Inverno. escrita por AmandaMelo


Capítulo 1
Capítulo 1




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Fico querendo saber o que ele está fazendo agora. Será que tudo que ele disse foi uma desculpa para ficar com outra? Ele se cansou de mim? Quem vai fazê-lo sorrir de hoje em diante? Com quem ele vai dormir abraçado está noite? Quem ele vai ver quando acordar? Será que ele irá se lembrar de mim?

Perguntas idiotas. Pensamentos idiotas. Afinal ele mentiu para mim, disse que nunca me deixaria nunca me abandonaria.

Seus cabelos loiros lisos e ondulados nas pontas, pele parda clara, seus olhos cor de mel, tudo dele não sai de minha cabeça. Como vou viver sem minha Ideologia? Como será viver só ouvindo Cazuza cantar: “E por você eu largo tudo/ Vou mendigar roubar, matar/ Até nas coisas mais banais/ Prá mim é tudo ou nunca mais/ Exagerado/ Jogado aos teus pés/ Eu sou mesmo exagerado.”

Como viver sem minha respiração, minha visão, minha audição? Porque ele é o ar que respiro, a única beleza que vejo, a única e perfeita música que escuto. Pra mim sua voz é a música mais linda desse mundo. O timbre perfeito, cantando Cazuza pra eu poder acordar todas as manhãs. Antes eu era uma folha verde, eu o tinha me abraçando, beijando, Ouvindo minha opinião, me amando todos os dias. Agora estou seca sem seus cuidados fico seca. "SEM VOCÊ FICO SECA" gritei pra mim mesma. Uma voz interrompeu meus pensamentos.

- Filha o que aconteceu entre você e o Wagner? Por que você está chorando? – Dona Rita disse me encarando triste. – Deve ter sido só uma briga de casal. Todos nós temos.

- Nada... Só não estamos mais juntos. – Limpei minhas lágrimas e peguei a blusa da escola de sua mão e vesti, fui até minha cama coloquei minha bolsa e peguei meu óculos em cima da cabeceira e o coloquei.

- Vocês brigaram tão feio assim?

- Não, ele só foi embora. Não temos mais nada do que um passado.

- Por que filha?

- Não sei... Posso ficar sozinha? – Perguntei me sentando. Não estava com vontade ir ao colégio.

Quero ir a Praça Paris, me sentar no gramado em frente a fonte que tem lá e sentir o sol quente sobre minha pele, me aquecendo.

- Sim filha. Mais você tem que ir para escola, já faltou quase à semana inteira.

Sorri de leve e sai do meu quarto.

O que vou disser quando todos perguntarem por ele? Como disser que perdi o amor da minha vida?

 Já imagino meus familiares maternos falando mal. Todas minhas primas tinham inveja do meu Wag. Ele sempre foi gentil, educado, bonito, carinhoso, dedicado. Meu tio materno tinha raiva porque minhas primas nunca tiveram alguém como meu Wag.

Tia Selma sempre me dava os parabéns por namorar ele e brincava com ele perguntando o que ele fazia com uma menininha e ele dizia que eu era uma menininha-mulher. Vovó o adorava, ela sempre dizia que se meu pai fosse vivo adoraria ter ele como genro.

Mas ele simplesmente me disse que viajaria, mudaria a vida, e que eu merecia alguém melhor. Que eu deveria ter uma vida normal.

Como ele diz para mim que tenho ter uma vida normal? Eu já tinha uma vida normal com ele, agora não imagino nada sem ele. Acordar sem ele, dormir sem ele, voltar da escola sem ele. Minhas lágrimas desceram e suspirei. Toda vez que eu me alterava e ele me dizia: “Calma amor, vai dar tudo certo”. Como vai ser amanhã? Como vou acordar e saber que não posso mais ouvir sua mesmo que seja por telefone? Se essas noites foram terríveis como vou sobreviver às outras? Nem sei mais se vou conseguir ir até a escola, tudo me lembra ele, tudo me lembra seu sorriso, seu corpo forte, sua voz grossa e sedutora. Descendo as escadas penso que vou encontrar ele na cozinha conversando com meu irmão mais novo Matheus sobre futebol, mas a única coisa que vejo é tia Selma sentada com um cigarro com cheiro de menta entre os dedos e lendo o jornal da semana passada que seu novo namorado disse que tinha a entrevista com a atriz que interpreta sua série de TV favorita, Corpos Reconstituídos.

