New Girl escrita por BerryFabray


Capítulo 29
It's Over


Notas iniciais do capítulo

Leitores liindos, confesso que estava um pouco sem coragem de aparecer aqui. Me perdoem pela demora excessiva. Passei por uns problemas familiares que praticamente me tiraram do mundo por algumas semanas. Fiquei arrasada demais pra escrever, ou pra fazer qualquer outra coisa. Acreditem, foram as piores férias da minha vida. Além de não ter feito nada, vivi um indício de depressão por essas semanas. Palavras da psicóloga. Pra vocês verem até que grau chegou a situação. Mas agora sinto como se as coisas estivessem, aos poucos, voltando à seus devidos lugares. E por isso, resolvi voltar a escrever a fic. Deixo aqui meu mais sinceros pedidos de desculpas, eu realmente não queria ter ficado por tanto tempo sem escrever, mas foi preciso. Enfim, aqui está mais um capítulo, e o maior até agora pra compensar :) Eu ia dizer que espero que gostem, mas sabendo a quantidade de drama que coloquei nesse capítulo, é melhor pedir que não me matem ao terminar de lerem rs Resolvi voltar a escrever em terceira pessoa nesse cap. pois acho que é melhor para entender a visão e os sentimentos das duas durante alguns momentos. Enfim, boa leitura :*



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O último sinal finalmente bateu. Ainda não consegui decidir se isso é bom ou ruim. Bom porque finalmente o final de semana chegou, e ruim porque isso significava que teríamos provas na próxima semana. O que também significava que entraríamos na última semana de aula. Eu sentia um pouco de nostalgia só de pensar nisso. Eu sei que não tinha ficado muito tempo no Mckinley, na verdade fiquei menos do que um semestre inteiro, mas em tão pouco tempo, ter mudado para esse colégio me trouxe muitas coisas boas. Fiz novos amigos, entrei para o Glee Club, finalmente perdi o medo de cantar, mas acima de tudo, conheci Quinn.

Quinn tinha mudado minha vida em todos os sentidos. Eu descobri o que é gostar de alguém de verdade, o que é lutar por alguém que se ama, e o quão importante é o perdão. Passamos por algumas dificuldades sim, mas elas nos ajudaram a crescer, e a fazer nosso relacionamento mais sólido.

– Devia disfarçar mais… Todos percebem quando está pensando em mim.

Recobrei a atenção ao lugar que estava e me virei, reconhecendo a voz que falava a mim.

– Sorriso bobo no rosto, olhar alegre. Isso só pode significar que está pensando em mim.

– A menos que você saiba ler pensamentos, nunca vai descobrir – Eu disse, e fechei meu armário fazendo certo charminho.

– Vai fazer algo durante o final de semana? – Quinn perguntou, dando um passo em minha direção e apoiando-se ao armário ao meu lado

– Provavelmente estarei estudando o final de semana inteiro, o que você também deveria fazer.

– E eu vou. Mas quero estudar com você. Se você quiser, é claro.

– Claro, por que não? Ótima idéia. Até porque temos duas provas na segunda.

– Mas teria problema se estudássemos apenas no domingo?

– Não, nenhum. Mas por quê?

– Sábado é aniversário da minha irmã. E eu queria que fosse comigo. Vai ter um almoço, mas só pra gente mesmo.

– É sério? – Confesso que fiquei surpresa com o convite, afinal a irmã dela ainda não sabia sobre nós.

– É claro que sim. – Quinn pegou em minha mão, entrelaçando nossos dedos e nos guiou por entre as pessoas no corredor até o estacionamento.

– Carona, meninas? – Ouvimos a voz de Kurt, assim que chegamos ao centro do local

Quinn olhou pra mim rapidamente então concordamos em aceitar a carona. Kurt nos deixou em nossas respectivas casas. Eu até pensei em aceitar o convite que Quinn me fez no carro de ir até sua casa, mas já que passaríamos o sábado fora, preferi ir pra casa e aproveitar o resto da sexta-feira adiantando as matérias das provas e lendo um pouco.

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QUINN’S POV

– Mãe, o que acha deste vestido? – Parei na porta de seu quarto enquanto segurava um vestido de cor escura, rendado, sobre o corpo

– Está ótimo Quinn, é apenas um almoço. Não sei por que está tão preocupada com a aparência.

– Primeiro porque, não que eu só me preocupe com isso, mas se preocupar com a aparência às vezes não faz mal algum. Segundo porque eu não posso levar minha namorada no primeiro encontro de família, parecendo um trapo, não é mãe?

– Está bem, Quinnie. Este vestido está ótimo

Minha mãe continuou a mexer em algo dentro de sua gaveta e eu voltei ao meu quarto. Coloquei o vestido sobre a cama e direcionei meu olhar ao relógio ao lado da cama, verificando que eram 11h30 e tínhamos combinado de pegar Rachel ao meio-dia. . Vesti então vestido e parei em frente ao espelho, penteando meus cabelos molhados graças ao banho.

– Q, já estou descendo – Minha mãe passou no corredor, em frente à minha porta

– Está bem, mãe. Já vou.

Terminei de me arrumar rapidamente e então desci também, encontrando minha mãe já do lado de fora, enquanto a porta da frente se encontrava aberta. Fechei a mesma e então me encaminhei com ela até o carro e seguimos nosso caminho até a residência de Rachel.

Em poucos minutos já estávamos lá, até porque a distância entre nossas casas era bem pequena quando feito a pé, de carro então, era quase nulo. Minha mãe parou o carro em frente à garagem da casa e eu desci do mesmo, seguindo até a porta da frente. Não sei exatamente porque, mas senti certo nervosismo ao ouvir o som estridente da campainha tocando. Uni minhas mãos em frente ao corpo enquanto meus dedos estavam inquietos.

Mais alguns segundos e logo a porta se abriu, revelando aquela morena estonteante, com seu belo e torneado corpo perfeitamente moldado num vestido branco simples de alças finas e marcado na cintura, mas que realçava de maneira impecável seu corpo por inteiro. Os cabelos soltos, com leves cachos, caídos sobre os ombros e aquela franja colocada de lado que dava todo um charme característico. Mas o toque especial, era aquilo que ela trazia no pescoço. Aquele colar, com o pequeno pingente dourado de nota musical que simbolizava nada mais, nada menos do que o que havia nos unido: a música.

