Capitulo 1: Despertar

Após tanto tempo parado, levantar seria um grande problema. Reunir forças para abrir aquele caixão de pedra.

Como reunir forças para isso?

O cheiro... Não é o cheiro do meu palácio... O cheiro frio que os vampiros sentiam nos Cárpatos. Era um cheiro quente, nojento. Fedia a gordura de animal e carne podre. Fedia côo estrume.

Isso era um maldito lixão.

Uma idéia que eu nunca tive veio a minha cabeça.

E se... Eu não abrisse a tampa?

Não que eu quisesse ficar ali, claro. Meu nariz estava coçando com aquele cheiro, e meus demônios internos, me causando um já conhecido comichão no estômago e na gengiva. Vontade de beber...

Farejei o ar, tentando encontrar algo além de comida podre e bosta humana.

Senti um cheiro que já não sentia a tempos: Sangue.

Humanos... Mandei um pequeno recadinho a ele.

_Argh, que merda! Eu tinha que tropeçar naquelas garrafas?

Fala um mendigo.

Então, ele vê algo estranho... Ouro. Brilhante, amarelo, lindo. Ouro... Ouro era igual dinheiro...

Escorrendo por um sarcófago ou caixão de pedra...

_Heh! Quem é trouxa assim pra deixar tanto ouro num lixão? Mas que bando de trouxas, vou pegar essa grana fácil pra mim!

Com muito esforço, abre a caixa de pedra. Mas não vê muito ouro ali dentro.

_Caralho, isso é um corpo, porra? Se os tiras chegarem aqui eu to...

Enquanto o mendigo choramingava, não percebeu uma sombra atrás dele... Silenciosa... Só percebeu na hora que duas mãos, frias como aço agarraram seu pescoço e o torceram.

Parei numa loja de conveniência. Perguntei que ano era.

A atendente me olhou com uma cara que berrava: “Você está maluco?”

_Que ano é?

Repeti, mais insistentemente. A moça me olhou com uma cara assustada e disse:

_2008.

Merda. Só não berrei isso por que ia fazer a criancinha que estava na loja se assustar.

Tsc... passei  1748 anos dormindo? O que, ou quem, me feriu tanto pra que meu corpo necessitasse dormir tanto?

A resposta veio como uma bomba nuclear.

Lunna.

Maldita vadia. Sabia que não devia ter treinado ela.

Ou pelo menos ensinado ela a esperar.

Saí da loja com um apuro enorme. Eu devia estar parecendo um louco, com um manto marrom esfarrapado e essas botas de montar. Maldição.

A primeira coisa a se fazer antes de guerrear, segundo Shun Tzu, é conseguir dinheiro para suprir sua população e suas tropas. Minha população e minhas tropas eram só uma: Meus demônios internos. Esse termo parece estranho a primeira vista, e é. Os demônios internos são aquilo que ninguém faria, nem se tivesse uma faca apontada para o pescoço. Era a comichão que se sentia no estômago quando se tinha fome, era a cócega que se sentia quando acabava de se beber. Era a vontade insana que torcer o pescoço daquele garoto jogando futebol com os amigos quando se está com fome, era a total indiferença pela jovem sensual querendo ser assassinada em uma esquina qualquer. Era a vontade de se empalar humanos inocentes, e a falta de vontade de sequer encostar naqueles que tentavam te matar. Um vampiro era composto de duas partes: Uma mutável, incansável, e outra fixa, permanente. Os demônios internos e as Máscaras.

Quanto ao dinheiro, eu tinha percebido como ganhar muito dele.

E ele veio na forma de um cheiro penetrante que pnicava meu nariz. Doença.

Câncer, ou algo do tipo. E o cheiro tomou forma, de um velho usando roupas finas e tossindo muito.

E de uma boa chantagem... Daquele tipo que um humano só faz uma vez na vida, se tiver chance. Jogar com alguém, ter a vida de alguém em suas mãos... Isso era perfeito. E muito, muito bom.

Minha risada fria quebrou o ar de Nova York.