Heróis escrita por Babyi


Capítulo 1
Prólogo - O melhor incêndio da minha vida.




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Meu nome é Ravena. Não sei da onde eu vim. Minha mãe me abandonou quando era bem pequena, eu não me lembro de nada, mas as freiras que cuidavam do orfanato viviam contando que fui a única criança que foi abandonada em um dia ensolarado em pleno movimento da rua. Dali endiante eu passei meus anos pensando quem seria capaz de abandonar um filho. Eu não era a única, tinham mais de mim. Crianças deixadas, ou trazidas para o orfanato pela assistente social. Todas eram iguais para mim, eu era sozinha. A que estava a mais tempo lá. Vários casais se apresentaram querendo adotar a criança  com nome estranho, mas nenhum gostou de mim como eu realmente sou,  até que um dia um garoto foi trazido pela assistente social. Ele era um mutante, mas na época eu não sabia. Seu nome era Valentim, e ele controlava o fogo. Na verdade só saiam fagulhas  de seus dedos, até agora.


- Boa noite a todos, meus anjos. Amanhã teremos um dia cheio, várias entrevistas.- Disse a freira Catarina.- Quero todos dormindo. Que Ele que está lá no céu, abençoe vocês.- Dito isso, ela apagou as luzes e fechou a porta. Todos no meu dormitório ficaram deitados mais cinco minutos, até que uma menina chamada Mylena disse:

- Ela já foi.

Logo todo o alvoroço noturno começou. Ligamos as luzes de novo, e como sempre meninos e meninas desciam dos beliches para conversar com seus respectivos grupos. Essa era a noite no dormitório das crianças maiores.

Eu tenho sete anos, não sou a mais velha, nem a mais nova do meu quarto. Mas devo ser a mais esperta, porque as meninas grandes só sabem conversar sobre esmaltes e beleza, e os garotos só sabem conversar sobre corridas e futebol. “Qual é a graça nisso?” Pensei. Eu continuei deitada, ninguem gostava da minha presença, muito menos de falar comigo. Eles me acham tediosa e até mesmo agressiva. O porque, eu não sei.

A maioria ali foi trazida pela assistente social, por problemas na família. Mas eu fui abandonada, ninguem sabe da onde eu vim ou quem me deixou. O orfanato não era grande, deviam ter menos de sessenta crianças ao todo, mas disso tudo, eu era a única abandonada.

- Ravena, - Disse Valentim. Ele era meu único amigo. A única pessoa que me lembrava, que apesar de todas as condições eu não estava sozinha. - Venha ver, eu andei praticando.

Em menos de um minuto eu já tinha descido do beliche. Nem usei as escadas, saltei a barra de proteção e cai de pé no chão como um gato. Valentim estava sentado na cama dele, com a palma da mão para cima, esperando que eu fizesse companhia. Logo me sentei do lado dele, e prestei atenção no que ele estava fazendo.

- Olha, acho que finalmente consegui!- Ele se concentrou, e suas feições se contrairam. Da sua palma saiu uma fagulha. Antes que ele ficasse frustado por mais uma tentativa perdida, pus a mão no ombro dele, como forma de dizer “Você vai conseguir.”, mas ele não parou. Derrepente a fagulha virou uma chaminha que começou a tomar conta da mão de Valentim sem queima-la. Eu bati palmas para a conquista do meu amigo, mas ele não conseguia mais parar a chama. Ela foi se alastrando pela mão inteira, e começou a cair pelas laterais. Tentei assoprar para apaga-la mas estava crescendo cada vez mais.

- Para com isso, Vale.- Implorei.

- Não consigo!- Ele chacoalhou a mão, mas só piorou as coisas. O fogo se espalhou que nem água pelo canto do quarto. Ele ia se espalhando. Em poucos minutos, o dormitório inteiro já estava tomado.

- Incêndio!- Eu gritava. Todos no meu quarto  estavam em desespero, a maçaneta tinha derretido, e era muito alto para pular a janela. Eles estavam gritando em um canto enquanto eu estava tentando controlar a chama no dormitório com lençóis de cama, mas parecia que o fogo nunca ia acabar.  Valentim estava do meu lado, mas ao tentar ajudar ele só fazia mais fogo. Pedaços do teto começaram a cair sobre nossas cabeças, alguns de meus colegas, aquela altura, já tinham morrido esmagados. Provavelmente o fogo já tomava conta do casarão. Então tive uma idéia, estourar o cano que passava em uma parede do quarto. Peguei uma vassoura e bati. Mas surtei ao perceber que não era água, mas sim gás.

