Poder sentir os braços dele me segurando num abraço era uma sensação maravilhosa. Por mais ruim e triste que aquele dia tivesse sido, ter Niall comigo me deixava feliz. Nós entramos e Marg estava deitada no sofá, provavelmente já dormindo, pois seus olhos estavam totalmente fechados e sua respiração profunda.

– Já está tarde, acho melhor dormir. - ele falou, dando um beijo em minha testa e indo até o quarto de hóspedes. - Boa noite, Mad. - eu apenas sorri, pois sabia que mesmo se tentasse falar, minha voz não ia sair.

Fui para o meu quarto, aquele que vovó fez especialmente para mim quando mandou contruir a casa. Peguei um pijama e roupas íntimas em uma das gavetas, coloquei em cima da cama e então fui para o banheiro tomar um banho. Tudo estava exatamente como era antes, antes de eu perder meus pais, antes de eu ir morar em Londres com Marg. Tantas lembranças vieram a minha mente enquanto as gotas de água quente caíam sobre minha cabeça, decendo todo meu corpo. Minhas lágrimas juntaram-se a elas. Por mais que minha vó não gostasse de choro, eu não podia contê-lo. Depois de um banho demorado, me troquei e deitei na cama, na esperança de pegar no sono rapidamente e ter bons sonhos. Mas claro, isso não aconteceu. Fiquei algumas horas acordada, encarando o teto, abraçada em um dos travesseiros. Até que meus olhos foram fechando-se lentamente.

Niall's POV on:

*toque de celular*

– Ah, sério mesmo, Louis? - falei irritado, ao ver o nome dele no visor do celular. Eram sete horas da manhã.

"Como assim a avó dela morreu, Niall?". Louis também ficou surpreso quando ouviu a notícia, e pediu para que eu disesse a Mad que ele e os garotos sentiam muito. Depois disso, desligou o celular. Eu até poderia voltar a dormir, mas algo me impedia. Talvez o sol que já clareava o quarto, mas era algo maior, um sentimento estranho. O enterro de dona Ivie seria hoje, eu mal podia imaginar o quão mal Mad estava se sentindo. Resolvi levantar da cama, trocar de roupa e escovar os dentes; depois disso, fui procurar por Mad.

Bati na porta do quarto apenas uma vez, e como ela não abriu, conclui que ainda dormia. Eu deveria dar meia volta e ir até a sala, esperar que ela acordasse, mas meu coração me forçou a fazer outra coisa. Eu mesmo abri a porta do quarto e fui até sua cama. Me ajoelhei no chão e olhei para ela, que dormia perfeitamente bem. Eu queria acordá-la mas não podia, não era meu direito fazer com que ela voltasse tão rápido para a bagunça que a vida real estava. Quando percebi, já estava passando a mão em seus cabelos, mas temendo que ela acordasse, me levantei e comecei a olhar o quarto.

– São meus pais. - ouvi uma voz fraca, um pouco rouca me avisando, enquanto eu segurava uma foto que estava em uma escrivaninha.

– Eu te acordei? Me desculpe. - falei meio sem jeito, indo para perto dela. Ela apenas sorriu e se ajoelhou na cama, me puxando para um abraço. Eu retribui, sem dúvida alguma, porque tê-la em meus braços era tudo o que eu desejava. Mas desastrado como sempre, acabei jogando meu peso em cima dela, que caiu deitada na cama e eu cai junto, já que estávamos nos abraçando.

– Opa! - ela logo se levantou, rindo um pouco e indo pegar a foto. - Foi nesse dia aprendi a andar de bicicleta sem precisar das rodinhas de apoio. - falou, toda orgulhosa dela mesma por isso. Depois riu.

– Crianças, hora do café da manhã e depois... - era a tia dela, Claire. - bom, vocês sabem. - ela se referia ao enterro. Mad fez que sim com a cabeça e me segurou minha mão, me levando com ela até a cozinha. Mad, segurando a minha mão. Minha Mad.

O clima estava tenso, nenhum de nós sabia como quebrar o silêncio. Os minutos passaram devagar, até a hora de irmos ao cemitério. Muitas pessoas estavam lá, algumas choravam, outras apenas pareciam e realmente estavam tristes. Na hora do enterro, Mad  colocou em cima do caixão uma tulipa vermelha, que segundo ela, significava amor eterno. Depois disso, ela não quis ver mais nada, então afundou o rosto em meu peito e me abraçou forte. Ela chorava. Passei meus braços em sua cintura e a apertei para mais perto de mim, sussurrando para ela que tudo ficaria bem. "Obrigada", foi tudo o que pude ouvir ela falar. Uma chuva fraca começou logo após, e então fomos embora, menos Claire, que continuou lá. No fim, nem almoçamos, mesmo que eu estivesse morto de fome, mas o clima não estava para comida.

Marg passou o resto da tarde resolvendo os últimos detalhes sobre a guarda de Mad, enquanto nós ficamos o dia todo sentados no sofá assistindo televisão. Mad estava com a cabeça deitada em meu ombro e brincava com minha mão. Aquilo me fez sorrir, além de fofo, era engraçado. Assistimos filmes até o anoitecer, quando Marg e Claire voltaram, mas foram direto para seus quartos. Passado mais um tempo, Mad se levantou e disse que também iria dormir.

– Então, boa noite, Mad. - falei aquilo me levantando, ficando na frente dela.

– Boa noite, Niall. - ela tentou sorrir. Ficamos em silêncio por um segundo, então ela se aproximou um pouco mais, eu podia sentir sua respiração em meu rosto. Minha boca estava perto da dela, mas não tão perto a ponto de nos beijarmos. Não sei com que coragem, mas coloquei uma de minhas mãos em seu rosto e aproximei-o do meu, sentindo o toque de seus lábios nos meus. E aquela era a melhor sensação do mundo, onde meu coração acelerava e meu corpo se aquecia. Me afastei dela novamente, arrependindo do que fiz. "Niall seu burro, se ela não chegou perto o suficiente para te beijar, é porque ela não queria isso", uma voz dentro de mim brigava comigo.

– Obrigada. - disse, olhando em meus olhos. - Obrigada por tudo. - então me abraçou, beijando minha bochecha e indo até seu quarto. Eu fui para o "meu". E dormi com a lembrança daquele beijo rápido, mais como um selinho.

Niall's POV off.