Encontro Às Escuras escrita por Koneko


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bom, tomara que vocês gostem de ler tanto quanto eu gostei de escrever! :3
Se tiver erros, gomen! >.
Tive de conseguir postar essa one hoje, se não uma certa loira do banheiro (cofcofLaikacofcof) iria vir até minha casa puxar meu pé! Ç.Ç
Enjoy ♥



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Olha, eu sei. Sei que ela só quer me ajudar, mas isso era ridículo! De todas as coisas que minha mãe já fez por mim, essa de fato foi a pior delas. Sei que ando meio "parada" ultimamente, mas o que posso fazer se nunca encontro um cara legal?

- É claro que você não encontra, vive só para seu trabalho! - Minha mãe sempre me dizia a mesma coisa. 

- Mãe, estou começando minha carreira, se não estou afim de sair agora com ninguém, deveria ao mesmo respeitar minha decisão.

- Sakura, você já tem vinte e três anos, se não começar a sair, vai ficar encalhada igual sua tia!

- Mãe, tia Chyo era do exército, ela não tinha tempo para pensar em um encontro, precisava proteger o país e a prórpia vida.

- E agora é uma velha sem marido! - Revirei os olhos e suspirei. Minha mãe era daquele tempo que toda mulher deveria se casar nova. - Oh se você não fosse parente de seu primo, aquele lá sim seria um belo partido!

- Mãe! - Olhei inconformada para ela. Gaara e eu somos primos, mas sempre nos tratamos como irmãos. Foi graças à mim que ele conheceu Ino. - Olha, quer saber? Estou indo! Não vou chegar atrasada no trabalho por sua culpa. 

- Tente pelo menos se aproximar de alguém!

- Tchau. - Fechei a porta e comecei a andar, teria que pegar o metrô para chegar pelo menos cinco minutos atrasada, não acredito que fiquei ouvindo essa besteira da minha mãe. 

Ouvi meu estômago roncar. Ótimo, além de chegar atrasada, também correrei o risco de desmaiar e tudo por causa de um estúpido pãozinho que deixei em casa. Bom, agora não tinha mais tempo de voltar.

- Ei, quer carona? - Reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Olhei para o belo carro preto parado do meu lado e sorri.

- Corro o risco de ser sequestrada?

- Bom, terá de arriscar para descobrir. - Ri e entrei no carro. - Acordou atrasada?

- Não, apenas minha mãe me enchendo com a mesma conversa chata de sempre.

- Ela ainda quer que você se case? 

- Sim, dá para acreditar?! Mas e você, pelo que eu ouvi, sua mãe quer que você encontre alguém.

- Da onde ouviu isso senhorita Haruno?

- Direto da fonte, senhor Uchiha. - Dei um de meus sorrisos marotos enquanto encarava aquele belo par de ônix. Uchiha Sasuke é o meu chefe, conheço sua família desde os meus dez anos, nos tornamos muito amigos. Sasuke é um cara legal, tem vinte e cinco anos, é bem sucedido, conquistou tudo o que tem, apesar de sua família já ser bem influente e rica.

- Sério, minha mãe tem que parar com isso, daqui a pouco acho que todos da cidade vão ficar sabendo que tipo de cueca eu uso.

- Preta, azul marinho e branca. Mas ainda mantem umas de bichinhos. - Ele me olhou pasmo, não aguentei e ri, adorava provocá-lo.

- Vou matar Mikoto!

- Pare de fazer ameças e diriga, não estou afim de chegar atrasada.

- Claro madame. Mais alguma coisa?

- Quero uma bolsa com um bilhão de dólares, uma nova mansão e um amante.

- Bem, os dólares e a mansão fica difícil mas, se quiser, este Uchiha está disponível para o cargo de amante. - Apesar de rir, não pude evitar de corar, Sasuke sorria daquela maneira que fazia qualquer mulher se derreter. 

E eu não era exceção. 

Sabe, sempre tive uma queda por ele, mas nunca alimentei esperanças, via as mulheres com as quais Sasuke saía, sabia que jamais teria chance, apesar de ser só comigo e com Naruto, seu melhor amigo, que ele se abre desse jeito. 

- O que houve? - Ele me perguntou sem desviar a atenção do trânsito.

- Como assim?

- Você ficou quieta, o que foi?

- Não é nada Sasuke-kun. - Sorri tentando disfarçar. Esse era o problema de alguém te conhecer por treze anos, não dava para esconder nada, ainda mais se esse alguém for Uchiha Sasuke.

- Vou deixar essa passar apenas porque chegamos, mas esse assunto não encerrou, ouviu Haruno?

- Entendido Uchiha-san. - Por estar no trabalho, tínhamos de manter um ar de profissionalidade. Saímos do veículo e entramos juntos, mas mantendo uma certa distância. Não gostava disso, sentía-me longe dele, sua presença me fazia bem. 

Lembra quando eu disse que tinha uma queda por ele? Pois é, eu menti. Eu realmente gosto de Sasuke, mais do que queria. E não sabia disso até que aquele maldito do Shikamaru falou sobre mim e Sasuke para Ino. Ela marcou uma reunião urgente com as garotas na casa de Gaara, que na época ainda não era sua casa. Bom, não no papel pelo menos.

- Me conta tudo testuda, como é esse negócio aí de você e o Uchiha gostoso? - Ino nunca foi das mais santas, mas desde que conheceu Gaara, sempre mantinha bem a postura. Isto é, quando ele estava por perto.

