Aventuras Descontroladas De Percabeth escrita por bloodymary


Capítulo 25
Pronta para morrer? Claro!


Notas iniciais do capítulo

Entre ataques de rinite e ouvir obrigatoriamente funk por causa dos meus vizinhos fdp, voltei à vida e postei. Já me mataram capítulo anterior. HA! Isso não é mais possível agora. :B



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Acordei com um vento meio forte demais. Meus cabelos voavam de encontro ao meu rosto, coçando meu nariz. Ainda estava meio escuro, só um risco laranja no céu, até onde eu conseguia enxergar. Mas o vento cobriu com nuvens rapidamente o laranja do sol da manhã. A chuva podia vir – deveria – depois de um dia quente como o anterior. Me coloquei sentada, com o vento fresco – cheguei a pensar em colocar a blusa que Percy havia dobrado para mim no navio, mas frio não era para tanto –  ainda cortando um pouco as minhas bochechas. Percy estava virado de lado, de costas para mim. A fogueira ainda tinha umas poucas brasas e nossas mochilas ainda estavam nos servindo como travesseiro. De repente, um barulho de árvore caindo, ao longe. Percy levantou estupefato, arregalando os olhos.

-Meus deuses, que foi isso? – ele falou alto.

Me pus de pé, girando 360 graus e procurando alguma coisa ou alguém. Era só o que me faltava um monstro nessa hora da manhã.

Um rosnado.

Respirei superficialmente, tensa. Devagar, tirei a adaga da proteção de minha cintura e segurei, esperando o ataque. Senti Percy ao meu lado, o olhei e ele segurava o bolso onde sempre carregava Anaklusmos, sua caneta espada.

Mais um rosnado. Agora foi mais claro, como se estivesse mais perto.

Eu já não respirava mais. Se era para o monstro vir, porque ele não parava com o drama e atacava logo? Argh. Meu corpo se cansou de ficar em posição de defesa. Voltei a ficar ereta, sem fazer muito barulho, mas não guardei a adaga. Mordi o lábio, esperando por mais algum barulho que me fizesse voltar a posição de defesa. Crack! Mais uma árvore caiu, mais perto. Seja o que era, estava fazendo bagunça, e o governo iria punir qualquer um que visse perto da floresta, onde era proibido derrubar árvores, a não ser que elas caíssem por si sós, o que quase não era provável, duas árvores? Acho que não...

Nesse meio tempo, voltei meu corpo para baixo, esperando. O mostro agora corria, mas devia estar tomando cuidado para não acabar mais ainda com a vegetação.

-AU! – um cão infernal saiu do meio das árvores, indo direto em direção de Percy. Me preparei para defende-lo, já que não tinha o visto destampar Contracorrente.

-Ah! Sra. O’Leary! – ele disse, fazendo carinho nas costas do animal.

Soltei o ar com força, aliviada.

-Que drama foi esse? – ele a perguntou, ela ganiu, meio que pedindo desculpas.

Fui chegando perto de Percy. Ela me olhou de esguelha, mas me ignorou.  O que é? Agora ela não gostava de mim? Rolei os olhos e fiz menção de passar a mão em sua cabeça, mas hesitei.

-Posso? – perguntei ao Percy, que limpava um pouco de baba de cão infernal na calça.

Ele deu de ombros. Me coloquei mais perto de Sra. O’Leary, que não me atacou como eu esperava. Só cheirou um pouco mais do que o normal.

-O que deu nela? – perguntei, depois que ela me deixou fazer carinho atrás das enormes orelhas.

-Acho que você está cheirando mais a Percy do que a Annabeth. – ele sorriu.

Sorri pela metade de volta, olhando para a cadela.

-Fazer o que, não é? – só falei para não deixar o ar sem palavras.

Percy deu uma risadinha baixa, enquanto a cadela se remexia já de barriga para cima e língua de fora, esperando por mais carinho.

Enquanto Percy se divertia com Sra. O’Leary, eu pegava algumas coisas na minha mochila. Achei as rosquinhas de leite e dividi entre nós dois, dando algumas quebradas para a cadela.

-Porque ela está aqui? – perguntei, finalmente.

Percy me olhou, meio espantado, mas depois relaxou, fazendo uma pergunta que eu não gostava de novo:

-Ciúmes?

O olhei por baixo e arqueei uma sobrancelha, o desafiando.

-Desculpa. – ele baixou a cabeça, como um cãozinho submisso com o rabo entre as pernas.

Sorri com o pensamento.

Sra. O’Leary se deliciava com as migalhas de nossas rosquinhas de leite já não existentes, enquanto Percy pisava no que restou da fogueira e eu colocava a adaga de volta ao seu lugar em minha cintura.

Olhei o céu, à procura de algum indicio de que a chuva esta vindo, mas encontrei-o só um pouco cinza, sem muita cara que iria cair o mundo, não agora.

