Uma Caçadora Em Mystic Falls escrita por Anoitecer


Capítulo 9
Capítulo 9 - capítulo especial




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–– Damon, tantos lugares na sala e você vem sentar logo do meu lado? –– perguntei, fazendo uma enorme cara de desgosto.

–– Você é a única da sala que me deve alguma coisa. –– com a mesma frieza de sempre.

–– Eu sou a única da sala que você conhece Damon. Além do mais, eu não te devo nada. Você não é meio velho não para estar na minha classe? Quantos anos você tem? 200?

–– Sou apenas alguns anos mais velho que meu irmão, ninguém nota. Mesmo se notassem, sou um vampiro, faço o quiser com esses seres medíocres.

–– Você não faz o que quiser comigo.

–– Você é uma caçadora, é diferente dos humanos.

–– Sou meio-humana, ou seja...

–– Meio-medíocre.

–– AAH, cale a boca!

Damon riu, se divertindo com o fato de me deixar sem resposta. Se ele inventar de passar os próximos intervalos comigo eu enlouqueço. Aliás, falta pouco para eu enlouquecer, só de pensar que eu terei de me sentar ao seu lado em todas as aulas de inglês, a matéria que tem mais aulas.

Minha vida mudou tanto de uns tempos pra cá. Antes eu caçava, sem importar quem fosse e salvava os desconhecidos, hoje eu estou protegendo meus amigos e um vampiro. É muita coisa para minha cabecinha assimilar.

A aula de inglês acabou, Elena me disse que estava com saudades de Stefan, e como eu sou uma pessoa muito solidária (?) dei minha humilde cadeirinha para ela sentar, tendo que me sentar ao lado de um nerd que eu não conhecia. Foi até bom, porque eu pude conversar bastante com ele sobre física quântica, e aprendi os três princípios básicos, coisa que eu não estava entendendo de acordo com as explicações complicadas do professar Abelard – sim, eu sei que é um nome estúpido - e pude me distrair um pouco dos meus problemas repentinos.

Assim que a aula acabou, me ajeitei o mais rápido possível para ir para casa, não estava aguentando mais um segundo ali.

Desde que Damon chegou Stefan não deixava Elena sozinha, só em casos extremos. Ele levava ela pra casa, trazia, se encontrava com ela de tarde, e também a tinha proibido de ir ao cemitério comigo e com Bonnie. Eu achei isso um absurdo, nunca que eu ia deixar meu namorado mandar em mim, isto é, se eu tivesse um, claro.

Não é por causa da Elena que eu e Bonnie íamos deixar de ir ao cemitério. Eu me achava a maior criança, com toda essa empolgação e tal... mas fazer o que? Eu gostava de ir.

Damon estava tão parado que eu não sabia se ficava com medo de um ataque repentino ou ficava feliz. Não podia deixar de viver minha vida só porque Damon estava tentando ter minha melhor amiga como rainha das trevas, sombras, sei lá, é tudo a mesma coisa.

Bonnie me chamou para ir até a tumba de Honoria Fell, disse que ela era uma das fundadoras da cidade junto com Thomas Fell, e que em um museu, estava o seu diário, exposto para qualquer um ler. Me interessei mais no diário no que em seu túmulo.

Quando chegamos pude ver o local do qual ela passara o caminho inteiro descrevendo. Era exatamente igual ao modo que imaginei, uma tumba qualquer, só que com mais enfeites, pois os cidadãos tinham a pouco tempo feito uma homenagem a eles e, tinha também duas estátuas e uma pedra bem grande tampando onde eu deduzi que era o local que eles foram colocados após a morte. O que dava uma leve impressão de que parecia uma caverna.

O aniversário de Bonnie seria daqui a dois dias. Iria completar dezessete anos. Ela parecia ser mais nova do que a idade, mas ainda era muito bonita. Bonnie costumava ser a mais nova, até eu chegar, com meus quinze aninhos, adiantada no colégio um ano. Algumas pessoas até duvidavam quando eu dizia que tinha quinze anos. Parecia ter 17 ou mais, assim como Elena e Meredith.

Nós estávamos planejando uma festa de aniversário para Bonnie, e ela, com sua inocência, não chegava sequer a desconfiar.

Bonnie é uma tagarela. Passou a tarde inteira falando da própria vida, reclamando de Caroline, sobre o quanto ela morria de inveja de Elena.