- Somos apenas amigos porquinha, tá certo que tenho uma queda por ele, mas é coisa boba.

- Aham, assim como eu e Shikamaru? Também éramos amigos quando nos conhecemos. - Temari é irmã mais velha de Gaara, eu a adoro demais, é a melhor prima do mundo.

- Temari, faça-me o favor, foram para cama assim que falaram seus nomes.

- Mas brigávamos muito. Aquele preguiçoso era e ainda é muito machista!

- Mas vocês esquecem disso quando estão na cama. - Ino imitou Temari gemendo. Eu, Hinata e TenTen rimos enquanto minha prima tentava inforcar Ino.

- Ok, ok, já deu as duas! Todas nós esquecemos dos nossos problemas quando estamos na cama. - TenTen namora o primo de Hinata, Neji. Ele é um cara legal, totalmente lindo mas muito conservador. 

- Sakura-chan, por que não nos fala como se sente perto dele? Talvez isso possa esclarecer o assunto. - Hinata deu-me um de seus sorrisos doces. Ela é apaixonada por Naruto, mas muito tímida para se declarar. Conheci Hinata com quinze anos, eu adoro essa menina.

- Bom... perto dele... - Comecei a pensar em como me sentia junto de Sasuke. - Perto dele sinto como se o mundo fosse feito apenas de coisas boas, como se ele pudesse me proteger de qualquer coisa... adoro vê-lo sorrir, e quando aquelas orbes negras olham nos meus olhos... - Suspirei. Mas não foi um simples suspiro. Arregalei os olhos diante de minha descoberta. - Oh meu Deus, estou apaixonada por Uchiha Sasuke!

Pois é, aos dezenove anos, descobri o que sentia pelo Sasuke. As meninas ficaram me enchendo de perguntas, o que aumentava mais ainda meu desespero. Agora, sentada na minha mesa, estou olhando para a foto que tiramos juntos alguns anos atrás. Ficou tão linda que a coloquei como papel de parede e sei que ele também, pois quando entrei na sala dele uma vez - só para constar, sou secretária particular de Uchiha Sasuke, aliás, a única secretária que ele tem - eu vi. Aquilo fez eu me sentir nas nuvens.

- Haruno, o telefone! - Olhei sobresaltada para Sasuke, o barulho do telefone entrando apenas agora em meus ouvidos. O vi atender, mas ainda estava tentando raciocinar o que acontecera que não ouvi o que ele falava. - É para você, sua mãe. Você está bem? - Seu cenho franzido mostrava a preocupação que sentia. Não pude evitar de sorrir.

- Estou sim, vou atender. - Peguei o telefone das mãos dele e esperei que entrasse em sua sala para falar algo. - Mãe?

- Querida, - O tom alegre que minha mãe usava me deixou preocupada, sabia que ela estava armando alguma. - Não faz ideia do que acabei de fazer!

- O que foi dessa vez? - Perguntei um pouco impaciente. Sei que Sasuke não se incomoda quando minha mãe liga, mas eu sim, afinal aqui é meu trabalho!

- Bom, depois de uma conversa com a Mikoto, eu decidi marcar um encontro para você! Um encontro às escuras!! - Fiquei muda depois dessas palavras. Enquanto minha mãe dava gritinhos de felicidade, sentia que estava ficando branca. - Sakura? Ainda está aí?

- VOCÊ FEZ O QUE?! - Ruborizei diante do olhar que algumas pessoas me direcionaram. Dei graças a Deus por Sasuke estar na sala, talvez ele não tenha ouvido meu grito. - Mãe, me diz que você não fez isso!

- Fiz sim meu bem, pode me agradecer depois! Aiai, vai ser tão romântico, um cavalheiro misterioso e-

- Mãe, eu não acredito, como pôde?! Pensei que tivesse sido bem clara de que NÃO queria sair com ninguém agora!

- Mas, meu amor, eu só quero o seu bem... - Massageei minhas temporas, detestava quando ela vinha com esse tom manhoso. - Por favor filinha, dê uma chance, só hoje! - Suspirei, não acredito que iria ceder.

- Certo mãe, só hoje. - Ri enquanto ela gritava do outro lado. Da minha mãe eu só puxei a aparencia mesmo. - Mas com uma condição, se isso não der certo, terá de parar com esses encontros arranjados. Estamos entendidas, dona Akiko?

- Claro meu amor, mas tenho certeza de que não irá se arrepender.

- Que seja.. tenho que desligar agora. Tchau. - Desliguei e me debrucei sobre a mesa, não podia acreditar que realmente tinha aceitado aquele estúpido encontro.

- Haruno? O que aconteceu? - Olhei com cara de morta para o cenho franzido do meu chefe, não queria ter que falar disso para ele, não para ele.

- Não foi nada, só minha mãe e suas maluquices de que eu devia conhecer alguém. Vou virar freira desse jeito! - Sasuke riu enquanto eu inflava minhas bochechas. Sim, inflava, fico assim quando estou brava.

- Relaxa, ela só quer o seu bem. - Ele bagunçou meu cabelo e voltou para sua sala. Passei o resto da manhã suspirando e corada, não conseguia manter a atenção no telefone, mas fiz meu trabalho direito.

Finalmente a hora do almoço chegou, já não aguentava mais ficar parada em frente do computador, parecia que as horas não passavam. Arrumei minha mesa e quando me levantei, senti um par de fortes braços enlaçando minha cintura.

