“…Seu rosto continua aparecendo em minha mente…”
                                                                        「Bad Girl」BEAST.

A luz do sol adentrava pelas enormes vidraças que iam do teto ao chão, e o vento livremente passeava pelo cômodo devido a uma das grandes janelas estarem parcialmente abertas. Graciosamente as cortinas branquinhas dançavam.

Sentada frente ao trabalhado espelho de sua mesa de maquiagens, a morena dava os últimos retoques na simples, mas perfeita maquiagem. O quarto encontrava-se devidamente arrumado e apesar do horário marcado para sua saída, acordara um pouco mais cedo para tranquilamente se arrumar e iniciar a agenda de compromissos.

Sentia-se um pouco ansiosa, afinal de contas, passara anos distante de suas origens e agora teria que retornar a costumes antigos, seria uma readaptação um pouco difícil se comparada com a vida que levava agora. Terminou de passar o rímel, e, com um suspiro, fechou a embalagem e a devolveu a mesa.

Algumas batidas vieram de sua porta, e em seguida, um rapaz revelou-se enquanto fechava-a as suas costas. - Com a sua licença Hime-sama.

A garota respondeu-lhe com um grande e meigo sorriso, coisa que somente ela conseguia fazer segundo ele. - Só mais um minutinho, por favor, Lee.

Voltando-se ao reflexo, ela pôde identificar a imagem masculina agora as costas medindo o dormitório. Rock Lee tornara-se um homem totalmente diferente ao que era quando crianças; alto, magro, mas definido, o cabelo negro de corte tigelinha desaparecerá para um moicano discreto substituí-lo. Os olhos não eram mais redondos e nem sinal dos grossos e estranhos cílios. Estavam normais, como o de qualquer rapaz normal, e claro, seu gosto por roupas era fantástico. Fica muito... Bem de terno... Com esse pensamento a garota limpou a garganta ordenando-se a impedir qualquer pensamento ilícito a respeito de seu guarda-costas.

– Arrumou o quarto novamente Hime-sama...? – Lee interrompeu a viagem da morena.

Ela sorriu. – Não comece Lee, você sabe que não suporto dar serviços desnecessários aos outros. – Pegou o gloss.

Rock Lee fez uma careta cansada que ao ser visualizada pela garota, a fez rir; ele sorriu junto, sabia que não adiantaria dar sermões referente a isso. Passara quase a vida toda tentando corrigi-la em alguns aspectos sem sucesso.  Cruzou os braços mantendo-se atrás da garota que reforçava o gloss rosa nos lábios.

...Aquele gloss rosa, pensou consigo. E seus olhos prenderam-se aos delicados lábios que recebiam de maneira cuidadosa a tonalidade; seu coração palpitou e sem perceber, seus lábios separaram-se. Adorava quando ela usava aquele gloss e ainda mais vê-la passando... Ela o fascinava com aquele jeitinho de menina e olhos de mulher. Pirava com esse tipo de coisa, e sabia que precisava controlar-se.

Organizou tudo o que utilizara e levantou-se; os olhos de Lee arregalaram-se... Ainda não acostumara com as proporções que o corpo de sua Hime havia tomado, ainda mais quando usava algum vestido. – Vamos?

Lee soltou o ar pesadamente e levantou as mãos para cima. – Ok, você ganhou. Eu me rendo.    

A garota o olhou com confusão, mas antes que pudesse perguntar o que se passava, o rapaz indicou a porta com uma reverencia. – Rápido Hime-sama, ou ficaremos atrasados. – E empurrando-a de leve saíram do local.

                                              [ ... ]

A passos moderados, a mulher aproximou-se do rapaz de cabelos pretos, longos e presos que, sentado em uma das mesas da cafeteria, servia-se de uma fumegante xícara de capuccino.

Reverenciou. – Neji-sama, aqui estão às passagens e a documentação. – Entregou-as a ele. – Sua bagagem também já foi despachada.

 O hyuuga olhou-a sem sentimento algum. - Obrigada Mitsashi-san. – Conferiu os dados impressos no papel, levantou-se e pegou o sobretudo que descansava na cadeira vaga ao lado. – Atualizou a minha agenda?

