Respirei fundo pelo menos mais umas cinquenta vezes antes de entrar novamente na sala.

Ao apoiar minha mão no vidro da porta, deixei que meu olhar se demorasse na aliança de ouro que carregava no dedo já há três anos. Uou. Foi tudo rápido demais. Antes de ontem mesmo eu e Hermione tínhamos nos formado... e ontem mesmo havia sido nosso casamento... Então como era possivel eu estar prestes a conhecer nossa primeira filha?

Adentrei a sala cautelosamente, tomando o cuidado especial de não fazer contato visual com o enfermeiro ou com o médico – que provavelmente ainda estariam rindo de mim por conta do meu desmaio. Decidi focar os olhos em Hermione. Como é possivel que mesmo pálida, com roupas de hospital, suada e exausta, alguém ainda parecesse tão bonita? Tentei parecer relaxado e desci mais o olhar. E foi então que a vi. Nos braços de Hermione estava a garotinha mais linda que eu já vira em toda a minha vida. Cabelos de um castanho clarissimo, olhos acinzentados da cor dos meus, porém com o olhar da Mione, a pele clara e corada. Ela era simplesmente perfeita.

- Ela é linda, não é? – suspirou Hermione, olhando orgulhosa e bobamente para a criança em seus braços.

- Absolutamente. – respondi.

Admiravamos nossa filha quando a porta da sala se abriu, revelando o primeiro amigo a visitar nossa familia em um momento tão importante.

- Olá. – eu e Mi dissemos em êxtase.

- Uau. Essa é a coisa mais linda que eu já vi! – disse Ronald com os olhos brilhando. – Posso segurar ela?

- Depois de mim, é claro! – respondi sorrindo.

A menina passou de mãos em mãos. Assim que alguém a pegava, Hermione já parecia estar com saudades e exigia seus direitos como mãe, jogando em nossa cara que foi ela quem passou pelas dores todas – e sem desmaiar – e por nove meses de espera. Mas eu e Ronald conseguiamos ser bastante persistentes e logo estávamos com ela de novo.

- Hey, eu tenho algo para vocês... – disse Weasley de repente, se fazendo de misterioso.

Ele retirou de dentro das vestes um envelope dourado.

- É o que eu acho que é? – perguntou Mi ansiosamente, sorrindo.

- Sim... finalmente tomei coragem e fiz o pedido! – respondeu o ruivo.

Dei alguns tapinhas no ombro de Ronald, como que demonstrando minha aprovação.

- Dizem por ai que o casamento é uma praga, mas foi a melhor coisa que me aconteceu, Ron. Você vai se dar muito bem. – eu disse encorajadoramente.

- Eu espero! – respondeu ele, brincando.

Rimos um pouco e nos permitimos saborear aquela atmosfera – de amor, amizade, fraternidade.

Pois como a grande familia que eramos, nada poderia ser melhor do que aquilo – o nascimento de nossa primeira filha, o anúncio do casamento de Ronald... tudo era maravilhoso, e era impressionante pensar em como as coisas evoluíram rapidamente nos últimos anos... mas acho, que afinal, o segredo da felicidade está em ousar mais... em pensar menos e arriscar.

Pois a felicidade pode estar ali, do seu lado, naquela pessoa que você nunca pensaria em amar, mas que de certa forma, é a única pessoa imaginável para esta tarefa.