- Olá Sakura-chan. - Revirei os olhos e me soltei de Sai, detestava aquele homem. Desde que Ino lhe deu o fora, ele tentava de todas as maneiras me levar para a cama. - Tudo bem com você?

- Estava até você chegar. - Lancei meu melhor olhar de "toque em mim de novo e arranco seu membro íntimo" que consegui e saí andando. Apertei o botão do elevador, Sai veio atrás de mim. - Sai, se manca, eu não quero NADA com você, ok?

- Só quero conversar com você, Sakura-chan. - Aquele maldito deu um de seus sorrisos falsos para mim.

- Não temos nada para conversar, Sai.

- Vamos, me dê uma chance, tenho certeza de que não irá se arrepender.. - Ele me prensou na parede e começou a rocar seus lábios imundos no meu pescoço. Teria empurrado-o mas o mesmo prendeu minhas mãos.

- Me larga Sai!

- Apenas relaxe querida, sei que vai gostar...

- Acho que a Haruno foi bem clara em mandá-lo a soltar. - Nunca fiquei tão feliz em ouvir a voz dele.

- Lamento informá-lo Uchiha-sama, mas este assunto não lhe diz respeito.

- Você está tentando cometer um assédio sexual com a minha secretária, acho que este assunto me diz respeito sim. Agora peço para que a largue antes que eu lhe mande para o hospital... novamente. - Sai bufou e me soltou, provavelmente com medo de ficar tomando soro por uma semana de novo. Tentei me manter firme, mas foi só a largatixa anêmica virar o corredor que minhas pernas bambearam e quase fui parar de cara no chão. Quase, porque os braços fortes e musculosos do meu chefe me seguraram bem a tempo.

- Você está bem? - Sasuke puxou uma cadeira para eu me sentar.

- Estou, só levei um susto por causa daquele ignóbil e também... estou morrendo de fome. - Uma gota surgiu em minha cabeça enquanto levava as mãos para a barriga.

- Sakura, se você der queixa contra Sai, eu poderei demití-lo. - Ele ainda me olhava preocupado, apesar de seu rosto ter suavizado um pouco após minha frase.

- Eu sei, farei isso após um bom almoço.

- Hehe.. vem, eu te levo para comer.

Sorri em resposta e descemos juntos até o saguão, Sasuke avisou a recepcionista que logo voltaria e fomos juntos para o restaurante que ficava aqui em frente. Pedimos dois espaguetes e começamos a conversar.

- E então, o que sua mãe queria com você?

- O mesmo de sempre. - Dei de ombros enquanto sorria. Sabia que se mentisse ele iria descobrir, então resolvi apenas omitir alguns fatos. Mas como minha sorte é muito boa, ele arqueou a sobrancelha daquele modo indagador e eu sabia que ele esperava mais. - Não é nada Sasuke-kun, é sério.

- Ok, se você diz. - Ele deu de ombros e começou a comer. Enrolei uma quantidade considerável de macarrão no garfo e quando abri a boca, senti uma bola ser lançada de encontro a minha língua. Era uma bola de almondega e veio da direção de Sasuke. Olhei para ele inconformada enquanto mastigava, o infeliz apenas mantinha aquele sorriso debochado na cara. - Vai me contar o que aconteceu hoje de manhã e o que sua mãe queria ou não? - Perguntou enquanto pegava mais uma almondega e mirava na minha testa com o garfo.

- Não! - Me abaixei bem a tempo, fazendo a bola de carne acertar a peruca de um senhor. Olhei para Sasuke num misto de irritação e divertimento, enquanto ele apenas voltava a comer calmamente como se não tivesse tentado me assassinar com carne. - Olha aqui se você fizer isso de novo... - Lancei meu olhar mais mortal para ele. Sasuke olhou para mim por uns três segundos antes de começar a rir. Me pergunto, o que será que tem nesse macarrão? - O que foi? Qual é a graça?

- Tem molho na sua testa e no canto da sua boca. - Ele pegou um guardanapo e limpou aquele molho gosmento da minha testa. Quando foi limpar o da boca, fez algo que eu jamais imaginei que Uchiha Sasuke faria. Ele aproximou seu rosto do meu... e me beijou.

Ok, não foi necessárimente um beijo, mas eu senti um pedaço da boca dele na minha e sua língua percorrendo todo o lugar do molho. Olhei para ele em choque, não sabia o que fazer nem o que falar, mas não era a única. Sasuke parecia um pouco encabulado e estava corado, kawaii! Kawaii! Kawaii!

- Sasuke-kun...

- Vamos terminar de comer e voltar para a empresa, você ainda tem que fazer a queixa contra Sai. - Notei que ele estava tentando mudar de assunto. Como não estava afim de discutir o ocorrido também, fingi que não percebi.

- Certo.

Terminamos a refeição em silêncio, Sasuke pagou e voltamos para a empresa. Usei o resto do meu tempo para fazer a tal queixa e voltei para meu lugar, continuando - ou tentando continuar - meu trabalho.

As horas pareciam intermináveis, nunca pensei que iria desejar tanto voltar para casa. Quando deu meu horário, arrumei minhas coisas rapidamente e levantei, dando de cara com Sasuke; não pude evitar e corei, ele parecia cansado mas estava inegavelmente lindo.

- Pois não, Uchiha-san?

- Quer uma carona até em casa? - Pisquei algumas vezes para assimilar a informação. Não estava surpresa pelo convite já que sempre que nos encontrávamos na saída ele me oferecia carona, estava surpresa de ele ter feito esse convite depois do ocorrido hoje no almoço.