– Você… Você está – Tentei elogiá-la, mas minhas palavras incoerentes só demonstravam a quão enfeitiçada eu estava por aquela visão.

– Você também está linda, Quinn.

Ela deu alguns passou a frente e depositou um leve beijo em meus lábios, ainda entreabertos. Continuei ali enquanto ela fechava a porta e só foi tirada de meu transe, quando sua mão alcançou a minha e me guiou de volta para o carro.

– Bom dia – Rachel disse de maneira doce enquanto entrava pela porta de trás

– Bom dia, Rachel – Minha mãe respondeu no mesmo tom enquanto eu me sentava ao seu lado – Seus pais concordaram em você ir conosco?

– Sim, claro.

– Então vamos, Frannie já deve estar esperando por nós.

Seguimos nosso caminho até a casa de minha irmã, o que levou uns vinte minutos. Assim que chegamos, fomos recebidos por minha irmã, que saía à porta toda contente.

– Que bom que chegaram! – Frann se jogou nos braços de minha mãe

– Tem comida, porque não viríamos? – Brinquei, e ela se soltou de minha mãe, vindo até mim

– Nossa Quinn, você é tão engraçada que às vezes não entendo porque você não trabalha com comédia

        Frannie retribuiu minha risada e me abraçou forte.

– Parabéns, mana.

– Obrigada, Q.

Percebi o olhar curioso de Frannie pairar sobre Rachel, que à essa altura, já deve estar envergonhada ao extremo.

– Frannie, essa é Rachel… Minha amiga. – Preferi não olhar para Rachel nem para mim mãe, pois seus olhares provavelmente me fuzilariam – Rachel, está é Frannie. Minha irmã.

– É um prazer conhecê-la, Rachel. Seja bem vinda, e fique a vontade, está bem? – As duas se cumprimentaram então eu finalmente me direcionei a Rachel, que parecia ter gostado da primeira impressão de Frannie.

Entramos em casa e logo John veio até nos, dando-me um longo abraço. Também apresentei Rachel a ele, e como sempre, ele foi muito simpático e gentil.

John era uma ótima pessoa, minha irmã tinha realmente tirado a sorte grande, pois ele era totalmente diferente daquelas idiotas com quem ela já havia namorado na época de faculdade. Ele é realmente o cara certo pra ela, faz com que ela seja uma pessoa melhor, e sinceramente? Não vejo a hora dos dois me conceberem um sobrinho. Como ele era melhor em culinária do que minha irmã, o que parece estranho mais realmente acontecia, ele e minha mãe foram até a cozinha conversar sobre algum preparativo para o almoço, e como Rachel também entendia desse tipo de assunto, fiz alguns sinais discretos para mim, pedindo que ela levasse Rachel com ela, e pro meu bem, ela entendeu a carregou para cozinha também.

Frannie tinha subido até seu quarto, dizendo que precisava de um banho e que também não desceria enquanto não estivesse usando o tal vestido que tinha comprado para a ocasião. Não pensei duas vezes em aproveitar essa oportunidade para finalmente contar tudo a ela. Subi as escadas e segui até seu quarto. Ouvi o barulho do chuveiro ligado e da água caindo ao chão, então fiquei sentada no pequeno sofá de canto em seu enorme quarto, enquanto ela não saía do banheiro.

Esperei por no máximo mais sete ou oito minutos e ela finalmente saiu, vestindo seu roupão branco, acompanhada pela fumaça quente que escapava pela porta do banheiro.

– Quinn? O que foi? Achei que estivesse lá em baixo com os outros.

– Eu estava, mas subi porque preciso falar com você.

– Diga Q.

Ela continuou a se arrumar, caçando o vestido dentro do pequeno closet enquanto eu tentava juntar as palavras de maneira que formassem uma palavra que fizesse sentindo.

– Então, Frann… Aconteceu uma coisa há quase dois meses atrás, e eu ainda não tive a oportunidade de te contar, mas você é minha irmã e, além disso, somos amigas, e eu realmente acho que você merece saber disso. Na verdade, você precisa saber disso…

– Preciso saber do que? – Frann já tinha vestido seu belo e estampado vestido e agora estava à frente do espelho, penteando os cabelos

– Eu não quero que você surte ou na pior das hipóteses me ache uma aberração por causa disso, mas talvez o que eu te conte não vá te agradar muito – Parei atrás dela enquanto olhava seu reflexo ao espelho

– Diga de uma vez Quinn, desde quando nossas conversas precisam de rodeios?

– Está bem, está bem. Rachel não é minha amiga… Ela é minha namorada.

– Sério? Eu já tive uma namorada durante o ensino médio também. Éramos amigas e sempre saíamos juntas, assim os caras paravam de dar tanto em cima. Sério, continue com isso, realmente funciona.

Eu preferia não ter ouvido o que eu acabara de ouvir. Ela estava fazendo piada daquilo ou realmente não tinha entendido o que eu havia dito.

– Não Frann, estou falando sério. Ela é minha namorada. Namorada de verdade.

Frannie imediatamente parou o movimento que fazia com as mãos por entre os cabelos e me fitou pelo reflexo no espelho a nossa frente.

– Ela é sua…

– Isso, minha namorada. Estamos juntas há mais de um mês. E sinceramente, esse foi o mês mais feliz da minha vida. Eu sei que isso soa estranho, até mesmo pra uma pessoa mente aberta e até um pouco biruta que nem você, mas, por favor, tente me entender. Rachel é a pessoa quem eu amo, e eu pretendo ficar com ela pelo resto da minha vida e tudo que tivermos que enfrentar, enfrentaremos juntas. Como fizemos desde o início.

Sua expressão se fechou instantaneamente.

– Como assim você ta namorando?!

– Estando, oras. Eu pedi e ela aceitou. Estamos juntas há certo tempo, mas eu estava esperando pela ocasião perfeita pra te contar.

– E você acha que agora é a ocasião perfeita? – Comecei a ter a impressão de que Frannie estava mais decepcionada do que surpresa.

