O Segredo de White Village escrita por Mi-chan


Capítulo 2
Sentimentos inegáveis




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Capítulo II- Sentimentos inegáveis

O ano letivo começou agitado. Trabalhos, pesquisas, teses, seminários, provas; os dias passavam numa velocidade incrível. Kamus finalmente conhecera os amigos de Mu, Shaka e Milo. Todos eram muito amigos, apesar de serem tão diferentes.

Aldebaran, um rapaz muito grande, tanto em altura quanto em largura, viera do Brasil e tinha algumas características de seu país natal: era tranqüilo, gostava de uma boa festa e era amigo de todos, sempre disposto a ajudar, com seu jeitinho brasileiro de resolver os problemas.

Saga e Kanon, juntamente com Aiolos, e às vezes Milo, eram os galãs do grupo. Esbanjavam sensualidade e tinham as mulheres, e os homens, que quisessem. Porém dificilmente tinham relacionamentos longos, embora, diziam as más línguas, que Saga e Aiolos tinham um caso (e que Kanon não ficava de fora não).

Máscara fazia o estilo bad boy do grupo, tanto que o chamavam de Death Mask, ou Máscara da Morte. Era super ciumento com Afrodite, mas era óbvio que o amava muito, pois chegava a fazer programas que detestava só para fazer o sueco feliz. Tinha a mania de falar muitos palavrões em italiano, seu idioma natal.

Aiolia era um cara bem engraçado, assim como o irmão, e seria tão galã quanto ele se já não tivesse sido fisgado por Marin, que junto de Shina, namorada de Shura, era uma das poucas mulheres do grupo.

Dohko, que trabalhava na maior livraria da cidade, junto de Shion, primo de Mu, nem sempre estava presente nas reuniões dos Golden -como eles gostavam de se autodenominar. Embora fosse mais novo que os demais, muitas vezes parecia ter a sabedoria de um ancião. Era muitíssimo inteligente, talvez por isso se desse tão bem com Shion. Bem até demais. Quantas vezes Kamus não os pegou trocando olhares no mínimo... suspeitos. E pressentia que Mu e Shaka trilhavam caminho semelhante.

Shura era um espanhol muito simpático, desde que não pisassem em seu calo. Ele e Aldebaran protagonizavam as discussões mais divertidas naquele grupo. Vivia com Shina o romance mais “caliente” dentre os Golden.

Afrodite era um caso a parte. Além de ser, indiscutivelmente, o mais belo (em sentido andrógino), era também simpaticíssimo e sabia de tudo que se passava na cidade. Conhecia todo mundo e possuía muitos amigos , o que deixava Máscara fulo da vida; e alguns inimigos também, porém não se importava com isso. Às vezes era inconveniente e gostava de por lenha na fogueira, mas era uma boa pessoa.

Kamus encontrava-se agora menos introvertido, tinha muitos amigos, estava muito bem nos estudos e no serviço, andava escrevendo muitas histórias, porém sentia que faltava algo. Alguém. E sabia quem era esse alguém, porém sua razão recusava-se a aceitar tal coisa.

Desde aquela noite, certos pensamentos e sentimentos o perseguiam. E a convivência só os aumentava. Tentou afastar-se, porém só se sentia pior quando se distanciava. Sua sensação de vazio era mais evidente quando não estava por perto.

Tal sentimento o fazia ter noites insones, sonos inquietos e sonhos absurdos. Durantes muitas madrugadas acordava suado, assustado e ainda sofrendo certos “efeitos” que seus sonhos lhe causavam. A simples visão desse alguém o deixava sem ar, com o coração acelerado e o rosto enrubescido.

Encontrava-se sentado em sua cama, o laptop em seu colo, os dedos trabalhando rápido sobre o teclado. Uma ótima idéia lhe surgira e de tão concentrado que estava nem percebeu na figura que adentrara o aposento. Reparou apenas quando uma voz já tão conhecida ecoou em seus ouvidos.

–Escrevendo outra história? –perguntou o grego que acabara de voltar de sua caminhada matinal e encontrava-se apenas de shorts, deixando seu tórax bem trabalhado à mostra, guardando o discman numa das gavetas da cômoda.

Kamus apenas afirmou com um aceno, aturdido pela visão da pele bronzeada do escorpiano, que deixara boa parte de sua nuca a mostra ao prender os vastos cachos azuis num alto rabo-de-cavalo.

