Puxe O Gatilho! escrita por Pandora Nott


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic também pode ser encontrada no fórum 6v e no meu perfil do fanfiction.net ^^
Beta : Mila B.



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Puxe o Gatilho!

Pandora Nott

"Ora, ora o que temos aqui?" Pôde-se ouvir os risos de escárnio que saíam da boca de lábios finos, embrenhados pelo gosto da forte bebida. "O grande Harry Potter! Salvador do mundo bruxo! O menino-que-sobreviveu e virou homem e matou o terrível Lord das Trevas!" E mais risos acompanharam a fala confusa. "Olá Harry, como vai?"

"Malfoy? O que está fazendo? Onde estou?" Harry tinha a cabeça latejando e sua última lembrança era de sair de casa com destino ao Ministério e, definitivamente, ali não era o Ministério.

"Shhh! Que eu que faço as perguntas aqui!" Draco não parecia com o mesmo que Harry conhecera. Com os cabelos desalinhados e alguns botões da camisa abertos, parecia alterado pelo conteúdo da garrafa que segurava, enquanto seu olhar era um misto de sentimentos indecifráveis. "O Santo Potter, quem vai ajudá-lo? Ninguém! Está nas minhas mãos agora! Ah! Onde está minha educação? Aceita Whisky? É de ótima qualidade, apesar de ser bebida de sangue-ruim." E torceu o nariz ao constatar que bebia algo que ia contra o que acreditava, mas estava alterado demais para se importar.

Harry olhou-o atônito. Estava preso em uma cadeira e o ambiente estava escuro, pela pequena janela pôde notar que já era noite. À sua frente estava apenas o próprio Malfoy e uma mesa com um objeto que brilhava. Engoliu em seco. Estava desarmado e vulnerável, e não sabia o que esperar do ex-sonserino.

"Sempre perfeito, incapaz de olhar quem te olha e não está à sua volta. Você é culpado disso, Harry! Ah sim, tudo isso é culpa apenas sua!"

"Culpa do quê? Não faz o menor sentido! Me solte e vamos conversar como pessoas civilizadas, Malfoy, seja o que for que você vai fazer, não é o que você realmente quer."

"Não me dê ordens, testa rachada! Eu sei bem o que vou fazer, nós vamos brincar de um joguinho muito interessante criado pelos seus adorados amiguinhos trouxas!" Draco esboçava um sorriso torto, toda sua expressão dizia que aquilo não era apenas a bebida – a saúde mental do loiro já não era mais a mesma.

Andou até a mesa e tomou outro gole do Whisky, deixando algumas gotas escorrerem pelo pescoço pálido. Largou a garrafa pela primeira vez na noite e, trôpego, sentou-se ao lado dela em cima da mesa, pegando o objeto que Harry, à meia luz, notara brilhar.

"É um revólver, trouxa também, já tinha visto um de tão perto? Já teve um apontado para você?"

"Pretende me matar, é isso? O que eu te fiz? A guerra acabou, Draco, não somos inimigos lembra?"

"CALADO! O que você fez é o pior de tudo! Mas eu não vou te matar, eu acho, quer dizer, depende da sua sorte." Tateou na mesa em busca da bala para a arma em sua mão. "Brincaremos de roleta russa, conhece? Viver escondido entre essa escória faz nossa cultura aumentar, como pode ver, e já que gosta tanto desse tipo de gente, nada mais justo do que dividir isso com você."

"Roleta... russa? Draco! Não faça isso! O que eu te fiz? Me solte!" Mexeu-se em vão, pois as cordas estavam muito bem amarradas nos braços e, quanto mais se mexia, mais o nó machucava seus pulsos; as pernas também estavam presas à cadeira, impedindo maiores movimentos.

"Você reclama demais, heroizinho, apenas fique quietinho sim."

Abriu o revólver, com mais dificuldade que deveria ter, e alojou a bala em uma das câmaras. Depois, girou o tambor do mesmo e o fechou.

Em seguida, engatilhou a arma e apontou para a própria cabeça.

"O jogo é assim, não é? Tenho que brincar também."

