Vida De Princesa escrita por Lady Riquelme


Capítulo 57
Capítulo 57 - Sangue


Notas iniciais do capítulo

Homenagem a flor linda e fofa da Lola Story que recomendou V.P.



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Ele me olhava admirado conforme contava das minhas poucas memórias, minha avó sorriu contente por lembrar agora, mas ainda existia um grande branco dentro da minha cabeça, não havia lembranças boas referentes a Dorian, a única boa que tive foi na campina quando ele contou, depois do beijo fiquei desesperada e acabei fugindo, a enxurrada de memórias chegaram com tudo enquanto corria sem saber para onde, rostos e palavras que apareciam sem lógica, lembrei-me de coisas ruins, de pessoas boas, momentos esquisitos e nomes conhecidos, fui amparada pelo homem que reconheci como o tarado da livraria, Richard, príncipe Richard, as imagens da livraria e do primeiro encontro na Academia vieram a mente e foi assim que soube que era confiável o suficiente pra me ajudar, de lá me levou para sua casa me abrigando e questionando o quanto eu sabia, contei-lhe as poucas coisas, e ele pode esclarecer mais algumas que ficaram sem respostas quando voltaram sem ordem cronológica, agradecendo sua ajuda pedi que me levasse para o Chateau, mas insistiu para que um médico me examina-se e assim foi feito, omiti sobre o sangue na consulta, não precisava preocupar mais pessoas agora, tudo que importava era lembrar, saber ao certo tudo que aconteceu, afinal a minha vida estava de cabeça pra baixo.

– Então foi isso. – relatei os detalhes – Preciso do meu diário de anotações.

– Esta comigo. – disse Cales dando um passo à frente – Ficou no carro quando fugiu.

– Por que fugiu? – questionou minha avó observando-me atentamente.

– Com as lembranças que voltaram no momento me desesperei e acabei fugindo, sem motivo ou razão aparente. – comentei olhando para as mãos – Desculpem, mas ainda é muito novo, e essas lembranças que voltam me deixam mais confusa em relação à vida do que todo o resto que um dia imaginei para essa nova fase.

– Eva. – chamou minha mãe – Não há nada de errado em ti.

– Acredite mãe, tudo é errado em mim. – afirmei respirando profundamente – Você deveria ter tido aquele filho ao contrário de mim, eu deveria ter morrido no lugar dele.

– Não Eva, não podíamos salvar Dante. – disse parando a minha frente – O que te garante que ele não seria igual a você? Gêmeos sempre são iguais.

– Ele não cometeria os mesmos erros que eu. – comentei afastando-me – Sinto muito mãe, mas a verdade é que eu não devia ter nascido.

Dando-lhe as costas segui para as escadas, apesar de não lembrar o presente eu lembrava do passado, da história do meu nascimento da morte do meu irmão gêmeo e de como ela jogava na cara do meu pai sempre que podia que eu não devia ter nascido, mas sim Dante, eu ainda via na minha mãe um monstro como era antes, na minha infância e apesar de agora ela estar diferente aquelas palavras ainda estavam cravadas a ferro em meu celebro. Subi tonteando para o quarto, a mente voltava a nublar e confundir ainda mais tudo que já tinha lembrado.

Você sempre será o meu milagre. – disse papai – Meu orgulho, não importa o que aconteça.

Comporte-se como uma moça, seja uma princesa. – ordenou a Rainha.

Siga o seu coração. – sussurrou Dark.

Seja você mesma, isso nunca poderá ser mudado, ser o que você é. – disse o homem sorrindo pra mim – Isso que te torna especial, não um título ou uma coroa, mas o que você realmente é, Eva.

Cai pra frente na ultima lembrança, em meio à escada encostei minha cabeça no degrau tentando respirar, o tapete vermelho apareceu em meu foco e novamente algo escorreu de mim, sangue, o mesmo tom do tecido, mas este um problema pra mim, conseguindo sentar passei a mão no meu nariz tirando qualquer indicio do que acontecera, talvez estivesse morrendo mesmo, assim como Dante.

– Eva! – chamou alguém me tirando dos meus pensamentos – O que aconteceu? Esta bem?

Dark apareceu em minha visão assim como na minha lembrança, correndo até chegar a mim, sentou-se tocando minha testa e corpo procurando algum indicio de dano da queda, apenas peguei suas mãos tentando acalmá-lo, mas assim que o fiz me arrependi ainda tinha nelas o sangue e isso o assustou ainda mais, coloquei o dedo em sua boca silenciando-o caso tentasse gritar chamando por ajuda, apenas acenei como em um consentimento para que não fizesse nada, assim me amparando chegamos ao meu quarto e postando-se a minha frente perguntou.

