Esperar Hinata no meu lugar de sempre, no pátio do colégio, estava se provando uma tarefa entediante. Ainda mais quando minha namorada estava praticamente me ignorando pra engajar numa conversa sobre jogos de terror com o sobrancelhudo do Lee. Quem liga se silent hill é a melhor franquia de games de terror ou não? Ambos pareciam fervorosos ao defenderem seus respectivos jogos de terror favorito... E eu só queria poder namorar um pouco, mas parece que isso vai ter que ficar pra hora do intervalo.

“To dizendo, Lee! Resident evil é mais sobrevivência, ação, com toques de terror. Não é tão assustador quanto qualquer jogo da franquia de Silent Hill. Você não sabe do que você ta falando.”

“Talvez não os 5, e 6. Mas os primeiros eram sim aterrorizantes, Tenten. Como você pode dizer que não? Nemesis nunca te assustou na vida? Eu não conseguia dormir à noite!”

“Imagine se jogasse silent Hill.” Tenten revirou os olhos, passando a analisar as unhas da minha mão, que segurava. Eu sorri, mas logo passei a analisar o portão de entrada da escola novamente, esperando que Hinata entrasse a qualquer momento.

Ela pode não ter dito, mas tinha definitivamente algo em sua mente. Enquanto hinata observava as roupas do guarda-roupa, ela se envolvia numa posição que eu sei que significa que ela está triste ou ansiosa, e eu odeio ve-la pensativa dessa maneira.

Uma pessoa entrando o portão agora chamou minha atenção, mas não era minha prima. Ele estava mais alto, e tinha agora duas tatuagens no rosto, uma em cada bochecha... Estava diferente, mas era definitivamente ele. Que diabos... “KIBA!” O garoto olhou pra minha direção, e quando me reconheceu, veio correndo em minha direção.

Eu nunca fui muito amigo dele, Hinata é quem era sua melhor amiga/namorada/ou qualquer coisa, nunca entendi o relacionamento descontraído deles, mas eu não pude evitar a empolgação em ve-lo. Levantei e animadamente o abracei. Se eu estou reagindo dessa maneira, consigo nem imaginar como Hinata reagiria.

“Seu cabelo continua sedoso como sempre, Neji” Kiba brincou, e eu ri me separando pra olha-lo agora de perto.

“Cara, o que você fez no seu rosto?”

Ele sorriu, se achando, passou a mão nas marcas vermelhas e disse “Irado, né? Tava bêbado quando fiz, mas surpreendentemente não me arrependi.” Ele se sentou do meu lado e observou os meus amigos, que nos encaravam como se fossemos de outro planeta.

“Vai nos apresentar não, Neji?” Tenten disse, como sempre, cheia de atitude.

Sorri e com minha mão apontei pro garoto selvagem, que parecia ter seus caninos mais afiados que nunca. “Esse é Kiba. Lembra dele Tenten? O amigo da Hinata?”

“Ah, o Namigo. Sei.” Tenten zoou, fazendo Kiba rir.

“Gostei dela.”

Eu passei meu braço por cima da minha namorada, fingindo possessividade “Terminou com Hinata porque quis, não vai atirar pra cima da namorada dos outros agora que ta solteiro não.”

Lee é o único que continuou boiando, então eu decidi apresenta-los logo “Lee, esse é Kiba, um amigo que você logo vai se acostumar a ter por perto. Ele não desgruda.”

“Ah, prazer conhece-lo, cara.” Lee disse, com seu sorriso grande de sempre, e seu polegar pra cima.

“Prazer é meu” Kiba disse estendendo a mão, logo se voltando pra mim novamente, “Meu amigo, Sai, veio da Inglaterra comigo. Mas ele ainda não foi matriculado, pois os pais dele ainda estão organizando os papeis. Segunda feira ele deve estar chegando aqui.”

Eu concordei com a cabeça, agora mais que nunca ansioso pra que a Hinata chegasse na escola logo. Quem sabe Kiba não fosse capaz de tira-la daquela aparente fossa. “Ele também tem tatuagens em lugares inusitados?”

Kiba riu... Não, gargalhou na verdade. Quando ele abriu a boca, entendi a razão: “Na língua.”

Putz... “Que cara maluco!”

Puxando um papel de sua mochila, ele me mostrou seus horários, e aulas que teria. Aparentemente, as únicas aulas que teríamos juntos seria música, e educação física. E com minha prima, ele só teria música junto. O sino tocou, e nenhum sinal da Hinata... Nem pra ela chegar agora e ver quem está de volta...

X

“Quem é o garoto novo?” Ino perguntou com interesse, e seu tom de voz me fez revirar os olhos. Sério, de que interessa? É só mais um, dos muitos alunos novos que provavelmente decidiram pular a primeira semana entediante de aula. Grande novidade.

“Eu não sei, não quero saber, não tenho raiva de quem sabe, mas de qualquer forma me irrita.” Falei friamente, voltando a focar no livro que eu queria terminar de ler pra devolver logo à livraria da escola. Eu já tinha enrolado demais, se eu quisesse terminar a saga logo, tinha que terminar de ler isso de vez.