Virou um pouco a cabeça, os olhos metálicos presos às grandes esmeraldas de Harry que lhe diziam não, não faça isso. Suspirou e mordeu o lábio inferior, prendendo o riso. Apanhou a garrafa de Whisky e tomou um gole, que poderia ser o último.

Apertou. Apenas o surdo barulho da câmara vazia, o que representava que agora Harry tinha apenas cinco câmeras e uma delas estava cheia.

Dessa vez não conseguiu conter o riso extasiado.

"Por Merlin! Como isso é excitante!" Olhava para a arma, admirado com a coragem que tivera ao apontá-la para a própria cabeça, por ter puxado o gatilho e, mesmo assim, ainda estar ali, vivo. "Você precisa experimentar isso!"

Andou até sua presa, pois o Salvador do mundo bruxo era exatamente isso, presa de Draco Malfoy. Sentou no colo dele, próximo demais, e, de tudo o que estava acontecendo, aquilo com certeza foi o que mais surpreendeu o moreno. Malfoy então aproximou o rosto fino ao do moreno, que permanecia em silêncio.

"Aceita agora?"

Harry apenas fez que sim com a cabeça, pois precisava pensar rápido e não seria bom contrariar o loiro naquele momento.

"Muito bem, gosto assim, quando não é teimoso." Encostou a garrafa nos lábios do grifinório, o cheiro preencheu as narinas do mesmo, não o incomodando mais apenas porque Draco possuía o mesmo cheiro e, com a proximidade, se acostumara a ele. Virou o líquido e observou o moreno beber até quase engasgar e cuspir um pouco da bebida. "Não faça isso, Potty, não gosto de desperdício."

E se tudo até ali já parecia uma loucura completa, ter a língua de Malfoy percorrendo seu pescoço em busca do Whisky derramado, proporcionando-lhe um prazer completamente anormal, diria até doentio, então aquele momento já passara ao nível de alucinação, pois jamais poderia ser verdade. A respiração do menor lhe provocou um arrepio e precisou prensar os lábios para que um gemido não escapasse, sentindo agora a carícia em sua orelha antes de ouvir um sussurro.

"Tudo seria mais fácil se sempre tivesse sido assim, tudo seria mais fácil se sempre tivesse sido meu..." O cano frio estava do lado contrário do rosto de Draco, como que em contraste a sua pele quente, e a respiração era mais quente ainda.

Harry, naquela altura, já desistira de tentar entender qualquer coisa, parara de tentar sair dali e viver, pois se sentia em outro universo e nada parecia real. Corria risco de vida, mas o toque de Draco em seu pescoço o fizera esquecer-se disso, o que não fazia sentido, mas francamente, nada naquele momento fazia.

"Vamos continuar a brincadeira." Engatou o gatilho, Harry tinha os olhos fechados e prendeu a respiração por um instante. "Hey! Abra, abra os olhos! Quero ver suas lindas esferas verdes."

Aquilo tinha passado do nível de tortura. O moreno abriu os olhos e encarou Draco, que sorria doentiamente. Apertou novamente a arma e novamente o eco surdo da câmara vazia fez-se ouvir. Quatro câmaras e uma ainda estava cheia, sorte (ou azar, já não sabia dizer) que agora era a vez do outro.

"Mas como ele é sortudo! Eu apostava que iria ser de primeira! Certo, é minha vez agora, mas eu sempre quis morrer assim." Então, sem aviso prévio, Draco beijou Harry de forma urgente, como quem tem fome e necessidade.

Os olhos verdes ficaram maiores ainda com aquilo e pôde observar o menor apontar novamente a arma para a própria cabeça, fazendo-o ceder ao beijo, dando espaço para que a língua de Draco encontrasse a sua, de modo que elas pudessem travar algo que parecia uma batalha e... céus! Aquilo não era momento para gostar tanto de um beijo, não era momento para se arrepiar e excitar, definitivamente não era hora ou lugar para se perguntar sobre sua sexualidade, ou como Draco Malfoy poderia lhe causar tantos sentimentos conflituosos e intensos.

Extremamente intensos.