- Não se preocupe, está tudo como me pediu. – Mantinha-se séria. – A direção da empresa foi avisada de sua ausência.

Depositou a passagem no bolso interno do terno. – Ótimo, então vamos.

- Sim Neji-sama. – Ela encarregou-se do paletó e enquanto caminhavam, abriu uma agenda. – Sua chegada esta prevista para amanhã à tarde.

- Certo, e você tem plena confiança de que as pistas que foram apresentadas procedem? – Observou-a de canto de olho.

– Absoluta. Até o momento nada havia aproximado-se tanto quanto agora. – Seu olhar era confiante.

Soltou o ar vagarosamente fechando os olhos. – Estou apostando todas as minhas fichas nisso Mitsashi-san... Não me desaponte...

- Não se preocupe, sua confiança não será em vão.

Neji consentiu silenciosamente, e cruzando pelo saguão do aeroporto seguidos por dois seguranças particulares, rumaram para a área particular, aonde embarcariam em um avião executivo exclusivamente alugado ao próximo herdeiro do império Hyuuga.

                                                 [ ... ]

Alcançando o último andar do moderno prédio comercial, o tradicional som anunciando a chegada soou no elevador. As portas correram, e de dentro, um rapaz trajando um terno azul marinho, perfeitamente alinhado, pôs-se para fora.

- Por favor, Pain, verifique se os papéis do contrato chegaram como previsto. – Entregou ao secretário sua pasta. – Irei ver o meu irmão.

- Como queira Itachi-sama. – Pegou a pasta. – Só não demore, ainda tem muito trabalho a ser feito. – Sua voz era ameaçadora.

- Sim, não se preocupe. – O secretário bufou e seguiu com as ordens recebidas.

O mais velho dos Uchiha percorreu o corredor encarpetado no sentido oposto a sua sala. Como estava no andar da diretoria, dificilmente veria alguém por ali, ainda mais antes do horário do expediente. Passando por flores ornamentais, e discretos móveis de escritório, visualizou quadros com pinturas de ancestrais de sua família e sorriu ao passar pelo pai que exibia uma bela feição divertida; imaginava como o avô tivera reagido ao ver a imagem posta naquele local.

Sinceramente, ao contrario do que imaginava, agora dividia a direção dos negócios da família com Sasuke, - que em sua opinião – assumira a presidência cedo demais. Tirou os olhos do último quadro pendurado, ele e o irmão sorrindo sutilmente.

Ao final, parou frente à exuberante mesa em formato oval, ao meio da sala circular. A iluminação, natural, providenciada pelas enormes vidraças que iam do chão até o teto, não deixavam em nada a desejar; ali eram privilegiados pelo sol e pela visão panorâmica da cidade. Correu as íris negras pelas estantes que formavam o caminho até as grandes portas do escritório e verificou que não perdiam em quantidade de livros às suas.

Retornou sua atenção a garota que acabava de desligar o telefone. – Bom Dia, Konan!

Rapidamente levantou-se, reverenciando-o. – Bom dia Itachi-sama! – Retornou a postura reta. – Em que posso ajudá-lo? – Deu-lhe um simpático sorriso.

Apoiou-se com uma das mãos na mesa enquanto apontava com a outra a porta ao fundo. – Quero falar com o Sasuke.

- Sinto muito Itachi-sama, mas Sasuke-sama não se encontra no momento.

O moreno estranhou. – Ele ainda não chegou?

- Pelo contrário, acabou de sair. – A moça leu a confusão em sua feição. – Sasuke-sama manteve-se na empresa por 3 dias seguidos para terminar o trabalho.

Itachi chocou-se. - Ele ficou os 3 dias?! – Manteve a boca aberta mesmo finalizando a frase.

Confirmou com a cabeça. – Sim. Somente agora no horário da manhã ao ter concluído o serviço, que saiu para tomar café.

O Uchiha esticou o braço fazendo o terno e a camisa recuarem, e verificou o horário no rolex. – Caramba... Eu só estava brincando, não pensei que levaria a aposta a sério!