 - Filha está tudo bem? – Disse jogando o jornal em cima da mesa e me encarando.

 - Sim tia. Vou pra escola, tchau. – Passei por ela e voltei para encará-la. – Por que está sem o colar que Roberto te deu? – Perguntei confusa.

 - Cuidado com as ruas, o mundo está muito perigoso hoje em dia Ananda. – Disse e deu um trago em seu cigarro e jogou a fumaça na minha cara.

 - Terei. – Disse a olhando confusa

Sai pela porta da frente, abri o portão devagar esperando encontra – lô na outra calçada da rua me esperando para me dar um beijo como todas as manhãs passadas. Como viver sem meu primeiro e verdadeiro amor?

Tantas perguntas que faço para mim mesma sem saber a resposta de nenhuma delas. O que uma pessoa normal faria se perdesse o amor de sua vida? Você se foi... Meu Wag se foi. Mesmo tendo dito que nunca me deixaria.

Abro o primeiro bolso da minha mochila e pego a maçã, fechei o zíper e mordi a maçã enquanto andava engolindo o choro desesperador. Um nó se forma na minha garganta e me engasgo com minha maçã, começo a tossir e a jogo no chão com raiva e mastigo o que restou na minha boca enquanto engulho o que estava entalado. Tusso mais enquanto o que engoli se entala em minha garganta e um menino começa e me ajudar batendo nas minhas costas, e engulho tudo e viro para encará-lo.

 - Obrigado. – Disse sorrindo e ele responde só um:

 - Não há de que. E sai andando em direção ao Metrô.

Vou até o ponto de ônibus e espero um chegar.

Entro pelo portão da escola vejo minha melhor amiga Diana sentada, vira o rosto e me vê, ela vem correndo exatamente até a mim.

 - Amiga sua mãe me contou que você e o Wagner brigaram. Me conta tudo direito entendeu? – Me olhou séria e suspirei.

- Ele disse que eu merecia alguém “Melhor que ele” – Fiz aspas no ar com as mãos e rimos juntas. – Não sei nem o que fazer. – Diana cruzou os braços e fez uma carinha triste.

 - Vamos comigo a uma festinha? – Ri balançando a cabeça em forma de brincadeira. – Ananda, o que você precisa para melhorar é encher a cara e se divertir.

 - Há. – Disse olhando para o chão e engoli o choro.

 - Por que ele terminou?

 - Simplesmente não me disse. Só que eu devia ter uma vida normal, que ia viajar e outras coisas.

Tocou o sino da primeira aula. Como enfrentarei essa aula chata sem me lembra do Wag? Acho que estou pior que Holly Kennedy. Gerry nunca quis deixá-la, nunca quis partir. Holly perdeu o marido, o amor da sua vida, mas mesmo depois de morto ele continuou com ela em suas cartas.

 - Vamos. Aula de Espanhol.  – Diana falou com um suspiro na voz.

Entramos no pátio e fomos subindo a escada cada degrau devagar e flashback dos nossos momentos juntos na minha cabeça iam passando e minhas lágrimas descendo de meus olhos como desce a água cristalina em um rio. Todos que iam passando por mim me olhavam, alguns como quem não entendia outros com pena mais um simplesmente se destacou era o garoto alto de cabelos negros, pele parda. O mesmo garoto que me ajudou mais cedo quando me engasguei. Sequei minhas lágrimas, e levantei o rosto com minha garganta soluçando e Diana me abraçando.

Por que eu nunca tinha reparado nele antes? Talvez ele seja novo na escola. Ele simplesmente me parou e perguntou.

 - Oi, é que sou novo aqui você não me conhecem... Mais posso saber por que está chorando? – Eu fiquei sem nenhuma desculpa. Por mais que eu tinha pensado em uma não tinha como falar, só em pensar no Wagner me deixando meu mundo inteiro começa a desabar. – Ou você se engasgou de novo?

 - Desculpe, mais o assunto é muito delicado tenho certeza que se te falarmos minha amiga vai chorar mais ainda. – Diana disse depois de ter arqueado a sobrancelha para mim e me olhar com uma de: Você conheceu ele?

 - Tudo bem, quem pede desculpas sou eu.

