O garçom chegou com o pedido (como ele podia levar dois pratos relativamente grandes, duas latas e dois copos de vidro, eu não sei) e colocou-os na nossa frente. Saiu pedindo “Licença” e Percy falou:

-Aos deuses, principalmente para o senhor Pai, e hã... Annabeth agradece.

Olhei para onde Percy jogava a comida e vi que tinha uma mini fogueira que eu não tinha visto. Como aquilo aparecera ali?

-De onde isso saiu?

-Do chão... – Percy disse com naturalidade.

-Do chão?

-É, do chão. Faça sua prece e jogue a comida no chão.

-Claro. – eu falei com ironia, mas pensei.

“Obrigada aos deuses e... Mãe, por não ter recebido minhas oferendas, porque sabe, não tenho comido muito. Poseidon, obrigada pelo navio, pelo quarto e sei que pediu para Afrodite uma ajuda, mas obrigada mesmo assim.”

E joguei a melhor parte do prato no chão, mas antes de tocá-lo, uma fagulha tomou forma e dobrou de tamanho em menos de 0.001 segundos, fazendo com que a comida subisse em forma de fumaça com cheiro de bronze.

-Uau!

-Legal não é?

Assenti, e ataquei a comida. Fazia-a descer com a Diet Coce azul. Percy fazia o mesmo.

-Meus deuses! Isso é tão bom! – eu finalmente disse, quando acabei com o último gole de Diet Coce.

Percy sorriu e acabou com o último pedaço de peixe empanado.

-O que vai querer de sobremesa? – ele perguntou.

Eu pensei.

-Sorvete. – dissemos em uníssono e depois rimos.

Ele chamou o garçom e pediu um pote de sorvete de creme para e ele e eu pedi de flocos.

-Ei, vamos ficara aqui até quando? – eu perguntei quando o garçom saiu.

-Acho que até depois de amanhã. Saímos de Matinecock hoje às dez e meia da manhã, então... Chegaremos em Munsee depois de amanhã, mas só se irmos à 14 nós e... – ele se interrompeu, percebendo que eu não me importava – Mas fique tranquila... Amanhã é a festa com o capitão, vai dar tempo de usar o vestido que eu sei que tem no seu armário.

Arregalei os olhos. Ele devia ter um terno ou um smoking no armário para saber de uma festa.

-Hmm... Uma festa? – eu não era uma pessoa que podia ser chamada “festeira”.

-É. Um jantar com o capitão é uma regra básica. – ele disse sorrindo.

O garçom chegou com os sorvetes e saiu pedindo o seu habitual “Com licença”. Nós fizemos nossa “grande” oferenda de sorvete e eu falei:

-Mas eu não uso Scarpins...

Ele riu.

-E eu não sei fazer nó de gravata.

Ele sorriu e deixou um pouco de sorvete escorrer pelo queixo. Eu não segurei e dei uma risada novamente nervosa.

Acabamos de comer e eu perguntei:

-Quem paga?

Ele me olhou e sorriu:

-Não se paga.

Olhei bem para ele e falei:

-Já sei... Tudo na conta de Poseidon.

Ele deu o meu sorriso, assentindo. Levantamos e ele me falou:

-Quer um pulo na piscina?

Apesar do calor... Ok.

-Pode ser.

Ele deu um sorriso enorme e falou:

-Você quer a piscina calma ou o parque com topogãs e ofurôs?

Sorri e falei desafiadora:

-Topogãs e ofurôs?

Ele pegou a minha mão e me puxou para o elevador. Básico. Subimos e ele me empurrou para dentro do meu quarto e entrou no dele. Percy parecia um pouco entusiasmado. Deu para ouvir ele cantando alto Take Over Control. Sorri, mas olhei direto para o armário. Biquínis? Abri a segunda gaveta e me surpreendi com a variedade de cores de biquínis (azul dominava) e maios. Peguei um biquíni azul – obviamente – com mescla de verde. Peguei sem culpa um short jeans que ficou muito curto, mas o tamanho estava certo no quadril e na cintura. Procurei uma regata e achei uma bata branca e vermelha e também coloquei os chinelos rosa. Fui até o banheiro, a fim de achar um protetor solar. Tinha do fator 14 até o 60. Peguei um de fator 50 (sim, eu estava totalmente branca, por isso o fator tão alto) e olhei para o espelho. Meu cabelo ainda precisava de um jeito, mas eu iria molhá-lo então deixei para lá. Pensei que hesitaria em sair, mas fui sem parar. Percy tinha mudado completamente. Estava agora de bermuda e uma camiseta larga, como um surfista.

