Código Zero escrita por Rhyca Corporation


Capítulo 21
Capítulo 20 - Conspiração




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   No final daquela estória, eu, o Yan e o Jin estávamos chorando como bebês, soluçando freneticamente enquanto Alexis terminava de contar aquilo olhando para o fundo de sua xícara vazia. A rainha levava uma vida perturbadora, que só piorou com a morte do Lorde Rhyca. Para mim ainda era difícil imaginar a Hidelgarde-sama se sentindo frágil ou obedecendo a alguém, não importa quem fosse.

   O comunicador de shishou tocou, avisando que aquela pausa havia acabado e que ele deveria voltar à sala do líder o mais rápido possível. Ele se despediu da gente e partiu direto para a área 11.

   Foram as horas mais longas da minha vida. Tão longas que tive a impressão de que um mês já havia se passado quando o interrogatório chegou ao fim. Os generais saíram daquela sala, deixando apenas o senhor Manson e o general Hammer para tomarem uma decisão a respeito de tudo que foi ouvido. Hidelgarde também foi tirada daquela sala e levada de volta à prisão da área 10.

   Corri até shishou para que ele me dissesse as ultimas decisões, que acabaram não me agradando nem um pouco.

 - Calma Shion, mas não posso contar nada. O líder nos deu um dispositivo que grava nossa conversa, impedindo que falemos sobre o que se passou durante essas quarenta horas. Também não podemos tirá-lo até que algo seja decidido. – Shishou piscou para mim e continuou. – Venha até o escritório, tenho umas tarefas para você.

   Parecia que ele queria me contar, e estava procurando um meio de fazer isso. Ao chegarmos no escritório, shishou pegou uma folha de papel e começou a escrever algo rapidamente enquanto falava:

 - Preciso que você leve esses documentos para o quarto esquadrão. O Darkreid havia me pedido isso á algum tempo, mas acabei me esquecendo. Depois disso, passe na área 8 e avise para o Blackgate que hoje é a noite do pôquer e que ele não pode faltar.

 - O-onde vai ser a noite do pôquer? – Perguntei meio confuso.

 - No lugar de sempre! Ele sabe onde é. E tem mais. Diga para ele levar as fichas. Na ultima vez, eu anotei nossas pontuações e aquele preguiçoso está me devendo a alma dele. Dependo desse dinheiro para diminuir minha exorbitante dívida que tenho com a Hilda. Ah! Avise também que será no mesmo horário e que se ele se atrasar, pode esquecer aquela gracinha de garçonete da área deles. Ela será toda minha! Hahahahaha! – Alexis começou a rir malignamente desejando aquela pobre garçonete.

   Shishou colocou o dedo indicador em frente a boca, sinalizando silêncio. Logo em seguida, ele me passou o papel que ele estava escrevendo e fez o sinal para que eu me retirasse.

 - Estarei esperando ansiosamente por ele. Vou levar as bebidas também. – Alexis falou olhando seriamente para mim e logo depois, mudou para algo completamente idiota, enquanto falava como se estivesse sonhando acordado. – Sheila, minha deusa Afrodite, aguarde-me. O Blackgate não terá você por muito tempo... Hihihihi.

   Saí do escritório e tratei de ler o papel. Logo em cima havia uma frase:

   “Leia somente em seu quarto, de preferência, sozinho!”

   Dobrei aquela mensagem e fui rapidamente para o quarto, ansioso para saber do que se tratava. Chegando lá, tratei de trancar todas as portas e janelas e finalmente fui ler sentado em minha cama. Abri novamente o papel e comecei a ler:

   “Não sei o que se passa na cabeça do líder, mas acho que o Hammer irá nos ajudar, inocentando a Hilda. Os argumentos usados por ela foram bem convincentes, mas ainda assim a Panda não escapa. Ela provavelmente será executada se Hilda não conseguir provar que tem total controle sobre a assistente. A rainha só terá uma chance de provar isso, e segundo ela, a pesquisa do selo do Blover ainda está na metade, o que significa que talvez o selo não funcione como o esperado. Precisamos fazer algo a respeito. Faça exatamente o que falei para você fazer lá no escritório. Vá ao quarto esquadrão e entregue ao bilhete que está em seu bolso esquerdo ao Darkreid. Depois encontre com o Blackgate e fale sobre a noite do “pôquer”. Siga as ordens que ele lhe dará.

PS: Queime essa mensagem de modo que não sobre nem as cinzas. Conto com você!”

   Aprisionei aquela mensagem numa carta de Ouros e combinei com uma de Paus, fazendo com que o que estivesse dentro da carta fosse queimado sem sobrar rastros. Fiquei parado durante alguns segundos tentando lembrar o que o shishou havia falado no escritório. Bem, eu sabia que eu deveria ir até o Darkreid para entregar um papel que o Alexis tinha colocado em meu bolso sem que eu sequer percebesse. Eu realmente estava longe de pensar como um general.