–É outro suspense? O último que você escreveu era muito bom. Sorte que na escola ensinavam francês, senão eu tava frito –riu Milo jogando-se na cama e olhando fixamente para o aquariano, que sentiu- se profundamente envergonhado.

–É um... romance –murmurou sem-jeito.

–Não é daqueles romances do século XIX onde o cara morria por amor à mocinha indefesa, é? –disse o grego fazendo uma leve careta, levando Kamus a dar uma leve risada.

–Oh, não. Na verdade a mocinha da história não tem nada de indefesa... –comentou com um pequeno sorriso em sua face quase sempre tão séria.

–Ah bom, assim eu leio. Romance muito água-com-açúcar não tem graça. Gosto de tempero na história. –sorriu malicioso, ainda fitando a alva e delicada compleição do francês.

–Eu não sei se dará muito certo. Tive a idéia de repente e não sou um romancista muito competente.

–Mas vou ler do mesmo jeito, tá? –disse mostrando a língua –Ai droga! –levantou-se e correu para frente do computador, ligando-o –Esqueci, tenho um trabalho enooorme pra entregar na segunda! Merda! Ah... –virou-se para o aquariano –você vai pra festinha que o Dite organizou na Frutaria do Aiolos? Se for avisa que não vai dar pra ir por causa desse maldito trabalho.

–Para falar a verdade também não poderei ir. Tenho de elaborar uma tese em cima de uns livros e quero ver se termino a história ainda hoje.

–Que legal! Pelo menos não vou ficar aqui sozinho –sorriu, tornando a fitar o monitor em seguida.

–Hoje é meu dia de lavar a cozinha –disse Kamus fechando o laptop e levantando-se da cama –Licença –disse pouco antes de fechar a porta atrás de si.

Milo começou a fazer seu trabalho, mas sua mente estava distante. Nesses últimos meses quantas vezes não se pegou contemplando aquele francês? Por muitas vezes controlou-se para não beijar os lábios finos e róseos, não agarrar o corpo bem-feito, tocando-o e descobrindo-o. Até em seus sonhos o aquariano o acompanhava, provocando-o, mexendo com seus sentidos. Nunca sentira medo de arriscar-se para ter alguém que desejava. Dessa vez, entretanto, era diferente. Kamus era diferente. Alguém que não desejava apenas por diversão. Era alguém com o qual se sentia à vontade. Alguém com quem poderia mostrar-se sem medo e, apesar dos distintos pontos de vista e personalidade, era alguém que despertara algo além de mero desejo.

Esperou muito tempo para tomar a iniciativa, mas de hoje não passava. Pensou no que faria e um de seus sorrisos característicos estampou-se em sua face.

–É hoje... –murmurou à tela do computador, começando a tentar prestar atenção no que digitava.

A tarde passou envolta em pesquisas e serviços domésticos. Por volta das 5:30 pm Mu e Shaka bateram à porta do quarto avisando que estavam de saída.

–Vocês sabem como as festas de Afrodite são longas –disse Mu –Não duvido nada que nem voltemos para casa hoje, por isso não nos esperem, certo? Vamos Shaka –sorriu Mu olhando meigamente para o indiano e fechando a porta atrás de si, deixando Milo e Kamus envoltos em seus respectivos trabalhos.

Já eram quase 8:00 pm quando Milo finalmente desgrudou os olhos do computador.

–Terminei, graças a Deus! – exclamou Milo que desligara o computador e passava a mão freneticamente sobre os olhos – E o seu como tá?

–Quase no fim –disse Kamus sem ao menos parar de digitar.

–Vou ver o que vamos comer. Qualquer coisa estou lá na cozinha –avisou saindo do aposento.

Pouco tempo depois Kamus saiu do quarto e foi até a cozinha onde Milo tentava cozinha alguma coisa.

OooOooO

–É... até que não foi tão ruim –riu o escorpiano ao ver os pratos já vazios em cima da mesa.

–Estava bom –disse o aquariano com sinceridade.

–O que acha de uma boa dose de vinho?

–Boa idéia.

–Eu pego –disse ao levantar-se, pegando na pia uma garrafa que havia separado anteriormente. Colocando-a em cima da mesa, abriu-a e serviu duas taças.

–Hum, ótima safra –comentou o francês provando um pouco do líquido escarlate.

–Realmente muito boa –disse Milo ao virar a taça de uma vez e servir-se novamente.