- Valentim, derreta a janela!- Eu gritei. O terror se instalava no quarto, quase todas as crianças tinham morrido. Haviam mais três garotas e um menino, que correram para perto de mim. Eu mesma já tinha várias queimaduras. Não sabia por quanto tempo ia sobreviver, a nuvem de fumaça no quarto dificultava muito a respiração, mas diminuiu um pouco quando Valentim derreteu a janela. - Não temos escolha, vamos pular!

Esperei para ser a última a pular, ajudando todos a passar pelo peitoril quente. Em poucos instantes só tinha sobrado Valentim e eu no quarto.

- Vá, pule.- Ele me disse. Tinha mais crianças em perigo no dormitório ao lado, e eu não estava disposta a deixa-las morrer. Eram as crianças mais novas, que gritavam em desespero.

- Não. Vá primeiro, eu já vou. - Ofeguei. Valentim pulou, mas não pude ver se ele tinha caído em segurança. Dei uma expirada no ar de fora, contaminado com gás e fumaça, esperando que não fosse a última vez que ia por o nariz para fora da janela e então, com a minha vassoura, arrombei a porta, que já estava frágil. Quando ela caiu, um pedaço do teto desabou na minha perna direita, deixando uma marca que eu tenho até hoje: Uma queimadura cinza em forma de losangulo. Fiquei lá, ouvindo os últimos gritos das crianças menores, pensando em seus corpos desfalecidos enquanto minhas forças se acabavam junto com  o oxigênio. Derrepende, em cima da escada, um buraco se abriu. Eu achava que era mais um desmoronamento, mas alguem desceu de lá. A última coisa que pude falar foi:- Aqui, estou viva, por favor me tirem da...

Não conseguia mais nem abrir os olhos.