                                              [ ... ]

Sasuke sentia as pálpebras pesadas e o corpo lento; a maratona que exercera interruptamente no período de 3 dias detonaram-no em todos os sentidos. Tivera poucas horas de sono mal dormidas, uma alimentação precária. Sem o cinto de segurança, largou-se ainda mais no banco de trás da BMW X5 preta; seu estado era tão deplorável que preferiu pedir pelo motorista da empresa, pois não saberia se conseguiria chegar ao seu destino. Massageou os olhos e respirou profundamente para que o ar de seus pulmões fosse reciclado. Ficar todo aquele tempo à base de ar condicionado certamente não o ajudou.

O veiculo fez a curva, e após alguns metros adentrou por uma via coberta, diminuindo a velocidade até parar. Pelo retrovisor, o motorista comunicou-lhe. – Sasuke-san, chegamos.

O rapaz respondeu-lhe com um resmungo. Apesar de consideravelmente longe da empresa, o trajeto que tanto desejou aproveitar para dar uma descansada havia sido mais breve que o esperado. – Por que dirigiu tão rápido Hidan...? – Espreguiçou-se.

O homem riu. – Vim o mais devagar que me fora permitido, se diminuísse ainda mais, possivelmente seria multado por exceder o limite mínimo de velocidade. – Sua voz era brincalhona.

 Esboçou um sorriso cansado. – Obrigado.

- Disponha! – Respondeu enquanto observava o rapaz sair do carro, sabia que o rapaz estava exausto. – Estarei aguardando-o, me chame assim que terminar. – Disse através da janela aberta do passageiro ao lado, tendo o consentimento do Uchiha.

Assim que se distanciou, o automóvel partiu. Sasuke correu as mãos pelos cabelos, iria aproveitar o caminho até a cafeteria para dar uma ajeitada no visual, afinal, fizera todo o percurso até lá jogado no banco de trás, e com certeza, deveria estar torto e com uma aparência relaxada.

Enquanto prosseguia pelo hotel cinco estrelas, recebera calorosos olhares das moças de plantão; funcionárias do estabelecimento, clientes, acompanhadas ou desacompanhadas. Observou e tomou aquilo como uma coisa boa, deduziu que não parecia um assalariado que acordara atrasado pela noitada e saíra de casa da forma que dormira.

Cafeteria de sempre, mesa de sempre. E como sempre, Sakura não deixara nada a desejar quando o assunto era rotina; mas não se queixava, gostava daquilo. Era apenas simples e confortável para ele.

Ao perceber a presença do rapaz a face da garota iluminou-se. – Sasuke! – Ia levantar-se, mas recebeu um sinal para manter-se sentada.

Apoiou-se brevemente no encosto da cadeira da garota e na mesa, dando-lhe um discreto selinho e em seguida sentando-se a frente. – Como esta meu amor? – Um enorme sorriso abriu-se na rosada.

O moreno desabotoou o terno e acomodou-se no acento. – Bem, e você? Como foi de viagem? – Procurou pelo cardápio sem sucesso.

Percebendo, adiantou-se.- Não se preocupe Sasuke, já fiz o nosso pedido. – Pegou nas mãos do Uchiha. – Por que demorou tanto pra me encontrar?

Sustentou as duas esmeraldas. - Sinto muito Sakura, mas precisei terminar um contrato importante. – Seu tom de voz era cansado.

- Entendo... – Conformou-se sem camuflar a chateação. – Mas terá que me recompensar pelo tempo que desperdiçou.

 - Não se preocupe com isso. – Gesticulou agradecendo ao garçom que os servia. – Prometo que farei o que quiser, o pior já passou. - Serviu-se da fumegante xícara de café puro e forte. Seu corpo pedia por aquilo, ou cairia duro no meio do encontro.

Maldito Itachi! Se não fosse pelo desafio idiota que aceitara, teria passado mais tempo com Sakura. Agora, por causa da bendita aposta, teria que correr atrás do tempo perdido; tendo uma namorada modelo, consequentemente não só ele vivia preso a uma agenda diária apertada e sufocante.

Sakura serviu-se do chá com os olhos no namorado, minimamente, algo o irritara. Sasuke reiniciou a conversa. – E então, me conte, como foi o serviço dessa vez? – Retornou a xícara aos lábios.