“Deixa de ser estraga-prazeres, Sasuke. Ele claramente já conhece alguém daqui, então não deve ser um completo estranho.”

Olhando pra cima novamente, vi o garoto de cabelos castanhos conversando com Neji, o metido à sabe-tudo. Se tinha alguém que me tira do sério, além do naruto, é aquele Hyuuga, que insiste em ter suas notas sempre páreo com as minhas. E sempre joga na minha cara sua vantagem nas aulas de educação física. “Metido à besta, mauricinho...” Murmurei.

“Olha quem fala” Naruto zoou, abrindo uma latinha de refrigerante, bebendo distraidamente, ignorando meu olhar fulminante em sua direção. Você não sabe Naruto, mas nesse momento eu estou esmagando sua cabeça com o poder da minha mente.

“Oi gente!” Sakura disse animadamente, me dando um beijo no rosto e se sentando ao meu lado. Eu murmurei um fraco olá, pra não deixa-la no vácuo, e voltei a focar no livro; tenho que terminar isso, sério.

Meu relacionamento com Sakura ainda não é definido, mas não posso negar que de todas as pessoas que eu me relacionei na vida ela é a mais irritante, insistente, e... amável. Impressionantemente, ela conhece à mim e ao Naruto desde antes de sermos adotados, na época que morávamos num orfanato e estudávamos todos juntos num colégio estadual. Quando tive minhas crises, ela sempre se manteve ao meu lado, mesmo quando eu tentava mante-la afastada. Ela insisitia, e insistia, até o ponto em que eu cedi, e não consigo me arrepender de ter deixado-a entrar em minha vida. Apesar de tudo, das minhas complicações, e os problemas que tenho pra entender meus próprios sentimentos, ela me dá sempre o espaço que eu preciso. Apesar de parecer chiclete, e sufocante, ela sabe respeitar meu tempo. Definitivamente, Sakura é alguém diferente. Que eu odeio admitir, mas amo.

Não queria esse sentimento, me prender tão jovem. Tenho tantas metas, sempre quis algo maior pra mim, além de uma família, que é o sonho medíocre de quase todo ser humano... Mas sempre que eu olho pra Sakura, deixo de pensar que é tão medíocre assim. É um sonho aceitável. Quem sabe um dia.

Sem perceber, eu já estava observando-a, enquanto ela conversava animadamente com Naruto, e Ino. Um assunto que não acompanhei, e pouco me importava. Tudo o que eu conseguia ver eram seus lábios brilhantes, que provavelmente estavam com o gosto habitual de cereja. Ela se virou pra mim e sorriu, docemente. Provavelmente ela sabia o que se passava na minha mente; Revirando os olhos eu voltei a ler meu livro. Tenho que parar de perder o foco dessa forma. Ta vendo porque eu odeio o amor? Acabei de perder o foco do livro que preciso terminar. Amor é distração. Não preciso disso.

“Vocês viram a Hinata hoje?” Naruto perguntou, e com essa pergunta eu tive que sorrir. Fazia um tempo que o idiota do Naruto começou a dar umas olhadas na direção da Hyuuga introvertida, e nem parecia se dar conta do que significava. Seu interesse nela, desde que entramos nessa escola, é algo que ele ainda não reconhece como atração. Eu achei que era melhor deixa-lo descobrir seus sentimentos por sí só, mas ele é tão denso que ta ficando cada vez mais difícil resistir ao meu impulso de sacudi-lo pelo o ombro e gritar o que significa esse interesse que ele tem em saber onde a garota está, porque ela faltou a aula, se ela está bem, porque ela é sempre tão quieta.

“Hinata quem?” Perguntei de sacanagem, pra ver a reação dele.

“Você sabe! Hinata Hyuuga, prima do mauricinho, cabelos grandes, preto-azulados, olhos que são estranhamente brancos... aliás, que diabos tem na genética dela que a torna tão idêntica ao seu primo? Podia jurar que eles eram gêmeos.”

Olhei pra sakura, revirei os olhos, e ela entendeu o que eu pretendia, me dando uma força.

“É Naruto, meio difícil lembrar de alguém que nem fala direito. As vezes ela ta na sala com a gente, e eu tomo um susto ao ver de repente um vulto branco levantar a mão pra fazer alguma pergunta. Não culpo o sasuke, eu as vezes até esqueço o nome dela, apesar de ser uma hyuuga.”

“Para com isso gente, vocês estão agindo feito babacas agora!” Naruto fez um bico, e cruzou os braços na frente do peito.

“Awwwn você fica tão fofinho na defensiva” Ino brincou, mas assim que ela viu seus amigos Shikamaru e Choji, ela se levantou se despedindo “Continue assim, quem sabe um dia não consiga conquista-la, de tanto defender a princesa indefesa” Ela disse antes de sair em direção aos amigos.

Naruto corou, e aquela reação fez a minha manhã. Tomara que ele não demore à reconhecer os próprios sentimentos, sei que não tenho moral pra falar, mas eu realmente quero que ele seja feliz, só pra variar um pouco...