-Vamos? – falei, depois de infinitos minutos olhando a brincadeira de meus dois cães brincalhões.

-Aham. – Percy falou risonho.

Me desencostei de uma árvore qualquer e Percy pegou a bússola. Norte, ai vamos nós, hã... Nós...Acho que isso incluía a cadela infernal.

Percy apontou para o norte, e Sra. O’Leary saiu em disparada para lá, parando depois de uns bons metros – onde já não dava para a enxergar – e latindo, nos chamando.

-Não vou ir correndo! – Percy gritou de volta.

Ri mentalmente com o ganido (mais para dor, claro) de aceitação da cadela.

Continuamos a andar em ritmo constante, nem muito rápido nem muito lento. Por fim, encontramos Sra. O’Leary sentada nos esperando, bem mais comportada do que eu imaginei possível.

-Ah... Ela foi bem treinada. – Percy disse como se tivesse lido meus pensamentos, mas depois percebi que as palavras era uma recompensa para a cadela. Revirei os olhos e voltei a andar.

Andamos para o norte até o céu ficar bem escuro – escuro de nuvens carregadas – que nas minhas contas eram 4 da tarde, porque Percy e eu havíamos dormido até 11 horas, o que não era muito vantajoso. Decidimos (bem... Eu decidi por todos, incluindo a cadela) que continuaríamos até quatro e meia e depois, que faríamos um abrigo contra a chuva grossa que parecia estar por vir.

-Ah! – arfei quando escorreguei em uma bela poça de lama que devia estar ali a trilhões de anos, pelo tamanho.

Meu pé afundou lindos 10 centímetros, e tive que me segurar em uma árvore para não acabar de escorregar e cair de cara na lama. Percy se virou em um átimo – bem na hora que uma farpa entrou em minha mão esquerda e eu, em um reflexo, a soltei da árvore – e me segurou pela cintura.

-Opa. – disse ele, ao pé do meu ouvido, por trás.

-Oh... – suspirei – Obrigada.

Senti ele sorrir atrás de mim e acabar de me puxar para fora da poça. Me sentei, olhando para minha mão esquerda que latejava.

-Ai. – falei baixinho.

-Que foi? – Percy e Sra. O’Leary vieram xeretar.

-Uma farpa... Nossa... – tentei tirá-la com a unha, sem resultado – Acho que das grandes.

-Deixe-me ver. – ele pegou minha mão sem pedir, observando sem respirar em cima.

-Au!? – a cadela infernal parecia perguntar para Percy se estava tudo bem.

-Calma. – eu não sabia se Percy falava comigo ou com a cadela – Acho melhor fechar os olhos... – sugeriu ele.

Assenti, fazendo o sugerido. Depois uma dor fininha subiu pelo meu braço até minha coluna. Não era ao ponto de gritar, mas imaginei a mesma cena com uma garota de Afrodite. Seriam uma vez os ouvidos bons de Percy e os ouvidos melhores ainda de Srta. O’Leary. A dor foi diminuindo de intensidade, aos poucos. Minha mão pulsava como um coração apaixonado.

Argh. Senti a “pequena” farpa sendo retirada. Uma sensação de machucado sendo apertado me fez dar um gritinho.

-Tudo bem ai? – Percy perguntou.

-Hm... Claro. – abri os olhos devagar.

Ele segurava a minha mão com delicadeza.

-Deixe eu ver a farpa. – falei eu.

-Cuidado com pesadelos depois. – ele avisou.

Rolei os olhos, estendendo a outra mão e balançando na frente do rosto dele.

-Nossa mesmo. – falei quando vi a tora que estava na minha mão dois minutos antes.

-Grande não é? – ele dava um sorriso malicioso.

-Ui, sim. Meus deuses. Como isso conseguiu sair de dentro de mim?

Se outra pessoa estivesse nos observando de esguelha, pensaria que estávamos falando de outra coisa, se é que você sabe...

Depois que eu percebi o segundo sentido da minha frase, dei um risinho, mas depois me soltei em uma gargalhada. Percy, com seu jeito meio lento de ser e estar, demorou um pequeno espaço de tempo para perceber do que eu estava rindo.

-Tá... Isso não foi legal. – falei por fim.

-Mas acho que você tem razão... – ele falou inocentemente.

O olhei incrédula.

-Hã... – ele balançou a cabeça – No primeiro sentido da coisa... Claro...

Arregalei um pouco os olhos e fiz que “sim” com a cabeça.

Depois de uns segundos encabulados, Percy beijou minha mão e me colocou de pé antes mesmo de eu perceber. Mordi o lábio inferior.

-Vamos? – ele perguntou para uma Eu vermelha e para a cachorra que eu tinha esquecido que estava ali.

-AU! – ela respondeu.

