Quem Agarrou Bellatrix? escrita por Schmerzen


Capítulo 1
Quem agarrou Bellatrix?




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Um garoto entrou sorrateiramente na grande casa que se encontrava no número 12 de Grimmauld Place. Vendo que não tinha ninguém ali, como ele suspeitava, abriu mais a porta e acendeu a luz, puxando o namorado com ele.

– Vem, Remus, vamos pro meu quarto. Vou só pegar algumas roupas e podemos ir embora. Esse lugar me dá arrepios.

– Sirius, esta é sua casa – Lupin ainda tentava “colocar juízo” na cabeça de Sirius, como ele mesmo falava. – Você pode se desentender com alguns parentes e...

– Desentender? Alguns? Olha, você não sabe da missa, a metade. Um dia eu te conto com detalhes. Agora, vem.

Remus balançou a cabeça, subindo a escada atrás do outro. E quase caiu rolando quando percebeu que havia cabeças de elfos domésticos adornando a parede lateral. Pulou um degrau para ficar mais perto de Sirius e subiu o resto do caminho olhando assustado para os lados.

Assim que chegaram, ele largou a mochila com suas roupas na cama e passou a observar o quarto do namorado. Ele nunca tinha visto a casa de Sirius e até gostou do lugar – fora, é claro, pela parte dos elfos ao longo da escadaria. Sentiu os braços do moreno em sua cintura e virou para ele sorrindo.

– Não ia só pegar algumas roupas para irmos embora?

– Sim – Sirius o empurrou para a cama. – Mas já estamos aqui, no meu quarto, sozinhos e com uma cama disponível, não é? Por que não aproveitar?

– Hum... – ele fingiu pensar. – Porque James está nos esperando?

– James que espere um pouquinho mais.

Remus até estava empolgado com a possibilidade de aproveitar a cama de Sirius como ela deveria ser aproveitada, mas realmente começou a se preocupar com a família dele. E se alguém chegasse e eles não ouvissem?

– Sirius, para.

– Está certo, seu chato – ele deu um último beijo no pescoço do castanho, saindo de cima dele em seguida.

Abriu a última porta do guarda-roupa e pegou uma mochila, depois jogou algumas peças de roupa ali dentro e a fechou, largando do lado de Remus. Avisou que iria pegar algo para eles comerem durante o caminho e então poderiam ir embora.

Desceu as escadas correndo, imaginando o que Walburga diria se o visse fazendo isso, e correu ainda mais, se esforçando para pisar com força na madeira. Coletou algumas coisas na cozinha e, quando estava voltando para o quarto, lembrou-se de algo e passou a procurar a caixa de chocolate que sua mãe sempre deixava em algum lugar ali. Com recheio de licor de cereja; Remus iria adorar. Achou no armário, embaixo de algumas outras caixas de doces gelados. E então subiu novamente, dessa vez devagar.

Estava ansioso para esse dia desde que voltou de Hogwarts. O Sr. Potter havia conseguido ingressos para um jogo de quadribol e James disse para que ele dormisse em sua casa alguns dias, também. Estava ansioso para se livrar daquela casa, de sua família desprezível e para rever o namorado, claro. Remus foi convidado por James, assim como Peter, mas este não poderia ir.

Estranhou ouvir a voz do castanho quando chegou próximo de seu quarto e se perguntou o porquê dele estar falando sozinho. Assim que abriu a porta, percebeu que ele não estava exatamente sozinho. Arregalou os olhos diante daquela visão e ficou uns instantes sem saber o que fazer.

Bellatrix estava de costas para ele, meio sentada e meio ajoelhada em sua cama, encurralando Remus contra a parede e passando a varinha pelo rosto do garoto de modo sugestivo. Lupin, que tinha os olhos arregalados e estava quase entrando na parede, tentava afastar a bruxa gentilmente, mas ela apenas ria.

– Hmmm... – ela puxou as mangas dele com a varinha. – Cicatrizes... Você deve gostar do perigo, não é? Sabe, eu também gosto – passou a língua comprida pelos lábios.

– Bellatrix! Saia agora mesmo do meu quarto!

Os dois, que ainda não tinham visto Sirius, se sobressaltaram. Bellatrix foi um pouco para trás com o susto e Remus aproveitou para fugir dali, indo para o outro lado do quarto.

– O que você está fazendo aqui dentro? – ele chegou perto dela e agarrou seu braço. – Saia já!

– Calma, priminho... Só estava interagindo com seu amigo. Ele estava tão só aqui – ela sorriu e piscou para o primo, passando a varinha ao longo do tórax dele.

– Vagabunda – ele sussurrou com raiva. – E tira esse negócio de mim, não sei onde andou enfiando essa varinha. Vai, está esperando o que?