– Seila… Não acho que tenha ocasião perfeita pra contar isso, mas eu teria que contar algum dia.

Frann passou por mim e se sentou à cama, com uma feição um pouco arrasada, ou algo do tipo.

– Confesso que eu esperava por outra reação. Talvez até fúria, eu aceitaria. Mas com você estando desse jeito, eu não sei nem o que dizer.

– Eu sei que talvez você não vá me entender, mas eu estava com medo de quando isso essa hora chegaria.

– Hã? – Agora eu estava confusa

– Eu não me importo que você esteja namorando uma garota, Quinn. Não mesmo. Pra mim, você pode namorar até um ET, desde que esteja feliz. Mas, você nunca namorou sério com ninguém. – Pude ouvir Frannie respirar pesadamente por uma vez – Eu sinto sua falta, irmã. Desde que eu saí de casa, o que eu mais faço é sentir saudade de você. Apesar do relacionamento dos nossos pais não nos ajudarem muito a ter uma família feliz e saudável, eu sinto falta de certas coisas. Éramos tão unidas há alguns anos. E eu não queria que esse certo distanciamento tivesse acontecido.

– Mas Frann, nós ainda nos vemos quase sempre! – Me sentei ao seu lado

– Quase sempre? Te vejo uma vez por semana, Quinn. E quando vejo. Agora então, com você namorando, o espaço pra mim na sua vida só diminui.

Nunca esperei ouvir aquelas palavras saindo da boca de minha irmã. Era verdade, éramos bem mais unidas há alguns anos. Mas não nos separamos por culpa minha ou dela. A vida nos separou. Ela casou, saiu de casa. Eu tenho minhas coisas pra fazer no colégio, e agora ainda tinha Rachel, a quem eu dedicava a maior parte do meu tempo. Eu entendo bem a colocação dela, e concordo.

– Ei, não é porque estou namorando que você vai deixar de ser minha irmã, ou deixaremos de nos ver, está bem? Eu concordo com você quando diz que devemos nos reaproximar, e esse é o momento exato para fazermos isso. Mas eu sozinha não consigo, preciso de você. – A olhei verdadeiramente, esperando por uma resposta – Então, posso contar contigo?

– É claro, Quinn. É claro que pode. Sempre.

Não pensei duas vezes e joguei meus braços sobre seus ombros, envolvendo-a em um longo e apertado abraço.

– Não que eu não esteja gostando desse “momento fraterno entre irmãs”, mas é melhor descermos. Deixei Rachel sozinha lá embaixo. Além disso, quero muito que você converse com ela, conheça-a melhor.

– Claro, vamos.

Levantamos-nos, porém nos abraçamos mais uma vez antes de descermos. Assim que chegamos ao último degrau da escada, a campainha tocou. Frann seguiu até a porta, e eu segui até a sala, podendo ver Rachel sentada ao sofá ao lado de minha mãe, e as duas morriam de rir sobre alguma coisa que John parecia contar.

– Perdi alguma coisa? – perguntei enquanto me sentava ao lado de Rachel

– Sim, as histórias dos aniversários de John quando ele era criança – Minha mãe respondeu ainda entre risadas

– Espero que ele não tenha contado aquela sobre quando o bolo dele explodiu na cara dele no aniversário de doze anos – Eu disse à ele, que riu para mim

– Essa não foi minha culpa, está bem? Meus primos eram uns babacas, e colocaram alguma bombinha feita em casa dentro do bolo que minha mãe tinha feito. Pelo menos eu descobri o quão bom glacê pode ser para pele – Ele brincou, passando as mãos no rosto

– O papo está bom, mas eu vou à cozinha pegar algumas coisas para almoçarmos logo – Minha mãe fez menção de se levantar, mas sua ação foi interrompida assim que reconhecemos uma voz que se pronunciou

– Então coloque mais um prato à mesa

Todos nós focalizamos nossos olhares em direção à porta, e eu, particularmente, não acreditava no que via. Ninguém mais, ninguém menos do que Russel Fabray. Meu pai.

– Russel?! O que você ta fazendo aqui? – Minha mãe se levantou, e deu alguns passos à frente

– É aniversário da minha filha, não é? Um pai não pode mais presentear sua filha em seu aniversário.

– E desde que você saiu de casa, quantas vezes você fez isso? Ah é verdade, nenhuma! – Eu disse, também me levantando

Ver meu pai ali na minha frente, depois de tanto tempo mexeu com meu emocional. Desde que tinha saído de casa, nem notícias ele dava. A última coisa que tínhamos ficado sabendo a seu respeito era de que ele estava com uma mulher que havia conhecido numa viagem que fez para a Califórnia. O que já era estranho o suficiente, porque quando morávamos juntos, ele dizia odiar viajar e que jamais sairia de Ohio por motivo algum. Agora, do nada, ele resolver voltar com esse sorriso falso na cara, ousando dizer que veio por causa do aniversário de Frannie. Nas minhas contas, ele já perdeu pelo menos cinco aniversários meus, mesmo quando ele e minha mãe ainda estavam juntos. Mesmo estando em casa, ele não se fazia presente.

– É bom te ver também, Quinn. – Ele disse, colocando mais um sorriso no rosto

– É sério pai, o que você está fazendo aqui? – Frann parou ao lado dele

– Eu já disse. É seu aniversário, e eu lhe trouxe isso

Russel tirou do bolso uma pequena caixinha e entregou a Frannie, que a recebeu hesitante.

– Agora que já entregou seu presentinho porque não vai embora – Eu disse, sem receio

– Isso é jeito de você me tratar, Quinn?! – ele respondeu, tentando se aproximar

– Quinn, pega leva – Minha mãe disse baixo, mas eu preferi não dar ouvidos

– Como quer que eu te trate? Juro que com você estando longe, eu tinha raiva alguma da separação de vocês, mas aí, depois de anos longe, você tem a cara de pau de voltar aqui e trazer presentes?! Que tipo de pai é você.

Acabei deixando-me levar pela emoção, e alterei meu tom de voz.

– O pai que quis vir para ver a filha em seu aniversário. Imaginei que houvesse uma pequena festinha ou algo do tipo.

