Você Estará de Volta escrita por VenusHalation


Capítulo 5
Capítulo 4 - Sentimento




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Venus pensava muito sobre o baile no dia seguinte enquanto fazia a guarda do quarto da princesa. Principalmente na atitude de Kunzite, havia sido irresponsável, se não fosse Adônis a ter lhe tirado para dançar naquele momento, não saberia qual loucura teria cometido ali. E pior, estava fazendo de um terrestre um grande amigo. Não podia se envolver tão profundamente com alguém, ainda mais com alguém da Terra. Havia tomado sua decisão, não voltaria a ver nenhum dos dois. Entrou no quarto da princesa que se arrumava para mais uma fuga.

– Venus, você dançou com dois homens de Endymion, eu vi! - Serenity pulava de alegria em seu quarto.

– Foi apenas uma dança, alteza. - Venus se mantinha de pé.

– Não me chame de “alteza”, por favor, somos amigas! - A princesa a fez sentar na cama do quarto. - Quem eram eles?

– Não eram ninguém que eu conhecesse.

– Venus... Pessoas que não se conhecem, não se olham daquela maneira. - Serenity pegou a mão da amiga. - Quem são eles?

– Serenity, eu tenho um dever. - Ela se levantou. - Não posso pensar em romances. Mas eu vim aqui por outro motivo. Está cada vez mais perigoso ir até a Terra, nós não vamos voltar lá.

– Não quer mais voltar...? - Serenity parou sua pequena dança de felicidade.

– Você prometeu que não iria mais a Terra sem mim, princesa. - Venus estava sendo muito dura. - Isso já ficou perigoso demais, então, não voltaremos.

– Venus... - Ela começou a chorar. - Está sendo egoísta! Está com medo de ver algum daqueles homens de novo e se apaixonar, não é? Está estragando meu romance com Endymion! Não coloque seus problemas contra os meus, eu...

– Alteza, grite e chore como uma criança mimada... - Venus caminhou até a porta. - Mas eu já descumpri ordens demais, chega!

– Já fugia sem você, Venus! - Gritou batendo a porta com força. - Posso fugir de novo!

– Ouse, e sua mãe saberá! - ­­­­Gritou de volta.

Era possível ouvir os soluços contínuos de Serenity, vindos do lado de dentro do quarto, durante dias. As senshis se perguntavam o porquê dela se trancar no quarto dia após dia, enquanto Venus era a única que sabia o motivo. Doía o coração pensar que estava fazendo sua princesa chorar assim, era necessário.

– Serenity não abre a porta, majestade. - Mercury reportava a rainha.

– Deixe-a. - A rainha disse calma. - É normal das jovens na idade dela ficarem um pouco alteradas. Venus, você poderia ir conversar com ela? A minha filha não ouviria uma velha como eu e você como líder das senshis e melhor amiga dela, ajudaria bastante.

– Tudo bem. - Venus suspirou. Era justo que ela fosse, uma vez que era sua culpa.

A loira caminhou até o quarto, totalmente a contragosto. Bateu na porta uma, duas, três vezes chamando por Serenity e não obteve resposta. Sentiu o frio subir-lhe a barriga e engoliu seco. Abriu a porta de uma vez, a princesa não estava lá.

– Não pode ser! - Venus correu para a janela, abrindo as asas e indo em direção a Terra. Chegara ao Reino Dourado furiosa, e Adônis estava lá, guardando o portão.

– Danburite, abra! - Ela ao menos olhava para o soldado.

– Venus... - Ele pareceu assustado. - O que houve?

– Ela está aqui e eu sei, abra por bem...– Colocou o cetro de frente para si em posição de batalha. - Ou eu mesma irei abrir por mal!

– Venus, acalme-se! - O loiro se colocou a frente. - Olhe, vou deixá-la entrar, mas primeiro acalme-se.