- Hã... claro, eu adoraria. - Forcei o melhor sorriso possível e acho que funcionou.

Andamos em silêncio até o elevador que parecia estranhamente lento, mais lento que o costume. Sasuke não falava nada, mas eu também não tinha coragem de puxar assunto, pensava no almoço. Por que ele fez aquilo? Não é costume de Sasuke fazer essas coisas, então por que hoje? Por que comigo? Tantas perguntas apareciam em minha cabeça e não conseguia achar as respostas, isso era torturante. Olhei pelo canto dos olhos para ele e vi que o mesmo estava com o cenho franzido, demonstrando preocupação.

- Sasuke-kun, tem algo errado? - A essa altura estava me lixando pro que iriam pensar se me vissem falando tão intimamente assim com Sasuke, meu amigo, meu melhor amigo estava preocupado com algo importante, algo que estava tomando toda a sua concentração.

- O que? - Ele olhou para mim surpreso, devo tê-lo "despertado" para a realidade. - O que disse?

- Perguntei se tem algo errado?

- Lie, estou bem, é só...

- Só... - Incentivei-o a falar.

- É só a minha mãe.

- Aconteceu alguma coisa com ela? - Perguntei preocupada. Adorava muito a dona Mikoto, ela cuidara tantas vezes de mim quando minha meus pais estavam na pior.

- Não é isso, é que ela... bom, fez algo que eu não esperava... - Ele não pôde terminar de falar pois a porta do elevador se abriu e algumas pessoas entraram. Cumprimentaram à mim e Sasuke, então começaram a conversar com o mesmo.

Suspirei baixo,  estava cansada de ter que fingir, de ter que esconder meus sentimentos, estava cansada de amá-lo sem saber se, algum dia, poderia ser correspondida... Olhei para ele, apesar de preocupado, Sasuke conseguia sorrir e conversar naturalmente, ele conseguia passar por cima de tudo só para não preocupar as pessoas. Não consegui evitar e sorri; Sasuke nem sempre fora assim, lembro-me de quando tinhamos por volta de uns treze anos, ele era tão fechado que Itachi, seu irmão mais velho, o chamava de "Sasukemo, uma mistura de Sasuke + Emo!". Eu sempre dava risada, mas o mesmo também gostava de me encher de apelidos por culpa do meu cabelo rosa e isso me tirava do sério, mas seu apelido preferido para comigo era "cunhadinha"... he, devem imaginar como eu ficava toda vez que ele falava isso... apesar de ainda não entender meus sentimentos, eu corava tanto que achavam que eu estava passando mal. O tempo ia passando e, de tanto Itachi me chamar assim, nos acostumamos com o apelido e hoje em dia eu já nem ligo, até gosto se quer saber. Ao sair dos meus devaneios, vi Sasuke me encarando, corei levemente e virei o rosto, de repente os números do elevador se tornaram muito interessantes.

- Então, se conseguirmos o apoio deles, a empresa pode ter a chance de se tornar ainda mais... Uchiha-sama? - Olhei pelo canto dos olhos, Sasuke ainda me encarava, mas parecia estar "viajando". - Uchiha-sama, está me ouvindo?

- Hã? Oh, claro, claro eu... eu só estou um pouco pensativo. Bom, - O elevador se abriu e ele praticamente me arrastou para fora. - tenho de ir agora, há coisas importantes para fazer, mas continue me falando sobre essa sua ideia segunda, me parece bem interessante e talvez dê certo. Até segunda, Hiro. Senhores. - Ele acenou com a cabeça antes do elevador se fechar. Era incrível como ele conseguia manter a postura tão bem mesmo naquele estado.

- Sasuke-kun, você está bem?

- Hai, só um pouco preocupado com algumas coisas. Vem, vamos embora.

Corei quando ele segurou em minha mão e começou a andar em direção ao carro, Sasuke nunca fora tão carinhoso assim comigo, aliás, com ninguém. Mas não reclamo, esses pequenos gestos contam muito para mim, pois é o máximo que sei que conseguirei dele.

Entramos no veículo e ele deu a partida. Liguei o rádio para descontrair um pouco o ambiente e após colocar o CD que eu queria - só pra saber, Sasuke e eu temos gostos parecidos para música e ele não se importa de eu mexer nas coisas - comecei a olhar o movimento na rua. 

Não conseguia acreditar que minha mãe tinha marcado um encontro às escuras para mim e eu tinha aceitado, isso era muito vergonhoso, sem falar que era como se eu estivesse traindo meus sentimentos. Suspirei baixo, não queria chamar a atenção do Sasuke, mas estava difícil, uma vez que meu semblante sempre ficava triste toda vez que eu pensava nele. Bom, tenho que seguir em frente, certo? 

Não posso ficar chorando escondida vendo o amor da minha vida se divertir com outras, apesar de que o Sasuke quase nunca namorou, era bem raro vê-lo com uma garota e quando acontecia, durava de uma a duas semanas. Outro suspiro escapou. Tenho que levantar a cabeça e tocar minha vida, talvez eu encontre alguém que me faça feliz, mesmo sabendo que só ele poderia me fazer completa. . .

Arg! Pare com isso Haruno! Vamos lá, pensamento positivo! Vai que nesse encontro você conheça um cara legal, mesmo sabendo os tipos que a minha mãe escolhe pra mim... mas a dona Mikoto ajudou, não é? Talvez dessa vez não seja tão ruim. Isso, vou tentar dar o melhor de mim, shanaro!