Depositou o recipiente sobre o pires ainda segurando-a. – Foi ótima! Sabe como adoro ir para os Estados Unidos não é? – O rapaz confirmou com a cabeça. – Fizemos a seção em um luxuosíssimo barco!

O moreno sorriu discretamente. – Vejo que aproveitou bastante então!

Ah... Aquele sorriso acabava com ela. A Haruno sentira realmente a falta daquele pequeno gesto do seu Uchiha; adorava seu trabalho, mas amava aquele rapaz. Não recordava quando começara a amá-lo, sabia apenas que fora desde sempre.

Retribuiu o sorriso apaixonado. – Sim!

Sasuke esforçava-se em dar atenção às palavras de Sakura, mas no estado em que estava, algumas vezes perdia o fio do que ouvia ou não compreendia o que era pronunciado. Gostaria de estar dormindo em sua maravilhosa cama de casal, contudo, a rosada havia passado quase 2 meses fora a trabalho e na semana em que voltara não tivera tempo para a mesma; sentia saudades dela .

Aguente mais um pouco, mais um pouco; sua mente repetia incessantemente para si mesmo. Com o passar das horas e a falta de percepção da Haruno, Sasuke via-se em uma situação angustiante, queria estar com a namorada, mas a porcaria do cansaço não o abandonara nem após sua 3ª xícara de café, na qual, recebera comentários de Sakura.

Empolgada, juntou as mãos. – E você não sabe quem apareceu lá amor!

Mas antes que pudesse prosseguir, foi cortada pelo toque do celular do moreno. – Quem é Sasuke?

 Olhou o visor do aparelho, não acreditou quem era. – Adivinha...

 A garota retorceu os lábios. – Não acredito! – Cruzou os braços irritada.

Sakura detestava ser atrapalhada quando estava em um encontro com o namorado, pior ainda se essa pessoa que atrapalhasse fosse a quem liderava o topo de sua lista negra, que no caso, era quem ligava para o moreno.

Enrolou um pouco antes de atender o aparelho, se não o atendesse, seria perseguido pelo resto do dia. –... Que foi agora Naruto...? – Não havia energia em sua voz.

- SASUKE SEU FDP! – Gritou o loiro. – POR QUE DEMOROU TANTO PRA ATENDER ESSA PORRA?!

Educado como sempre. O Uchiha respirou fundo; devido o cansaço. – VAI TOMAR NO CU NARUTO! NÃO TEM MAIS O QUE FAZER NÃO CACETE?! – Explodiu. – LIGOU PRA FICAR ME XINGANDO SEU ARROMBADO?!

A rosada acenou para o namorado diminuir o tom de voz. A aquela altura, a mesa deles cercava-se de olhares acusadores e ouviam-se murmúrios de reprovação ao linguajar adotado pelo jovem que deveria ter outra postura em publico. Compreendendo e retomando a postura, Sasuke recobrou a calma forçadamente.

- NÃO, CARALHO! – O moreno sentiu o amigo agitado. – É URGENTE, PRECISO FALAR COM VOCÊ O MAIS RÁPIDO POSSIVEL!!

Houve um instante de silêncio por parte de Sasuke. –... Aconteceu alguma coisa? – Sakura acompanhava curiosa o monologo.

- SIMMMMMM! – Confirmou desesperado. – É questão de vida ou morte!

Ele realmente parecia angustiado, seu tom de voz transmitia isso nitidamente. Sentiu a cabeça recair pelo cansaço novamente, estava no limite, mas ainda teria que socorrer o imbecil. Hoje era dia! – Tá Naruto – Respondeu impaciente. – Fala logo o lugar pra gente se encontrar.

Apressado, o Uzumaki  respondeu. – No lugar de sempre, no horário de sempre. Falou! – O som da linha desligada finalizou a conversa.

Sasuke pressionou os olhos, e isso significava uma coisa que a rosada sabia: Problemas.

                                         [ ... ]

Aproveitando o ótimo clima e o tempo de descanso, Fugaku e Mikoto tomavam o café da tarde animadamente na sala de TV de sua mansão. A conversa entre ambos corria naturalmente, sempre que podiam, passavam todo o tempo livre juntos; devido ao trabalho, o Uchiha dificilmente ficava muito tempo em casa.

