Debaixo Das Terras Sagradas escrita por Katty


Capítulo 5
Capítulo 4 - O camponês


Notas iniciais do capítulo

Esse cap tá bem chatinho. Muito monótono, mas foi só pra começar uma outra trama.
Já está escrito até o capítulo 7, mas o meu amigo que corrige pra mim está com muita preguiça.
Quando der eu posto o resto :3



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Amanhecera. Os raios de sol iluminavam o meu rosto amassado por uma noite de sono impecável que nunca tive. A preguiça não me deixava sair de minha cama, portanto fiquei deitada, olhando para o teto e admirando as pinturas nas paredes. Este quarto precisava de uma completa reforma.

Alguém bate em minha porta.

- Entre!

- Com licença, senhorita Katsugo. Sua tia está a lhe chamar. Deves descer para comprar suas vestes – falou uma serva de nossa casa.

- Sim, já estou indo.

Antes de sair, colocara um vestido sobre minha poltrona. E, sem dizer mais nada, saiu do quarto,  deixando-me sozinha.

Vesti-me. O vestido ficara um pouco largo, mas, mesmo assim, continuava sendo lindo.  Era um cetim vermelho como sangue, com detalhes em uma seda dourada. Um vestido à moda vitoriana. Para mim, o melhor estilo de roupa.

Vestida, desci para a sala de chá no intuito de tomar meu café da manha.

Quando cheguei, minha avó e irmã já estavam a comer. E eu, como sempre, atrasada.

- Sente-se – disse minha “tia” friamente, estava compenetrada em sua comida pelo que me parece.

Assim que me sentei, um grupo de servos veio-me servir a comida. Uma bandeja cheia de pães dos mais variados tipos: doces, salgados, gordos, magrelos, açucarados e já cortados com manteiga. Outro servo veio com uma porção de petiscos que eu nem ao menos conhecia, mas logo após fiquei sabendo que eram pedaços de presunto e queijo. Comidas normais, mas que eu nunca soubera que existiam. O presunto era gostoso e sem gorduras, mas o queijo me fez ficar enjoada e ter de cuspir no guardanapo. Foi um desastre. Que ridículo.

Peguei um pouco do suco de uva que estava na mesa e dei um gole para ao menos tirar o gosto horrível daquele queijo.

- Parece que você não gostou do queijo, maninha – disse Denachi com a boca cheia e seguida de risos.

- Isso é horrível. Tem gosto de podre – eu falei, enquanto fazia uma careta.

- Bem, meninas. Já terminei de tomar o meu café, esperarei na sala de entrada, para que compremos os seus vestidos. Comam rápido.

- Espere, tia. Já terminei aqui – disse minha irmã, limpando a boca às pressas. Pelo jeito ela estava realmente excitada para comprar roupas. Aliás, acho que quase nunca fazíamos isso.

- Já que vocês estão indo, também vou logo. Não estava com muita fome mesmo. O jantar de ontem foi mais que satisfatório.

Assim que saí da mesa, fomos seguindo Yami – minha avó –. Eu não tinha a mínima idéia de qual era o caminho. Aquela casa, como já disse anteriormente, era imensa.

A claridade era notável do lado de fora da casa. Não que eu nunca tivesse a visto, mas era tão grande que ofuscava meus olhos. Somente ainda não tinha me acostumado.

Rumamos para a rua principal. Cochichos e olhares eram notáveis sobre minha irmã e eu, as novatas na cidade. Minha avó agia como se nada estivesse acontecendo, enquanto Denachi andava de nariz empinado. Ela sempre quis se sentir uma digna princesa. As mulheres nos olhavam com certa inveja nos olhos, enquanto os homens ou nos apreciavam ou tinham seus pensamentos luxuriosos. Denachi com seus cabelos louros encaracolados e olhos azuis céu encantava a todos, mesmo com uma expressão tão arrogante. Enquanto eu, a morena de cabelos lisos quase abaixo da bunda, de olhos castanhos avermelhados, mantinha-os um mistério.

Andamos o bastante para minha irmã começar a reclamar. Ou seja, nada. Mas logo chegamos à destinada loja. Sua frente era de gesso misturado com ouro para que não fosse roubado, paredes beges e vidros limpíssimos indicavam que era um lugar somente para ricos. Talvez duas mulheres estivessem dentro quando chegamos: uma cliente e uma vendedora. Assim que nos postamos em frente aos panos, a vendedora veio nos atender prontamente.

- Mas que maravilhosa surpresa, madame Nagai! Quem são as suas tão formosas acompanhantes? – disse a mulher, com brilho nos olhos enquanto olhava atentamente a escultura de nossos corpos e feições, provavelmente pensando o que faria para nós.