Pretendi soltar mais algum de minhas raivosas palavras, mas fui para por Rachel que se levantou e passou seu braço pelo meu e deslizou sua mão pelo mesmo até alcançar a minha. Desisti de minha ação anterior ao sentir seu toque.

– E que em é esse sua amiga que eu não conheço? – Ele se aproximou e estendeu a mão para Rachel, que acanhadamente e contra a minha vontade, pôs a mão livre sobre a dele e a apertou

– Meu nome é Rachel. Rachel Berry – Ela respondeu em tom baixo

– Rachel Berry. Belo nome – Ele sorriu e voltou ao seu lugar anterior

– Pronto. Agora você já pode contar à todos que conheceu a namorada da sua filha.

As palavras pareciam fugir por entre meus lábios. Olhei para Rachel e vi seu olhar amedrontado e surpreso diante de minhas palavras. Era o mesmo olhar que John e minha mãe me lançavam. Por último, virei-me para meu pai, que parecia nauseado com o que havia ouvido.

– Namorada?! – Ele perguntou, em tom receoso

– Isso mesmo, Russel. Sua filha tem uma namorada, e nunca esteve tão feliz como está agora, ao lado dela. Satisfeito? – Eu disse, impondo meu corpo a frente de Rachel, e de frente para ele

– Eu sabia! Eu sabia que isso aconteceria! – Seu tom de surpresa sumiu, e agora dava uma impressão de desgosto e ira ao mesmo tempo – Morar com a sua mãe desvirtuaria você e sua irmã de alguma maneira! Eu sempre soube disso! Fiz de tudo para que morassem comigo no início, mas não quiseram, claro. Preferiram ficar com a mamãezinha que aceita tudo, e não tem pulso firme pra criar as filhas.

– Nunca mais ouse falar assim da minha mãe! – Vi Frannie tomar a frente da situação, se impondo entre nós dois – Se eu e Quinn somos as mulheres que somos hoje, é graças a ela! Não a você!

– Ah, então você tem orgulho disso?! Você, casada com um tapado feito ele, que acha que a vida é um grande saco de risadas, e sua irmã, lésbica, namorando uma garota! Isso é ser bem criada, pra você?

Ficamos sem reação, tudo aconteceu muito rápido. Assim que Russel parou de falar, minha mãe aproximou-se dele e não hesitou em dar-lhe um belo e estalado tapa bem no meio do rosto.

– Nunca mais ouse falar assim das minhas filhas. Elas são tudo pra mim, ao contrário do que são pra você.

– E eu terei que pedir gentilmente pra que saia – John colocou-se ao lado de Frann – Estou pedindo gentilmente da primeira vez. Da segunda, farei com que não haja gentileza alguma.

Ele encarou Russel por alguns segundo, e com um pouco de temor a outra figura masculina impotente naquela sala além dele, foi como se ele baixasse a guarda.

– Tudo bem, estou indo. Só saiba, Judy, que quando tiver que culpar alguém sobre o futuro que nossas filhas estão seguindo, culpe a si mesma. Não a mim.

Ele finalmente virou as costas e saiu porta afora. Deixei meu corpo, finalmente livre daquela tensão, cair sobre o sofá, e logo Rachel se sentou ao meu lado, apoiando uma das mãos em minha perna.

– Me desculpem por ter feito vocês passarem por isso – Minha mãe disse, voltando ao seu lugar – Acho que não fui tão clara quando o mandei embora da primeira vez.

– Isso não é culpa sua mãe… – Eu respondi, olhando-a

– Me perdoe você também Rachel, você não deveria ter que ver uma cena dessas

– Não se preocupem comigo, eu entendo perfeitamente. E até peço desculpas, por ter sido indiretamente a causa disso.

– Ei – Chamei a atenção de Rachel, fazendo com que ela olhasse inteiramente para mim – Nunca mais diga isso. Você não tem culpa de nada. Nem indiretamente nem diretamente. A culpa é dele. O idiota da história é ele. Você não tem nada a ver com isso. – Segurei seu rosto e beijei-lhe os lábios rapidamente

– Espero que isso não tenha estragado seu humor para comemorar seu aniversário, filha – Minha mãe se dirigiu a Frannie

– Claro que não, mãe. Além disso, eu não fiz aquele almoço inteiro para nada não é? Esqueçam isso e sentem-se todos a mesa. Eu já sirvo o almoço.

Seguimos todos até a grande mesa e nos sentamos. Em poucos minutos Frann e minha mãe serviram-nos alguns deliciosos pratos feitos por minha irmã.

E assim o almoço se seguiu. Depois de alguns minutos acabamos realmente nos esquecendo do ocorrido e apenas aproveitando o momento.

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Já estava anoitecendo quando anunciei que estava na hora de ir embora. Queria aproveitar o resto do dia apenas com Rachel. Talvez pudéssemos sair à noite, ou qualquer coisa que ela preferisse fazer.

– Mãe, eu já vou indo. Vai também, ou vai mais tarde? – Perguntei, aproximando-me dela

– Decidi ficar com sua irmã hoje, se você não se importar. Eu já me sinto dona do quarto de hóspedes mesmo. É porque eu preciso conversar algumas coisas com sua irmã sobre essa situação toda que aconteceu hoje. Então eu disse a ela que ficaria e ela aceitou.

QUINN’S POV OFF

Se houvesse, sobre o topo da cabeça de Quinn, uma lâmpada, ela com certeza estaria acesa naquele momento. A idéia havia invadido a cabeça de loira após ouvir as palavras de sua mãe. Era a oportunidade perfeita para aquilo que ela tanto tinha em mente já por algum período de tempo.

– Aqui, as chaves do carro – Judy entregou-as na ma mão de Quinn

Ela e Rachel se despediram e todos, enquanto Rachel agradecia pelo ótimo almoço e pela mais que agradável companhia. Ao final das despedidas, as duas saíram pela porta da frente, acenando rapidamente para Frannie, que retribuiu e então entrou.

– E então, o que achou? – Quinn perguntou, recostando-se sobre a porta do carro

– Sua família é incrível, Quinn. Sua irmã é adorável, e seu cunhado, sem palavras – Ela soltou uma risada baixa – Acho que nunca ri tanto com alguém assim. Fui recebida muito bem. Eles são um casal bem simpático.

