Música De Elevador escrita por Mariana


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Sinto em dizer, mas estamos no fim da fic. :(



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Eu ensaiei várias vezes uma ida ao elevador. Pensei em várias desculpas pra ir até o apartamento dele. Todas esfarrapadas. Todas me fariam ficar vermelha de vergonha e nem cabelo comprido eu pra jogar na cara ia adiantar.

Pensei em falar com a Flora pra marcar uma nova reunião de condomínio. Seria ridículo, eu sei. 

Coloquei um CD para tocar.

Música sempre soou como boas vindas de alguém que você muito quer saber. Música sempre me fez dançar na sala, descalça, de olhos fechados e feliz da vida. 

Gosto de abrir a janela da sacada, olhar pro céu e perceber que não tem ninguém observando os meus delírios.

Mas naquele instante, a música parecia querer trazer boas-vindas a um sentimento novo, eu sabia que era algo diferente, mexia comigo e, de certa forma, me fazia dissonante com aquela vida de trabalho-ensaio-mercado-elevador-insônia-etecetara-e-tal. 

A música, quando sussurra em teus ouvidos, como se fosse uma oração quase profana, te faz perder toda agonia daqueles dias de dedicação a amores em vão.

Acho que desaprendi a gostar daquilo que me faz bem. Por algum tempo me apaixonei pelo errado, insisti em vê-lo colorido, quando tudo era tão cinza.

Por dias inteiros me deixei ser comandada por metáforas fora de ordem, em desalinho e eu não percebia.

Acho que vivi um tempo em guerra santa, guerra fria e tudo o que eu queria era o calor daqueles acordes de guitarra, da voz baixinha em meu ouvido, me provocando, aclamando qualquer coisa que não fosse brando. 

Eu queria exatamente aquilo: pausas ritmadas, como se fosse uma ópera, que não precisava de todo aquele glamour de Uma Linda Mulher. Eu nunca quis ser a Julia Roberts.

Eu queria só o sentimento, um cigarro entre os dedos, um sorriso de canto de boca, e aquele solo quase lúdico que eu não sei de onde vem. 

Olhe de perto. Um pouco mais. Sim, um pouco mais. Eu sempre quis ser anônima.

Quis estar subentendida naquela pausa. Os gritos são metáforas de leves sussurros. E eu já não sabia mais além do céu que vejo pela sacada do prédio.


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