- Não, eu que peço desculpas. E obrigado por hoje mais cedo. – Falei olhando para Diana e limpando minhas bochechas cheias de lágrimas – Meu nome é Ananda e o seu?

 - Ian. – Ele falou com um sorriso – Prazer em conhece - lá Ananda. E não coma mais maçã, Ok? – Disse sério e eu e Diana rimos fraco.

 - O prazer é meu. E pode deixar, vou parar de comer maçãs. Ah, e essa é Diana. – Disse a mostrando para ele.

 - Prazer Diana. – Estendeu a mão direita a ela que a pegou e sorriu. – Vocês  conhecem a turma 903?

 - É a nossa. – Diana disse com entusiasmo.

 - Vamos?

 - Claro.  – Respondi

Fomos subindo as escadas eu, Diana e o aluno novo, Ian. Os dois conversando e eu pensando como ele deve estar agora. Entramos na sala e suspirei ao ver a professora de Español, sentamos juntos e vi Jéssica rindo de algo sobre mim.

Cada aula que se ia passando era como se eu iria sair correndo o procurando onde quer que ele esteja e se eu não o encontrasse tentaria suicídio. No recreio eu não tinha nem vontade de comer. Estou só parada e pensando porque ele me deixaria.

 - Onde você mora Ananda? – Ian me olhou desviando o olhar de Jéssica que o encara do outro lado da quadra de futebol com suas melhores amigas, Joana e Luana.

 - Gloria e você?

 - Santa Teresa. Diana?

 - Copacabana. – Disse sorrindo.

 - Ananda posso ir com você para casa? – Assenti e ele completou com uma cara de medo. – É que não conheço muito aqui.

 - Sim. Qual. Rua?

 - Travessa Cassiano. – Fiquei estática e olhei para Diana que também me olhava estática. Pura coincidência Ian morar na mesma rua que Wag morava. Balancei minha cabeça rápido e fraco só para sair um pouco do transe, e engoli o choro.

 - Ótimo moro na Hermenegildo De Barros.

 - Finalmente vou parar de ficar preocupado de ir embora sozinho.

 - Você é de onde? – Perguntou Diana curiosa.

 - Bom, eu morava no Alasca com o meu pai e meu irmão mais velho morava aqui mais acho que ele deve ter se mudado.

 - Você é americano? – Diana perguntou com um entusiasmo enorme.

 - Não. Eu nasci aqui no Rio De Janeiro e meu irmão em Los Angeles.

 - Não é melhor irmos pra sala agora? – Perguntei com um pouco de tédio. Ian se virou para mim e falou com delicadeza.

 - Se você me quiser vou com todo prazer. – Ele soltou um risinho.

 - Tudo bem... Vamos quero ir logo para casa.

 - Ananda para de ficar assim por causa do Wagner.  – Diana falou com uma voz de exigente. Estou confusa se ela ficou com ciúmes do que o Ian falou comigo ou por ser minha amiga.

 - Não estou assim por causa dele. Tenho que levar o Matheus pra aula de futebol hoje.

 - Matheus é algum parente seu? Porque não quero atrapalhar seu tempo. – Ian me perguntou com uma voz surpresa.

 - Matheus é meu irmão. Eu só tenho que levar ele no futebol as 15h00min Horas da tarde. Você não irá atrapalhar Ian.

 - Bom saber. Como você mesma disse melhor irmos pra sala não é Diana?

 - Sim. – Diana pegou minhas mãos e olhou no fundo dos meus olhos. - Ananda eu sou sua amiga e te amo muito, e não quero te ver sofrer, para de pensar no Wagner ele não vai voltar. Ele não disse para você viver normalmente sua vida? Faz isso.

 - Já estou vivendo minha vida normalmente, e já parei de pensar no Wag. –Menti, só para não contrariar ou irritar Diana.

 - Ananda era por ele que estava chorando? – Ian olhou pra mim com cara de espanto.

 - Não quero falar sobre esse assunto agora.

 - Certo. Vamos pra aula vai bater o sinal.

Tivemos mais duas aulas de Geografia até que tocou o sino professor nos liberou.

 - Vamos juntos Ananda? – Perguntou de novo, acho que só para se assegurar.

 - Sim.

Saímos da sala  e Diana se despediu de nós no ponto de ônibus em frente a escola e eu fui com Ian andando.

 - Bem, então estava chorando por causa desse Wagner?

