''Vamos nos mudar para Londres, não vai ser divertido?'' Prestaram atenção? Então, essa foi a frase que mudou a minha vida. Completamente? Sim, completamente. Minha mãe sempre trabalhou em grandes impresas internacionais, e desde quando eu era pequena, deixou bem claro que não teriamos realmente um lugar fixo, não teriamos um endereço. Sempre ficou claro que eu teria que responder para as pessoas que vivia sem endereço. Não como uma desabrigada, claro, mas sim como uma folha, que tem seu destino feito pelo vento.

Me chamo Yasmin, tenho quase 16 anos, sempre fui uma pessoa rodeada de amigos e bem querida entre eles. Até minha mãe chegar para mim e falar aquela frase que eu comentei um tempo atrás.

Odeio despedidas, então tentei avisar somente as amigas mais importantes. Eu partiria no dia seguinte e talvez, perdêssemos o contato para sempre.

Estou mudando do Brasil para Inglaterra, o país que é o sonho de muitos fãs de Oasis ou Spice Girls, mas que para mim, era apenas um lugar sem graça, que tinha um relógio gigante em uma das cidades e que graças a sua força aérea na segunda guerra, estava inteiro.

Londres nunca foi uma das minhas metas, a única cidade Inglesa que admirava era Liverpool, por causa da grande criação do Titanic e da descorberta dos Beatles.

Mas agora vou tentar recuperar uma vida normal aqui, espero que eu consiga ser aceita sem o sotaque divino. E claro, que não seja como as escolas americanas, já morei em Jersey e posso garantir que as pessoas lá não um poço de educação e simpatia.

Já faz uma semana desde o dia que eu saí da minha antiga vida e vim morar na pacata Londres. Eu pareço reclamona, mas sim, sou mesmo.

Eu também não fazia questão nenhuma de continuar em NJ. Nem tudo é um conto de fadas, o meu maior problema lá era com a escola. Aqui? Bom, ainda não descobri.

Conheci uma garota super legal, ela aceitou muito bem o fato de eu ser do Brasil. O nome dela é Amanda, ela é engraçada e fala muito, muito mesmo. Tenho problemas com algumas matérias então como ela é quase minha vizinha, sempre me oferece ajuda, e nesse pouco tempo, parece que já tem uma enorme consideração por mim. Moramos em uma distância considerável da escola, sempre vamos andando juntas, mas sempre estamos atrasadas também.

Mais uma semana de aulas havia começado, já tinha me arrumado e desci as escadas.

– Mãe, já estou indo pra escola - Falei, lhe dando um beijo no rosto.

''Corre senão você chega atrasada de novo'' Conseguir ouvir ela gritando quando eu já havia saído.

Não tinha encontrado a Amanda então decidi ir sozinha. Eu tinha que levar uma pilha de livros hoje, e como minha mochila estava cheia, ficou tudo nos meus braços.

Saí correndo de casa e estava certa que não ia chegar atrasada hoje, na verdade, eu estava mais era torcendo para que isso acontecesse.

Corria distraída, estava tentando ler uma página do livro de história e as vezes prestava atenção nas ruas.

Estava falando comigo mesma quando de repente bati de frente com um garoto. Voei pro chão junto com meus milhares de livros e ele só deixou cair o boné.

Fui lá jogada no chão, sendo amassada por livros enquanto o garoto pegava o seu boné e colocava na cabeça de novo. Olá, será que ele não notou a menina atirada no chão, cheia de livros em volta?

– Deixa eu te ajudar - Finalmente ele disse segurando a minha mão.

– Obrigada - Eu disse quando ele me levantou - Me desculpa, eu estava totalmente distraída.

– Não foi nada - Nesse momento ele estava pegando meus livros do chão.

Abaixei para ajuda-lo, e finalmente vi seu rosto. Confesso, eu sabia quem ele era.

– Meu Deus, eu sei quem você é, a minha melhor amiga Amanda fala de você o tempo todo, seu nome é Nathan né? E...

Nesse momento, Nathan fexou a minha boca com a mão. Sem razão, até porque eu não conheceria bem a banda que ele estava se não fosse a Amanda.

– Fala baixo, por favor - Disse Nathan, rindo.

– Desculpa - Eu disse revirando os olhos.

Nos levantamos do chão, ele já havia me entregado alguns livros. Fiquei olhando para ele.

– Está tudo bem? Você deveria prestar mais atenção por onde anda, sabia? - Ele disse para mim, sendo um tanto grosseiro.

– Sim, estou, obrigada pelo seu interesse - Repliquei.

– Não foi nada, não acontece sempre, mas tudo bem - Ele deu um leve sorriso e percebi que esse jeito um tanto quanto grosseiro, era o seu jeito.

– Enfim, preciso ir, estou super atrasada - Eu disse.

– Ah, claro, eu também, até qualquer dia – Disse Nathan.

– Até, foi ótimo te conhecer - Eu disse com um leve sorriso.

– Foi ótimo te conhecer também - Nathan respondeu.

Logo depois disso, eu já estava correndo de novo. Acredito que ele disse alguma coisa quando eu já estava longe, mas não consegui ouvir.

Não consigo acreditar que o conheci morando uma semana aqui - conhecer o Paul McCartney eu não conhecia né - a Amanda não acredtaria e contar essa história para ela com certeza vai ser um desafio. Até porque teria que aguentar seus gritos e tudo mais.

Ela também fala muito sobre um Max, ele tem cara de responsável e maduro. Quando mostrei uma foto para minha mãe, ela perguntou se ele era soltreiro.

O que o Nathan disse para mim quando eu estava longe, era algo relacionado a ''Ei, garota que voou em mim, você está deixando metade de seus livros comigo'' mas claro, eu deduzi que fosse isso, até porque eu não escutei e só percebi quando já estava quase na frente da escola. Quando cheguei na escola, a aula já havia começado, e eu como sempre, eu estava atrasada. Esperei ansiosamente pelo intervalo para contar tudo isso pra Amanda, quando finalmente ele chegou.

– Amanda, preciso te contar o que aconteceu comigo essa manhã, você não vai acreditar - Disse eu entusiasmada.

– Conta, o que aconteceu? - Ela respondeu sorrindo.

– Quando eu estava vindo pra cá hoje, estava correndo, e totalmente distraída, aí do nada eu bati de frente com um menino e caí no chão junto com meus livros, ele me ajudou a levantar e...

– Que menino fofinho - Disse Amanda me interrompendo.

– Pois é, mas deixa eu terminar, quando eu abaixei pra ajudar ele a pegar os meus livros, olhei no seu rosto e era o Nathan, sabe, aquele que você não para de falar.

– Meu Deus, você só pode estar brincando comigo, comigo essas coisas não acontecem - Ela disse.

– Isso que da me deixar sozinha, abandonada e cheia de livros - Respondi encarando-a

Amanda riu e me chamou de boba.

– Ah, e tem mais uma coisa - Eu disse.

– O que mais? Você conheceu o Chris Brown também? - Disse Amanda zoando de mim.

– Engraçadinha, ainda não - Eu disse rindo - Eu esqueci alguns dos meus livros com ele.

– Meu Deus, você ainda deixou os seus livros com o Nathan? - Disse Amanda - Imagina se ele vai na sua casa te devolver?

– Bom se ele fizer pelo menos isso, vai ser ótimo - Disse eu por fim.