-Meus deuses! – ele falou.

Ele nunca tinha me visto de shorts?

-O que?

Ele sorriu o sorriso amarelo.

Ele foi andando e eu o segui. Saímos do elevador no andar M (mezanino). Era totalmente diferente do andar 0. Era aberto e o sol queimava o chão. Meus olhos demoraram para se acostumar, mas quando consegui enxergar direito, fiquei de boca aberta. Era tudo azul. Quero dizer... Azul piscina. Tinha alguns escorregadores na direita, ofurôs quentes demais no meio, piscinas com trampolins para lá e para cá e piscinas com chafarizes à esquerda.

-Nossa!

-Por onde começamos? – ele sorriu.

-Protetor solar. – eu falei séria, por que se eu demorasse mais alguns minutos embaixo do sol, eu ficaria um pimentão misturada com um camarão e um pouco da cor do tomate.

Percy sorriu e tirou da minha mão o protetor da minha mão e abriu. Colocou um pouco na mão e me falou:

-Tire a blusa.

Arqueei uma sobrancelha.

-Não.

-Ah, o que é isso Annabeth. – ele não parecia com vergonha.

Respirei fundo, e pensei.

-Não.

-Tire!

Bufei. Tirei devagar a blusa. Cruzei os braços na braço e virei de costas para ele. Senti Percy passando o protetor nas minhas costas, tirando de vez em quando o cabelo do caminho.

-Vire.

Virei, ainda com os braços cruzados.

-Descruze os braços para eu passar na sua barriga.

-Ah não. Aqui eu passo.

Ele sorriu e tentou passar nas próprias costas. Eu ri e terminei para ele. Percy se virou e passou o resto de protetor no meu rosto.

-Ah Percy!

-Proteção gata.

Olhei para ele com meu olhar de morte.

-Desculpe. – ele corou.

Sorri e tomei um gole de coragem. Tirei o short e puxei-o para a piscina com o escorredor mais alto.

-Nossa, pensei que não tinha coragem. – ele disse.

-Ei! – dei-lhe um empurrão.

-Mas sabe, deixam ir de dois nesse.

-Aham. – eu disse subindo as escadas de ziguezague.

No topo eu percebi o como era alto, mas não amarelei. Sentei e quando dei impulso, senti Percy me segurando. Eu não tinha percebido que ele também havia subido.

-Espera!

Eu esperei e ele se sentou atrás de mim, segurando minha cintura. Enrijeci e minha barriga quase explodiu de adrenalina quando ele passou os braços em volta de mim e abrindo as pernas e colocando-as ao meus lados. Ele que empurrou. Gritei de susto. Percy me apertou contra ele. Frio na barriga. Aquela coisa nunca iria acabar? Uma curva acentuada. Gritei ainda mais alto.

-Calma, estou com você. – ele falou tão perto do meu ouvido.

Respirei fundo. Já devíamos estar no fim. Mais uma bela curva. Pela lógica, cai primeiro na água meio fria. Abri os olhos, vendo tudo embaçado. Percy nadava em volta de mim, como um cachorrinho feliz. Senti falta do ar. Dei um impulso para subir mas Percy me segurou. Fechei os olhos, me debati e ouvi sua voz, depois senti sua mão na base das minhas costas.

-Pode respirar agora.

Abri os olhos e vi que estávamos em uma bolh... Uma bolha de ar dentro da piscina? Puxei o ar. Era normal.

-Você fez isso? – eu perguntei, me olhando. Eu ainda estava molhada mas ele, completamente seco.

-Claro. – e sorriu meu sorriso nº dois.

Sorri também e ele me puxou para cima. Voltamos para a superfície e eu nadei até a borda, subi e queimei meus pés no concreto quente.

-Ai. – eu disse, dando pulinhos.

-Ei! Eu não disse que podia sair! – Percy me pegou no colo.

Me assustei, claro.

-Mas o que é isso? – eu me debatia.

-Quieta. – o tom me deu medo.

Ele entrou na piscina que imitava o movimento do mar comigo no colo.