 - Não. Estava chorando porque sou uma idiota. – Respondi com raiva na voz que o fez rir.

 - Você não é uma idiota por chorar. Te ver chorar só me fez ver que você é uma pessoa com sentimentos. – Abaixou a cabeça e bradou. – E eu gostei do seu cabelo.

 - Obrigado. – Respondi sorrindo lembrando de quando Wagner pegava uma mecha do meu cabelo e começa a jogar para o alto brincando.

 - Esqueci de perguntar sua idade. Tem quantos anos? – Disse estreitando os olhos e rindo.

 - 16 e o senhor?

 - 17. Sou mais velho que você, não se esqueça nunca que você me dar o lugar especial do Metrô. – Disse rindo acompanhado por mim.

 - Você não é tão velho assim. – Disse arqueando a sobrancelha. Parei no portão e o encarei.

 - Bem eu fico aqui.

 - Foi um prazer conhece - lá Ananda. – Ele disse estendendo a mão para mim e apertei sua mão.

 - Foi um prazer também conhecer você. Tchau, beijos.

 - Tchau, beijos.

Entrei em casa meu irmão já estava arrumado para aula o levei e vou voltando para casa percebi que tinha alguém me seguindo. Um homem branco, loiro parecido um anjo inocente que tinha caído do céu estava perdido na terra. Fui andando lentamente e ele me acompanhava no mesmo ritmo andou mais rápido desde que comecei a andar mais rápido.

Andei mais rápido e entrei rápido pelo portão e corri para abrir a porta peguei a chave no bolso da minha calça e abri. Entrei em casa assustada e deitei no sofá encarando o teto branco e senti minhas lágrimas descerem. Talvez ele tenha me deixado pelo preconceito que muitos tinham conosco, ele tem apenas vinte e oito e eu dezesseis anos. Com certeza ele arrumou uma mulher mais madura e mais velha, ou Sophia uma menina que ele me apresentou como sua irmã tem uma amiga e ele se interessou por ela.

Sophia. Wagner me apresentou ela como sua irmã, para mim ela é um pouco esquisita, já que ela me olhava com os olhos brilhantes, sempre era manhosa, adora quase tudo que gosto e ainda só aparece raramente. Ela é super legal, mas também ela age como se fosse uma criança de três anos às vezes. Ela não me faz ter carinho de cunhada, e sim um amor maternal. As vezes tenho medo de mim mesma e tento parecer o tanto histérica quando a vejo conversando com garotos sorrindo ou fazendo algo que crianças não fazem, sendo que ela tem a mesma idade que eu.

Ouvi o barulho de uma colher cair na pia e corri para cozinha com medo. Parei na porta e peguei uma caneta que estava no meu bolso, tirei a tampa para ficar com a ponta fina de tinta. Abri a porta lentamente e vejo tia Selma encostada na bancada da pia rindo da minha cara e comecei a rir junto com ela.

 - Por que desde que ele terminou você ficou meio neurótica? – Me indicou uma cadeira sentar, e sentei e ela sentou na minha frente.

 - Tia, porque você não diz o nome dele? – Perguntei olhando a madeira pintada de marfim da mesa. Selma suspirou e segurou meu queixo.

 - Ele não te explicou o real motivo de ir né? – Assenti e ela continuou. – Ananda, você não é aquela menininha que sua avó e Rita pensa que é. E isso ele conhecia mais do que qualquer pessoa, vocês começaram a namorar quando você era só uma menininha, ele nunca se importou se ele era mais velho, ou quando aquelas sobrinhas da sua mãe que não tem uma boa fama davam em cima dele e ele ria da cara delas. – Senti minhas lágrimas descerem e tia Selma se levantou e me levantou e começou a me levar para subir as escadas, entrou comigo no meu quarto e me deitou na cama, tirou minha calça e fiquei só de calcinha e blusa. Deu-me a caixinha de lenços que tinha em cima da minha cabeceira e tirei meu óculos entregando para ela que foi até a mesa do meu computador, colocou em cima da mesa e levou a cadeira até a beirada da minha cama e sentou nela. Assuei no lenço e a encarei que me olhava atentamente. Suspirei entre meus soluços e soltei um riso falso.

 - Acho que estou chorando a toa. – Disse enquanto minhas lágrimas desciam lentamente uma atrás da outra.

