My Boy Circus escrita por Tally


Capítulo 7
The End


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas aqui está!
O último.



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A saudade gritava cada vez mais alto, já tinha deias malucas e apenas chorava. Faziam três dias que Justin tinha ido embora e tudo o que eu tinha era uma ligação dele ontem à tarde e minhas lembranças, isso se não contássemos a dor que a falta dele causava em mim. – As pessoas geralmente não dão importância até perderem, eu dei importância e mesmo assim perdi, talvez seja apenas a minha falta de sorte falando mais alto. – Eu não sei mais quanto tempo uma pessoa em pedaços pode aguentar sem desmoronar. Eu preciso dele comigo!

***

- Ronnie, venha cá! – Minha mãe grita da sala.

            - Estou indo! – Respondo sem forças, levanto da cama do jeito que estou (cabelos bagunçados, cara inchada e pijama), e caminho até a porta.

            Desço as escadas degrau por degrau, controlando o meu corpo para que ele não caia. Eu meio que não levantei da cama desde que meus pais me trouxeram do aeroporto, e não estou comendo, afinal, não tenho fome e vomito tudo o que minha mãe me obriga a comer. Meus pais estão preocupados, e eu realmente entendo o lado deles, mas parece que eu não tenho mais razão para levantar ou fazer qualquer outra coisa a não ser chorar.

            - Sente aqui. – Minha mãe me puxa para sentar no sofá em frente a ela e ao meu pai.

            - Estou aqui. – Digo encostando a cabeça no sofá por não aguentar com o peso dela sobre meu pescoço, ela lateja em resposta ao ser jogada brutalmente no encosto.

            - Nós estamos preocupados com você filha! – Meu pai fala suspirando.

            - Então eu andei pensando. Bom... Nós andamos pensando. E decidimos que sua felicidade é a coisa mais importante para nós. – Minha mãe continuou.

            - Entramos em contato com uma antiga amiga nossa, e por muita coincidência ela está atualmente morando em Stratford. – Meu pai disse e suspirou novamente. Eu não estava entendendo nada.

            - Conversamos com ela e ela nos disse que iria adorar receber você na casa dela. Ela tem uma filha da sua idade e se você concordar ela vai te matricular para terminar o ano lá. – Minha mãe terminou de dizer e eu mal conseguia respirar. Eu não acreditava no que eles estavam dizendo. Não podia ser. Era sorte demais para quem não tem sorte!

            - Eu não estou entendendo. Eu... Isso... Vocês estão falando sério? – Disse gaguejando e meio atordoada.

            - Filha, nós queremos o melhor para você, e se o melhor pra você é estar perto dele é isso que vai acontecer. Eu te amo, e eu preciso de você feliz! – Minha mãe disse com lágrimas nos olhos.

Eu estava chorando. Era incrível demais para ser realidade. Eu pensei que nunca mais o veria, eu imaginei que tudo tivesse acabado aquele dia no aeroporto. Eu não acreditava que isso era possível. Eu não acreditava que haveria uma solução.

Pulei no colo dos meus pais ainda chorando. Eu não ainda pensava que estava sonhando. Eu... Eu não tinha palavras para dizer o que estava sentindo. Apertei minha mãe em um abraço e ela chorava comigo.

- Obrigada. – Sussurrei sorrindo.

- Eu te amo! – Ela respondeu retribuindo meu sorriso.

- Eu também, eu te amo muito.

Abracei meu pai também e repeti a ação anterior.

- Acho que alguém deve tomar um banho e se apressar. Afinal, arrumar as malas demoram, e seu voo saí amanhã de manhã. – Meu pai disse me deixando chocada.

- Como sabiam que eu aceitaria e... Eu estou sem palavras. – Disse colocando a mão na boca.

- Sou sua mãe! Te conheço. – Ela piscou para mim e fez um sinal com a mão para que eu olhasse a mesa de centro.

- Eu. Não. Acredito. – Disse em choque.

Estava tudo ali. Desde a passagem para o voo até os livros da minha futura/nova escola. Eles tinham pensado em tudo!

- Vocês são demais! Oh meu Deus! Eu ainda não consigo acreditar... – Disse boba. – Mas espera... Você não disse que ela ia me matricular depois que eu aceitasse?

- Sim, mas era apenas para ver sua reação! – Minha mãe disse e deu uma risada contida.

- Você já está matriculada e seus livros já estão comprados. E seu horário está anotado dentro do primeiro caderno.