Quando acordei, tinham três pessoas olhando para mim: Um senhor idoso, de cadeira de rodas, um garoto pálido de cabelo preto que parecia ter dezesseis anos e um garoto moreno de cabelo castanho e liso de uns dezesseis.. O céu por entre eles estava estrelado, e a lua olhava para mim também.
- Quem são vocês? - A minha voz estava rouca e minha cabeça latejava.
- Somos...- O garoto de pele pálida ia dizendo algo, mas foi repreendido pelo olhar do idoso. Então refletiu e disse:- Sou Gabriel, este é Vinícius- Apontou para o garoto de pele morena.- E este é Xavier.- Disse apresentando o senhor idoso.
Eu queria fazer perguntas como “Aonde estou?” ou“Como vocês me salvaram?” Mas a minha mentalidade de sete anos não me permitiu que eu escolhesse uma dessas. Olhei para o Gabriel e analisei. Algo nesse grupo era especial, mas eu não sabia oque era. Com um pouco de esforço, pude ver pelo escuro que eles usavam uniformes com um X enorme gravado, mas oque me chamou a atenção foi que ele tabem usava óculos escuros apesar da noite que já devia estar se fazendo madrugada.
- Aonde eu estou? Como vocês me salvaram? E meus amigos, onde estão? Valentim está bem? Porque você está de óculos?-  Disse tudo de uma vez, mas isso era só uma parte das perguntas que deviam ser feitas para esvaziar minha cabeça. Me pus sentada e gabriel se ajoelhou na minha altura afagando meu cabelo, ignorando a repreenção de Xavier. - Me respondam por favor! Eu preciso saber, minha vida depende disso.- Gabriel mordeu os lábios tentando escolher as palavras certas para me dizer, palavras que teriam menos impacto sobre mim. - Eu não tenho medo da verdade. Só... Digam.
- Você está no telhado de um prédio. É seguro aqui, nada vai acontecer. - Ele pensou mais um pouco e olhou para Xavier, que murmurou algo como “Sem emoções, neutra. Impossível de saber.” Ou algo do gênero. - Sou cego, por isso uso óculos. - Franzi as sobrancelhas.
- Se você é cego, como sabe que estou aqui?- Pela expressão dele, já esperava essa pergunta.
- Pela sua voz, menina. Qual é o seu nome?- Ele disse. “Mais nada de respostas?” Pensei. “Eu quero minhas respostas!”
- Me chamo Ravena.- Segurei um pouco a língua, estava tudo muito tenso. Eles estavam escondendo alguma coisa de mim. Algo grande.- E meus amigos, vocês salvaram eles?
Gabriel me olhou, querendo me dar um abraço, mas se conteve. Ele não sabia oque falar.
- Eles morreram.- Vinicius disse, apresentando sua voz pela primeira vez. - Todos eles. Você foi a única que sobreviveu, mas não estaria aqui se não fosse por nós.- Gabriel repreendeu o amigo pela insensibilidade.
- Mais alguma coisa que eu deva saber?- Perguntei. Eles estavam escondendo algo grande de mim, e eu não sabia oque era. Não via explicação, a não ser que eles fosse aliens que queriam me abduzir. Porque bombeiros não me levariam para o teto de uma casa.- Falem logo. Cade a nave de vocês? De que planeta vocês são? Olha, se  vocês me fizerem algum mal, eu bato em vocês até a morte? Não ligo se vocês tem sangue verde. Não tenho nojo disso.
Gabriel se levantou rindo do lado de Vinícius, que me olhava com uma cara severa.
- Oque ela tem na cabeça? - Disse o mais velho.
- Ela acha que vamos abduzi-la.- Gabriel disse. Enquanto eles discutiam sobre oque fazer comigo, Xavier se pronunciou.
- Não somos alienígenas. Só especiais. Salvamos você e a trouxemos para um lugar seguro. Só isso. - Ele disse, me analisando.- Vamos leva-la para seus pais. Onde eles estão?- Disse alto, para que Vinícius e Gabriel parassem de discutir.
- Aquele lugar que pegou fogo era um orfanato. Não tenho pais.- Disse com toda a maturidade que pude demonstrar.- Se você me levar até o chão, posso me virar sozinha.- Terminei. Todos olhando para mim.
- Não sei, acho que você parece muito jovem para ficar andando sozinha por ai.- Disse Xavier. - Hoje você passará a noite conosco, e amanhã encaminharemos você para uma família. - O tom de voz dele não deixou dúvidas de que eu não tinha opção, era isso que ia acontecer, eu querendo ou não.
Eu não queria ir para uma família. Eu queria o meu orfanato, com meus amigos. Não gostei de nenhuma família que veio tentar me adotar nem me tutelar.
- Onde vocês moram?- Perguntei. Pelo menos isso, acho que tinha direito de saber.
Me pus de pé. A queimadura já não doia mais, e eu não tinha nada quebrado, nem doído.
- Aqui. - Disse Gabriel. - Você está no teto do nosso... Ahn... Da nossa casa. - Ele me indicou uma portinha, que Vinícius ia abrindo quando eu cheguei perto. Era um elevador.
Eles me guiaram para dentro da pequena caixa de metal. Fiquei apertada em um canto porque a cadeira de Xavier ocupava muito espaço, e voltei a respirar quando saimos do elevador no que parecia ser o segundo andar da casa.
- Ravena, não temos quartos livres, então espero que não se importe de dormir em um beliche no sotão. - Xavier ordenou. No mesmo momento em que ele terminou a frase, Vinícius já estava abrindo a porta para a escada que levava ao sotão. - Gabriel vá dormir. Amanhã conversamos. - Conversar sobre oque? Ele nem falou nada! - Vinícius, quero conversar com você.
- Boa noite. - Disse, e então subi para o sotão. Realmente não era desconfortável, porque ao que parece é o quarto de visitas. Tinha um armário branco com portas de correr uma cômoda, um criado mudo, um abajur, um baú, uma porta que devia levar ao banheiro e uma cama com lençóis e travesseiros em cima. Tudo branco.
Definitivamente era o melhor quarto que eu já tinha dormido na vida, ademas, eu nunca tinha dormido fora do orfanato. Era uma primeira vez incrível.
Me joguei na cama, batendo a cabeça na parede azul clara, mas não ligando nenhum pouco. Fechei os olhos, mas assim que as pálpebras se  tocaram, as imagens do incêndio vieram a tona. Tudo. Os berros das crianças mais novas, os meus colegas morrendo esmagados ou cauterizados, Valentim pulando... Oque será que deve ter acontecido a Vale? Derrepente um sentimento de culpa tomou conta de mim. Culpa por não ter morrido com eles.
Não sei oque vai ser da minha vida agora, não sei oque Xavier vai fazer comigo. Não sei nem quem são eles.
De supetão alguem bateu na porta. Sai da minha imersão de pensamentos, ainda pingando tristeza e saudade. Queria que tudo voltasse ao normal, porque pelo menos junto deles eu não tinha medo do futuro. Ao abrir a porta, me surpreendi ao encontrar Gabriel com uma sacola na mão.
- Oi. Posso entrar? Espero não estar incomodando.- Acenei para ele entrar. Me juntei a ele, que estava sentado na minha cama.
- Como você chegou até aqui, se você não pode ver?- Indaguei. Ele estava ainda com óculos laranjas.
- Eu conheço essa casa de cabo a rabo. Tudinho mesmo.
- Eles não vão acordar?- Perguntei, sem assunto. Oque se fala para um garoto cinco anos mais velho que você?
- Não. Xavier está no complexo secreto, no porão. E Vinícius tem um sono de pedra.- Ele respondeu. Ficamos olhando para o armário, sem assunto, por alguns minutos. Até que eu tomei iniciativa:
- Oque são vocês?- Perguntei. “Vocês tem um segredo, mas eu vou descobrir, ah se vou.”
Ele me olhou por alguns instantes, hesitando na resposta. Então ficou olhando os meus olhos e por fim respondeu:
- Somos mutantes. - Se alguem do orfanato me dissesse isso, eu iria rir da pessoa. Mas o Gabriel tinha algo que não me deixava dúvidas. Eu acreditei em cada palavra dele, analisando, desestruturando a oração, para descobrir oque isso significava, mas minha cabeça de dez anos não permitia. Eu nunca tive muita criatividade, nem imaginação. Não conseguia nem inventar uma explicação lógica.
- O que são mutantes?- Foi minha segunda pergunta.
-  Não sei oque tem em você que me faz falar toda a verdade. Não vai dizer que você é uma encantadora, sua danadinha.- Disse me fazendo cócegas. Mas era só enrolação, ele não queria me falar. Assim que me recompuz, insisti:
- Se eu faço você falar a verdade, porque não me conta? Porque eu não posso saber o seu segredo?
- É que... Eu não posso. Você não é uma de nós.
- Você não confia em mim?- Disse usando um artifício típico da minha idade: A voz doce e o biquinho.
- Sim, mas eu não posso.- Ele estava ansioso. Se eu insistisse mais um pouquinho, era capaz dele me falar tudo.
- Então me fale. Acho que sou boa em guardar segredos. Pelo menos eu vou tentar, nunca tive um para guardar...- Gabriel inspirou fundo e disse.
-  Mutantes.- Ele disse.- Um grupo de pessoas especiais geneticamente mudadas. Pessoas que ganharam poderes, ou habilidades sobre-humanas. Aqui na nossa equipe, que chamamos Superforça
- Que nem Valentim?- Perguntei.
- Que é Valentim?
- Ele era meu melhor amigo. Podia controlar o fogo com as mãos. Foi ele que deu origem ao incêndio. Ele pulou da janela e acho que ele morreu na queda.
- Sinto muito. Bom, se ele era realmente capaz de criar fogo, então ele era um de nós. Ele era um mutante.
- E você, oque você faz? Oque Xavier faz? Tem mais de vocês? Porque vocês não se revelam para a humanidade?- As palavras saiam corridas da minha boca, mas eu parei ao perceber que estava sobrecarregando o menino.
- Eu sou filho do ciclope. Se eu não usar os óculos, raios laser voam para todos os lados. Sobre o Xavier, ele consegue armazenar qualquer coisa que ele ouça, veja ou leia e consegue ler as emoções de todos.
- Mas naquela hora ele disse impossível de saber. Ele não conseguiu me ler?- Perguntei, lembrando de algo ja distante.