 - Não querida, você está botando pra fora, o que é melhor que guardar para si mesma. – Disse segurando minhas mãos que enrolava os lenços limpos que iria usar para limpar minhas lágrimas. – Tudo vai ficar bem. Ananda, você é jovem, tem que curtir sua vida. Você é uma adolescente e não uma adulta que sofre por um homem por ter medo de chegar aos quarenta anos sozinha. – Disse um pouco agitada. – Você vai namorar muito ainda menina. – Disse sorrindo e dei um risinho fraco.

 - Eu sei tia. Mais é difícil, eu amo ele, e sei que não dá pra mudar isso. Mas também ele me disse para eu ter uma vida normal. Acho que isso inclui sair com meus amigos, estudar muito para ser uma grande imunologista.

 - Só você mesma para querer trabalhar com pessoas doentes. – Disse revirando os olhos e dei um riso fraco. – Por que não faz igual seu irmão, e sonha em ser jogadora de futebol? Você vai ganhar mais dinheiro menina. – Disse irônica.

 - Tia, eu não sei jogar futebol nem no videogame, imagine na vida real. Zombei e ela riu alto.

 - Então você vai ficar com os doentes. A vida é sua. – Disse irônica. – Guarde as lembranças boas. Aquele moleque estaria morto se seu pai fosse vivo, mais já que infelizmente ele não está eu estou aqui.

Rimos e me deitei com a caixinha de lenços em cima de mim limpando minhas lágrimas.

Meu celular tocou mais uma vez e olhei na tela, Diana ligando.

Me espreguicei e tirei os lenços sujos de cima da cama, peguei o celular e cocei os olhos.

- Alô? – Oi amiga. Tudo bem? – Tudo e você? – Bem. Sei que você não está com pique para sair, mais amiga, por favor, vamos comigo na inauguração do Hot Mix? Suspirei e Diana soltou seu risinho de vitória. – Quando vai ser? – Amanhã. Vamos aproveitar que é sexta-feira.  Amiga muito obrigada, eu ia sozinha. – Di, eu não garanto que vou, eu só vou pensar ok? – Disse e ouvi-a suspirar. Como estão as coisas ai? – Bem, vou ter que arrumar algumas coisas mais tarde. Sabe como é ter que decidir o que fazer com as coisas que com certeza ficou aqui. – Sei. O estranho é ele dizer que vai viajar de última hora. – Sim. Mais não posso fazer nada, a não ser chorar e... – Minhas lágrimas desceram e as limpei e fechei meus olhos com força para parar o choro. – Di, vou desligar. Beijos. – Beijo amiga. Se cuida hein, e pensa bem hein, quero te ver arrasando. Afinal nunca mais saímos para uma balada e sinto falta disso.

Desliguei o celular e o coloquei em cima da cabeceira, encarei o teto cor de creme e resolvi me levantar. Espreguicei-me e prendi meu cabelo em um coque, olhei em cima da mesa do computador e vi a caixa marfim com corações rosa fui até ela e peguei o bilhete que continha a seguinte frase. “Sei que nunca terá coragem de jogar tudo fora. Então guarde só o necessário. Com amor, tia Selma.” abri a caixa e a coloquei de baixo do braço, fui até o guarda roupa e abri a primeira gaveta, peguei a blusa pólo azul que ele me deu quando pedi algo com seu cheiro, inalei seu cheiro amadeirado e uma lágrima saiu de meus olhos. Coloquei a caixa no chão e dobrei a blusa a colocando no fundo da caixa, peguei meu pijama rosa bebê que ele me deu de sete messes de namoro e dobrei colocando na caixa e a coloquei debaixo do meu braço esquerdo de novo.

Caminhei até a estante branca com flores violetas que mamãe me deu e peguei meu Box da série Dormindo Com Palavras nós dois amávamos essa série de TV, que era sobre Noah uma agente criminalista que passa oito anos em coma após sofrer um acidente de carro, e quando ela acorda descobre que seu esposo se envolve com sua melhor amiga, seu filho já é um adolescente e ela tem só trinta anos. Noah tenta perdoar o marido e a amiga mais pede ao seu médico que a receite com medicamentos para dormi, só que ela começa a prever o futuro em palavras pela voz de quem irá acontecer à visão. Até que ela tem uma com o seu filho e consegue impedir, e cria um caos mundial.