–– Você não imagina o que ela fez. Sabe naquele dia, que você chegou atrasada? –– assenti –– Pronto. Nós estávamos conversando, eu, Elena e Meredith, quando ela chegou e começou com suas palhaçadas. Mal chegou e começou a me xingar, me chamando de reta, de pirralha... Sempre com suas ironias ridículas. Eu não sei até quando eu vou conseguir me controlar, aquela vaca, baranga, ridícula. Argh! Só de pensar nela eu fico com vontade de bater em tudo, aquela invejosa, só porque o Stefan escolheu Elena ao invés dela. Algum dia eu ainda vou puxar tanto o cabelo dela que ela vai ficar careca! Nem posso acreditar que um dia fui amiga dela. –– Bonnie falava tão rápido que chegava a ser engraçado, ela só faltava bufar de tanta raiva.

–– E você viu o aluno novo? –– nem tive tempo de responder –– Ah! Que estúpida, claro que viu, ele se sentou do seu lado. Eu só faltei morrer quando eu vi. Ele é quase tão bonito quanto o Stefan, só que ele tem uma cara de mal, uma sedução que.... ui! chega fico arrepiada! –– Eu simplesmente morria de rir ouvindo Bonnie falar. Mas rir era tudo que eu podia fazer, já que hoje ela estava inspirada e não me dava nenhuma brechinha para falar.

Bonnie continuou a falar, e eu a assentir, até que ela decidiu se apoiar na pedra na qual eu falei e, ela sentiu a pedra se mexer. Eu a chamaria de louca, caso eu não tivesse visto também. Era uma pedra extremamente pesada, duvidava até mesmo que um vampiro a tirasse de lá, mas Bonnie tirou.

Comecei a ouvir um ruido, da pedra se arrastando no chão. Levei um susto na mesma hora e ela também. No momento em que ela saiu do lugar a pedra voltou, como se não tivesse saído dali.

Uns dez segundos depois Bonnie estava tendo um ataque.

–– FAÇA PARAAAR, FAÇA PARAR! Eu não aguento maais, não aguento mais!! Por favor, faça parar, faça parar, faça paraaaaaaaaar!

Bonnie estava sentada, abraçada com suas pernas. Chorando, gemendo, tapando os ouvidos, se balançando, gritando. Eu não sabia o que fazer, não sabia o que estava acontecendo com ela. Comecei a ficar desesperada, o que estava acontecendo com Bonnie?

A puxei para fora da tumba, ela continuava gritando, gemendo, falando algumas palavras que eu não entendia, até que ela parou.

Ela ficou estátua, com os olhos abertos, cheguei a pensar que ela estava morta. Ela passou cerca de um minuto assim, comecei a chorar, a vendo nessa situação, me sentei encostada na parede, abracei minhas pernas e comecei a me balançar, preocupada com ela. Quando finalmente ela se mexeu.

Primeiro foram os olhos, depois os dedos, e foi assim que ela voltou a se mexer, aos poucos, como se seu corpo estivesse se descongelando.

–– Bonnie! Bonnie! Você está bem? Bonnie, acorde!

–– Er... e..eu estou bem. Não sei o que aconteceu, estou cansada, por favor, me leve para casa.

E isso foi tudo que ela disse antes de desmaiar. Liguei com pressa para Stefan que veio de carro. Elena saiu do carro correndo e perguntou:

–– O que aconteceu?

–– Não sei, num segundo ela estava normal e no outro ela estava gritando. Leve-a para casa Stefan, cuide dela, depois eu volto, vou ficar aqui por enquanto. –– falei com a cara inchada.

–– Bonnie está mal e você vai ficar aqui no cemitério descansando?

–– Você não sabe porque eu vou ficar aqui, então cale a boca.

–– Nesse momento, nada deveria ser mais importante do que a sua amiga. –– gritou Elena.

Me virei com raiva. Quem era Elena para me dizer o que fazer? Quem era ela para falar daquele jeito comigo? Quem era ela para me julgar?

Ela entrou no carro com Stefan. Pude receber uma mensagem de Stefan, por pensamento, pedindo desculpas por ela e dizendo para eu não me importar. Ela não sabia que eu iria ficar ali exatamente por Bonnie e por ela. Respondi, esperando que ele recebesse, que eu ficaria bem, e entrei na tumba novamente, esperando encontrar Damon lá.

Para minha surpresa, ele não estava. Tinha certas dúvidas de que ele era o causador disso, ele poderia não estar lá, ou poderia simplesmente estar me ignorando. Rindo da minha cara inchada e enfurecida.

Depois de procurar um pouco mais, sai de lá. Não fui até a casa de Stefan pois sabia que Elena estaria lá para reclamar um pouco mais comigo, caso Stefan não tivesse conversado com ela sobre a sua grosseria.