Harry não era masoquista, mas com a boca tomada pelo outro, pôde até esquecer que o mesmo queria tirar-lhe a vida.

O mesmo ritual, três vezes executado, três vezes falhara. E agora ele corria contra o tempo, pois sobraram apenas três câmaras e apenas duas vazias.

"Sua vez de novo, Harry." Disse e deu-lhe um selinho. "Sinceramente, nunca pensei que você corresponderia a um beijo meu." Draco parecia ainda mais confuso, e a mão que segurava a arma tremia, pois era verdade e não importava o teor alcoólico em seu sangue, Harry havia correspondido ao seu beijo, aquilo não fora apenas sua imaginação lhe pregando uma peça. "Eu te amo, Harry, e é por isso que estamos aqui, você jamais corresponderia aos meus sentimentos. E não faz sentido você ter aceitado o meu beijo! Por que fez isso?"

Tomou o último gole de seu Whisky, que considerava seu porto seguro, agora se sentindo confuso e sozinho. Jogou longe a garrafa que bateu na parede e quebrou em muitos cacos. Cacos que ele sentiu representá-lo muito bem, pois quase a vida inteira ele fora aquilo, cacos espalhados pelo chão. E estava no fundo do poço, não era metade do homem que gostaria de ser e não sabia ser diferente, sentira-se a vida inteira incompleto. E agora, que daria fim aquele que roubara seu coração sem pedir permissão e sem dar nada em troca, via-se confuso e cheio de conflitos, lutando contra demônios. Enquanto Harry, tão entregue, parecia-lhe uma luz.

"Me escute... Draco." Harry falou, depois de tanto tempo em silêncio, depois de ler nos olhos cinza quem na realidade estava assustado. E via que agora estava no comando, mesmo amarrado, mesmo não segurando a arma. "Você vai largar isso, vai me soltar e beijar novamente." Tinha firmeza na fala e não tinha mais medo, já morrera uma vez, sabia como era, e tinha convicção de que não aconteceria novamente ali ou hoje.

Draco segurou com força uma mecha de seu cabelo platinado e molhado de suor com o olhar mais baixo e a expressão de quem sentia dor, muita dor. Murmurava mais para si do que para Harry palavras desconexas, perdido em um mundo de névoas.

"Não... Não!"

"Draco! Faça agora! Me solte ou me mate! Vamos! Puxe o gatilho! Ou então me desamarre e permita que eu afaste tudo o que te apavora." Harry aproximou-se o máximo que as cordas permitiram do loiro que ainda estava sentado em seu colo, e seus lábios roçaram levemente. A convicção estava estampada em seu rosto, e Draco não poderia estar mais vulnerável.

A arma caiu da mão de Draco, como se pesasse uma tonelada, e disparou contra a parede, fazendo um furo na mesma que alojava agora uma bala do revólver.

Obediente, Draco desamarrou Harry com lágrimas no rosto, sem senti-las cair, sentindo apenas o rosto quente e molhado. E o impossível, naquele dia que no mínimo poderia ser chamado de absurdo, aconteceu: Harry abraçou Draco e tomou seus lábios sem nem pensar duas vezes. O amanhã estava longe, pois tinham descoberto coisas mais importantes para fazer hoje. Nenhum dos dois queria se preocupar com pensamentos agora.

Era o fim do jogo.


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Notas finais do capítulo

Nota da Beta: AAAAH! Que fic mais tensa e intensa! Roí as unhas lendo! O Draco estava numa situação desesperadora, pensando que nunca seria correspondido! Mas a gente sabe que o Harry não resiste, né? rs. Quero ver muito comentários para minha noivinha! Beijos, queridas! :*
Nota da Autora: Dedico essa fic a Bia que me fez escrever o final alternativo =D e se não fosse por ela falar que eu não podia matá-los (sim eu iria), hoje não teríamos a continuação dessa fic ^^. Resolvi postá-la aqui no Nyah! pois ela deu super certo no ff.net então espero que vocês também gostem seus lindos! *-* E se gostarem, eu coloco a continuação aqui também =3 beijos