- São minhas sobrinhas, não ficou sabendo? Chegaram ontem à noite. Vieram morar aqui comigo. Sua mãe infelizmente morreu há algum tempo atrás.

- Nossa. Minhas lindas devem se sentir triste por tal perda – falou a mulher ruiva de olhos verdes claríssimos com uma expressão preocupada.

- Nem tanto. A nossa mãe...

- ...morreu há muito tempo atrás. Estávamos perdidas, e, graças a deus, estamos vivas – disse eu, interrompendo minha irmã antes que ela abrisse aquela caixa de pandora que era a sua boca. Provavelmente iria dizer que não se importava porque nossa mãe era horrível.

Após este pequeno improviso, eu e minha avó, quase em um uníssono, fuzilamos Denachi. Com os olhos, é claro. Foi aí que ela percebeu a extensão do problema.

- Oh! Mas que horrível. Mas ainda bem que estão vivas, ? Vamos logo experimentar seus vestidos. Que cores vocês mais gostam?

- Azul escuro, preto e roxo, por favor. Cores claras sujam muito rápido – disse minha irmã, tentando enganá-la

- B-bem, um azul e amarelo ficariam muito bem em você, Denachi, não é mesmo? Eu poderia até misturar um pouco com essas cores escuras. Mas não fazer um vestido totalmente escuro. Ficaria feio e acabaria com minha reputação, se é que me entende...
- É claro que ela irá gostar – disse minha avó, dando um pisão no pé da minha irmã. Confesso que tive de soltar uma risada.

- Então me deixe tirar suas medidas – disse a mulher contente por termos aceitado seu conselho.

Enquanto a alfaiate tirava as medidas de Denachi, eu olhava os tecidos vermelho carmim de seda. Eram realmente muito bonitos.

- Pronto. Terminei. Agora só falta a outra irmã. Qual o seu nome mesmo?

-Katsugo.

- Nome diferente. Nunca tinha ouvido falar – Falou a alfaiata pensativa – O que significa ele?

- Caixa de Pandora, a caixa de todos os males desta terra.

- Nossa.

 Foi a única palavra que a mulher à minha frente conseguiu dizer. Naquela época medieval, onde a igreja católica controlava tudo, pessoas com um nome como eu poderiam ser tachadas de bruxas e ser queimadas na fogueira. Mas minha avó tinha total domínio sobre esta cidade. Nenhuma informação sobre nós sai daqui.

- Tia, posso ir lá fora? Quero visitar a cidade – Falou Denachi empolgada.

- Claro, claro. Encontre-nos daqui a meia hora no joalheiro. Se não souber onde fica, saia perguntando.

- Tudo bem. E, assim, minha irmã saiu da loja. Ao fazer minhas medições, percebi que meus números eram maiores dos que de minha irmã, principalmente no busto e quadril. Mas eu não era gorda!

Denachi POV ~

Ainda bem que saí daquela loja, meu pé direito está doendo em decorrência do pisão forte de minha avó. Velha chata! Como ousa aquela alfaiata falar que cores escuras não caem bem em mim? Se bem que o meu visual é de uma celestial. Que podre! Eu queria ser que nem a Katsugo. O visual dela é perfeitamente normal para uma demoniza, e provavelmente as cores dos vestidos dela serão escuras. Que saco!

Enquanto eu andava, chutando pedras e distraída, esbarrei em uma pessoa que mais parecia uma parede de aço. Foi tão forte que eu cheguei a cair, mas essa pessoa nem se moveu.

- Mas em que você estava pensando, seu bastardo? Olhe por onde anda! Assim que disse minhas “lindas” palavras, percebi que se tratava de um homem com um físico beeeem palpável. Ou seja, quadradinhos na barriga e braços musculosos. Eu. que não sou boba nem nada, fingi que estava passando mal.

- Moça? Moça? A senhorita está bem? – falava arfando de medo – Ai, meu deus.

Pegou-me, supostamente desmaiada, no colo, e levou-me até um albergue. Pediu às pressas um quarto e acho que também uma bacia com água fria. A sensação de estar em seus fortes braços era unicamente aconchegante e quente. Quando me colocou na cama, senti falta e abri os olhos falando:

- Ei. Fica aqui comigo...

Ao mesmo tempo, lembrei que estava fingindo estar desmaiada. Ai, como sou retardada. Notei que seu rosto ficou confuso. Logo depois, acho que se corroeu um pouco, em mais ou menos de uma fração de segundos ele exibiu um meio sorriso, enquanto eu ficava extremamente vermelha.