– Tomara que enquanto estejamos aqui, eles estejam comentando o mesmo sobre nós lá dentro – Quinn pegou a mão de Rachel e puxou para mais perto – Mas então, tem planos para a noite?

– Meus pais provavelmente devem fazer a maratona de jogos lúdicos que fazemos em alguns finais de semana. Mas acredite, fazemos isso quase sempre. Eles podem muito bem jogar sem mim desta vez, sem problemas. – Rachel aproximou-se mais, pousando a mão livre sobre a cintura da namorada – Pelo seu tom, acredito que tenha algo planejada para nós, estou errada?

– É, acho que sim.

– Acha? – O tom da morena foi de hesitação, imitando o tom usado por Quinn

– É. Eu queria propor uma coisa, mas talvez você não queira…

– Diga, ora.

– Então… Como você ouviu, minha mãe vai ficar fora durante a noite. E eu pensei que ao invés de eu ficar a noite inteira sozinha, provavelmente não fazendo nada, você poderia… – A loira respirou uma fez, fitando o chão, mas logo subiu o olhar, que se encontrou com o de Rachel – Passar a noite comigo.

        Rachel surpreendeu-se com o pedido, mas o tímido sorriso se formou no canto de sua boca mesmo assim.

– Podíamos assistir a um filme, jantarmos juntas…

Rachel fez silêncio completo por alguns segundos, mesmo sua respiração era quase inaudível. Ela não acreditava no pedido que havia sido feito. Não acreditava, pois tinha medo de estar entendo tudo errado. Quinn realmente estava insinuando o que ela imaginava, ou se a noite realmente terminaria em filme. De uma maneira ou outra, a morena tinha certeza que seria ótimo que as duas ficassem um tempo a sós, e a oportunidade era essa.

– É claro – Rachel respondeu, dando um sorriso logo após

        Quinn, que já desviava o olhar para vários lugares, temendo a resposta da morena, a fitou.

– Eu adoraria – Rachel finalizou

Quinn não conteve o sorriso bobo no rosto, e o mesmo só sumiu quando seus lábios ocuparam-se demais para sorrir, já que Rachel beijou-lhe docemente, enquanto segurava seu rosto.

– Mas eu gostaria de passar em casa antes. Sabe, tomar um banho, trocar de roupa. E é claro, avisar a meus pais.

– Claro, sem problema algum… Vamos, eu te deixo em casa

A loira ameaçou sair, mas Rachel a manteve presa entre seu corpo e o carro. Sorriu e deu-lhe um demorado selinho, sorrindo entre o mesmo. Rachel finalmente a libertou, afastando-se e seguindo seu caminho até o outro lado da porta, e entrando no mesmo.

Quinn seguiu o movimento de Rachel, e em certo tempo, as duas já estavam em frente a residência dos Berry’s.

– Te vejo daqui à uma hora então, meu amor.

Quinn sorriu ao som das palavras “meu amor”. Aproximou seu rosto de dela e carinhosamente a beijou. Rachel correspondeu de imediato, mas não deixou que o mesmo durasse muito. Apenas afastou sua boca mais deixou sua testa apoiada na da loira.

– Até mais tarde – Rachel disse e então se afastou, logo saindo do carro

Quinn suspirou, voltando a realidade, e logo comemorou sozinha imaginando em como a noite seria incrível. Dirigiu de volta pra casa, estacionando o carro dentro da garagem assim que chegou. Correu pra dentro de casa, e foi direto para um demorado banho. Quando o mesmo acabou, Quinn vestiu-se de maneira confortável. Um short de tecido leve, uma camisa cinza de mangas longas e os chinelos usuais. Desceu escada abaixo e pegou o telefone, pedindo uma entrega de comida, que chegaria em poucos minutos. Largou o telefone em algum lugar qualquer e foi até a sala. Sentou-se ao chão, em frente a pequena estante, e pôs-se a procurar por algum filme que ali pudesse haver. Acabou encontrando alguns romances e os deixando sobre a mesa de centro da sala.

Checou se tudo na sala estava do jeito que queria, e assim que confirmou, subiu para seu quarto novamente. Abriu as janelas, mas deixou as cortinas fechadas. Assim, um vento agradável entrava por ali, e a iluminação da rua iluminava um pouco o quarto. A loira acendeu apenas uma de suas pequenas luminárias, colocando-a num dos cantos do quarto, deixando-o quase que a meia-luz. Observou o relógio, e viu que já fazia quase quarenta minutos que estava em casa, o que significava que Rachel talvez já estivesse chegando.

Ouviu o som da estridente campainha soar, então desceu as escadas rapidamente e seguiu até a porta.

– Boa noite – O homem alto a porta disse

– Boa noite – Quinn respondeu, recebendo o pedido em mãos

A loira pediu licença por alguns segundos e entrou, deixando a porta entreaberta. Deixou as duas sacolas sobre a bancada da cozinha e seguiu até a sala, pegando o dinheiro dentro da pequena gaveta da estante, onde sua mãe deixava sempre algum dinheiro guardado para emergências. Voltou à porta e pagou ao homem, que logo se virou e saiu. Quinn entrou em casa novamente, indo diretamente à cozinha, checar a entrega. O cheiro da boa comida espalhava-se pela cozinha. Ela tirou tudo da sacola, mas deixou dentro das pequenas e bem organizadas embalagens.

Tudo estava perfeitamente pronto para uma noite bem romântica entre as duas. Quinn tinha tudo pronto. A comida, o filme, e principalmente, todo o amor que sentia pela morena. Dirigiu-se então para o sofá, e sentou confortavelmente, ligando a televisão através do controle remoto. E então, ficou a esperar.

Os minutos pareciam não passar, e Quinn não pensava em nada mais, além de quando aquela campainha tocaria. Mas nada aconteceu. Dez, vinte, trinta minutos passados e nada de Rachel. A loira já estava inquieta. Andava pela sala, de um lado ao outro. Às vezes ousava ir até a cozinha, chegava se a comida ainda estava no lugar deixado e voltava para sala. Os dedos brincavam nervosos entre si, com as mãos a frente do corpo.

