Uma Linda Família E Um Novo Cão ! escrita por ro_dollores
Uma linda família e um novo cão !
A mãe dividiu os cabelinhos encaracolados, e os prendeu com dois elásticos vermelhos, enquanto ela segurava uma pantera cor de rosa de pelúcia pelos pés.
Grissom adorava quando ela a penteava daquele jeito.
_Mamãe ? O papai vai ficar careca ?
_Não meu amorzinho, claro que não.
Sara soltou uma gargalhada, de onde ela tirara aquilo ?
_Onde você ouviu isso ?
_A Lilibeth … quem falou … o pai dela não tem cabelos, e disse que o papai também vai ficar igual … eles caem, quando ficam velhos …
_Deixa a mamãe te explicar uma coisa … nem todos os homens ficam carecas, Lana.
_Mas o tio Jim … ele é mais velho que o papai, não é ?
Como fazê – la entender ?
Sara ajeitou a fivela de sua jardineira florida, depois o botão delicado da dobra da barra.
Ela tinha lindas perninhas morenas, e uma facilidade enorme de se bronzear.
_O papai não tem essa tendência.
_E o que é tendência ?
_Se o vovô... o pai do papai ... fosse careca, ou alguns outros homens da família … aí ele poderia ficar careca também.
_Hum … mas como você pode saber … conheceu o vovô ? Não me lembro dele.
_Não conheci … ele foi para o céu quando ele ainda era pequeno.
_Ele ficou triste ?
_Claro que ficou …
_Deve ser ruim não ter um pai, não é mamãe ?
_Sim …
Ela pareceu pensar um pouco.
_Quando o papai acordar vou dizer a ele que eu sou muito feliz porque tenho ele.
Ela era doce e carinhosa ao extremo, e Sara estava comovida com suas palavras. Ele iria adorar.
_Isso mesmo … mas deixe que ele descanse, depois que ele acordar, você pode mostrar sua roupa nova que a tia Cath lhe deu.
Ela desceu da poltrona de bichinhos e deu uma voltinha.
_Estou bonita, mamãe ?
Ela se agachou e a abraçou.
_Você é a coisa mais linda do mundo, e nós amamos você.
_Que bom …
Ela saiu correndo do quarto, chamando Hank e Smoo.
Ela era bem esperta para os seus quatroquase cinco anos, o problema é que era muito emotiva, tinha pena de tudo e ás vezes chorava até se cansar quando via animais mal tratados nas ruas.
Algumas semanas antes.
Grissom foi buscá – la na escolinha onde ficava e a encontrou sentadinha na escada, o rostinho triste, ao lado da professora.
_O que aconteceu com ela ? - ele a pegou no colo, preocupado.
_O que foi, minha pequena ?
A professora apontou para um cão, quase sem vida, deitado na calçada.
_Ele foi atropelado ?
_Não sabemos, sr. Grissom.
_Podemos levá – lo papai ?
Ele se aproximou do bichinho, os olhinhos quase fechados.
Lana desatou a chorar, era uma cena comovente.
_Não chore… o papai vai levá- lo ao médico, está bem ?
_Ele vai ficar bom ? Não vai morrer, não é ?
_Talvez sim … talvez não. Poderia me arranjar um saco plástico por favor, sra. Dawson ?
Ele acomodou sua filha no banco traseiro, sacou um par de luvas descartáveis e as vestiu. Cobriu o banco da frente e com cuidado acomodou o cão quase inerte.
_Saberia me dizer de quem é ?
_Não fazemos ideia, mas ele adora as crianças, sempre aparece por aqui.
Enquanto dirigia para o veterinário ele ouviu sua pequena fungar.
_Não fique assim meu amor, vamos tentar salvá – lo, está bem ?
Ela balançou sua cabecinha em afirmação, fazendo seus cachinhos pularem, despertando um sorriso em seu pai.
A veterinária o atendeu prontamente. Ela o avisou que faria o possível e que faria alguns exames para precisar o que ele tinha, aparentemente estava bem fraco.
_Pode deixá - lo conosco, faremos alguns procedimentos e entramos em contado para um parecer, Grissom !
Eles voltaram para casa e ela entrou correndo, se esticando no sofá de bruços e chorando muito.
_O que foi, Gris ?
_Um cão … acho que foi atropelado, eu o deixei no veterinário, está fazendo alguns exames.
_Vai sobreviver ?
_Ainda não sabemos.
_Ela viu ? - Os olhos de Sara se encheram de água. Dava pena vê – la daquele jeito.
_Ei … não vá chorar você também … querida … duas mulheres às lágrimas, acabam comigo.
_Temos que fazer alguma coisa, amor.
Eles se sentaram ao lado dela e Sara a pegou no colo.
_O que foi, querida ?
_O Smoo mamãe, ele vai morrer.
_Smoo ? - Ela olhou para o marido, e ele lhe devolveu o mesmo olhar surpreso.
_Nem sabia que o cão tinha esse nome.