– Não precisa ficar com ciúmes, sempre vou guardar meu melhor pedaço para você, docinho – ela se aproximou de Sirius, ganhando um empurrão que finalmente a tirou do quarto.

Sirius bufou, pegando suas coisas. Quando Remus se aproximou, ele estendeu a caixa com os chocolates para ele e falou um “Vamos!” bem áspero.

– Obrigado – Lupin ainda estava meio sem fala. – Sirius, eu...

– Vamos! – ele repetiu, lançando um olhar frio para o namorado.

Remus suspirou... Torceu para que Sirius só estivesse bravo com a prima e quisesse ir embora logo. Pegou a própria mochila, a caixa com os chocolates e seguiu o moreno pelas escadas, que já estava lá embaixo, ainda atordoado com o que acontecera.

Esperou que ele lhe dissesse alguma coisa, enquanto tentava se recuperar do “ataque”. Fora tudo muito rápido; Sirius desceu para a cozinha e dois minutos depois a mulher havia invadido o quarto. Ele estava concentrado em suas próprias mãos e só percebeu que tinha companhia quando ela já o prensava contra a parede. Tentou se desvencilhar, mas ela parecia decidida. Provavelmente queria irritar o primo, só não sabia que iria irritá-lo muito mais do que pensava.

– Sirius, espera – pegou no braço dele, assim que percebeu que o maior não falaria nada.

– O que foi? – Ele puxou o braço, olhando de lado para Remus. – Agora quer falar comigo? Deu para ver que você consegue arrumar companhia rapidinho, porque não faz isso de novo?

– Sirius! Vai ficar bravo comigo por isso? Foi aquela louca da sua prima que invadiu o quarto e ficou dando em cima de mim.

– É, mas você não parecia nem um pouco incomodado, não é?

– Você ficou maluco?

– Não estava fazendo nada para tirá-la de cima de você!

– Queria que eu fizesse o que? Desse uns tapas nela?

– Bem que aquela... aquela coisa merece – Sirius se segurou para não soltar um palavrão. – Ela é minha prima! Não tem vergonha, não?

– Deu para ver que era da sua família pelo jeito que me agarrou!

Oh-oh! Coisa errada para se dizer. Sirius fechou ainda mais a cara, apressando o passo.

– Hey, espera – ele olhou em volta e percebeu que a rua estava deserta. – Sirius, não fica bravo comigo... Não foi minha culpa.

Passou o braço pelo pescoço do namorado, fazendo-o parar e beijando seus lábios. Sentiu o moreno se retesar para não retribuir e sorriu. Mordeu o lábio inferior dele lentamente, provocando.

– Para, nós estamos no meio da rua – Sirius o empurrou e olhou para os lados, ainda emburrado.

– Não tem ninguém aqui.

– Não interessa, ainda estou bravo. Não pense que vai me comprar com alguns beijos. E vamos chegar logo nessa droga de chave de portal, James está esperando.

– Para um pouco para pensar no que está falando! Você acha mesmo que eu iria beijar sua prima na sua casa? Aliás, no seu quarto?

– Ah, quer dizer que se não fosse na minha casa e no meu quarto, você iria beijá-la?

Remus bufou. Sirius não ficava enciumado com frequência, mas quando decidia que tinha motivos para ficar, também... isso despendia muito tempo e muitos beijos da parte dele.



Assim que foram jogados pelo portal no lugar que marcaram de se encontrar com James – uma grande clareira deserta, a poucas quadras da casa dele – Sirius e Remus sentaram-se para esperar o amigo.

Remus esfregou os olhos, pensando no que iria falar para convencer o moreno. Não poderia fazer as pazes com ele na frente de James, porque ele ainda não sabia sobre eles, e não gostava de dormir brigado com Sirius.

Chegou mais perto, pousando a mão na coxa do namorado.

– Já se convenceu de que sou inocente?

– Não. Não parecia estar se esforçando muito naquela tentativa de afastar Bellatrix de você.

– Porque eu estava assustado!

– Sei... Agora fica um pouco mais longe, James está vindo.

Os dois levantaram, caminhando até o amigo, que acenava.

– Oi! – ele socou o ombro de Sirius. – Como estavam as férias?

– Péssimas... até você me salvar.

– Oi, Remus! – Lupin acenou e logo os três estavam caminhando lado a lado para a casa de Potter. – Sirius, que cara é essa?

– Estou bravo com ele – Sirius apontou o castanho com o polegar, fazendo-o rolar os olhos.

– Por quê? – James franziu o cenho.

– Porque nós passamos na minha casa depois que o encontrei. Eu desci até a cozinha e, quando voltei, ele estava agarrando Bellatrix.

– Mentira! – Lupin gritou, indignado. – Sirius, isso é mentira, ela é quem estava me agarrando!