–Cuidado, assim você ficará bêbado –alertou Kamus.

Era isso mesmo que o grego queria que o aquariano pensasse: que havia exagerado um pouco na dose. Assim qualquer coisa que fizesse e não agradasse poderia ser justificada pelo excesso de álcool. Ele, porém, tinha tudo calculado. Apenas uma garrafa de vinho não era o suficiente para deixá-lo alcoolizado, mas Kamus não sabia disso.

Passaram algum tempo conversando sobre amenidades até decidirem ir ao quarto, onde Milo disse ter um cd que interessaria a Kamus.

Assim que entraram no quarto Milo fechou a porta atrás de si e fitou as costas de Kamus com puro desejo. O francês virou-se e, ao fitar os profundos olhos azuis do grego, sentiu um ligeiro arrepio percorrer-lhe o corpo.

–M-Milo... você está bem? –foi a única coisa que conseguiu pronunciar, aturdido com o olhar faminto do escorpiano.

–Estou ótimo... melhor do que nunca –disse ele aproximando-se aos poucos de Kamus; a luxúria transbordando de seu olhar –Pois finalmente reuni coragem para te dizer algo que quero dizer a muito tempo –Kamus sentiu seu corpo ir contra a parede ao mesmo tempo em que Milo pousou sua mão ao lado de sua cabeça, encostando levemente seu corpo ao do francês.

–O-O quê? –sussurrou o aquariano embora parte de si soubesse exatamente o que ele diria. E ansiava que o dissesse.

–Que te desejo desde o primeiro momento que te vi. Que a convivência só foi confirmando o que sinto e fez algo muito maior. Que o que quero é mais que uma mera noite de prazer. Eu te amo –murmurou ele fitando-o intensamente nos olhos.

O francês enrubesceu ao escutar tais palavras. Há um bom tempo queria escutá-las. Desde aquele dia em que vira o grego, tão belo, observando as estrelas. Não, talvez fosse até antes disso. Porém teve medo. Não de expor seu desejo ao escorpiano, pois ele por diversas vezes mostrara-se liberal em relacionar-se com outros homens. Mas sim de expor seu amor, seus sentimentos. Afinal o grego não era do tipo que se prendia a relacionamentos duradouros. Surpreendera-se, no entanto, ao saber que seus sentimentos eram sim correspondidos. Mas algo ainda não estava certo.

–Milo... tem certeza do que está dizendo? Amanhã, quando o efeito do vinho passar, você ainda dirá a mesma coisa? –perguntou aflito com a possível resposta.

–Sei muito bem o que digo –sussurrou ele –Eu te amo Kamus e posso repetir quantas vezes você quiser.

Kamus, porém não deu chance dele repetir. Assim que terminara a frase o francês colou seus lábios aos dele, iniciando um beijo lento, mas repleto de sensualidade. Milo correspondeu no mesmo ritmo imposto pelo francês, suas línguas numa torturante e maravilhosa dança; o gosto do vinho dando um tempero a mais no beijo. Separaram-se minutos depois, buscando ar.

–Finalmente entendi o significado de “beijo francês” –riu Milo abraçado ao aquariano, que soltou uma breve risada com o senso de humor constante do escorpiano –Será que os franceses são bons amantes também? –perguntou com malícia na voz.

–Quer fazer o teste? –respondeu Kamus no mesmo tom malicioso, puxando Milo, que já se encontrava sem a camiseta azul-marinho, até a cama, fazendo-o deitar-se.

–Claro que quero –disse o grego puxando Kamus para cima de si e beijando-o com lascívia.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Tá bom. Fui meio cruel por acabar o capítulo onde seria um lemon. Nessa fic, porém acabei não fazendo lemon algum. Depois explicarei o porquê.


Esse é o cap mais curtinho dos três. O próximo é o maior e o último.


Curiosidade: Pra quem não sabe eu comecei a escrever essa fic logo após ler o conto O Segredo de Brokeback Mountain, por isso o nome da fic. Mas acho que as semelhanças não vão muito além disso.


Espero sinceramente que estejam gostando.


Reviews para esse capítulo, onegaishimasu! o/


Kissus e até o próximo capítulo o/


|Mi-chan|


PS: Quem está sentindo falta do Dite nesse capítulo anime-se!! Ele aparecerá no próximo capítulo, assim como outros casais yaoi que amo de paixão (incluindo um que nunca escrevi e não é nada convencional...)



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