_Foi o Alex quem colocou ... - Sar limpou seu rostinho e beijou sua testa, a acalmando. _ Ele é muito bonzinho, aparece todos os dias na escola, ai o Alex disse que ele tinha cara de Smoo.
Ela sorriu para o marido, apontando para seu ombro, estava todo molhado.
_As lágrimas dela.
_Que judiação, Gris …
Ele suspirou depois acariciou seus cabelinhos finos.
_Vamos fazer o seguinte… mais tarde vamos ligar para o médico e saber como ele está, mas tem que parar de chorar, combinado ?
_Tudo bem … - ela lhe estendeu o dedinho mindinho e ele também. Eles faziam isso toda vez que tinham um acordo.
_Vamos tomar um banho e comer, o almoço vai esfriar. Sabe o que a mamãe fez ? Batatas assadas com queijo.
Ela pareceu se animar mais e agarrou o pescoço de sua mãe enquanto iam em direção de seu banheiro.
_Ei … - Grissom correu até elas. - O papai não ganhou nenhum beijo hoje …
Um sorrisinho apareceu em seu rosto. Ela tinha duas covinhas lindas, e os dentinhos pequenos e separados como os de sua mãe.
Lana agarrou seu pescoço e sapecou dois beijos molhados em seu rosto barbado.
_Um … de todo dia e … outro pelo Smoo. Obrigada papai.
Sara levantou uma sobrancelha, surpresa.
_Dê um beijo no papai, mamãe ! Ele merece.
Ela lhe deu um selinho, acariciando seu rosto bonito.
_Obrigada querido, pelo “Smoo”.
Ele saiu todo sorridente e foi higienizar o banco de couro de sua suv.
Logo após o almoço o telefone da casa tocou e Lana correu ao lado do pai, assim que ele atendeu.
_Que notícia boa … podemos visitá – lo ?
Lana era inteligente e logo imaginou que se tratava do cão.
Ele desligou o telefone e pegou sua filha no colo a rodando pela sala.
_Quem quer ir com o papai visitar o Smoo ?
_Eu quero … e a mamãe também ... olha papai ... ela está pulando.
Sara tinha ficado imensamente feliz.
O cão se recuperaria, estava muito desidratado e aparentemente não havia nenhum osso quebrado, tinha o corpo dolorido e ainda ficaria alguns dias internado.
De volta para casa, Grissom e Sara observavam a filha sorridente conversando com sua pantera
_Ele vai ficar bom … e nós vamos levá - lo para casa.
Grissom olhou Sara e ela entortou os lábios.
_O que você acha, querida ?
_Não sei … e se ele tiver um dono, Gris ?
_A sra. Dawson me disse que ele aparece todos os dias na escola, deve ser de rua.
_É … ele está com o pelo horrível, vai precisar de alguns cuidados.
_Vamos ficar com ele ?
_E tem outro jeito ?
_É … acho que não ! Mas ... e o Hank ?
_Ele vai gostar de ter um amigo.
Eles olharam mais uma vez para ela.
_Papai … nós vamos ficar com ele, não vamos ?
_Sim … nós vamos … mas antes precisamos saber se ele tem um dono, pode ser que ele está o procurando, e está muito triste.
_Mas … por que ele deixa ele na rua. É errado não é mamãe ?
_É sim … sempre devemos cuidar de nossos animais.
_Smoo não merece um dono assim, papai !
_É … querido … acho que temos uma defensora fervorosa dos animais.
_Não sei se isso é bom … ou não. Ela é muito emotiva … puxou a você !
_Ah … será que foi somente a mim, quem ela puxou ? Você também é um chorão, ela não pode ter uma febre …
Ele sorriu, era verdade. Ficava apavorado só de pensar que pudesse ficar doente.
Nos primeiros dias, quando ela nasceu … chorava à toa, cada vez que olhava para ela.
E quando tinha ido até Denver, realizar uma maratona de palestras. Ligava todos os dias e cada vez que ouvia a voz dela, seus olhos brilhavam querendo chorar.
E também quando Sara teve um começo de pneumonia, ela estava grávida e corria alguns riscos.
Ele chorava sozinho no banheiro inúmeras vezes quando se lembrava que o médico lhe avisara que o risco era muito grande.
Não saiu de perto dela por dois dias, os mais críticos.
Sara tirou um foto do cão, eles imprimiram várias e distribuíram pelas redondezas da escola, e em alguns outros pontos dos bairros adjacentes.
Eles acharam melhor deixar o cão internado por mais alguns dias, a veterinária realizou inúmeros exames. Eles tomaram todas as precauções para que ele viesse para casa bem saudável.
Quando o telefone tocava, Lana ficava apreensiva, ela concordara relutante, em devolver o cão caso ele tivesse mesmo um dono.
Mas não aconteceu. Ninguém reclamou por ele.
Eles foram bucá- lo. Estava limpo, cheiroso, com os pelos aparados e fez uma festa quando viu Lana, comovendo seus pais.