E toda a alegria que eu acreditava ter sido roubada de mim voltou juntamente com uma explosão de felicidade. O sorriso estava ali, plantado no meu rosto como se nunca tivesse saído e a vontade de vê-lo foi boa, porque desta vez eu sabia que estava breve. E que logo eu poderia vê-lo todos os dias do que dependesse de mim.

***

Malas no carro, coisas arrumadas e sorriso no rosto. Estava pronta! Estava me despedindo de Lissa que não parava de chorar, o que me cortava o coração.

- Hey! Olhe pra mim. – Disse puxando seu rosto em minha direção. – Não é pra sempre anjo. Eu vou voltar em breve e você não vai escapar de mim, e nada de pegar o meu quarto, você não irá se livrar tão fácil.

- Mas eu quero que você fique! – Ela disse fazendo bico.

- Allyssa, às vezes nós temos que passar por coisas ruins, mas isso não vai ser uma delas. Eu vou continuar com você, nós podemos conversar pelo telefone e computador sempre que você quiser e eu prometo vir sempre que der. Não é pra sempre.

            - Não vai...

- Pense nisso como um teste, ano que vem eu ia morar em New York mesmo, aí você já se acostuma com a minha ausência. Além disso, você vai ter o papai e a mamãe só para você.

- Você volta? – Ela disse com lágrimas nos olhos.

- Prometo! – Dei um beijo em sua bochecha. – Antes que você possa sentir minha falta. – Ela deu um sorrisinho de lado e me abraçou.

Levantei e caminhei até Noah, ela estava ali para se despedir.

- Eu vou sentir mais a sua falta do que você pode imaginar. – Sussurrei assim que a abracei.

- Eu também! Muita. Muita falta. – Ela me apertou contra si.

- Você vai ser sempre a minha melhor amiga. – Sussurrei novamente, com a voz rouca pelo choro contido.

- E você a minha. – Ela me soltou e sorriu. – Nós vamos deixar seu pai e o meu louco com as contas do celular! – Ela disse me fazendo soltar uma gargalhada.

- Com certeza! – Nós sorrimos uma para a outra.

Me aproximei de Vick.

- E você pequena. Cuida da Lissa, não deixa aprontar e se ela o fizer, dê um puxão em sua orelha por mim. Pode ser? – Disse me abaixando um pouco para abraçá-la.

- Pode! – Ela soltou um sorriso e se pendurou em meu pescoço.

Levantei e caminhei até o carro, dei um último aceno para todos eles e entrei acompanhada por meu pai que me deixaria no aeroporto.

- Ansiosa? – Ele me questionou assim que ligou o carro dando partida.

- Muito. – Respondi sorrindo.


Chegamos ao aeroporto e meu pai fez o check-in para mim. Depois seguimos até o portão e eu me despedi dele entrando na sala de espera. Peguei o celular verificando a hora e em seguida ligando para o número que Justin havia me passado em sua última ligação.

- Alô. – A voz rouca dele ecoou fazendo meu coração disparar.

- Sou eu. – Minha voz falhou.

- Ronnie? Ronnie! É você mesma? – Ele respondeu com animação.

- Até onde eu sei sou eu sim. – Dei uma risada e escutei a sua do outro lado.

- Estava com saudades da sua risada e da sua animação. Da onde surgiu tanta alegria? Já conheceu outro garoto? Puxa vida, eu não devia ter ido embora, sabia que deixar você sozinha era um perigo. – Ele brincou me fazendo gargalhar alto e algumas pessoas me olharem estranho.

- Não devia ter ido mesmo, mas não é isso não, seu bobo! – Ri e sorri. – Minha alegria toda surgiu da novidade que eu tenho.

- Qual? – Ele perguntou animado.

- É segredo, você só irá saber aproximadamente daqui algumas horas. – Disse fazendo suspense. – Mas eu liguei porque preciso do seu endereço. Você pode me passar?

- Eu não gosto de segredos! – Justin disse com uma voz que eu podia apostar que vinha acompanhada de um belo bico. Eu ri. – Para que você quer meu endereço? – Perguntou com uma voz de quem não estava entendendo nada. Eu ri novamente.

- Para mandar uma... Carta! Isso carta. – Menti rapidamente. – Eu acho fofo e romântico. – Emendei sorrindo.

- Tudo bem... Anote aí...

            Anotei o endereço certinho e coloquei dentro da minha carteira junto com o da Tia Anne, a velha amiga dos meus pais fofa, que fez tudo isso ser possível. Despedi-me de Justin e desliguei. Logo em seguida meu voo foi anunciado e eu segui até a fila com minha passagem, meu documento e minha autorização de embarque em mãos. Ajeitei minha bolsa no ombro e sorri confiante.


