-Ela desviou o olhar abraçando as pernas.

–Eu não quero falar sobre isso.

–Você prometeu.

–É por isso que eu não gosto de fazer promessas. No fim você sempre tem que cumpri-las.

–Você me prometeu responder, mas não me prometeu que responderia agora. Então apenas durma. Quando você acordar e estiver melhor pode me responder.

–Vou te responder agora. Não quero ficar melhor para lhe contar a verdade e depois voltar ao mesmo estado deplorável.- Me assustei com o que ela disse. Então a coisa deve ser grave.

–Quando eu tinha 5 anos eu descobri que minha mãe traia meu pai com um cara e um... um ca-cachorro. -Ela estava soluçando. Se eu estivesse no lugar dela também estaria traumatizado.

Cheguei mais perto e a abracei.

–Me desculpe eu não deveria ter perguntado.

–Tudo bem. Mais cedo ou mais tarde eu ia ter que contar a alguém.

–Deve ter sido duro mas agora, você vai dormir.

–Yah eu não quero dormir.

–Mas você vai.

–Você vai me obrigar?

–Vou.

–Como ?

–Assim. - Peguei um travesseiro e recomecei a nossa guerrinha.

Ficamos assim até ela dormir. Depois não resisti e acabei me rendendo sono também.