- Querido, acha que o Sasuke ainda esta irritado com a conversa que tivemos? – Perguntou organizando a mesa para o café.

Fugaku suspirou. – Provavelmente. Sabe como o Sasuke é, principalmente quando é contrariado ou as coisas não vão da maneira que ele quer... – Finalizando dando uma olhadela para esposa que dizia claramente “A culpa é sua por ter mimado demais esse garoto”.

Mikoto fez bico. – Não me olhe assim! Esse gênio ele herdou do seu lado da família!

Silenciosamente uma das empregadas adentrou a sala. – Com licença Uchiha-sama. – Obteve a atenção da mulher. – Uma ligação urgente para a senhora.

O casal se entreolhou, e abandonando a fruta que terminava de preparar para o esposo, dirigiu-se a empregada. – A pessoa identificou-se?

- Não, apenas disse que Mikoto-sama pedira que ligasse. – Expos o aparelho.

Imediatamente os olhos da morena brilharam e ansiosamente pegou o telefone sem fio. – Obrigada Yui, isso é tudo! – Agradeceu impedindo com a mão que a pessoa ouvisse enquanto aguardava na linha.

Enquanto a empregada retirava-se, Mikoto correu ansiosa até o marido, e contendo a felicidade respondeu a feição curiosa de Fugaku. – É ela querido!! É elaaa!!!

O esposo imediatamente abriu um largo sorriso e dobrando agilmente o jornal, fez sinal a mulher para que atendesse logo a chamada. – Então atenda Mikoto! - Sabia que nessas horas Mikoto empolgava-se demais.

Voltando a si, ela finalmente atendeu. – Alô? Querida, é você mesma? – O moreno encostou o ouvido na base oposta do aparelho na tentativa de escutar alguma coisa. – Que maravilha!! Então já chegou?? – Os olhos negros brilhavam. – Sim, nos encontraremos! Precisamos colocar o papo em dia, não faz ideia do que aconteceu no tempo em que esteve fora!!

                                           [ ... ]

- Ai amiga, não curti seu vestido...

A rosada suspirou. – Nem eu... Hoje ta meio difícil... – Deu mais uma verificada no espelho e logo atirou o vestido sobre mais algumas peças no sofá atrás de si.

Ino mediu a amiga. – Será que é culpa da grife ou será que esse vestido tem nome? – Perguntou enquanto escolhia mais alguns vestidos, conhecia Sakura muito bem.

A loira havia estranhado o convite para sair com a rosada, tinha certeza de que ela passaria o dia acompanhada pelo namorado, que há tempos não se viam. Estava mais que na cara que os planos foram por água baixo, e a amiga optou por aplicar seu tempo frustrantemente vago em compras para esquecer, acalmar-se, e obviamente soterrá-la com reclamações.

- Ai Ino, eu não sei... será que estou neurótica? – Juntou-se à loira.

E aí estava a deixa para o inicio da terapia. – Por que diz isso?

- Eu não sei... Mas faz um tempinho que o Sasuke-kun parece estranho. – Havia preocupação em seu s olhos.

- Estranho como? – Puxou um vestido que lhe agradara aos olhos.

Caminhou até o sofá e sentou-se. – Ele parece que anda meio irritado, sem paciência com as coisas sabe?

– Deve ter sido só impressão por causa do cansaço! Não disse que ele trabalhou muito esses dias? – Por fim, a garota não se conteve e caiu na risada deixando uma Sakura confusa. – E desde quando ele não é assim???

Haruno fuzilou-a com as esmeraldas. – Ele não é assim! Você entendeu o que eu quis dizer! – Apoiou as mãos sobre os joelhos e fitou o chão. – Sinto que esta me escondendo algo...

Ino sentou ao lado da amiga, depositando o vestido cuidadosamente em seu colo. – Ah, é fácil minha testuda do coração. – Teve a atenção da rósea para si. – Ele deve estar te traindo! – Disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Sakura ficou chocada com o tom utilizado pela amiga e empurrando-a levantou-se num pulo. – PARA DE FALAR BESTEIRAS INO! TÁ MALUCA?!