Coloquei dentro da caixa e vi a série de livros Novo Mundo sobre alienígenas que decidem viver no planeta Terra e controlar humanos através de um chip, até alguns humanos consegue recuperar a lucidez e reitararem os chips e tentar dominar a Terra de novo. Peguei os três livros da estante e coloquei na caixa, fui até a mesa do computador e abri a gaveta da mesa tirei meu MP3 e o coloquei na caixa junto com os fones, voltei para encarar a estante e peguei meus CDs que ganhei em cada mês em que comemorávamos mais um mês de namoro, coloquei dentro da caixa e por último fui até a cabeceira peguei nosso porta retrato com a foto que tiramos no aniversário de vovó. Passei o dedo indicador por sua face na foto e minhas lágrimas desceram.

Coloquei a caixa em cima da cabeceira e me sentei na cama olhando nossa foto. Abracei a foto e pude senti minha cabeça em seu peito nu e seus dedos acariciando minha cintura. Solucei e me levantei colocando o porta retrato dentro da caixa e a fechando. Subi o edredom da minha cama e empurrei a caixa para debaixo da cama, fui até meu armário e peguei um short jeans azul e o coloquei.

Sai do meu quarto e desci as escadas indo até a cozinha e me deparando com uma das cenas mais estranhas que já vi. O namorado de tia Selma passando a língua em seu pescoço sujo de farinha de trigo.

 - Porque não fazem isso em um quarto? – Perguntei cruzando os braços e olhando séria para os dois me olhavam assustados.

Caminhei até a sala passando pelos dois que limpavam a farinha do pescoço de Selma. Ri baixo, como alguém tem coragem de lamber farinha de trigo do pescoço de outra pessoa? Que louco.

Sentei no sofá e peguei o controle da TV em cima da mesinha de centro. Liguei a TV em um canal que passava um desenho e voltei na cozinha vazia, peguei uma barra de chocolate e me sentei no sofá, vi a programação na TV e coloquei em um filme de comédia romântica.

Encolhi-me com meus braços abraçando meus joelhos e comecei a chorar.

Eu poderia sorrir, acenar e dizer que tudo estava bem, que eu esqueci ele, que não penso em todo nossos momentos. Mais não me esqueço de nada, sempre que me distraio das conversas de Ian e Diana me lembro de tudo e engulho o choro, e digo que estou bem para todos. Mais ninguém sabe que todas as noites eu me sento no chão perto da minha cama, pego aquela caixa marfim com corações rosa e tiro o porta-retrato com nossa foto.

Passo meus dedos pela foto e sinto o líquido quente sair dos meus olhos. Fecho os olhos e lembro-me de seus olhos cor de mel. Me levantei e me deitei na cama abraçada com o porta-retrato, me lembrei da primeira vez que fomos na casa de vovó.

Selma passou quase o dia inteiro o provocando de como ele não vivia sem minha presença, e que parecia que ele não trabalhava, dos barulhos que fazíamos a noite. Limpo minhas lágrimas e suspiro alto.

No Natal em que vovó me deu o livro P.S. I Love You passei a sonhar com meu Gerry, e então eu o encontrei e pensei que nunca nos separaríamos, que ele nunca deixasse de me amar, que ele era o meu Gerry.

 [...]

- Não acredito que você me convenceu a vir aqui. – Disse encarando Diana e me esbarrando em uma menina loira.

 - Nós vamos é curtir amiga. Vamos se divertir. – Diana gritou tão alto e consegui ouvir baixo por causa da música eletrônica que o Dj acabou de trocar. – Vou ao banheiro, vá beber algo amiga.

Fui até o bar a pedi uma água, paguei assim que o barman me entregou a água, um anjo aparece na minha frente o mesmo da semana passada e de quase todos os dias quando vou para escola, ele está com um copo de algo alcoólico e me encara. Tento sair da sua frente mais ele me impede.

Viro para ele e digo gentilmente – Me dê licença por favor?

Tira uma seringa do bolso de sua calça Jeans com uma expressão fria, tento passar por ele agora furiosa. Seu braço me segura pela cintura e sinto a agulha na minha espinha dou um grito fraco e meu corpo começa a amolecer.

Põe-me no seu colo e me leva pra fora da festa e só sinto o couro quente do banco do carro e o som da alta velocidade.


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