-Sim, pode falar... – Sarah estava no telefone com a
imobiliária que oferecia o apartamento no Lower East Side, enquanto Amy estava
comprando café. O aluguel não era muito caro, comparado a todos os outros no
bairro. Anotava, então, o endereço dele e o telefone da agencia.

   -Iai? Já pegou o endereço com a
imobiliária? – Amy tinha acabado de chegar com dois copos de café na mão.

   - Sim, e, se precisar tem o telefone
da agência, é só passar lá para pegar a chave – sorriu Sarah.

   - Ok, então enquanto faz isso, eu vou
ao banco local para depositar nosso dinheiro em uma poupança conjunta. Está de
acordo?

   - Claro, eu já disse que por mim não tem
problema, eu confio muito em você. – riu Sarah.

   - Eu também confio em você, querida –
e ambas se abraçaram. – Ok, então me espera na imobiliária pra voltarmos
juntas, e depois vamos comemorar nosso primeiro dia num bar que o chofer me
indicou que fica lá na Rua Hicks.

   - Ok, beijos – e se despediram.

                                                         
****

   O bar em que foram, no Brooklyn estava
bastante cheio , era um lugar meio bonito mas bastante desorganizado e sujo,
frequentado pelo popular, muitos homens com seus copos de cerveja ou vodca, e
as poucas mulheres que havia, aparentavam prostitutas.

   - Nossa! Lugar longe este que você arrumou,
hem Amy!

   - Realmente eu não imaginei que a gente iria
precisar atravessar a ilha para poder chegar em um bar, provavelmente o chofer
nem imaginava que mulheres da elite pediriam um conselho para um bar...

   - Não tem problema, gostei daqui, é um
bar de verdade, um bar com gente de verdade, os únicos que fui a bebida mais
barata era um Martini, e os preços aqui – olhava o cartaz pregado na parede. –
são muito baratos.

   Sentaram-se em frente ao bartender e,
quando pediram suas bebidas, um homem de mais ou menos uns 20 anos, atraente,
lhes ofereceu pagar os drinks. O nome dele era Ben, bastante carismático e, a
princípio, gentil com elas. Logo Sarah já se interessou por ele, Amy lembrou
que na universidade Sarah gostava de alguém muito facilmente, mas não era
oferecida, esperava o outro dar o bote. Ficaram conversando durante algum
tempo.

   - O que as princesas acham da gente
jogar um joguinho? – disse Ben.

   - Claro! – Sarah estava já esperançosa
de arranjar um novo romance.

   - Que tipo de jogo? – disse Amy
ironicamente.

   - Um sinuca, o que acham?

   - Ok, mas aproveite que eu estou bem
humorada – disse Amy enquanto Sarah já se direcionava a mesa.

   Amy era uma pessoa experiente, sempre
fugia de casa anoite para sair com os amigos e conhecia estes tipos de galanteador,
ela percebeu que Ben estava se deixando perder, para em uma próxima jogada
oferecer uma aposta, mas o que ele não sabia é que Amy e Sarah eram ótimas
jogadoras, pois sempre entravam em competições deste tipo na universidade, e,
com isso, falou ao ouvido de Sarah para pegar leve com o rapaz.

   De qualquer forma a dupla ganhou, e,
como esperado...

   - O que acham de tornar este jogo mais
interessante? – e jogou um punhado de notas encima da mesa.

   Amy de prontidão já disse que aceitaria,
e sussurrou à Sarah para que ela o deixasse ganhar, pois sabia que a segunda
aposta é que era o grande golpe.

   Apesar de ele ter quase perdido, elas
conseguiram desviar o joguinho dele de melhor forma, ele ganhou, e, como
esperado, colocou uma quantia muito maior na mesa, ele sabia que para elas não
era muito dinheiro, ao ver o tipo de roupa chique que usavam, já sabia que não
eram de lá, mas é claro que Amy também queria sair ganhando e, novamente,
cochichando com Sarah, disse que agora era pra valer, que elas tinham que
ganhar.