            Já sentada em meu acento, ao lado da janela tive uma ideia. Então abri a minha bolsa, peguei um pedaço de papel e uma caneta e comecei a escrever. Eu tinha dito que ia mandar uma carta, então... Vamos mandar uma carta! Ri de mim mesma e continuei escrevendo e aperfeiçoando minhas ideias durante o voo, que foi longo.

            Depois de comer o lanche que foi servido me encolhi em meu banco e dormi o resto da viagem. Acordei com a boa senhora que estava ao meu lado me chamando.

            - Ah. Obrigada! - Disse assim que acordei.

            - Não foi nada minha querida! – Ela falou gentil e saiu com o marido dela. Ajeitei-me, peguei minha bolsa e me coloquei de pé, saindo do avião.

***

Depois de esperar minha bagagem – três grandes malas – me dirigi com a ajuda de um homem da companhia aérea até a saída. Varri com os olhos todo o aeroporto até achar a mulher que tinha o meu nome em uma plaquinha. Sorri para ela e andei em sua direção. Ela veio até mim também e logo pegou o carrinho que o homem segurava e acenou em sua direção.

            - Obrigada. – Disse a ele que acenou para mim e saiu.

            - Você cresceu muito desde a última vez que nos vimos Ronnie. Era só uma garotinha, agora já é uma mulher. – Ela disse e me abraçou.

            - Olha, muito obrigada por me deixar ficar com você. Sério. Obrigada mesmo! – Disse para ela.

            - Imagina flor, já tive a sua idade e sei como são as coisas. – Ela piscou pra mim me fazendo ficar vermelha no mesmo instante. – Bom... Vamos?

            - Claro! Estou animada! – Disse sorrindo e pegando a única mala que restará já que não cabia no carrinho, enquanto Anne o empurrava até a saída.


            Quando chegamos à sua casa eu me surpreendi, ela era grande. Muito grande e bonita, não pude deixar de apreciar. Descemos do carro e retiramos minhas malas do porta-malas, caminhando até a entrada.

            - Vou te levar até o seu quarto. Minha filha que ajudou a escolher as coisas que coloquei lá, ela tem a sua idade. Acho que vocês vão se dar bem. – Ela sorriu e nós caminhamos até as escadas. Subimos as malas, o que foi complicado, e paramos na porta do terceiro quarto a esquerda. – Bom, esse é o seu quarto, pode deixar suas coisas aí e desça para comermos algo, você deve estar faminta. Minha filha só chega mais tarde.

            - Tudo bem, obrigada mais uma vez. – Disse simples e entrei no quarto.

Ele era normal, mas tinha uma grande televisão LCD de umas 40 polegadas o que me assustou e uma escrivaninha com um Macbook branco. Além de uma cama de casal linda com um grande edredom roxo e fronhas lilás. Eu amei! Abri uma porta e me deparei com um banheiro todo limpinho e cheiroso. Abri outra porta mais ao canto do quarto, meio escondida e achei o closet mais lindo que eu já vi na vida. Puxei minhas malas até lá e comecei a arrumar minhas coisas.

***

- Cheguei! – Disse entrando na cozinha.

- Demorou querida! – Anne disse sorrindo e colocando dois pratos com panquecas em cima do balcão. – Sente-se.

- Eu estava arrumando minhas coisas. Achei melhor organizar logo. – Sentei. – E muito obrigada por tudo, não precisava. Eu adorei!

- Fico feliz! – Ela sorriu e se sentou ao meu lado. Comecei a comer.

- Ah. Uh... – Não sabia como dizer. – Eu estava pensando, será que dá para você me levar em um lugar pra mim comprar um chip novo, eu queria um número daqui.

- Claro. Vamos só comer aqui e eu te levo.

- Obrigada, e eu estava pensando... Será que tem como depois você me deixar nesse endereço? – Disse tirando o papel do bolso e entregando a ela.

- Sim, claro! É aqui perto... Umas onze ou quatorze quadras.

- Obrigada mais uma vez, e se não for incomodo você espera eu tomar um banho? – Disse dando uma leve risada.

- Claro que não.

***

Já tinha tomado o meu banho, escovado os meus dentes, arrumado as coisas que eu ia levar e colocado uma roupa descente. Tinha até falado com meus pais e com a Noah. Estava tudo certo. Então desci as escadas e encontrei Anne sentada no sofá da sala de estar me esperando.

- Vamos? –Perguntei quando cheguei ao seu lado.