- Chegamos. - Olhei assustada para Sasuke, nem tinha me dado conta que o carro havia estacionado. - Você está bem? Não falou nada o caminho inteiro.

- Estou sim Sasuke-kun, arigatou pela carona. - Sorri pra ele. - Então, até amanhã?

- Até. - Ele sorriu de canto. 

Okay, não sei o que deu em mim, mas só notei que estava com meus lábios colados á bochecha dele quando nossos braços roçaram. Corei e, colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha, mordi o lábio inferior.

- Er... boa... boa noite, hehe.

- Boa noite. - Ele sorriu, dessa vez um sorriso completo e, enquanto eu descia - toda desajeitada, por sinal - do carro, senti que ele me observava.

Quando virei-me, Sasuke estava mesmo me observando, como se quisesse garantir minha segurança. Acenei para ele, que acenou de volta com a a cabeça e então, finalmente, partiu. Esperei o carro virar a esquina e comecei a me debater, por que ele tinha que ser tão gentil comigo? Como eu posso deixar de gostar dele assim?

- Por ele tem que ser tão perfeito? - Murmurei olhando para o céu, meu cenho estava franzido e minha visão embaçada, não queria chorar de novo por ele, mas era só isso que eu sabia fazer.

Respirei fundo e limpei os olhos, peguei um espelhinho da minha bolsa para ver se eles estavam vermelhos. Após certificar-me de que estava tudo ok, entrei em casa.

- Oh, Sakura! Okaeri! - Minha mãe sorriu, seus olhos estavam brilhando, ela estava realmente animada para esse estúpido encontro.

- Tadaima. - Respondi com um sorriso cansado. Akiko veio até mim, seus olhos estreitos me analisavam. - O que foi?

- Sakura, trate logo de subir e tomar um banho demorado e relaxante, não está pensando em encontrar o homem dos seus sonhos toda feia e desarrumada, não é?

Pois é, essa é a minha mãe. Está mais preocupada com a minha aparencia para o encontro do que com o meu cansaço do trabalho.

- Mãe, estou cansada... será que, não podemos adiar? - Adiar tipo, para sempre.

- Nem pensar! Mikoto disse que ele já confirmou que vai! Agora ande de ir se arrumar, vocês vão se encontrar na Ponte das Cerejeiras. Não é romântico?

- E ainda por cima, vou ter que ir até ele, nossa, belo homem que vocês me arrumaram! - Fiz joinha enquanto sorria de maneira irônica. Minha mãe apenas colocou uma mão na cintura enquanto apontava a outra para cima.

- Fizemos isso para parecer mais romântico, e só para registrar, Mikoto disse que ele também não queria te encontrar, preferia vir bucá-la. Agora ande logo que já são 18:30h e seu encontro é às 20:00h. Tem meia hora para tomar banho, meia hora para se arrumar e meia hora para chegar lá. Ande ande!

Suspirei enquanto subia a escada e dona Akiko voltava para a cozinha.

Mas que saco, por que fui aceitar isso? E pior, por que ela foi marcar justo na Ponte?! Esse é meu lugar especial. É onde eu passei os melhores momentos junto do Sasuke-kun, por que ela não poderia ter marcado em um restaurante? Seria mais fácil, eu poderia acabar logo com aquilo e ainda teria algo bom para comer.

Mas, com Akiko Haruno, não há discussão, é obedecer sem reclamar.

Senti a água quente do chuveiro percorrer meu corpo; sorri, era uma sensação tão... boa. Acabei fechando meus olhos e automaticamente pensei em Sasuke. No seu sorriso de agora a pouco, nas suas palavras, nos seus gestos... acabei me deixando voltar para o almoço, onde seus lábios quase se tocaram por completo nos meus...

Mas, o que estou pensando? Sasuke é meu chefe e meu melhor amigo, eu jamais... eu jamais serei algo mais em sua vida.

Senti algo escorrendo pelo meu rosto. No começo achei que fosse a água, mas ao alcançar minha boca, notei que era salgado. Chorando. Eu estava chorando de novo por Uchiha Sasuke. Como se chorar fosse resolver meus problemas.

Minha mãe diz que chorar ajuda a limpar a alma e clarear a mente, mas para mim não resolveu nada, apenas me trouxe mais tristeza, pois percebi que sou muito patética por ficar chorando por alguém que jamais aceitará meu amor.

Desliguei o chuveiro, não estava aguentando mais ficar ali parada e sofrendo, tinha de tocar minha vida, seguir em frente de cabeça erguida. 

Abri meu guarda-roupa, procurando algo para usar nesse encontro. Achei um vestido rosa que ganhei da dona Mikoto ano passado de presente. Quase nunca o usei, apesar de achá-lo magnífico. Resolvi vestí-lo, coloquei uma sandália de salto fino branca com brilhantes e algumas jóias básicas, para combinar. Passei uma maquiagem leve, nunca fui muito fã de pintar o rosto, gosto de algo mais natural.

Me encarei no espelho. O vestido ficara perfeito. Deixei meu cabelo solto, Mikoto diz que ele é lindo e raro, então sempre o mantenho comprido e cuido com carinho. Sorri. Há tempos não me olhava assim.

Ainda era 19:15h, resolvi descer e ir caminhando devagar, a Ponte das Cerejeiras não ficava longe, acho que a umas cinco quadras daqui. Ao descer minha mãe estava sentada na sala, vendo seu programa de culinária favorito.

