A Preferida escrita por Roli Cruz


Capítulo 7
É um pouco tarde demais


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo saindo *----*
E esse tem dois Banners.
Boa leitura ^^



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– Quem era ele? – Ouvi meu pai perguntar assim que pisei em casa. Esqueci de falar: Minha janela dava para o portão, então, dava para ver todas as pessoas que passavam em frente do nosso prédio.

– Ele quem? – Me fiz de burra, irritando-o mais ainda. – Ah! O Dylan? Ninguém!

– Como assim Ninguém? Quem é esse Dylan? – Meu pai me seguia enquanto eu adentrava no nosso enorme apartamento.

– Fique calmo, pai. Ele é apenas um amigo que me deu carona! – Eu respondi, entrando no quarto e jogando minha bolsa de qualquer jeito na cama.

– Eu sei muito bem os amigos que a senhorita arranja. – Ele estreitou o olhar e me olhou de um jeito estranho.

– Não confia em mim, papai? – Eu o olhei com carinho. Sabia que aquela exceção de fofura amoleceria a carranca dele.

– Não é questão de confiança, minha filha. – Ele me olhava suplicante. – Temos passado por muita coisa nos últimos dias. Não quero que você se iluda por causa de um garoto idiota.

– Pai. – Eu suspirei profundamente. – Ele não é um garoto. É um homem. E não se preocupe, não vou fazer nada estúpido. – Eu disse aquilo enquanto ia até a porta. – E se o senhor não se importar, eu quero trocar de roupa. – Relutante, meu velho foi até a porta e se virou na minha direção, dizendo algo como:

– Como assim ele é um homem? – Mas eu fechei a porta e ele ficou do lado de fora, enquanto gritava “Isso não vai ficar assim! Eu quero informações!”.

Sentei na cama e respirei fundo. Eu amava muito meu pai, mas ultimamente ele tem me irritado bastante. E eu sei que não são os hormônios se pronunciando.

– Porque ela tinha que aparecer e estragar tudo? – Eu disse para o armário na minha frente. As palavras ficaram flutuando pela minha mente.

Levantei e tirei minha roupa. Não me importava se a janela estava aberta. Estava a treze andares do chão e a uns cinco metros do prédio mais próximo. Então, a menos que alguém me espionasse com um binóculo, era meio impossível ver dali.

Coloquei qualquer blusa e calça que encontrei pela frente e saí do quarto, indo direto para a cozinha, onde Martha, nossa empregada, trabalhava eficientemente em um bolo coberto de glacê.

– O que é isso Martha? – Perguntei, enquanto metia o dedo nas bordas da tigela coberta de chantili.

– Seu pai me pediu para fazer esse bolo. – Ela sorriu maternalmente para mim. – Ele disse que é para o aniversário de uma tal de Margareth. – Ela deu de ombros.

Na mesma hora, o bolo e o glacê pararam de ser apetitosos e se tornaram repulsivos.

– Ele não tem mesmo vergonha. – Eu disse enojada.

– Do que você está falando, minha querida? – Ela me olhou com seus grandes olhos azuis. Eram tão claros que eu podia pensar em estar vendo o céu dentro deles.

– Margareth é a vagabunda da minha mãe. – Eu cuspi as palavras.

– Não fale assim da mulher que te pariu. – Martha tentava me acalmar, mas nada conseguia me acalmar quando se tratava de Margareth.

– Eu tenho esse direito. Ela é uma idiota que engravidou com dezesseis anos e me deixou na porta de seu jovem namorado que adorava jogar futebol americano. Aquela... – Eu hesitei. Martha não era a pessoa que merecia aquelas palavras. Pelo contrário, ela era doce e foi aquela mãe que eu nunca tive.

– Você sabe que ela está tentando consertar tudo, não sabe?

– Não. Ela não está. – Reprimi a raiva que crescia dentro de mim. – Ela só está aqui para me lembrar que foi ela quem me deu essa miserável vida...