Resolveu ligar. Meia hora de atrasado era algo para se preocupar, porque Rachel realmente não era do tipo que se atrasava. Nunca. Quase esmagou o celular, quando o pegou entre as mãos e discou seu número. Os sons contínuos da chamada soavam pelo celular, mas Rachel não atendia. Uma, duas, três chamadas seguidas e nada. Uma mensagem de voz então foi deixada, nada rápido, apenas dizia a preocupação que sentia por causa do atraso inesperado.

Mais dez, mais vinte e enfim mais trinta minutos, o que completava uma hora de atraso. A loira já havia perdido a conta de quantas mensagens de texto, mensagens de voz e ligações havia deixado no celular de Rachel, mas a resposta não vinha nunca. Deitada ao sofá, com o celular entre as mãos, Quinn colocava-se a imaginar o que poderia ter acontecido. Procurava não pensar em nada ruim, até porque notícias ruins correm rápido, e se algo tivesse acontecido, seus pais já teriam ligado. Foi enquanto que idéia surgiu. Ligar para seus pais.

Empolgada com a esperança de alguma resposta, discou o número da casa de Rachel rapidamente e logo a voz de Leroy foi ouvida do outro lado do telefone.

– Oi Leroy, boa noite. É a Quinn.

– Olá Quinn! Como vai?

– Bem. Quer dizer, não muito. Estou preocupada com Rachel. Ela combinou que viria até minha casa, mas isso já deveria ter acontecido há um pouco mais de uma hora, e nada. Ligo para seu celular, mas ela não atende. Sei como Rachel é com horários e compromissos, por isso estou preocupada.

– Realmente não sei, Quinn. Ela saiu daqui tem mais ou menos esse tempo, uma hora talvez. E nos disse que iria encontrar com você, e que não deveríamos esperá-la, pois só voltaria amanhã. Talvez ela tenha ido a algum lugar antes, não sei. Comprar comida pra vocês ou algo do tipo.

– É… Talvez – Seu tom foi cabisbaixo – Tudo bem então, Leroy. Muito obrigado.

– Se ela der notícias, eu te aviso.

– Okay. Obrigada

Num movimento quase involuntário, o celular, foi jogado ao outro lado do sofá, demonstrando o descontentamento de Quinn. A loira apoiou os cotovelos sobre as pernas, e então abaixou a cabeça. Nenhuma das hipóteses que passavam em sua cabeça a levavam a crer que aquilo era algo bom. E se Rachel não tivesse gostado da idéia, e com medo de dizer não, tivesse fugido dela? Ido a outro lugar para que aquele encontro não acontecesse?

Ainda com esses pensamentos em mente, a loira pegou o celular que estava um pouco afastado, segurou-o com as duas mãos e deitou-se ao sofá e talvez por pensar de mais, pegou no sono ali mesmo.

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– Quinn! Quinn! Abre logo essa porta!

O som de alguma voz a chamando ecoou na mente de Quinn, o que a fez acordar. Esfregando os olhos lentamente, ela se deu conta de onde estava. Ainda jogada ao sofá, o celular caído no chão e a campainha tocando freneticamente. Mas o que a assustou foi perceber que o dia já havia amanhecido. Realmente o sono havia a vencido na noite anterior. A loira levantou-se lentamente, enquanto em sua mente, os detalhes acontecidos antes de seu sono voltavam a aparecer. Ajeitando os cabelos com uma das mãos, ela abriu a porta e finalmente viu a tão esperada Rachel.

A expressão da morena era de hesitação. Como se não tivesse certeza se ter ido até ali fosse a melhor opção.

– Rachel! – Quinn surpreendeu-se e correu para os braços da morena, a abraçando forte – Fiquei preocupada com você!

Quinn se afastou um pouco e passou a acariciar o rosto da morena.

– Está tudo bem? – a loira perguntou

– Sim, sim – Rachel sorriu sem jeito

– O que houve?! – Quinn finalmente a largou, e deu um passo para trás, deixando Rachel entrar – Você nunca se atrasa! Muito menos fura um encontro sem avisar! Acabei dormindo mais do que esperava, enquanto esperava por você, e olha só, já é de manhã. – Dando uma olhada rápida no relógio na parede, a loira viu que eram 7h da manhã.

– Desculpa ter vindo tão cedo… Na verdade, me desculpa por não ter vindo ontem. Perdoe-me, eu queria muito, mas realmente não pude. – Rachel parecia nervosa, mexendo com as mãos enquanto falava

– Confesso que fiquei chateada. Pedi uma entrega de comida pra gente, escolhi alguns filmes e tudo. Mas imprevistos acontecem, não é.

Rachel assentiu, um pouco desanimada.

– Mas onde você foi então? Liguei para seus pais e eles disseram que você já havia saído, e que inclusive tinha dito a eles que sairia comigo. E que passaria a noite fora! Fiquei super preocupada com você, pensando que algo ruim pudesse ter acontecido.

Quinn aproximou-se da namorada, que pareceu novamente desconfortável com a situação. Mesmo assim, a loira pousou suas mãos em sua cintura e beijou-lhe os lábios. Por mais que Rachel correspondesse, parecia que sua mente não estava completamente conectada com o momento. Quinn sentiu isso e se afastou, mas sem tirar as mãos em contato com a namorada.

– Rachel… O que foi?

– Nada, nada – Rachel tentou disfarçar a visível preocupação – Eu só… Estou com um pouco cansada mesmo. Então, me desculpa mesmo por ontem. Espero que a comida ainda esteja aqui – Ela brincou, escondendo o desconforto

– Pior que está mesmo. Eu nem toquei na comida ontem. Mas não acho que devemos comer isso. Depois eu peço outra. Além disso, agora é hora do café da manhã. Posso fazer alguma coisa pra gente…

– Eu já tomei café da manhã em casa, mas posso preparar algo pra você, sem problemas.

– Não… Isso é te explorar demais. Mas então, vai ficar um pouco, pelo menos?

– Na verdade, vou ficar bastante… Combinamos de estudar, Senhorita Fabray. Lembra-se disso?

– Nossa, é verdade. Esqueci completamente que as provas finais começam amanhã…

– Eu vou ao carro pegar os livros. Os deixei no banco do carona.