O cão era dócil e se deu muito bem com Hank, embora eles tivessem tomado bastante cuidado em agradar ele também, o presenteando com os mesmo mimos que Smoo havia ganhado.
….......
Lana entrou correndo pela casa, ansiosa.
_Mamãe ? Mamãe ?
Ela a procurou pela casa e descobriu que a mãe estava tomando banho.
Seu pai estava demorando para acordar, eles iriam levar Smoo para uma consulta de rotina, e depois iriam tomar sorvete.
Ela subiu na cama, e se deitou bem de frente a ele, quase encostando seu nariz no dele. Eles era exatamente iguais, assim como os olhos.
Ela sussurrou …
_Papai ?
Ele não respondeu.
_Papai – Ela tentou mais uma vez, se sua mãe a visse com certeza ficaria brava com ela, e foi o que aconteceu.
_Lana ! Deixe seu pai descansar !
Ele abriu os olhos e encontrou outros tão azuis quanto os dele, e um sorrisinho traquina.
Ela abriu a boquinha vermelha, em surpresa, tinha sido pega em flagrante.
_Lana ! Sai de cima de seu pai, querida !
_Eu estou acordado, amor !
_Ah … menininha … você vai ficar de castigo, o papai está cansado, não sabe esperar ?
_Mas mamãe … ele já dormiu um montão.
_É mas ele ficou acordado a noite toda e você não ! Muito pelo contrário.
Ela passou a mãozinha pelos cabelos dele e depois pelo rosto.
_Você está bravo, papai ?
Ele ainda estava sonolento, o corpo parecia moído, mas aquela mãozinha macia em seu rosto, o fez esquecer de qualquer coisa.
_Não, querida. O papai está feliz que você está aqui.
Ela tocou se narizinho no dele, depois arregalou os olhos.
Eles costumavam brincar de “quem pisca primeiro, perde” e ele sempre perdia. O castigo era andar com ela pela casa, em seus ombros, feito um leitãozinho gordo.
Ele sorriu depois piscou várias vezes.
_Ah … você perdeu de novo … papai … você é tão bobo !
Sara riu … mas tinha que repreendê – la.
_Lana … não pode chamá – lo de bobo. Ele é seu pai !
_Ah mãe … mas não é um bobo de bobo ! È um bobo de bobinho ! Assim pode não é papai ?
Ele deu uma gargalhada. Aquela era sua garotinha e ele era apaixonado por ela.
_Sim ...
_Papai ... e quando eu perder ... o que vai e pedir ?
_Um milhão de beijos ... pode ser ?
_Ela riu, muito linda.
_Ah ... isso é fácil.
Ele se virou de costas e a colocou em cima de sua barriga, puxando uma perna de sua pantera cor de rosa.
_Não papai, ela chora !
_Ela gosta que puxem a perna dela !
_Não gosta não ... mamãe … agora é a vez de ficar brava com ele …
_Gris … não machuque a pantera … ela chora !
_Viu …
Mais uma vez ele sorriu para ela , enquanto segurava em sua cintura minuscula.
_Papai … não notou nada de diferente ?
_Hum … ele fechou um olho, como se fosse um pirata.
_Vamos ver se meu olho bom consegue ver alguma coisa. Você está linda ! É isso ?
_Ah … papai... isso você sempre diz … mas não é !
_Então … a mamãe arrumou seu cabelo do jeito que o papai adora !
_Também não …
Ele olhou disfarçadamente para sua mulher e ela gesticulou, apontando a roupinha nova.
_Ah … como é que o papai não percebeu, preciso acordar direito … sua roupa nova !
Ela bateu palmas e ficou em pé sobre sua barriga, se equilibrando para não cair. Ele a segurou pelas mãozinhas.
_Gostou ?
Mais uma vez ele deu uma gargalhada gostosa.
_Eu disse que você estava linda ! Olhando direito … está mais que linda .
_Como se diz mais que linda, papai ?
_Maravilhosa !
_Viu mamãe eu estou mara … marav … maravilhosa !
_É meu bem … você está ! Você disse que ia esperar o papai acordar para dizer uma coisa a ele.
_É verdade … a mamãe disse que você não vai ficar careca e...
_Como é ? - Desta vez ele desatou a rir e não conseguia parar.
Ela também, voltando a se sentar na barriga dele.
_É verdade … o pai da Lilibeth disse que quando os pais ficam velhos eles ficam carecas … mas a mamãe já me explicou …
_Hum … era isso que você tinha para me falar ?
_Não … sabe papai … eu sou muito feliz porque tenho você !
Num gesto bastante natural, ela distribui inúmeros beijos pela face dele.
_Eu amo você.
Com agilidade ela desceu da cama e correndo para fora do quarto, gritou a plenos pulmões.
_Vou avisar o Smoo que nós vamos passear !
Sara o olhou com os olhos marejados. Ele estava chorando também.
Ela se aproximou dele e beijou seu olhos molhados com extremo carinho.
_Eu também amo você … demais !
Ele a abraçou forte. Sua mulher tinha razão … ele era mesmo um chorão.
FIM
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