- Estou indo, mãe. - Avisei enquanto passava por ela. - Até mais tarde.

- Espere um pouco Sáh. - Parei na porta e esperei uns dois minutos, até o programa entrar no comercial. Minha mãe se levantou e olhou para mim. Seus olhos se arregalaram, acho que estava surpresa por me ver de vestido, e então levou a mão à boca. - Sakura, você está tão linda... parece que meu anjinho finalmente cresceu.

Sorri vendo seus olhos se banharem, caminhei até ela e a abracei.

- Sempre serei seu anjo mãe, sempre. - Sussurrei enquanto ela me apertava no abraço.

- Eu sei querida, mas não poderei mantê-la ao meu lado para sempre. - Ela sorriu enxugando as lágrimas, parecia realmente emocionada.

- Quem disse? - Sorri marota, piscando meu olho. - Bom, é melhor eu ir, não quero deixar meu "príncipe encantado" esperando.

- Isso, vá vá, e nem pense em fugir.

- Seria meio difícil, você mandaria toda a equipe de busca que existe em Konoha atrás de mim e me faria ir nesse encontro amarrada. - Ela riu enquanto eu abria a porta. Sorri, feliz, por vê-la tão alegre assim. Desde a morte de meu pai, minha mãe nunca conseguiu sorrir, mas Mikoto conseguiu fazer sua alegria voltar.

O único problema é que o motivo de felicidade da minha mãe é achar um cara para eu me casar e ter filhos.

Bom, me despedi dela e rumei para meu encontro. A noite estava estrelada e gostosa, pelas ruas podia-se ouvir o riso de algumas crianças brincando em seus jardins, e eu aqui, indo para um encontro arranjado e sem chance de escapatória. Só espero que ele ao menos nos leve tomar sorvete, hn!

Ok, acho que estou passando tempo demais com os amigos do Itachi, já estou parecendo o Deidara... senti um arrepio passar por meu corpo, espero não ficar esquisita igual a ele!

Enquanto eu andava até a minha morte -estou muito dramática esses dias- resolvi tentar imaginar como seria o cara.

Para minha mãe e dona Mikoto ter ecolhido, deve ser alguém sério e que ambas conhessam, mas para aceitar esse encontro deve estar desesperado por uma acompanhante, não tinha mais o que fazer ou foi forçado igual a mim.

Se for a primeira opção, vou dar o fora assim que chegar, porque fala sério, aceitar só pra poder levar pra cama, prefiro virar freira! Hn... acho que exagerei, mas eu não quero nada com tipos assim.

Se for a segunda, ou é um cara sério e rico que deu uma folga do trabalho e para agradar a mulher dona de uma das maiores empresas do mundo (Mikoto recebeu metade das ações de seu marido Fugaku, mas ela as passou metade para Sasuke e metade para Itachi, disse que não queria trabalhar com aquilo, preferia se dedicar a pintura, mas ninguém além da família, de mim e de minha mãe sabe sobre isso, se souberem os compradores irão cair matando para cima do Sasuke e do Itachi, então é por isso que as vezes ela aparece por lá, apenas para não dar suspeitas) resolveu vir nisso, e então vai me avaliar e decidir se sou boa ou não, ou então é um carinha que gosta de fazer essas coisa pra se divertir e vai passar uma noite agradável comigo, gostando de mim ou não.

Agora, se for a terceira opção, podemos conversar e decidir se queremos fazer isso ou não, então se a resposta for negativa, voltamos para casa e continuamos nossas vidas. Agora se a resposta por parte dele for positiva, aí terei de ficar.

Por favor, que seja a terceira opção e que seja negativa a resposta!

Cheguei na Ponte, mas não vi ninguém. Olhei para o grande relógio que fica no meio da praça e ele marcava 19:40h. 

Fiquei brincando com uma folha enquanto esperava, deveria ter saído mais tarde. Até que ouvi passos vindo em minha direção, olhei no relógio e ainda era 19:50h, não acredito que seja ele, mas vamos ver né.

- Sakura? - Oh não, eu reconheço essa voz, espero que seja engano. - Que surpresa encontrá-la aqui, o que está fazendo?

- Sai. - O cumprimentei sem vontade. - Só estou... caminhando, então resolvi parar um pouco. E você?

- Apenas andando. - Ele deu de ombros. Suspirei internamente, pelo menos não é ele o meu "príncipe". - Mas então, já que estamos os dois sozinhos, o que acha de darmos uma volta?

- Esquece, eu não mudei de ideia sobre você. - Dei as costas para ele e comecei a ir embora, meu encontro que esperasse, eu não iria aguentar esse cara aqui. Assim que cheguei no fim da Ponte, senti sua mão segurando fortemente meu punho. - É melhor me largar, Sai.

- Ou o que? Vai gritar pro seu chefinho vir te salvar? - Ele me prensou entre um poste e seu corpo. - Eu sei o que você fez, me denunciando, provavelmente vou perder meu emprego amanhã, mas antes, irei fazer jus a sua linda denúncia...

Ele grudou os lábios em meu pescoço, quase gritei ao sentí-lo me morder. Mas a pior parte foi suas mãos imundas subindo para meus seios, essa foi a gota d'água.

Meti um soco em seu estômago e depois uma rasteira, o derrubando. Ele me encarou surpreso, acho que não esprava que eu soubesse fazer isso, ainda mais de vestido e salto alto.