- Vamos! – Ela respondeu e se levantou, pegou sua bolsa e a chave do carro e se dirigiu até a porta. Eu a segui.


Fomos a um shopping e eu comprei um chip novo e o coloquei no meu iPhone, logo arrumando suas configurações para a área do Canadá e mandando uma mensagem com o novo número para todos que precisavam, incluindo Justin. Que respondeu me perguntando onde eu tinha conseguido um número do Canadá, eu apenas ri e ignorei. Depois comprei algumas coisas para mandar para os meus pais, Lissa, Noah e para a Vick e por fim comemos algo na praça de alimentação.

Anne é separada e trabalha como advogada, por isso vive trabalhando e às vezes até mesmo viajando. Ela é super legal e parece ter a minha idade, apesar de ter por volta dos 34 anos. Conversamos e logo ela me levou até o endereço que eu dei para ela. Era uma casa simples, comum. Dessas que nós vemos em quase todas as ruas por aqui, mas bonita. Eu agradeci e disse que pegava um taxi para ir embora. Ela me deixou um dinheiro, o endereço e o número de um taxi conhecido.


Caminhei até a porta meio apreensiva. Eu estava tão confiante e agora, agora que estava ali, diante da porta que nos separava eu não tinha tanta certeza do que faria. Calmamente retirei a carta da minha bolsa e a segurei na mão. Dei um logo suspiro e a coloquei no chão em frente à porta, e bati na mesma. Logo correndo e me escondendo da vista de quem fosse abrir-la.

Depois de vinte desgastantes segundos a porta foi aberta. Aberta por ele. Segurei-me para não correr em sua direção e me jogar em seus braços. Ele olhou ao redor coçou sua nunca e alguns segundos antes de fechar a porta ele olhou para o chão, quando viu a carta sua primeira reação foi surpresa, ele se abaixou e a pegou, olhou os dois lados dela e a abriu, começando a ler ali mesmo.

Após alguns minutos ele olhou ao redor e eu saí de trás da árvore em que me encontrava... Seus olhos se arregalaram e ele parecia não acreditar. Eu sorri e corri em sua direção o abraçando. As lágrimas caíram dos meus olhos e correram em cascata por minhas bochechas. Eu o apertei mais contra mim e sorri em meio ao choro.

- Eu não acredito que você está aqui! Eu... Meu Deus! Como você veio parar aqui? – Ele se afastou segurando em meu rosto e secando algumas lágrimas minhas.

- Eu não ia conseguir ficar longe de você, não dá. É muito triste. – Disse e sorri. – Então se você não podia ficar comigo eu achei mais do que justo que eu pudesse ficar aqui com você... Aí eu vim morar aqui! – Disse por fim fazendo com que ele me olhasse surpreso.

- Morar aqui? – Ele me questionou ainda sem acreditar.

- Até eu ir para a universidade. Apenas onze ou quatorze quadras daqui. – Repeti o que Anne havia me dito e dei risada. – Vou terminar meu colégio no St. Michael Catholic Secondary School e morar com uma antiga amiga dos meus pais. O que acha? Gostou da ideia?

- Muito.

Ele se inclinou e me beijou, colocou suas mãos em minha cintura enquanto eu o puxava pela nunca para mais perto. Então, ali, enquanto eu sentia mais uma vez o seu beijo que me levava ao céu e despertava uma explosão de sentimentos em mim eu entendi.

Algumas coisas acontecem por acontecer e outras acontecem por um motivo maior, um motivo que muitas vezes levamos anos para entender ou às vezes nem mesmo entendemos. E então eu percebi que de coisas tão simples surgem outras tão surpreendentes e tão grandes. Afinal, quem diria que levar minha irmãzinha ao circo em um dia qualquer ia ser o começo de um grande amor, um amor que é capaz de mover montanhas, ou melhor, de fazer você mudar de país atrás dele. Um amor que todos procuram e poucos acham. Um amor que te aceita como você é, com todos os defeitos e qualidades. Um amor que pode não ser para sempre, mas será eterno enquanto durar.

O meu amor pelo Justin.

O amor dele por mim.

O nosso amor um pelo outro.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, ficou meio ruim, mas foi o que eu consegui.
Estava pensando em uma segunda temporada mais para frente, eu tenho muitas ideias. Mas isso só vai acontecer se eu receber bastantes reviews aqui e pelo menos 1 recomendação.
Bom, acabou. Espero que vocês tenham gostado. Em breve vou postar mais histórias.
Amo vocês, obrigada por tudo!
Beijoos!