– Tudo bem. Eu vou subir e tomar um banho rápido. Depois como alguma coisa e então começamos os estudos.

– Está bem

Quinn sorriu e selou os lábios da morena rapidamente. Então subiu as escadas enquanto Rachel saia da casa, indo em direção a seu carro.

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A tarde havia demorado a passar, afinal estudar não era uma das coisas favoritas na lista de Quinn, mas era na de Rachel, por isso o estudo rendeu bastante. Graças à insistência de Rachel, estudaram para as próximas três provas que teriam. A loira bem que tentou interromper os estudos com alguns beijos e provocações, mas Rachel parecia não tirar os olhos dos livros, e tentava a todo custo fazer com que Quinn estudasse ao máximo, e entendesse as coisas que estava em dúvida sobre as matérias, o que no fundo, Quinn achava fofo.

Ao final do dia, Quinn pensou em refazer o convite feito na noite anterior, mas sua mãe voltou para casa, o que fez com que a idéia fosse embora. Rachel aproveitou a chegada de Judy, e resolveu ir também. Já começando a sentiu sua cabeça doer, Quinn despediu-se de sua mãe, sem deixá-la entrar muito em qualquer assunto, antes que uma conversa se desenrolasse, e seguiu para o seu quarto, a procura de uma boa noite de sono.

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Primeiro dia de provas finais do Mckinley. O clima no colégio se tornava diferente. Alunos recostados sobre os armários com seus cadernos a mão e até alguns pequenos grupos de estudos espalhados pelo pátio. Quinn já havia chegado ao colégio, e por acaso encontrou com Puck no estacionamento, e os dois seguiram juntos colégio adentro.

– Estudou? – Ele perguntou

– É claro. Rachel é minha namorada, se lembra? Não tenho nem a opção de não estudar.

– Verdade – Ele respondeu, dando uma leve risada

– Mas, e você?

– Eu? Claro que não. Tive coisas melhores pra fazer no final de semana.

– Puck! Você tinha que ter estudado! Não sei se percebeu, mas temos apenas mais duas semanas no colégio. É tudo ou nada. Falando nisso, depois teremos uma conversar sobre essa história de você não querer fazer faculdade… Mas agora eu preciso encontrar a Rachel, depois a gente se fala. Vê se consegue estudar um pouco, já que a prova é no último tempo.

Quinn inclinou-se sobre ele e beijou-lhe a bochecha, fazendo-o sorrir com o gesto. Logo depois, saiu andando rápido a frente, imaginando se Rachel já havia chegado e onde estaria.

Enquanto isso, Rachel mexia em seu armário de maneira nervosa, sendo observada por Kurt, que estava à seu lado.

– Rachel, quer me dizer logo o que está acontecendo com você?! O estudo durante o final de semana fez algum estrago na sua cabeça ou algo do tipo?

– Kurt, é sério. Não é hora pra piadas. Eu estou mal, de verdade. – A morena fechou o armário e apoiou-se sobre o mesmo

– O que houve? Problemas em casa?

– Não… Meus pais quase nunca me causam problemas.

– Então, tem a ver com a Quinn, não é?

Rachel nada disse, apenas direcionou à ele aquele olhar cabisbaixo.

– Conte, vamos… Desabafe.

– Não – Ela logo respondeu – Aqui não

Rachel rapidamente olhou para os lados, então pegou Kurt pelo pulso e o arrastou até a sala do coral, que estava vazia. Kurt colocou um de seus livros sobre o piano e então apoiou um dos braços sobre o mesmo, enquanto Rachel andava de um lado ao outro em sua frente.

– Ai Rachel, diz logo! Não agüento mais te ver inquieta assim.

– Mas você tem que prometer que isso não vai sair daqui!

– É claro que não vai sair daqui Rachel, agora conta logo.

Rachel mordeu o lábio demonstrando hesitação, mas logo deu alguns passos na direção de Kurt, e parou à frente dele, ao lado do piano.

– No sábado, fui com Quinn a um almoço na casa da irmã dela.

– Almoço em família. Parece que a relação está bem séria mesmo.

– Eu sei! E por isso me sinto péssima. Depois de todo o almoço e conversas, risadas e etc… Quinn disse que iríamos embora, mas sua mãe disse que ficaria. O que significava que Quinn ficaria sozinha em casa. Então ela me convidou pra jantar com ela, ver um filme talvez. Enfim, passar a noite com ela.

– Deus, espera… – Kurt parecia surpreso, mas animado ao mesmo tempo – Então vocês… Oh meu deus, me conta tudo! – Kurt balançava as mãos demonstrando agitação

– Não! Não! – Rachel prontamente respondeu – Mas eu acho que a intenção do convite era essa…

– Espera, o que aconteceu?

– Eu não fui. Eu furei com ela Kurt.

– Eu não acredito, Rachel! Sabendo como a Fabray é completamente e cegamente apaixonada por você, ela te faz um convite desse e você fura?! Aposto que ela fez muitas coisas fofas e adoráveis pro momento, e você desperdiçou tudo!

– Pior que foi – Rachel parecia decepcionada consigo mesma – No domingo eu apareci lá bem cedo, e a encontrei dormindo no sofá. Eu que a acordei, na verdade. Porque ela ficou me esperando por horas e acabou dormindo no sofá. Ela tinha escolhido alguns filmes e até tinha pedido comida para jantarmos juntas. E o pior de tudo, é que ela em momento nenhum ficou com raiva por eu não ter ido. Eu simplesmente disse que tinha acontecido um imprevisto e ela entendeu na hora. Não me cobrou explicações nem nada. Simplesmente disse que teríamos outra oportunidade. Ela… Ela é perfeita, Kurt – Rachel fechou os olhos de maneira forte por um momento, respirando fundo – É por isso que eu não posso me perdoar por ter feito isso com ela. Mas se ela descobrir isso, ela vai ficar arrasada.

Rachel já sentia os olhos marejados, e a dor em seu peito afirmava a dúvida em relação ao que havia feito.

– Rachel, se acalma – Kurt pediu docemente – Se acalma, e me conta. O que aconteceu?