- O que foi? O gato comeu sua língua? Que tal gritar pro seu chefinho vir te salvar? - Sorri com escárnio entrando em posição de luta, é nessas horas que agraço Itachi por ter me ensinado artes marciais quando mais nova. - Mas acho que não irá adiantar, não é mesmo?

- Sua vadia, vai pagar caro por isso! - Ele levantou-se e veio pra cima de mim, sorri de canto enquanto desviava facilmente de seu soco, isso seria divertido.

Fui para trás dele e dei uma cotovelada em suas costas, fazendo-o gritar de dor. Agarrei seu braço, jogando-o contra o chão, Itachi-sensei ficaria orgulhoso de mim agora. 

- Isso, é por tentar levar minha amiga pra cama. - Chutei sua cara, aposto que doeu, haha. - Isso é por tentar me assediar no trabalho, - Dessa vez chutei no estômago. - isso é por me xingar de vadia... - Me abaxei, dando um tapa em sua cara. - E isso, meu caro, é só para lembrar de que eu posso te matar se tentar encostar suas mãos em mim ou em qualquer amiga minha. E só para garantir...

Chutei com toda a força seu membro genital, socando seu estômago e fazendo com que Sai cupisse um pouco de sangue. Nunca me senti tão bem ferindo outra pessoa. Sai se levantou com dificuldade, dava para ver a dor em seus olhos, e isso me fez sorrir, ele finalmente pagou pelo que fez à mim, a Ino e à muitas outras garotas. Entrei novamente em posição de combate e ele saiu correndo. Não consegui evitar e gargalhei, isso me fez me sentir viva outra vez.

Limpei as mãos e ajeitei minha roupa, ainda tinha um encontro para ir. Era até engraçado falar isso depois do que aconteceu, mas enfim, voltei para a ponte e já tinha alguém parado olhando o lago. Ele estava de costas para mim, mas eu tinha uma ideia de quem era, e isso fez meu coração acelerar.

Não, não pode ser, mas... será?

- Sasuke... - Chamei meio incerta, se não fosse estaria pagando um grande mico, mas não estava preocupada com isso.

O homem virou-se para mim, com as orbes arregaladas. Sim, era ele mesmo. Só uma palavra poderia descrever a cena, algo que Gaara sempre diz em situações assim. 

Fudeu.

- Sakura... o que faz aqui? - Sasuke perguntou, mas acho que ele tem uma noção.

- Eu... vim para um encontro que minha mãe e dona Mikoto fizeram para mim, um...

- Encontro às escuras. - Falamos juntos. Agora eu também estava de olhos arregalados, mas logo Sasuke começou a rir, e não era um sorriso normal dele, estava realmente rindo, gargalhando. O encarei inconformada, do que ele estava rindo? Isso não é para rir, é algo constrangedor!

- Tá legal colega, qual é a graça? - Perguntei irritada colocando as mãos na cintura e batendo o pé impacientemente.

- É que... eu... hahaha! - Sasuke enxugou uma lágrima, eu não acredito nisso! Inflei as bochechas, estava realmente perdendo a calma. Mas isso só o fez rir mais ainda. - Sakura... eu... se eu soubesse que... nossa, que confusão!

- Ok, se já riu o suficiente da minha cara, vou voltar para casa e me enterrar na cama com um pote grande e delicioso de sorvete. Adios, amico. - Dei as costas para ele, acenando brevemente. Francamente... eu esperava outra reação dele. Ou que me rejeitasse com carinho, ou que me aceitasse! - AH! O que está fazendo? Me solta Sasuke!! - Gritei emburrada, o maldito me pegou por trás e agora está me levando de volta para onde estávamos. - To falando sério, me larga!

- Quer fazer o favor de me ouvir, Cereja Mutante? - Arg! Esse é um dos apelidos "carinhosos" que o Itachi me chamava. Cruzei os braços, ainda irritada.

- Eu até ouviria, se você parasse de rir feito uma hiena histérica em um circo de palhaços. - To falando, ando passando tempo demais com o Deidara!

- Hnf! Escute, sabe por que comecei a rir?

- Por que endoidou de vez? - Engole Uchiha!

- Não. - Ele bateu na minha cabeça. Idiota! - Por que eu pretendia te chamar para um encontro hoje.

Paralisei. Isso... era verdade? Não, mas... ele pretendia mesmo... Por que ele faria isso? Ah! Já não sei mais o que pensar!

- Mas... se ia me chamar mesmo, por que não o fez?

- Eu ia chamá-la no almoço, mas... acabei perdendo o controle e quase... você me faz ficar confuso, minha cabeça viaja... não penso em mais nada quando estou ao seu lado, só que você é a mulher mais linda que eu já vi e como tenho sorte em tê-la... - Corei fortemente com essas palavras, Sasuke afrouxou o "abraço", mas eu não me soltei, não conseguia andar, se não fosse por ele, teria caído ali mesmo. - Enfim, voltamos para a empresa e então minha mãe me ligou, dizendo que eu iria a um encontro e que se eu dissesse não, ela iria quebrar meu violão.

Senti pena agora do Sasuke, ele é muito apegado ao violão, eu sei que ele poderia comprar outro, mas esse ele ganhou de Itachi quando estava no hospital para uma operação. Eu e ele -Itachi- iamos todos os dias lá e Itachi tocava para ele, então o valor sentimental daquele instrumento é enorme.