– Remus! Arrasando corações das mulheres mais velhas, hein? Aliás, bem mais velhas – James piscou para ele, que ficou vermelho. Sirius bufou. – E qual o problema, Padfoot? Está preocupado com sua priminha? – falou com sarcasmo.

– Ela que se exploda, seria ótimo. Mas precisava ser no meu quarto?

– Wow... Que mancada, Remus. Isso não foi nada legal.

– Eu não estava agarrando a prima maluca do Sirius! – ele murmurou entredentes.

– Espera... – James se lembrou de algo. – Bellatrix não é aquela que noivou há alguns dias? Com o... hum... Strange, ou algo assim.

– Lestrange. É, essa mesma – Sirius confirmou, fazendo com que os dois o encarassem, confusos. – Ih, aquele lá tem mais chifres do que você em sua forma animaga, Prongs.

James gargalhou. Remus olhou com desconfiança para o namorado.

– E você ajudou a colocar alguns desses chifres, não foi? – sua voz saiu amarga.

– O que? – Sirius estacou no lugar. – Ficou maluco, Remus?

– Eu ouvi o que ela falou para você! – ele acusou, cruzando os braços.

Pronto, estavam tendo uma DR na frente de James. E o coitado nem sabia de nada.

– Você está é desviando o assunto de você!

– Estou começando a pensar que talvez o motivo pelo qual você está tão bravo é ciúme dela! E não... – quase falou “de mim”, mas se lembrou de James e corrigiu, apressadamente. – E não o que me disse que era.

– Até parece! Ela não estava falando sério, eu nunca tocaria naquela imunda! E você só pode estar de brincadeira.

– Ah, não! Estou falando sério, muito sério.

– Cara! Vocês estão me assustando. Qual o problema se um de vocês, ou os dois, agarraram a Bellatrix?

– Eu não agarrei Bellatrix! – os dois gritaram juntos.

– Não está mais aqui quem falou – James levantou os braços no ar, como que se rendendo.



Sirius acordou e esfregou os olhos, lentamente. Olhou no relógio e viu que ainda eram duas da manhã. Bocejou e então percebeu que estava com sede, saindo em silêncio da cama, para não acordar Remus. O castanho estava na outra cama, na parede oposta do quarto e Sirius olhou para ele com tristeza.

Odiava dormir brigado com o namorado, mas tinha ficado realmente enciumado pela cena que viu e quando estava começando a se convencer de que talvez Remus realmente não tivesse culpa no cartório, ele o acusara de ter ficado com Bellatrix. Logo ela, que Sirius tanto desprezava!

Resultado: nem aproveitaram o fato de estarem sozinhos no mesmo quarto, que ficava a uma distância segura do quarto de James e do quarto dos pais dele.

Sirius suspirou chateado e foi matar a sede. Toda a casa estava apagada e ele lamentou não estar com a varinha para usar um Lumos, tendo que acender a luz da cozinha. Sentou-se num dos banquinhos e bebeu lentamente a água, perdendo uns dez minutos ali, pensando no jogo do outro dia.

– Oi – ouviu uma voz fraca a suas costas.

– Ah... oi.

– Eu acordei e você não estava lá.

– É, acabei de vir para cá – Sirius olhou para o copo. – Estava com sede.

– Ainda está bravo comigo? – Remus chegou mais perto.

Sirius apenas voltou a encarar o copo e Lupin abraçou seus ombros. Beijou o rosto dele e respirou em seu pescoço.

– Está? – falou, manhoso.

– Não – a voz de Sirius saiu um fiapo.

– Não?

– Uh-hum.

– E me desculpa por ter acusado você? Se você ficou com ela, sei que foi antes da gente e isso não é da minha conta.

– Eu também acusei você... E eu não fiquei com ela. Eca!

Remus deu uma risadinha. Sabia do que ele estava falando... eca.

– Sabe, eu guardei uma certa caixa que meu namorado me deu. O que acha de dividirmos o conteúdo dela?

– Você ainda não acabou com todo o chocolate? – Sirius perguntou, surpreso.

– Nem abri. Está ali em cima, vou pegar.

Assim que voltaram para o quarto, Sirius puxou o castanho para sua cama. Depois assistiu enquanto ele mordia um dos bombons e o licor escorria por seu queixo.

– Não é muito correto desperdiçar recheio desse jeito, Remus – ele fingiu repreender o namorado. – Vou dar um jeito para você.

Passou a língua pelo filete vermelho que descia e ouviu o outro arfar. Tomou sua boca com volúpia, sentindo o gosto do chocolate. Ficaram ocupados com o beijo até o paladar deixar de capturar o doce e passar a sentir apenas seus próprios gostos – muito melhores que chocolate, na opinião de ambos.

– Eu estou um pouco cansado – Remus segurou o rosto do moreno. – Mas já estamos aqui, neste quarto, sozinhos e com uma cama disponível, não é? Por que não aproveitar?


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