– Não fale assim, criança! – A empregada repreendeu. – Você é linda e inteligente. – Ela sorriu ternamente. – E uma filha maravilhosa. Não tem uma vida miserável. Acredite, eu sei do que estou falando. – Esse comentário fez meu coração doer, como se uma agulha fumegando estivesse atravessando-o.

– Mas... Mesmo que ela quisesse mudar as coisas. É um pouco tarde demais. – Eu olhei para o bolo, desejando que ela nunca tivesse voltado para Nova York.

*

– Você está bem? – Uma voz longínqua me fez acordar do meu transe. Eu estivera olhando vagamente a máquina de refrigerantes da Dunkin’ Donuts por vários minutos, mas agora, Amani estava plantado na minha frente, forçando-me a olhá-lo.

– Estou. – Eu respondi ainda meio aérea.

– Eu estava esperando que você fosse dar um pití lá na sala de aula. – Ele sorriu, mostrando uma fileira de dentes super brancos.

– Por quê? – Eu perguntei confusa, eu nunca fora de dar uma de louca na frente de muitas pessoas.

– Por causa da pergunta. – Ele respondeu enquanto passava um pano úmido no balcão.

– Ah. Aquilo... – Eu me senti um pouco desconfortável. – Eu estava bem. Só que... Eu acharia mais fácil de responder se caísse uma pergunta pornográfica. – Eu sorri.

– É. Eu sei que você seria bem criativa na resposta. – Ele retribuiu o sorriso, enquanto entregava o pano para outro funcionário.

– Ele é novo? – Perguntei enquanto espichava o pescoço para vê-lo direito.

– É. – Amani suspirou. – E eu que tenho que ajudá-lo.

– Isso não é ruim. – Eu falei otimista. – Se ele não fizer nada de errado, você não ganha um cachê extra?

– Ganho. Mas não é fácil aturar um garoto de 14 anos o dia inteiro no seu pé. – Ele dirigiu um olhar cansado para mim.

– 14? Mas... – Eu o fitei confusa.

– Ele tem parentesco com o dono da franquia. – Amani explicou, enquanto o garoto voltava para perto dele.

– Hey. Mâni. – O garoto era baixo e tinha os cabelos extremamente pretos. Tinha os olhos castanhos claros e sorria jovialmente na nossa direção. Senti pena do menino.

– É Amani. – Ele corrigiu, dirigindo um olhar duro para o mais novo. – A-M-A-N-I.

– Certo. – Ele continuou. – Como eu faço para ligar o refrigerador?

Meu amigo respirou profundamente e me olhou como se dissesse, “vê o que eu aguento todo dia?

– Jake, já tentou ver se a tomada está ligada? – Ele respondeu. Instantaneamente o garoto corou e murmurou um “não”. Voltou para a cozinha e eu sorri.

– Ah! Qual é! Não é tão mau assim! – Eu disse. – Ele não se parece em nada com aquele garoto de 18 anos, que veio trabalhar aqui mês passado.

– Affe! Nem me lembre daquela praga! – Amani fez o sinal da cruz e me olhou profundamente.

– Que foi? – Perguntei, sentindo minhas bochechas ficando quentes. Eu odiava quando alguém me olhava daquele jeito.

– Você tem visita. – Ele olhou para trás dos meus ombros e eu me virei.

E então eu o vi. Com jeans rasgados e uma jaqueta de couro preto. Seu sorriso torto se abriu logo que me avistou, e seus cabelos estavam desgrenhados.

– Uau! Que isso? Vai participar do desfile de motoqueiros esse ano? – Eu sorri e o cumprimentei.

Ele se sentou ao meu lado e eu pude ver que seus olhos castanhos brilhavam.

– Você está bem? – Perguntei.

– Nunca estive melhor.


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Notas finais do capítulo

E então? Quem vocês acham que é? *o*
Beijos, inté o próximo capítulo!



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