- D-desculpa, acho que era pra eu ter continuado a minha encenação barata.

- Barata? Até que foi boa - disse o homem, rindo à minha frente, enquanto se sentava na minha cama, olhando para mim. De repente, mudou sua feição para uma mais séria – Sabes que não deveria ter feito isso. Fiquei realmente preocupado. Aliás, descobri que você é a sobrinha da baronesa Yami. Certifiquei-me de chamá-la.

- Aaaaaaaaah, não! A tia Nagai, não! – Eu implorei, com minha voz de choro. Lançando-me para frente e me fazendo encará-lo de perto. Meus olhos azuis céu sempre hipnotizam. Foi uma coisa que eu aprendi com muitos anos de prática. Contudo nesse homem não surtiu efeito. Que detestável! Isso é um poder nato da beleza celestial. Como não surtiria efeito?

- Denachi, afaste-se dele, sua insolente! – disse minha tia, ao adentrar o quarto e ver uma cena detestável: Eu me jogando nos braços de um simples camponês. Se bem que o camponês era maravilhosamente o mau caminho inteiro. Se é que me entende. – como você ousa, sua pirralha imbecil? – gritou minha tia, enquanto me tirava da cama com muita força – damas da corte não se envolvem com outros que não sejam da corte! Katsugo, expresse minha gratidão ao camponês, por favor, levarei esta safadinha para casa sem nem ao menos lhe comprar jóias!

- Não, não, não, não! Eu quero as jóias! Por favor, titiaaaa! – eu dizia chorando.

Katsugo POV~

A visão até que tinha sido realmente engraçada. Mesmo que o camponês não faça o meu tipo com seu cabelo loiro quase branco e olhos praticamente branco-acinzentados, ele tinha realmente um físico maravilhosamente palpável.

- Minhas sinceras desculpas por minha irmã. Ela às vezes sai do controle – eu disse, aproximando-me do camponês, que, antes sentado, agora se levantava.

- Não tem nenhum problema, baronesa – ele disse se curvando

- Não precisas de cordialidade. Obrigado por cuidar de minha irmã, mesmo que esta estivesse somente fingindo, e me desculpa se ela tentou seduzi-lo.

- Se fosse qualquer outro homem em meu lugar, pereceria diante da beleza de tua irmã. Contudo, sou muito controlado. Mas, mesmo assim, se tivessem demorado mais acho que pereceria – disse o homem que, agora próximo a mim, deixava suas bochechas enrubescerem.

Soltei uma risada, mesmo que baixa. A cena era realmente hilária. Sentia pena do camponês. Ele somente seria um objeto de minha irmã. Coitado de seu coração.

- Desculpe. Não perguntei o seu nome.

- Ah, sim. Claro. É Lys, Lys Noble. Sou um ferreiro. Se tiverem qualquer problema quanto à mansão ou a seus soldados, chame-me.

- Sim. Irei me lembrar. Prazer em conhecê-lo, Lys – dito isto, retirei-me da sala. Realmente, quando se está perto desse ferreiro, as coisas mudam. Ele é realmente bem atraente.

 Minha tia havia saído aos gritos e discussões com minha irmã. Como poderia eu, a mais nova, ter de cuidar de Denachi, a mais velha? Pensava nisso enquanto descia as escadas. Parei na entrada do albergue para pagar a meia estadia que minha irmã tinha ficado. Que albergue caro.

Logo após, tornei a sair do albergue. Comentários já se disseminavam por toda a cidade, e todos me olhavam com um olhar de desaprovação. Já estava acostumada. Como agora eu estava em posição de poder, fingi que nem existiam, passei com meu novo vestido carmim à vista. Não fui para casa, rumei para o joalheiro. Compraria jóias para mim. Denachi que viesse depois.

Ao chegar à joalheria, postei-me diante ao joalheiro.

- Com licença.

- Oh, você seria a sobrinha da baronesa? – perguntava-me o homem, com seus olhos brilhando. Provavelmente minha visita aumentaria sua popularidade entre os nobres da cidade.

- Sim, sou eu mesma. A mais nova, claro – eu afirmei seguida de um riso bem baixo para fazer charme. – Eu vim aqui comprar umas jóias para mim, sabe. Cheguei à cidade há pouco tempo e não tenho nenhuma que combine com minhas roupas de primavera. Você poderia me mostrar as mais caras e lindas de sua loja?

- Sim, claro. Uma que eu achei que combinaria perfeitamente com você é esta jóia, um colar de ouro com pedras lapidadas de ônix, combina com seu jeito misterioso de ser. Este colar tem um conjunto de bracelete e brincos, são os mais caros da loja.