- Sasuke... - Não sabia o que dizer, as palavras sumiram da minha mente, somente o nome dele permanecia.

- Eu... não queria vir, mas não podia negar, então... era por isso que eu estava daquele jeito hoje na hora de sair. - Ele suspirou, fazendo seus braços escorregarem para os lados. A essa hora já havia recuperado as forças nas pernas, então virei-me para ele, que agora sorria. - Se eu soubesse que era você, já teria vindo para cá hoje quando lhe dei carona.

Sasuke riu, mas eu não estava tão alegre. Ele percebeu e levantou meu rosto, vendo que eu chorava.

- O que foi? Por que está chorando? - Ele estava com o cenho franzido, tão lindo... e ao mesmo tempo cruel.

- Por que? Porque você me faz chorar há quatro anos. - Ele me olhou surpreso, é  acho que estava na hora de contar. - Somos amigos há muito tempo Sasuke, mas o que sinto por você é mais forte, e só fui perceber isso aos dezenove anos. Sabe, é até engraçado se você parar para pensar, a melhor amiga do rapaz fechado se apaixona pelo mesmo, mas seu amor jamais será correspondido, então ela deve se conformar e aceitar que será apenas a melhor amiga na vida do garoto.

- Você... me ama? - Ele me ancarava abismado, acho que foi um choque para Sasuke ouvir isso. Pois é, consegui destruir nossa amizade, mas pelo menos um peso saiu das minhas costas.

- Pois é... você deve me odiar agora, não? - Ri sem humor. - Pode me dar o fora, me xingar, sentir pena... pode até acabar com a nossa amizade, mas é verdade, eu te amo. Prometo sumir da sua vida e não atrapalhá-lo com isso, mas eu tinha de dizer...

Sasuke levantou a mão, acho que para me confortar dizendo que não quer nada comigo porém que vamos continuar sendo amigos, algo bem típico dele; mas não, ele fez outra coisa, algo que eu jamais esperaria do Sasuke, aliás, jamais esperaria de alguém em uma situação como essa.

Ele me deu um peteleco na testa!

E não foi um peteleco qualquer, foi o mesmo que o seu irmão faz com ele!

- Mas o que...? - Eu o encarei, confusa, enquanto levava um de minhas mãos à testa, aquilo doeu, afinal.

- Sua... baka! - Ele chamou mesmo disso?! - Não vá dizendo o que os outros devem fazer antes de ouvir a resposta! - Arregalei os olhos, será que ele queria me dar o fora com suas próprias palavras?

- Sas-

- Não me interrompa, vai ficar quietinha assim como eu fiquei! - Ok, o que deu nele?! Tá se achando muito, sempre soube que Sasuke era convencido, mas não imaginei que fosse tanto. - Tenho algumas quatro coisas para lhe dizer: primeiro, você é muito pessimista. - O encarei com cara de bunda, hoje ele bebeu, só pode! - segundo, pare de tirar conclusões precipitadas; terceiro, quem te deu autorização para usar esse vestido em um encontro com um homem que não seja eu?

- E por que eu deveria pedir autorização para você? - Coloquei uma mão na cintura, o encarando com a sobrancelha arqueada.

- Porque você é minha namorada e eu sou muito ciumento. - Meus olhos se arregalaram enquanto ficava boquiaberta, eu ouvi direito? Namorada?

- Sasuke-kun... o que você disse...

- Quarto, - Ele sorriu enquanto se ajoelhava. - eu te amo. Muito mesmo. Aceita ser minha namorada?

Fiquei em silêncio por uns três segundos antes de começar a rir alto, bem como ele estava fazendo. Olhei para Sasuke e notei uma interrogação em seus olhos. Após me recuperar o ataque, o encarei risonha, ainda tentando me controlar completamente.

- Sasuke você tá... hahaha! Você tá ridículo! Hahahahahahahahahaha! - Caí novamente na gargalhada, ver um cara do tamanho do Sasuke ajoelhado no meio de algumas folhas é realmente uma cena um tanto... engraçada.

- Não sei se corro, se brigo ou se mando te internar. - Ele levantou-se limpando a sujeira da calça. Sorri marota vendo-o terminar de se arrumar. - O que foi, vai rir mais da minha cara?

Sem responder, me aproximei dele, entrelaçando meus braços em seu pescoço. Automaticamente ele levou suas mãos para a minha cintura.

- É claro que eu aceito ser sua namorada, teme. - Chamei-o pelo apelido que Naruto colocara nele quando criança e jamais parou de usar.

E então, nos beijamos.

Foi o melhor beijo da minha vida. Parecia que nossas bocas se encaixavam perfeitamente, sua língua fazia uma dança sensual dentro de minha boca, eu explorava cada pedacinho da sua, sentindo um gosto delicioso de menta. Minhas mãos bagunçavam ainda mais seu cabelo e suas mãos acariciavam minhas costas com delicadeza. Ficaríamos nos beijando até a eternidade, se não fosse a falta de oxigênio. Sasuke colou sua testa na minha, arfando que nem eu.

- E agora? - Perguntei enquanto recuperava o fôlego.

- O que acha de irmos tomar sorvete, namorada? - Ele falou frizando a palavra "namorada". Sorri, feliz, enquanto segurava sua mão.

- Acho uma ótima ideia, namorado.

Sorrimos e começamos a caminhar. Sabe, até que as ideias da minha mãe não são tão ruins, e algumas vezes acabam funcionando.

Agumas vezes.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? *-*