- Ai amiga, não estressa não! – Levantou bandeira branca. – Só estou sendo sincera, isso não é o natural de se pensar nesses casos...?

Inconformou-se ainda mais. – Você deve estar confundindo as coisas, porquinha – Botou o dedo na cara da amiga. – Quem namora o Naruto é você e não EU! Não confunda o MEU namorado com o safado do seu!

Essa observação cutucou a Yamanaka que se atirou na amiga. – NÃO OUSE FALAR ASSIM DO MEU LOIRINHO!!

Sakura riu alto. – SEU LOIRINHO?! ATÉ UM TEMPO ATRAS ELE ME QUERIA, NÃO VENHA TENTAR DEFENDER ELE AGORA!

A loira teve um chilique. – ISSO FAZ SÉCULOS ATRÁS, QUANDO ÉRAMOS CRIANÇAS!!!! NÃO VENHA REMEXER EM BAÚ VELHO AGORA NÃO, VIU!!!

O rangido da porta interrompeu a discussão. – Com licença senhoritas – Disse uma das atendentes da loja com um sorriso compreensivo. – Poderiam fazer a gentileza de não se exaltarem, por favor? Algumas clientes das outras áreas VIPs estão reclamando do tom de voz de ambas...

Entreolharam-se corando, esqueceram-se de que estavam fazendo compras. Silenciosamente reverenciaram a vendedora que agora portava uma feição meio sombria. – Desculpem-nos. – Pediram em coro.

A mulher agradeceu e retirou-se.

Yamanaka deu de ombros, retomando o assunto como se nem tivessem discutido. – OU, obviamente, ele planeja algo para recompensá-la pelo tempo em que não pôde vê-la e claro, pela interrupção no café.

- Culpa do namorado de quem?! – Resmungou Haruno.

Limpou a garganta. – Não recomeça, testuda...

A rosada suspirou e deu um olhar de cachorro abandonado para a amiga. – Tem razão, com certeza deve ser isso. Sasuke me ama e nunca faria isso comigo não é?

Deu um sorriso carinhoso. – É, mas claroooo! Sakura, vocês só namoram a mais de CINCO ANOS!!! – Abraçou-a. – Ele deve é estar planejando pedir a sua mão, mas como houve esse contratempo...

Um enorme sorriso radiou da rósea. – Me pedir em casamento...?

- Ué, depois de tanto tempo deve ser! Junte as peças amiga! – Encarou-a. – Capaz do Naruto e dos rapazes estarem ajudando! Afinal, esqueceu o motivo por estarmos fazendo compras?

Sakura não se conteve e agarrou a loira dando saltinhos e gritinhos histéricos; certamente a amiga estava coberta de razão, ainda mais por ela ter comentado com o namorado à um tempo atrás a respeito de juntarem as escovas de dentes. E como não conseguiam mais viver um sem o outro.

Aproveitando a histeria, Sakura agarrou o braço de Ino e emanando felicidade sugeriu. – Vamos escolher as roupas do Naruto e do Sasuke!!!

Ino concordou com a cabeça. – Isso deve facilitar na nossa escolha!

E ambas retiraram-se correndo animadamente da sala em direção ao setor masculino da loja.

                                       [ ... ]

O loiro jogou a cabeça no encosto do confortável acento do restaurante, sua feição era cansada e as olheiras apenas confirmavam isso. Os braços, que há minutos atrás seguravam o copo de sake, descansavam ao lado do corpo largado; e o amigo à frente inconformava-se com a cena. Realmente dessa vez havia sido pego de surpresa.

Sasuke pensou com cuidado nas palavras certas a serem utilizadas. – Naruto... – Pensou mais um pouco. - ... Meu, como assim???!!!!!

O Uzumaki suspirou e voltou a encarar o Uchiha. – É isso mesmo que você entendeu, e isso esta me enlouquecendo! – Levou as mãos à cabeça.

Soltou o ar vagarosamente. – Então você não anda conseguindo fazer nada, devido o fato, de não conseguir tirar uma garota que você não faz ideia de quem seja e que te esnobou na balada; é isso?