   No decorrer do jogo Amy notou que
estava certa, o homem agora jogava com muito mais destreza e acertos, porém
elas eram melhores e Ben ficava preocupado, ao fim elas ganharam. O rapaz
tentou esconder a raiva, mas notava-se que aquele dinheiro realmente fazia
diferença. O inesperado é que Ben ofereceu de novo pagar as bebidas para elas, desta
vez as bebidas mais caras que tinham na verdade, ambas aceitaram, porem quando
Amy foi beber, sentiu o cheiro da bebida e percebeu que estava esta continha
droga dissolvida, e tomou a bebida da mão de Sarah.

   - Seu desgraçado, pensou mesmo que eu
ia cair nessa? – disse irritada.

   - O que houve Amy? – perguntou Sarah
que não entendia.

   - Esse galanteador barato colocou
merda nas bebidas!

   - Não pode ser! É verdade Ben?

   - Claro que não! Nunca faria isso com
você, boneca. Às vezes a bebida que tem um cheiro muito forte, diferente!

   - Não minta seu vagabundo! Tentou nos
drogar pra pegar seu dinheiro de volta, bem feito, você mexeu com a pessoa
errada! Vamos Sarah, vamos sair daqui!

   - Mas espere Amy, às vezes ele tem
razão, não é culpa dele! – Sarah já estava completamente atraída por ele.

   - Se você confia tanto assim nele,
então fique aí! Eu vou para o apartamento. – Amy esperou que Sarah estivesse de
acordo com ela, mas quando virou as costas ela não a seguiu. Ficou do lado de
fora do bar algum tempo esperando a amiga sair, ia ligar para ela afirmando que
já estava em casa, e que a esperava, mas o telefone não atendeu, então Amy a procurou
dentro do bar em todos os lugares, só que não a encontrava, pedia informação,
mas parecia que todos nem se importavam ou ligavam, pensando que ela era mais
uma mais uma mulher da vida, então perguntou ao bartender, este respondeu que
tinham ido ao banheiro masculino.

   O banheiro do bar ficava bem excluído do
resto deste, parece que foi feito exatamente para pessoas “conversarem”. Quando
tentou entrar nele estava trancado, e então o arrombou, não foi difícil, a
porta já estava bem capenga, e quando entrou, os dois estavam lá, se beijando,
e ele já estava quase tirando a roupa dela! Amy puxou Sarah, e deu um soco bem
no rosto de Ben, fazendo-o quase cair, então este segurou Amy com firmeza,
machucando-a, e em reação Sarah, sem pensar, deu uma paulada nele com um pedaço
de madeira solto da porta do banheiro, fazendo o rapaz cair desmaiado, e
sangrar.

   - Vamos sair logo daqui! Antes que nos
achem Sarah! A gente sai pela janela do banheiro! – e ambas, quebraram o
basculante e saíram por lá, para “não levantar suspeitas”.

   Ao chegar em casa, Amy se virou para
Sarah.

   - Você está louca, garota? Ele quase
nos drogou e você ainda cai na lábia dele? – disse Amy furiosa, com os braços
doendo do aperto de Ben, que era muito forte.

   - Você está exagerando! Ele era um
rapaz legal...

   - Até ele me agredir, né?! –
interrompeu-a.

   - Ele não te agrediu, ele te segurou, e foi
porque, você deu um soco na cara dele!

   - Eu só fiz isso porque sabia que ele
não é uma pessoa boa, ele te puxou no banheiro para tentar transar com você, e
arrancar seu dinheiro!

   - Tá ok, me desculpe, não vamos brigar
por isso!

   As duas se abraçaram, em tom de
desculpas.

   - Aqui, vou precisar do telefone da
agencia imobiliária para confirmar o valor do aluguel, essas coisa, me dê o
papel que você anotou o telefone. – disse Amy já aliviada da adrenalina.

   Foi então que Sarah lembrou que o
papel estava dentro da bolsa, e que tinha deixado esta no banheiro do bar
quando estava de amasso com Ben.

   - Oh não! Deixei a bolsa com o papel
no banheiro do bar!

   - MAS O PAPEL TAMBEM TINHA O NOSSO
ENDEREÇO, SUA LOUCA! – disse Amy berrando.

   A porta do apartamento se abriu, Ben
as tinha seguido.