   Depois que cheguei à área 4, procurei pelo general, mas só encontrei o Bruce e aproveitei para perguntar pelo paradeiro do seu superior:

 - Não sei. Não o vejo desde que a general da três foi presa, mas posso dizer que em pouco tempo ele aparecerá. Hoje é a noite do pôquer e ele nunca falta.

   Espera um pouco. Mais alguém sabia da noite do pôquer? Pelo que eu havia entendido, isso era um código secreto. Como o Bruce sabia de algo desse tipo? Antes que eu pudesse pensar mais um pouco, Darkreid apareceu falando:

 - Shion, eu estava esperando por você. Vamos, entre. – O general fez sinal para que seu assistente vigiasse a parte de fora do escritório.

   Dentro da sala o general jogou-se em sua cadeira e falou:

 - E então? Do que se trata?

 - É sobre esse documento que o senhor havia solicitado. – Disse puxando o papel do bolso.

 - Sim, sim. Eu sabia que o Alexis não iria se esquecer disso. Obrigado, isso me ajudará muito.

   Dei um sorriso desajeitado e me retirei daquela sala. Quando passei pelo Bruce ele me puxou e me deu um forte abraço enquanto colocava um novo papel no meu bolso (Dessa vez eu havia percebido!). O assistente falou:

 - Meus parabéns Shion. Você foi a primeira pessoa que conseguiu fazer o Alexis trabalhar de verdade desde que ele entrou aqui. Precisamos de alguém que faça isso com o Blackgate.

   Essa ultima frase estava claramente me mandando ao encontro do general da oito. Agradeci o elogio e fui rapidamente à um banheiro para que eu pudesse ler a nova mensagem. Fiquei surpreso com a capacidade de percepção do shishou. Aquela nova mensagem estava escrito tudo que ele havia falado comigo no escritório, mais uma frase adicional bem em cima da folha:

   “Eu sabia que você não se lembraria de tudo, então tratei de deixar isso com o Bruce. Só por precaução.”

   Sem dúvida alguma, fui até o Blackgate dar o recado.

   O preguiçoso general me recebeu mais disposto que de costume e então nos trancamos em sua sala. Avisei que eu estava ali para dar um recado do shishou e simplesmente entreguei o terceiro papel ao general. Blackgate pareceu pensativo e depois de terminar de ler ele esbravejou:

 - Aquele maldito do Alexis não irá tirar a Sheila de mim! E quem foi que disse que estou devendo uma fortuna para ele? Essa dívida já foi paga há muito tempo. – O general olhou fixamente para mim e voltou a falar. – Diga a ele que não envolva a Sheila nisso! Essa é minha palavra final.

   Voltei ao escritório do shishou e dei o recado. Ele suspirou fundo e falou:

 - Bem, parece que não poderei por as mãos na Sheila. – Alexis olhou apara o relógio e virou-se para mim. – Já está quase na hora da jogatina, porque não vem comigo, Shion?

 - Acho melhor não e...

 - Que ótimo! Então vamos logo. – Shishou falou enquanto me arrastava junto com ele.

   Fomos até a sala do Darkreid e ao entrarmos, vimos uma grande mesa para jogos de baralho e mais duas figuras sentadas ao redor dela. Shishou foi falando:

 - Trouxe o Shion para que ele pudesse aprender como se joga de verdade.

 - De fato! – Darkreid se colocou. – Uma pessoa que usar cartas e não joga nem um poquerzinho não é digno da habilidade que tem.

 - Não seja tão rígido mano. – Disse Bruce, que entrou na sala logo depois de mim.

 - Bruce, porque você não explica as regras ao Shion? – Blackgate falou. - Ele precisa saber se for jogar.

   O grande assistente me puxou para um canto daquela sala enquanto shishou se sentava. No momento que Bruce começou falando, Alexis gritava com Blackgate, por causa da tal Sheila. Mal deu para ouvir o que o assistente me falava.

 - Shion, isso é um código. Estamos tentando resgatar Pan caso a experiência com o selo do Blover falhe.

 - Porque você está falando normalmente? Pensei que o líder não pudesse ouvir... – Perguntei confuso.

 - E não pode. Estou falando normalmente porque não estou com um desses microfones que foram dados aos generais. O mano me contou o que a organização pretende da mesma forma que o Alexis te contou: Por escrito. O seu shishou está gritando para poder “esconder” a minha voz e assim eu posso lhe contar do plano. Você vai ajudar a Hidelgarde com as informações que ela te deu. – Bruce virou-se e correu em direção aos generais para “separar” aquela briga. - Já chega de brigas! Toda vez que vocês jogam é assim!

 - Alguém coloca alguma musica aqui antes que eu durma. – Reclamou Blackgate. – Que lugar mais desanimado...

 - Vou colocar. – Darkreid falou levantando-se. – Mas não vou aceitar jogar com o baralho do Alexis. Ele é muito trapaceiro.

   O som foi colocado e me pareceu que era mais uma estratégia de esconder a voz do Bruce. O assistente voltou a me explicar do plano.