Se não foi Damon que fez Bonnie se sentir assim, só poderia ter sido a tumba. Eu mesma não acreditava muito nisso, mas teria de considerar todas as hipóteses, mesmo que incluísse a existência de fantasmas.

Fui até o museu que Bonnie falou e encontrei o diário de Honoria Fell. Abri na página 122 e comecei a ler o que ela havia escrito no dia 12 de abril de 1500. Suas palavras me deixaram horrorizada. Como uma prova daquelas estava lá e ninguém nunca havia desconfiado?

Honoria se denominava como bruxa, e estava contando sobre um ataque de vampiros que estava acontecendo na cidade. Falava sobre um feitiço que havia feito, que não deu certo. Todos os cidadãos sabiam sobre a existência de vampiros, e sua filha, que também era uma bruxa, havia sido atacada de surpresa, o que causou a sua morte. Sua filha tinha dado a luz a dois meses e ela, junto de seu marido, cuidou do bebê.

Aquele bebê me deixou curiosa. Era um menino, e como era de sua descendência, era um bruxo também.

Mas isso não me explicava o por que de Bonnie ter tido esse ataque repentino em sua tumba.

Tive que ir mais fundo. Se esse bebê sobreviveu, provavelmente ele havia crescido, se casado e tido filhos. Isso significava que eu teria de voltar para a frente do meu computador e pesquisar um pouco mais sobre sua descendência.

Voltei para casa e passei a noite inteira no computador. Quando já estava de manhã, e os pássaros estavam felizes da vida a cantar, eu tinha uma lista em minhas mãos. O único problema era que a lista estava incompleta.

Era uma lista muito grande, afinal, tive de pesquisar desde mil e quinhentos a árvore genealógica inteira desse bebê. Ruim mesmo era quando tinham mais de um filho, e eu tinha que adicionar mais uma família na minha lista.

Minha lista ia até 1900, mais a partir daí, os bruxinhos quiseram se esconder, e eu não sei mais quem pode ser o descendente que fez isso com Bonnie. Ele poderia até estar aliado a Damon.

Depois de dar um leve cochilo, liguei para Stefan e ele disse que havia levado Elena e Bonnie para suas respectivas casas e que eu poderia passar lá para ver se ela estava bem. Perguntei se ela havia explicado o que tinha acontecido. Stefan disse que ela não sabia bem, mas tudo que sabia não quis contar. E por um motivo desconhecido, ele não podia ler seus pensamentos.

Cheguei a casa de Bonnie, bati na porta e sua mãe veio me atender. Disse que Bonnie estava no quarto e que eu poderia ir lá para conversar.

Quando cheguei no quarto Bonnie estava sentada em sua cama, assistindo tevê. Ela me viu e deu uma leve risada. Me sentei ao seu lado e perguntei:

–– O que aconteceu Bonnie?

–– Eu não sei bem, estava esperando você para ter uma ideia do que pode ter acontecido.

–– Não tenho muitas explicações Bonnie, só sei que depois do que houve com a pedra você teve um ataque, e que estava gritando pedindo para que o que quer que fosse parasse.

–– Eu estava ouvindo vozes. Ficavam todas juntas repetindo, a mesma frase, dizendo que eu corria perigo, que minha hora havia chegado e que eu precisava aprender a me cuidar. Diziam que eu precisava de treinamento. Sei que isso é loucura. Pedia para pararem pois estavam gritando muito alto, sentia como se fosse ficar completamente surda.

–– E o que aconteceu quando você estava parada, como uma estátua? Você se lembra de algo?

–– Bem, naquela hora eu estava conversando, conversando com uma das vozes, a mais alta. Ela não disse seu nome, eu não podia vê-la. Estava em um lugar muito diferente, um jardim. Ela disse que eu precisava descobrir quem eu era, disse que eu possuía um dom muito importante. Disse que eu precisava conversar com minha avó sobre isso. –– Agora eu estava parada, incrédula.

–– Você falou com sua avó sobre isso?

–– Ainda não, pretendo falar com ela amanhã.

–– Bonnie, será que eu poderia ir com você? Isto é, se não incomodar...

–– Claro que pode, falei com Elena, ela disse que vocês tinham brigado. Daqui a pouco vocês se resolvem, nem se preocupe. Ela me explicou, e disse que estava arrependida. Amanhã eu passo na sua casa e nós vamos falar com minha avó.

–– Assim espero! Tenho que ir, não dormi de noite, quero dormir cedo hoje. Tchau.

–– Tchau! Até amanhã.

–– Até.

Fui para casa, só consegui dormir pois estava com muito sono. Eu sabia, de algum modo, que aquela conversa com a avó de Bonnie que muitas coisas seriam esclarecidas para mim.


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