- Sim, são raros aqueles que tem a mente fechada, mas existem. Xavier nunca passou muito tempo com alguem assim para descobrir o porque disso, mas talvez você seja uma opção... E sim, existem vários mutantes espalhados por todos os lados do mundo. Mas alguns grupos tem interesses para o mal. É para isso que estamos aqui: Para proteger as pessoas normais dos que tem desejos ruins. Mas os humanos, você deve saber bem disso, tem medo de coisas diferentes, de pessoas diferentes, então seriamos caçados e mortos por eles. Então é melhor mantermos esse segredo.

- Eu sei.- Lembranças ruins dos momentos que eu fui excluída das brincadeiras e conversas voltaram  a minha cabeça. Momentos que eu só queria esquecer.
- Você não tem mesmo para onde ir? Não se lembra dos seus pais?- Ele perguntou.
- Não me lembro de nada. Passei a minha vida toda no orfanato porque minha mãe me abandonou quando eu era bebê.
- Sinto muito. Mas isso é bom. Xavier quer trazer você para morar conosco. Ele acha que você é bem mais inteligente que a maioria dos normais. Acho que não só a mim, mas você ganhou a amizade dele também, o que é muito importante. E se você vier mesmo morar com a gente, você pode ser a irmã que eu nunca tive.
- Nossa. Obrigada.- Senti a minha bochecha corar por baixo da minha pele morena. - Eu quero muito ser sua irmã. Já que... Eu nunca conheci meus pais.
- Amanhã nós veremos. - Ele disse apontando o lençol.- Agora eu acho que você deve dormir. Sempre acordamos cedo, por aqui.
Ele me abraçou, e então saiu. Derrepente eu percebi que eu tinha conseguido o sonho de qualquer orfão: Um lar. Naquela hora eu não tinha certeza de que tudo seria como o Gabriel disse, mas aquele era o meu lar. Pelo menos naquela noite.


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