– O que esta acontecendo?

– Eu estou lembrando. – sussurrei simplesmente – Mas sangrando a cada lembrança.

– Isso pode ser um aneurisma cerebral, você precisa procurar um médio. – exclamou preocupado e com o tom de um pai mandão, ele seria um bom pai.

– Você vai me levar, sem ninguém saber. – acrescentei olhando para as minhas mãos, esfregando o sangue dali – Sem mais preocupações para eles, já basta estar sem memória.

– Ela deve voltar em breve, tem que se esforçar para conseguir lembrar.

– Esses esforços que resultam nisso. – exclamei levantando as mãos – Mesmo que sem esforço a dor e confusão causam isso.

– Precisamos levar você no médico, urgentemente. – afirmou puxando-me pelas mãos para closet já procurando uma roupa – Troque de roupa, vamos agora mesmo.

– Daniel. – chamei fazendo-o para no segundo que disse seu nome – Eu estou bem por agora, não vou morrer nesse exato momento, só preciso descansar, foi um dia cansativo pra mim.

– Dorian? – deduziu me assustando.

– O… que?

– Acho que não se lembra realmente dele e da relação que tiveram, mas eu lembro. – sorriu delicado, tentando não me assustar – Ele é o homem que você ama e que também a ama, mas que não tem forças para assumir na sociedade pela diferença de classe social e idade, ele é um pouco mais velho do que você, isso não é realmente o fato dele não querer assumir, é medo o verdadeiro motivo, Dorian tem medo de você, do que você é.

– Uma princesa.

– Sim, ele pode ser um conde com alguns bens, mas nada comparado a um reino e um titulo de nobreza, isso o deixa com medo, não superar as expectativas que o seu povo tem sobre você, ele tem medo da sociedade rejeitá-la se ficassem juntos.

– Por… que não me disse antes? – questionei abismada caindo pra trás na cama.

– Para não assustá-la como agora. – reclamou sentando-se ao meu lado – Sei que não se lembra de nada, de que John foi seu único amor, mas com Dorian você redescobriu isso, um amor diferente, como você mesma tinha dito antes, não serei eu a dizer as qualidades daquele homem, mas sei que o ama e que sofre por isso também.

– Esse é o meu mal. – expliquei bufando – Só de vê-lo meu coração se aperta, o medo e sofrimento voltam com tudo, não sei o que esse homem fez pra mim, mas não foi algo bom, posso amá-lo como diz, mas algo mudou nesses ultimos dias que esqueci, antes do acidente aconteceu alguma coisa para minha memória apagá-lo.

– Eva. – chamou novamente dessa vez pegando minhas mãos – Você é a minha irmã e desejo o melhor pra você, na hora certa vai lembrar e tomar a escolha correta, do seu coração e mente.

– Obrigada. – sussurrei abraçando-o – Você é o irmão que não pude ter.

Senti ele sorrir contra meus cabelos, mandando novamente trocar de roupa o fiz para ele me por na cama acariciando meus cabelos enquanto o sono chegava, acabei adormecendo e em algum ponto escutei ele falar com alguém, vozes distorcidas pelo sono, a nevoa ainda confusa para saber com quem falava, mas sabia que era com ele, gemi em protesto, não queria Dorian perto, muito menos ali, reclamando na mente voltei a adormecer, meu corpo doía não tinha mais a serenidade de antes, mas sim algo desconfortável, parecia mais pesado do que o de costume, caminhei para onde quer que seja, estava escuro, muito escuro, cada passo era um peso em meus pés, mas me obrigava a caminhar, procurava uma luz, uma direção até que senti tudo desabar, o baque do meu corpo no chão e tudo clarear. Pisquei os olhos pra claridade atordoante, eu estava no chão, meus cabelos caíram em frente ao rosto e senti a cabeça doer pelo impacto, alguém me segurava ali, protetoramente braços fortes me prendiam junto a um corpo que não reconheci, gemi em protesto tentando levantar quando finalmente as garras me soltaram.


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Notas finais do capítulo

Sim pessoal, novas revelações, Eva não seria filha única a Condessa Cláudia teria gêmeos e o garoto Dante acabou falecendo, Dante é o sobrenome do meu irmão, fazendo homenagem ao meu baixinho. Agora um fato importante, Eva esta doente por causa do acidente e o atentado, por isso os sangramentos, além disso ela esta voltando a ser sonambula e tem muito ai que vai esclarecer as coisas no futuro.
Espero que meus leitores não tenham me abandonado, como citei antes eu acho, vou lançar outro livro antes de Encantada Transformação, este se chama Cartas de Um Homicídio e já estou escrevendo e falando com algumas editoras, desejem sorte.
Xoxo



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