– Eu… Eu não apareci no sábado, porque eu fui me encontrar com… com a Megan

Rachel disse, sentindo toda a angústia da situação que havia causado. Sabia que isso desabaria o mundo de Quinn, se ela descobrisse que havia faltado a noite que se tornaria uma das mais importantes para a relação das duas porque havia se encontrado com Megan.

– Você o que?!

A voz de Quinn surgiu no ambiente. Rachel podia jurar que seu coração tinha parado de bater mesmo que por alguns segundos. Num movimento só, Kurt e Rachel viraram-se para a porta, encontrando uma Quinn atônita. Os olhos não piscavam e os lábios estavam entreabertos enquanto ela caminhava a passos extremamente lentos para dentro da sala.

Rachel estava sem reação alguma. Sentiu a respiração falhar e nenhum músculo de seu corpo era capaz de fazer qualquer movimento que fosse. Kurt percebeu e tentou tomar a frente da situação em prol da amiga.

– Quinn, se acalma, está bem? Tenho certeza de que Rachel teve um bom motivo para…

– Kurt… – A loira agora estava parada, com os olhos fechados como se tentasse controlar as emoções – Fique quieto. Por favor.

        Kurt seu um passo para trás e prometeu a si mesmo que nem uma palavra sairia de sua boca durante aquele momento.

– Eu quero ouvir. Eu quero ouvir você dizer, porque sinceramente, estou tentando me convencer de que entendi errado – Quinn disse, já com os olhos bem abertos, e dando mais alguns passos em direção à morena – Diz Rachel.

O tom de Quinn era seco, mas potente. A morena, ainda na mesma posição de antes, balançou a cabeça negativamente, já sentindo a primeira lágrima escolher pelo rosto.

– Rachel! Diz! – Quinn foi mais imponente – É verdade isso?

– Sim – A única palavra a sair da boca de Rachel.

Quinn sentiu uma pontada no peito. Um dor que ela jurava que nunca havia sentindo. Novamente, sentia-se trocada por Megan.

– Por quê? – Quinn perguntou, também já com os olhos marejados e a voz baixa

– Eu juro que estava indo pra sua casa, Quinn. Mas ela me ligou no meio do caminho e …

– E como sempre você correu pra ela, não é?! – Agora, além do tom de completa decepção em sua voz, havia também certa fúria – Eu cansei Rachel! Cansei de viver um relacionamento a três! Porque a verdade é essa! Eu nunca tenho você por completa, porque sempre que ela quer, ela se mete entre a gente.

– Não Quinn, não é verdade!

Rachel deu alguns passos para frente, tentando alcançar a loira, mas a mesma andou para trás, impedindo o contato.

– É verdade sim! Ela tentou de todas as maneiras tirar você de mim, acabar com o nosso relacionamento. E eu aqui achando que eu tinha você, que eu tinha consigo ficar com você do meu lado. Mas a verdade, é que você sempre esteve com ela também.

– Não Quinn. Eu estou com você, você sabe disso. Por favor, não faz isso comigo. Me deixa explicar – A voz da morena já estava enrolada, e as lágrimas escorriam continuamente por sua face – Ela me ligou, chorando muito, implorando para que eu fosse encontrá-la em algum lugar pra conversar, porque ela estava arrasada demais e não tinha ninguém pra conversar, mas precisava desabafar senão acabaria fazendo alguma besteira! Eu fiquei com medo do que ela pudesse fazer e fui atrás dela. Encontrei com ela no centro da cidade e ela estava completamente arruinada, não parava de chorar. Então começou a me contar que descobriu que o pai dela estava batendo em sua mãe, porque estava com uns problemas de bebidas e ele inclusive ameaçou bater nela se ela contasse algo.

– E claro, você como salvadora da pátria, foi atrás dela. Curar as dores dela. – O tom de Quinn foi irônico

– Quinn, ela precisava de mim!

– E eu, Rachel? Eu não precisava de você?! – Quinn a fitava, enquanto o choro a fazia respirar mais forte do que o normal – Você sabia o porquê de eu ter te convidado aquela noite. Eu queria que fosse especial. E eu pensei que você realmente quisesse aquilo, por isso fiz de tudo pra que a noite pudesse ser especial pra nós duas. Fiquei chateada quando você não apareceu, mas procurei entender porque considerando o quanto eu achava que você queria aquilo, algo realmente importante teria que ter acontecido para que você não aparecesse. Mas ai você tem conseguiu ser cínica o suficiente a ponto de aparecer na minha casa, e mentir pra mim?

– Eu não menti!

– Você omitiu, Rachel! E qual a diferença afinal? – Quinn gesticulou com os braços, mas logo os deixou bater ao lado do corpo, demonstrando desistência – Pra mim chega, Rachel. Cansei de ser segunda opção no meu próprio relacionamento.

– Quinn, por favor – A morena soluçava de tanto chorar – Não faz isso comigo…

– Não faz isso comigo?! E quando a mim Rachel?! Porque você não pensou em mim quando fez isso? Ou melhor, porque não pensou em mim quando fez todas as outras vezes? Porque ela sempre se colocou entre a gente, e você tentou a todo custo me convencer de que ela era uma boa pessoa e só estava equivocada em algumas coisas. E o pior, é que eu realmente achava que depois daquela briga na festa você realmente tinha tirado a Megan da sua vida. Mas parece que eu estava completamente enganada.

– Quinn… – Rachel disse seu nome como um pedido

Quinn abaixou a cabeça, e levou as mãos ao rosto. Secou as lágrimas da forma que conseguiu e respirou fundo. Levantou novamente a cabeça, e mesmo com os olhos vermelhos e o coração doendo em decepção, fitou Rachel.

– Fique tranqüila. Eu não vou te fazer escolher entre mim e ela novamente. Desta vez vou facilitar tudo pra você – A loira respirou mais uma vez e mais uma lágrima teimou a descer por seu rosto – Acabou, Rachel. Acabou.

Quinn andou em direção a porta. Sentindo o corpo pesado e coração apertado, ela saiu daquela sala secando a última lágrima e deixando para trás uma Rachel completamente desolada, chorando em desespero sobre o abraço de Kurt.


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Notas finais do capítulo

E então?! Digam-me o que acharam! :D