- Eu levo.

- Não vai nem ao menos perguntar o preço, cara baronesa? – perguntou-me o homem aturdido.

- Claro que não. Não tenho tempo para isso. Somente me mostre a próxima, por favor.

E assim foi toda a visita. Saí de lá com as mais lindas jóias que encontrei. Claro, vistosamente já com o colar de ônix. Ele era realmente lindo.

Cheguei à mansão exausta.

- Serva, leve estas jóias imediatamente para meu quarto e certifique-se de buscar meus vestidos na alfaiata amanhã.

- Senhorita Katsugo, o jantar está servido. Sua tia não a esperou e já começou a jantar, contudo ainda pode tomar parte de seu assento na sala de jantar.

- Prepare meu assento, por favor. Estou faminta. Posso segui-la até a sala? Estou perdida nesta mansão ainda.

Assim como dito, segui-a, e, depois de uma leve caminhada pela mansão, encontrei a sala e me sentei.

- Como foram as compras, cara sobrinha? – disse a tia Nagai, limpando sua boca.

- Foram ótimas. Fui até o joalheiro e me fiz o favor de comprar umas jóias.

- Compraste as mais caras, certo? Seria estranho ver uma baronesa perguntando preços – falou Nagai, seguida de uma meia risada.

- Sim, e aliás reservei até algumas para minha querida irmã. Viu como sou boa com você, Denachi? – Sinceramente eu estava pulando de alegria ao ver minha irmã arfando de raiva. Foi muito divertido.

- Obrigado, minha cara irmã. Já vou me retirar para o meu quarto.

Ela estava realmente com raiva, mas ao menos não começou a me xingar na frente de todos. Esta fora a única conversa do jantar. Comi, calada, e logo após tratei de rumar ao meu quarto. Contudo, ao passar pela porta de Denachi, pensei em falar com ela. Eu estava realmente interessada no ferreiro que ela tinha arranjado. Bati na porta e esta nem ao menos respondeu. Portanto entrei.

-Dena-chan?

Ela estava tentando tirar o espartilho em frente ao espelho e com certa dificuldade conseguiu desfazer o primeiro nó.

- Calma, deixe-me te ajudar – eu disse, entre risos

- Intrusa! Eu não deixei você entrar. O que queres de mim?

- Somente algumas respostas. Quem era aquele ferreiro? Adorei o corpo dele! Falei enquanto tirava o espartilho de minha irmã. Estava bem apertado pelo  visto.

- Ah, minha filha, nem fala! Malditos demônios, se ele fosse da corte eu já estaria casada. Cedi aos meus impulsos luxuriosos.

 Falava a minha irmã, arfando. Não sei se era de falta de ar decorrente do grau de “gostosura” do camponês ou se era por causa do espartilho, talvez pudesse ser os dois.

- Eita! Achei-o bem interessan...

Minha tia entrou no quarto com uma cara séria e me interrompeu:

- Com licença, meninas, precisamos ter uma conversa seriíssima. Sentem-se, por favor

Como o pedido, sentamos. Denachi estava com medo de levar outra bronca, mas desta vez acho que não seria o caso.

- Bem... vou direto ao ponto: aquele ferreiro é um descendente de celestial.

A revelação fora espantosa. Achávamos que não haveria nenhum celestial por perto, mas parece que estávamos enganadas.

- Denachi, o seu feitiço, que na verdade é quase que uma indução da aparência celestial, não surtiu efeito nele por causa disso. Ele é como se fosse igual a você e oposto da Katsugo. Ele não é um celestial completo e nem mesmo sabe da existência deles, provavelmente foi fruto de algum tipo de amor proibido.

- Meu inferno! Mas como iremos fazer agora, tia? Tem algum problema? - eu disse, trêmula, somente de lembrar-me do incidente que ocorreu em casa já sinto arrepios.

- Ele provavelmente tem algum tipo de dom, mas eu acho que seria relevante, já que ele parece ter uma afeição pela Denachi, fazer dele um cavaleiro. Só existem duas maneiras: o beijo ou o sangue. Denachi, com este camponês ao seu lado você poderá ter um controle melhor dos seus poderes e a juventude eterna, já que ele parece ser apaixonado por você.

- Mesmo, tia? Que sorte! Está vendo, Katty, não é tão ruim quanto parece!

Realmente, não era assim tão ruim. Até bom, eu poderia dizer. Talvez ele fosse a carta na manga que precisávamos. 


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Notas finais do capítulo

Bem, foi isso.
Chato né?
Por favor me deem reviews T.T