Que coisas? Eu não iria contar tudo para três garotas que eu mal conhecia.

–Deixa quieto gente, eu prefiro não comentar. Mas obrigada pela ajuda. –eu disse sorrindo e lavei meu rosto novamente.

–Eu só queria te ajudar. –Gabbie se aproximou.

–Eu sei, mas é que ainda não me sinto a vontade pra falar sobre isso.

–Nós aceitamos isso, aliás, é uma coisa sua. –disse Joana. –Mas pelos menos agora você sabe que, pro que você precisar, nós estaremos aqui.

Eu sorri novamente e a porta se abriu.

–Nathália! –era Sophia e Luana.

–Oi...

–Que cara é essa? –perguntou Luana.

–A gente estava tentando ajuda-la. –disse Gabbie. –Mas ela não quis contar pra gente o que aconteceu.

–Quem é você? –agora era Sophia.

–Minhas amigas. Elas estão estudando comigo. A Jessica também.

–Ah... Mas nós somos suas amigas, você pode contar com a gente.

Eu respirei fundo.

–Por que não me contaram que o Drake estuda aqui?

–Ai não, essa história de novo não... –Sophia reclamou.

–Você vai implicar com ele de novo? –Luana questionou.

–Pensei que você já estava bem o suficiente para encarar a realidade.

Olhei para a cara das duas e saí do banheiro. Fala sério! Elas falam isso porque não foram elas que sentiram a dor, porque elas não foram humilhadas pelo colégio inteiro. Que coisa!

Procurei dentro da bolsa o mapa que a secretária tinha me dado. Encontrei e achei o caminho até a biblioteca. É sempre assim. Se eu estava aborrecida, corria para os livros ou para as músicas.

Chegando na biblioteca, fiz meu cadastro rapidamente e me vi no meio de milhões de livros. A vontade de ler cada um era imensa. Depois de dez minutos procurando o livro certo, achei e sentei na mesa.

Li algumas páginas e um garoto sentou na minha frente. Um garoto não, Pedro, pra ser mais exata.

–Não sabia que você gosta de ler. –ele sussurrou.

–Você não me conhece. –rebati virando a página.

–Mas... Não, deixa pra lá.

–Fala!

–Você está fazendo que faculdade?

–Jornalismo.

–Então nos veremos na próxima aula... Que começará daqui a pouco. –ele olhou para o relógio.

–Está brincando?

–Não! –ele olhou pra mim. –A aula começa daqui a quinze minutos.

–Estou falando da faculdade...

Ele olhou pra mim com um ar duvidoso.

–Eu gosto de escrever.

–Tudo bem... –me concentrei no livro e continuei lendo.

Dez minutos se passaram e eu resolvi me apressar. Pedro já tinha saído dali a alguns minutos e eu iria me atrasar. Guardei o livro na bolsa, eu iria leva-lo pra casa. Saí da biblioteca e andei pelos corredores.

Andei, andei e andei. Não conseguia encontrar a sala. Ou eu estava nervosa demais?

Tudo começou a ficar preto e eu ameacei cair.

–Epa. –uma voz conhecida me pegou antes que eu fosse ao chão.

Imediatamente coloquei a mão em minha testa e tentei ficar de pé. Minhas pernas estavam bambas. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo ali.

–Você está bem? –ele perguntou novamente.

Olhei para ele. Ai não, poderia ser qualquer pessoa, menos ele.

–Estou ótima. –me afastei e ajeitei a roupa.

–Quer ajuda para encontrar a sala? Acho que você está meio perdida... –ele deu uma risadinha.

–Não preciso da sua ajuda. –o ignorei totalmente.

–Precisava falar assim? Nossa!

–Precisava ter feito aquilo a anos atrás? Nossa! –debochei em tom irônico.

–Você ainda lembra disso?

–Não quero mais falar com você. –me virei e andei.

–Espera aí, Nathália! –ele segurou meu braço, eu virei pra trás e me vi próxima demais dele.

–Saí daqui! Some da minha vida, eu não quero te ver nunca mais! –soltei sua mão de meu braço e andei mais rápido. Senti as lágrimas se formarem nos meus olhos, mas consegui me controlar.

A única coisa que eu queria era ir pra casa.