Confesso que estou um tanto ancioso para nos conhecermos pessoalmente.

E logo depois estava:

Mas se você não quiser, eu entendo. Não quero te obrigar a nada.

Ri, um riso sem vontade alguma. O garoto estava quase se desesperando já, então resolvi respondê-lo, mas com ajuda do que tinha acontecido resolvi acabar logo com tudo aquilo, já não tinha mais cabeça pra ficar com meus joguinhos, então fui curta e grossa.

Na verdade eu não quero, obrigada. E é óbvio que me obrigar você não vai, nem capacidade para isto você tem.

Ele não mais respondeu, e isso me deixou bem mais leve por saber que de pelo menos uma pessoa eu podia me livrar facilmente. Mas ainda restava minha mãe, que por incrivel que pareça ainda não tinha vindo falar comigo. Mas no mesmo instante em que pensei nisso, a dita cuja bateu em minha porta.
– Lilitih, posso entrar ? - ela perguntou calmamente, mas eu sabia que ela não estava calma ainda.
– O que você quer ? - perguntei, ainda fria.
– Quero entrar e conversar com a minha filha civilizadamente. - retorquiu ela.
Levantei e abri a porta, mas nem sequer olhei para ela, e me joguei novamente em cima da minha cama.
– Filha, precisamos conversar. - ela disse se sentando na minha cama.
– Não precisamos não. - respondi ainda sem olhar para ela.
– Precisamos sim, e você sabe disso. As coisas não vão indo muito bem, entre eu e você, e muito menos entre eu e seu pai.
– Talvez o problema seja você. - respondi me sentando na cama.
– Talvez seja, mas talvez não...
– Tenho certeza que é. - respondi antes que ela pudesse terminar.
– OK Lilitih, mas você vê o que esta fazendo ? A muito tempo você fala comigo como se eu não fosse sua mãe, me trata como um animal, como uma pessoa qualquer. - rabateu ela, agora um pouco mais alto.

Isso me surpreendeu um pouco, nunca pensei que ouviria aquilo da minha mãe; ainda mais a parte de namorado. Por um momento achei que devia me defender, ela podia estar pensando em me internar, e eu não podia deixar que isso acontecesse.
– Eu tenho um namorado, é que não achei necessidade em ficar informando o mundo todo sobre isso. - respondi, tentando parecer o mais convicente possível.
– Posso conhecê-lo ? - ela perguntou agora parecendo se animar com tal idéia.
– Ainda não, logo trarei ele para vê-la. - foi o que respondi.
– De onde ele é ? Da escola ? - insistiu ela.
– Não, ele não é da escola onde estudo... Ele é de outra. Agora chega de perguntas sobre ele.
– Posso pelo menos saber seu nome ?
Pensei um pouco a respeito e achei que ela melhor não arriscar, afinal eu teria de encontrar um garoto qualquer para que me ajudasse naquela mentira.
– Disse que não queria mais perguntas.
– OK, - ela respondeu sorrindo, e pareceu ter até esquecido do resto da conversa. - espero vê-lo logo. - ela se levantou e saiu.