And oh, my heart

E oh, meu coração

How it aches sometimes, it aches sometimes

Como ele dói às vezes, ele dói às vezes

And though we’re apart

E embora estejamos separados

I’ve got you on my mind

Eu tenho você em minha mente

Beeshop – You’re on my mind

*****************************************************************************

Sakura narrando ON

- O-o que aconteceu? – perguntei ainda confusa.

- Filha – ela tinha suas mãos em meu ombro agora e olhava firmemente em meus olhos, como que para me passar confiança – o seu avô... – ela não conseguiu terminar a frase, começou a chorar novamente e eu a acompanhava agora, não precisava que ela completasse a frase, ela me abraçava e chorava de soluçar.

- Mãe, diz que isto não é verdade... – eu chorava, e minhas lágrimas molhavam seus ombros.

- Eu não posso, minha filha – disse ela entre soluços. Eu havia me separado de seu abraço e me sentado em minha cama para ver se o choque passava.

- P-porque não me avisou antes? – perguntei tentando me recompor.

- Você não atendia seu celular – peguei meu celular em minha bolsa e tinham mais de vinte chamadas perdidas, algumas de minha mãe, outras do meu pai e havia até da minha casa.

- Desculpe mãe, eu não ouvi ele tocando – respondi sentindo meus olhos marejarem novamente e as lágrimas voltarem – cadê o papai?

- Ele está resolvendo as coisas sobre o corpo, o velório, o enterro e tudo mais.

- Mamãe, eu quero vê-lo – disse firmemente olhando para um ponto fixo na parede de meu quarto.

- Quem, o seu pai?

- Não, o meu avô – respondi olhando minhas mãos desta vez, minha vista estava embaçada devido às lágrimas, elas caíam sobre minhas mãos as molhando. Eu podia sentir o gosto salgado delas percorrendo minha face – a senhora nunca me deixou ir a um velório ou enterro antes... Disse que quando as pessoas morrem, nós devemos guardar as boas lembranças, e não a imagem dela no caixão. Eu tenho muitas boas lembranças do meu avô, mas eu quero vê-lo... Quero poder me despedir dele... – as lágrimas agora caiam com mais intensidade, senti o coxão ao meu lado afundar e uma mão envolver meu ombro, depositando minha cabeça em seu ombro. Era minha mãe.

- Tudo bem, querida – ela mantinha uma mão em minhas costas e a outra acariciava meus cabelos.

***

Eu havia tomado um banho e trocava de roupas, agora eu e minha mãe, esperávamos na sala pelo meu pai, para que pudéssemos ir juntos ao velório. Eu ainda não conseguia acreditar que tinha perdido meu avô, eu não podia aceitar. Mesmo morando em países diferentes, nós nos víamos uma vez por mês e eram sempre momentos maravilhosos.

Flashback On

Eu estava correndo pelo Central Park, rindo. Vestia um vestido vermelho e tinha na cabeça uma faixa da mesma cor. Tinha quatro anos na época.

- Sakura. Sakura, eu vou lhe pegar! – dizia um homem de cabelos grisalhos enquanto corria atrás de mim, este era meu avô. Eu acabei tropeçando e caindo, machucando meu joelho direito. Comecei a chorar, ele me alcançou – o que aconteceu, princesa? – me perguntou enquanto me pegava em seu colo.

- E-eu caí e me machuquei... Machuquei meu joelho – eu dizia ainda chorando, ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

- Oh querida, você não pode chorar assim. Lembra da sua avó? – minha avó havia morrido há um ano. Assenti com a cabeça – ela não gostava que você chorasse. Sempre dizia que princesas não choram, que a verdadeira beleza está na felicidade que sentimos. É claro que quando você sente dor você sente vontade de chorar, mas se você o fizer sua felicidade escorrerá por seus olhos. Por isto ela sempre dizia que devemos chorar apenas por uma dor. Uma dor que vem daqui – ele colocou a mão em meu coração.

- É por isto que ela virou estrelinha não é vovô? Ela era feliz, e as estrelas são símbolo de felicidade, não é? – perguntei o olhando, ele riu.

- É sim querida, pois elas brilham em nossas vidas todas as noites, tornando a escuridão mais bela.

Flashback Off

Se depois que morrem as pessoas viram estrelas porque tiveram uma vida feliz, meu avô se tornaria a mais bela estrela. Ele sempre foi feliz, eu só o vi chorando duas vezes, uma vez quando minha avó morreu, e na outra quando seu irmão Hideko morreu.

Flashback On

- Porque está chorando, vovô? – perguntei entrando em seu escritório, eu tinha sete anos. E nunca batia na porta antes de entrar. Sentei-me em seu colo.

- Lembra quando eu lhe disse, que as pessoas só deveriam chorar quando sentiam uma dor que vinha daqui? – disse ele pegando em meu coração, assenti com a cabeça – então, o vovô está sentindo esta dor agora, por isto está chorando – respondeu ele ainda com lágrimas nos olhos.

- Mas vovô, porque o senhor está sentindo esta dor em seu coração?

- Meu irmão, Hideko virou estrela. E foi se juntar a sua avó.

- Mas não era para o senhor estar feliz? Eles viraram estrelas porque foram felizes, certo?

- Sim, minha princesa. Mas quando uma pessoa vira estrela, outras pessoas choram, porque sentem dor em seu coração ao pensar que não terão mais aquela pessoa ao seu lado, que ela estará longe, lá no céu – ele apontou para cima, olhei confusa para ele com uma das sobrancelhas erguidas – Sakura, há muitas coisas que você ainda não entende. Mas um dia, quando amar uma pessoa intensamente e ela virar estrela, vai compreender esta dor.

Flashback Off

Agora eu compreendia perfeitamente esta dor. Quando minha avó morreu, eu não entendia, era muito pequena para isto e fiquei feliz ao pensar que ela havia se tornado uma estrela. Eu queria me tornar uma estrela também, que brilhasse bastante e iluminasse as noites das pessoas.

Eu podia nunca ter ido a um velório ou enterro, mas agora eu sabia como era a dor de perder alguém, perder uma pessoa querida. Eu sentia aquela terrível dor de que meu avô me falara. Era como se um pedaço do meu coração tivesse sido arrancado sem anestesia, deixando um enorme vazio ali, que jamais seria preenchido.