Escuridão.

Era tudo. Nada mais, só escuridão.

Meu corpo estava frio, como gelo.

Minhas vestes eram todas pretas e cobriam-me o corpo inteiro.

Eu não via nada, mas por algum motivo sabia pra onde ir.

Caminhei pra frente e em alguns momentos andei em círculos.

Fumaças me cercavam e de repente avistei um pequeno ponto de luz.

Me dirigi até lá e o ponto que antes era insignificante agora quase me cegava. Tampei os olhos até me acostumar com a luz forte e tirei minhas mãos do rosto.

Vasculhei o local e tudo o que vi foi um buraco, mais como uma passagem. Nele tinha apenas uma escada.

Parei pra pensar no que estava acontecendo, pois minha memória havia sido totalmente apagada. Só tinha as memórias do dia anterior a esse... Espera!

Não pode ser, isso não pode tá acontecendo.

Eu nunca acreditei em vida após morte ou céu e inferno. Mas definitivamente eu não estava vivo, eu me sentia realmente morto. E pelo que o médico do outro dia disse, eu havia falecido literalmente.

Demorei pra digerir essas informações. E então pensei:

Se eu estou morto, não custa ir mais fundo nisso.

Resolvi descer aquela escada, agora a luz havia diminuído.

Passei meu corpo que estava gélido pelo buraco estreito no chão, e agarrei-me ao primeiro degrau descendo a escada.

Quando cheguei no fim, toquei o solo e a sola de meus coturnos fez um baque surdo.

Não reconheci o lugar de imediato, mas olhando a minha volta percebi que era uma praça. Abandonada, com mato e toda destruída.

Uma voz veio na minha mente:

"Bristol, Inglaterra."

Em seguida eu sacudi a cabeça e disse em voz alta:

– Eu moro aqui.

Falei isso pra mim mesmo mas era como se só eu estivesse ouvindo, não sei por que pensei isso, afinal só tinha eu ali.

Eu não sabia o que fazer, pra onde ir nem o que aconteceria dali pra frente. Então resolvi sentar num banco próximo.

E adormeci.