A senshi bufou, encarando Danburite, guardou o cetro procurando o ar que parecia não ser suficiente. Era tudo o que precisava: ar.

– Adônis... - Ela procurava parecer mais calma. - Me deixe entrar.

– Sim... - Abriu o portão na certeza de que logo mais levaria uma bela bronca, mas era Venus que pedia e era impossível negar-lhe qualquer coisa.

Venus entrou no palácio, estava mais calma, sabia onde os amantes se encontravam nas noites e seguiu pelas altas escadarias, direto para o quarto de Endymion e para sua surpresa, não estavam lá. Serenity havia pensado em tudo, ela sabia que Venus iria até lá. A senshi desembainhou a espada e apertou o cabo de aço e pedras preciosas frias que carregava contra a mão e continuou andando pelos corredores, procurando vestígios do paradeiro do casal. Andou pelo palácio inteiro e ao menos encontrou rastro dos dois, entrou num corredor de mármore pouco iluminado, reconheceu a sua frente o vulto de longos cabelos prateados, avançou sobre ele mostrando a ponta da arma que trazia.

– Onde ela está? – Encarou os orbes acinzentados dele.

– Não deveria ter permissão para entrar aqui, Milady. - Kunzite olhava indiferente a ponta da lâmina.

– Eu fiz uma pergunta, General! - A loira encostou a lâmina no queixo do rapaz. - Leve-me até eles.

– Venus... - O general dançou sumindo na escuridão. - Meu rei me deu ordens muito sucintas.

Venus estava paralisada, ela pode sentir uma das mãos dele envolverem sua cintura enquanto a outra afastava levemente seus cabelos do pescoço. O corredor ecoou o som do aço que a espada fez ao cair no chão assim que a venusiana pode sentir os lábios dele percorrendo toda extensão do pescoço a orelha. Ela arrepiava a cada toque e sentia suas pernas tremerem, ele apenas a virou para si, encaixando uma das mãos as raízes do cabelo dela dando leves puxões, fazendo-a com que a sua vontade ainda fosse manter pescoço a mostra. Kunzite a empurrava devagar, a guiava a cada suspiro. Ela ainda estava relutante, então, sentiu uma porta fechar atrás de si, não estava mais no corredor. Era um quarto, um quarto escuro.

– Pare... - Venus disse tentando tirá-lo de perto. - General, pare!

O shitennou parou tomando o rosto dela na palma de sua mão.

– Milady... - Ele a empurrou devagar contra uma parede, ela desviava o olhar. - Esqueça seus deveres apenas por um momento.

– Kunzite, eu... – Ela sentia a respiração dele misturar-se a sua, de tão próximos. – Eu não posso!

Kunzite sentiu um empurrão dolorido, e caiu sentado no chão, ouviu a porta abrir e bater furiosamente, no corredor os passos fortes da Senshi se afastavam. Venus tremia, estava nervosa e não sabia se era por conta da princesa fugida ou se pela atitude ousada do General da Shitennou. Não olhou para trás em nenhum segundo. Saiu no salão principal, escorou em uma das grandes pilastras, sentiu o corpo escorregar no mármore frio. Sentou no chão, fechou as asas ao redor de si, queria gritar. Não poderia gritar ali, então gritava para si. Malditos deuses que a levaram ali, o seu dever era maior do que aquilo, muito maior.

– Venus? – A voz conhecida de um rapaz a fez levantar os olhos e olhar por entre o espaço entre as asas.

– Adônis...

– Está chorando? O que houve? – O soldado sentou-se ao seu lado. – Vamos, abra essas asas, não precisa me dizer o que aconteceu. Apenas converse comigo.

– Sou uma senshi incompetente, Adônis. Não sou capaz de proteger minha princesa.

– Do que está falando? Você é muito capaz! – Ele empurrava as asas dela delicadamente, estendendo a mão. – Venha.