-SSSSSSIMMMMMMMM!!! – Começou a esfregar as mãos freneticamente em sua cabeça. – NÃO IMPORTA AONDE EU VÁ, OU O QUE EU FAÇA, EU SEMPRE ACABO SONHANDO COM ELA, SEJA ACORDADO OU DORMINDO, NÃO ANDO CONSEGUINDO NEM MAIS ME CONCENTRAR EM NADAAAAAAAAAAA!!!

- Claro, do jeito que você é só anda conseguindo se concentrar quando farpa né? – Disse naturalmente.

Naruto levantou-se e pegou-o pelo colarinho. – PORRA SASUKE, EU TO FALANDO SÉRIO SEU FDP!! – Urrou. – PARA DE FAZER PIADA CACETE!

Manteve a postura como se nada tivesse acontecendo. – Não grite, estamos num restaurante.

- FODA-SEEEE, ESSE RESTAURANTE É MEUUUUUU!!!

Foi nessa hora, quando olhou fixamente aqueles olhos azuis próximos, que pôde verificar que de fato, o amigo estava desesperado. Observando que o moreno finalmente entendera a gravidade da situação, o largou e retomou seu lugar.

Coçou a cabeça. – Só podia ser você mesmo, só um idiota pra se apaixonar por uma garota que nem conhece!

Deu um gole no saque. – E você acha que eu não sei disso?! – Fez uma careta.

Voltou a comer o ramen. – Ainda mais estando compromissado com a Ino.

Naruto sentiu como se uma tonelada caísse sobre sua cabeça. – Obrigada por ME lembrar disso...

O moreno deu uma boa olhada em volta e agradeceu pelo ultimo casal do setor VIP ter se retirado antes do showzinho do amigo, sabia que o restaurante fazia parte da cadeia que os Namikaze possuíam, porém, independente disso, preferia a discrição a o barraco. A iluminação do local cooperava com o espírito deprimido do loiro devido às luzes estarem baixas; precisava fazer algo, ou acabaria caindo de cara em sua tigela de ramen pela intensificação do sono.

Naruto virava um copo atrás do outro tentando desesperadamente encontrar um refugio no álcool, visivelmente sem sucesso. – O que pretende fazer? Ir atrás da garota? – Olhou-o de canto.

Engasgou brutalmente, por milímetros não atingira o moreno que agora o xingava. - ... Não sei o que devo fazer...

Sasuke abriu a boca enquanto ajeitava a camisa; ali, bem a sua frente, presenciava a primeira etapa de um bêbado desiludido e sem um pingo de esperança. – Então o melhor a fazer, é esperar a mina cair no teu colo! – Havia se irritado, passara mais de uma hora ouvindo o depoimento do Uzumaki pra obter uma resposta dessas?! Interrompera seu encontro com a namorada, e seu sono pra ouvir uma merda dessas?!

Suspirou pesadamente e apoiando-se em uma mão, retornou a remexer a tigela com os hashis. – Véi, você não entende. – Sua voz estava cansada. – Não entende o que é não conseguir alguém que sabe sei lá quando poderá ver E SE podera ver novamente... O pior é não conseguir esquecer aqueles olhos...

Em uma fração de segundos, o moreno sentiu seu coração saltar e lhe faltar ar. A imagem de uma bela mulher relampejou por sua mente e a frase que o amigo acabara de pronunciar pode ser ouvida novamente: “O pior, é não conseguir esquecer aqueles olhos...”.

- Esta tudo bem com você Sasuke? – O loiro perguntou demonstrando preocupação em sua voz e retirando-o do breve torpor.

Correu rapidamente os olhos pela mesa e limpou a garganta. – Tudo sussa. – Verificou a desconfiança no vizinho. – É só o cansaço. – Desconversou voltando a comer e evitando contato visual com Naruto.

O loiro optou por acompanhá-lo e encheu mais o seu copo. – HOJE VAMO BEBE ATÉ CAIRRR!! –Levantou a garrafa, enquanto sorria expondo os dentes.

- Você é o único otário que vai cair... – O desafio havia sido aceito.