Dona Luísa estava observando a sua filha, Mônica. Lembrava dos tempos que a sua menina tinha sete anos. Quando ela chegava em casa com um machucado por ter corrido atrás do garotos com o sansão, quando fazia perguntas de arrancar os cabelo como: “De onde vem os bebês?” , “Por que não podemos ver o Papai Noel? E o que vocês estavam fazendo colocando os presentes na árvore? Esse trabalho não é do Bom Velhinho?” e várias outras.

   Olhou seu rosto no espelho do banheiro. Reparava nas suas rugas, na sua pele envelhecendo. Suspirou cansada. Passou as mãos nos cabelos onde os fios brancos estão vindo com mais freqüência. Tenho que pintar outra vez... Pensou.

Fazia dezesseis anos que sua filha nasceu. Tinha retratos antigos de como na infância se parecia com ela, mas depois que cresceu começava a ficar diferente. O ar de tristeza de quando a garota chegava em casa, pra baixo, achando que ele nunca iria notá-la. Aquilo queimava Luísa por dentro, dava vontade de chegar pro garoto e dizer o quanto a filha gostava dele, porém a mãe se lembrava da sua que queria fazer a mesma coisa e ela não deixou.

Quando teve de levar a sua filha a casa de boas maneiras, nunca imaginou a bela mulher que iria se tornar. Achava que nunca iria educá-la para deixar os garotos pra lá e depois de um tempo ela ficou melhor do que imaginava. A pose de princesa da sua filha, nem sabia com que ela aprendeu. Luísa pensava que quando a sua filha arranjasse amigos iria largá-la, deixar em casa, só ir até os “velhos” para ganhar dinheiro. Até que um dia, uma pergunta mudou a sua perspectiva...