Após tantos anos preso nesta casa, sozinho, tendo que suportar a incompreensão daquela que se chama de minha mãe, convivendo com meus irmãos, muitos que são como eu, mortos, tendo que matar pessoas para que um novo casal possa vir e, talvez, dar àquela que me acolheu mais do que minha própria mãe, como um filho.

Hoje uma tal família Harmon se muda para cá, soube que o pai, Sr. Ben Harmon é psiquiatra, a mulher tocava violoncelo. Parece que têm uma filha já crescida.

Constance, diz que eu devo me aproximar mais desta família, esperar o momento certo para que o plano dê certo, ela também quer um neto. Eu odeio quando ela acha que eu sou o único que pode dar algo perfeito a ela, odeio o fato dela querer que transformar no filho perfeito, achar que sou o filho perfeito. Eu digo a ela que Adelaide também pode lhe dar filhos lindos, mas ela acha que não. Maldita mania de perfeição que essa mulher tem.

–-------Os Harmon Chegam ------

Eu vi os Harmon chegando agora há pouco, no momento estão reconhecendo a casa, olhando os cômodos, admirando a decoração. A filha deles, Violet, parece ser muito interessante... diferente de todas as outras garotas.

Violet parece ter achado a casa interessante, um pouco assustadora... Parece que ela se interessou mais pela casa depois que soube da morte daqueles gays...Isso porque ela mal conhece a real história ainda.

Parece que eles se mudaram para cá porque a Sra. Harmon sofreu um aborto espontâneo e foi traída pelo Ben... Intrigante, eu diria. Esse homem parece não dar muito valor a esposa que tem, para traí-la. Ele parece amá-la de verdade, e parece que quer recomeçar uma vida aqui, esquecer o passado.

Ah, o passado... Seria tão bom poder recomeçar do zero, como se nada tivesse acontecido... pelo menos para mim seria diferente, afinal, as escolhas foram minhas; ou talvez eu fizesse tudo aquilo novamente.

Moira já foi se apresentar para os novos patrões, com certeza, aquela mulher será muito provocante para o Benjamin, coitado. Pude ver que, assim que ele a viu, ficou nervoso, sem palavras; ele sabe que não vai ser fácil aguentar uma empregada com ela. Pobre Moira, tão frágil sentimentalmente, tão inocente. Só espero que ela não se envolva demais com eles, nem que ela conte algo sobre o nosso segredo.

Adelaide diz que Violet é uma menina bonita, e que quer ser como ela. Pobre Addie, ela não sabe que é bonita do jeito dela e se sente inferior. Minha irmã é realmente muito especial.

Minha mãe quer que eu marque uma consulta com o Sr. Harmon, assim o farei. Talvez seja uma boa oportunidade para conhecê-los. É claro que aproveitarei esta brecha para me aproximar da filha do casal, ela me deixou um tanto curioso. Há muito não me sinto assim.

Neste primeiro momento preferi apenas observar a instalação da família.

Viv parece estar um pouco assustada com o fato da morte dos gays na casa, está preocupada com a adaptação da filha, talvez também com sua própria adaptação, parece que não foi muito de seu agrado se mudar. Espero que essa vadia não estrague os planos já traçados.

Benjamin insiste em querer apagar o passado, esquecer o que ele fez. Porra, ele força muito a barra com a esposa, se eu fosse ela, já o teria matado há muito tempo. Ele insiste em analisar psicologicamente todas as ações das pessoas, extremamente irritante.

A tal Violet parece ser o tipo de menina problema, toda errada. Ela fuma, uma viciada. O esperado, uma vez que os pais também são fumantes. Parece que ela guarda algo para si, para não parecer frágil, talvez. Amanhã a acompanharei até a escola, claro, sem que ela me veja, acho que ainda não é o momento certo. Amanhã também tenho a consulta com o Sr. Ben, atuar nunca foi meu forte, mas me esforçarei, já que é para agradar aquela que tanto me acolheu.