Percy sorriu e depois se voltou para mim, indicando com a cabeça o caminho. Assenti, tomando cuidado por onde pisava, mas ele me fazia cobertura por trás. Ri mentalmente quando me lembrei de uma “aula” que tive com uma filha de Apolo.

-Se um menino te ensina alguma coisa por trás, ele está na sua. Mas se ele te proteger por trás... Ai, meu bem... Pega ele, leva para casa, se for preciso até você mesmo o peça em casamento. Ele está totalmente apaixonado por você.

-Apaixonado... – falei baixinho.

Dei graças aos deuses por Percy não ter ouvido.

Ok... Tudo bem... Ele tinha me falado que me amava, mas agora me parecia uma coisa atuada, mesmo que sem querer. Na hora eu acreditei, mas depois dos pensamentos da noite passada... Era como se nós nunca estivéssemos ficado juntos.

Andamos até 4h30, certinho.

-Vamos parar. Vai cair um toró. – Percy afirmou, olhando o céu por entre a copa das árvores.

-Toró? – eu ri – Toró? Sério Percy? Toró? Que palavra velha! – tive um ataque – básico – de risos.

-Que foi? Falou a senhorita – a cadela o olhou, esperando por elogios, mas agora ele falava comigo – jovem. Bem jovem.

Fechei a cara em um segundo.

-Qual é o seu problema? – lhe dei um soco no ombro.

Sra. O’Leary quis avançar em mim, mas bem na hora Percy percebeu e se colocou entre nós duas.

-Ei, ei! Calma, estamos brincando! – Percy teve que se abaixar e olhar nos olhos da cadela.

Ela – se tivesse sobrancelhas as levantaria – abaixou a cabeça, mas não parou de olhar para mim.

-O que ela tem? – perguntei.

-Acho... Acho que é ciúmes. – ele disse, colocando a mochila no chão e se preparou para começar a levantar nosso “acampamento”. Ignorei a imagem da Colina Meio-Sangue que veio em minha cabeça.

-Hã... Vou pegar galhos. – eu disse, mas ele colocou a mão em meu ombro, me impedindo.

-Não! Não mesmo. Está pensando o que? Depois da farpa do tamanho do meu... – eu tive a sensação que ele iria falar a palavra “pênis” - dedo que entrou na sua mão... Não. Outro dia você faz isso. Hoje é tudo... – ele pensou – Por minha conta?

-Nossa! Ficou bem ruim essa hein? – ri e me sentei no chão, assentindo ao que ele havia dito.

Ele, em cinco minutos, tinha tudo pronto. Uma fogueira começando a ficar alta, um toldo em cima de nós feito com um pedaço de lona que eu não sabia ao certo como cabia dentro da mochila de Percy, algumas bolachas sendo tiradas de minha mochila ao seu lado.

-Oh. Rápido você.

Ele sorriu torto, mas não foi nenhum dos meus sorrisos. Sorri de volta, mas meio tímida. Peguei umas três ou quatro bolachas e as engoli. Eu não estava com sono, mas sim cansada mentalmente por alguma razão. Era muita coisa que havia acontecido para ter sido esquecida assim. Mas eu sabia que era minha culpa. Sem querer eu havia nos “separado”. Tudo por ter medo de só estar sendo egoísta e querê-lo por perto antes que... Morra. Eu não esperava que ele morresse, nem queria isso, mas algo, lá no fundo, me dizia para sentir isso. Eu o queria, eu sabia disso, mas eu sabia também que era egoísmo. Suspirei, mordendo o lábio. Inferno!

-Tá.. Ainda é cedo para dormir. – Percy falou, me tirando do transe – Mas vejo que alguém já está com sono. – ele apontou com o queixo para Sra. O’Leary, a cadela que se aconchegava perto do fogo. Devia ser reconfortante para ela. Bem diferente do que era reconfortante para mim: cheiro de livros novos e velhos e cheiro de mar. Droga! De novo. Tudo se voltava a ele, quase inevitavelmente.

A cadela infernal fechou os olhos e logo começou a roncar baixinho. Agradeci a Hades – mentalmente – por ter feito algo mais silencioso que Percy. OLHA, ASSIM FICA DIFÍCIL PENSAR! Balancei a cabeça.

-Que foi? – Percy perguntou com uma voz grave.

-Nada. – sorri amarelo.

E o pior de tudo é que ele ainda pensava que estávamos juntos. Não que não estivéssemos, dãr... Mas... Juntos do outro jeito. Argh! ALECTO, ESTOU AQUI, PODE ME MATAR AGORA!


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Notas finais do capítulo

Então... Não tenho desculpas dessa vez. Não postei por preguiça e memória de idoso. Peço encarecidamente o perdão de vós. *what?* Li Otelo para a escola, então... Não liguem para minhas conjugações de verbo na segunda pessoa do singular/plural. Whatever.
Sejam felizes nesse feriado friolento.