A loira segurou a mão do amigo que a guiou até um grande espelho no fundo do salão. Danburite passou a mão pelo rosto da princesa, retirou os fios dourados grudados pelas lágrimas e com as próprias luvas a enxugou.

– Olhe só para você, Venus. – Ele deu espaço para que ela se olhasse no espelho. – Olhe esse uniforme, essas asas, seu broche, seu cetro, olhe bem que guerreira incrível você é! Chegou ao posto máximo, aonde nenhuma das outras Senshis jamais chegou, não diga que incompetente você é muito capaz!

– Eu... Do que adianta tudo isso se eu ao menos sei controlar meus sentimentos. – Ela respirou fundo, ainda fitando seu próprio reflexo.

– Você não tem de controlar sentimento algum! Qualquer guerreiro sem sentimentos próprios é um guerreiro incompleto, Venus!

– Adônis... – Ela abraçou o loiro. – Obrigada!

– Venha, vamos caminhar um pouco. – Ele a puxou. – Vamos ao jardim e sei que o verá de maneira diferente.

Acabava de amanhecer na Terra, o sol trazia sua luz. Venus olhou maravilhada, sempre aparecia na Terra no período noturno. Era tudo tão bonito trazia tanta paz, podia sentir o coração se acalmar. Observou as cores do jardim, os sons que faziam os pássaros e o vôo das borboletas, durante o dia aquele lugar ficava ainda mais belo.

– Isso é incrível! – Parecia que os problemas haviam diminuído ali. - Podemos entrar mais no jardim? Nunca passei daqui!

– Claro! – Ele lhe sorriu.

Andaram pelo jardim imenso, Venus observava cada centímetro, e a diferença que a luz do dia proporcionava. Adônis olhava maravilhado a sua sim sua Venus sorrir depois de encontrá-la chorando no salão, trocaria aquele jardim inteiro para poder fazê-la sorrir assim todos os dias apenas para ele. Chegaram a um lugar do jardim onde a entrada era um arco de rosas amarelas, lá dentro lindas moças de vestidos brancos analisavam as flores e folhas cheirando e observando a textura dessas.

– Quem são elas? – Venus virou-se apara Adônis.

– São as Sacerdotisas do Reino Dourado. Elas cuidam do castelo e de nós. Estão colhendo plantas medicinais.

– Bom dia Danburite! – Uma moça de longos cabelos vermelhos cumprimentou.

– Você também passou a trazer lunares para cá? – Ela parecia irritada.

– Olá, lady Beryl. – Reverenciou. – Ela não é uma lunar é uma venusiana.

– Daqui uns dias não sobrarão terrestres por aqui!

– Qualquer um, de qualquer planeta, é muito bem-vindo por aqui, Beryl.

– Claro, desde que tenham um belo par de olhos azuis. – A jovem deu meia volta.

– Ela não parece muito feliz com minha presença por aqui. – Venus sorriu.

– Ela não é feliz com a presença de ninguém.

Os dois voltaram para o palácio, seguindo o caminho colorido do jardim em silêncio, o loiro acompanhou a Senshi até a grande porta.

– Vai ficar de guarda? – Ela perguntou.

– Sim, eu vou.

– Quando a princesa sair, diga a ela que precisamos conversar.

– Venus, volte para o Milênio de Prata. – Ele suspirou. – Esfrie sua mente, por favor, não cometa outra besteira dessas, eu ainda quero lhe ver muito por aqui. – Segurou a mão dela. – Darei seu recado a Serenity.

– Obrigada.

A princesa venusiana abriu as asas e voltou para a lua. Entrou no quarto de Serenity deixando que as imagens de Kunzite beijando-lhe o pescoço tomassem conta dos seus pensamentos.

Balançou a cabeça procurando afastar os pensamentos daquela madrugada, tinha coisas mais importantes a fazer a divagar sobre aquilo. Precisava conversar com Serenity, a quem estaria esperando no quarto.


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Notas finais do capítulo

Demoreeei... Eu sei :~~