 - Lembra da Sheila? É um codinome criado para a Gilliard. Estávamos tentando saber se ela nos ajudaria, mas parece que isso não vai ser possível. Em compensação, conseguimos trazer o Hoshitake para nosso lado e foi ainda melhor que um general, por ele não ter um daqueles microfones. Nos encontraremos com ele em meia hora na área 5.

 - Área 5? Aquela que está em ruínas? – Perguntei.

 - Sim. Você já foi até lá falar com Go, a voz.

 - Como você sabe? Foi o Yan que te contou? – Perguntei rapidamente ao me assustar em ouvir aquele nome.

 - Não, não. Foi o Alexis mesmo. Aquelas mensagens eram mandadas pela Hidelgarde para que você pudesse ajudá-la quando fosse descoberto que Pan era Azazel.

 - O quê?! Quer dizer que todos vocês sabiam sobre Pan?!

 - Claro que não. Somente o Alexis sabia. Nós sabíamos que a Hilda estava escondendo algo, mas estamos tão surpresos com essa descoberta sobre Pan quanto você. Criamos esse grupo chamado LawBreak para fazer “justiça” na organização. Também achamos que Pandora não deveria ser executada, e por isso faremos o que for preciso para que isso não aconteça.

 - Tem um grupo dentro da organização? Isso é um pouco estranho, não acham?

 - Estamos aqui porque nossos ideais são bem parecidos com os da ordem, mas não concordamos com tudo que eles decidem. Aposto que você também não quer que a Hidelgarde e a Pan morram, não é mesmo?

 - Mas é claro! Nunca acreditei que a Hilda-sama fosse uma traidora, no entanto todos eles a tratam assim.

 - Mas antes de qualquer coisa, preciso saber se você está conosco. – Bruce perguntou um pouco mais sério.

 - Se é pra salvar as duas, estou sim!

 - Então vamos encontrar com o Hoshitake.

   Saímos daquela sala e descemos alguns andares até a área 5. Estava muito escuro em alguns corredores, o que dificultou nossa breve passagem. No fundo de um dos muitos corredores, estava o espião e esse título me deixou desconfiado dele.

 - Bruce, – Cochichei antes que chegássemos até o final do corredor. – Tem certeza que o Hoshitake é confiável? Ele tem o título de espião, e poderia muito bem estar nos espionando.

 - Tenho sim. Ele era muito fã do Blover quando criança. Pena que só conseguiu conhecer seu ídolo poucos dias antes de sua morte.

 - E o que o ex-general Blover tem a ver com isso?

 - Ele era muito pacifista e, basicamente nossos ideais são baseados nos dele. Ele evitava matar sem motivo. Era realmente uma boa pessoa, nem sei por que a Hidelgarde não quis se casar com ele.

 - Porque ela é uma cobra venenosa. – Hoshitake falou com uma expressão semelhante a da Lewinsk.

   Levei um susto ao perceber que ele havia ouvido o que tínhamos falado naquela distância. Fomos direto ao encontro daquele homem mascarado.

 - Hoshitake, não seja tão venenoso. – Disse Bruce. - Estamos aqui para salvar a Hilda e a Pan.

 - Não vim aqui pra salvar a Rhyca não, ela sabe se virar sozinha. – O espião falou indiferente. - Vim aqui por causa da Pan que nem sabia que era um príncipe e vai ser executada. A propósito, já sei onde ela está presa.

 - Onde? – Eu e o Bruce perguntamos juntos.

 - Na prisão especial do nosso esquadrão. Foi a própria Gilliard que a prendeu numa espécie de selo temporário. Nosso problema será se encontrarmos com minha general. Não vou lutar contra ela e também não deixarei que vocês lutem.

 - Então só teremos que evitar que ela nos veja! – Falei achando que seria algo fácil.

 - Não é tão simples quanto você pensa, novato. – Hoshitake falou claramente me desprezando. – Ela trabalha com encantamentos e cercou a prisão com vários tipos de magias. Algumas funcionam como alarmes e se nos descuidarmos, teremos sérios problemas.

 - Shion, ela não é uma adversária qualquer. – Disse o assistente do 4. – Ela selou sozinha Leviathan, o segundo príncipe. A Gilliard, em questão de poder, chega bem próximo da Hidelgarde. Esse é um dos motivos de estarmos interessados nela para o LawBreak.

 - Até que faz sentido... – Falei pensativo. – Mas porque não convocaram a Hidelgarde-sama para o grupo?

 - Hahahahaha...! – Hoshitake riu ironicamente. – Aquela lá não está do lado da Ordem Zero, nem de Gehenna e muito menos do nosso lado. Ela está do lado dela!

 - Vamos deixar de besteira e vamos nos concentrar para armarmos uma estratégia que salve as duas. – Bruce falou tentando não piorar as coisas.

   Passamos o resto daquele dia enfurnado em meio aos destroços. O espião tinha uma mentalidade totalmente voltada para estratégias e planos B’s que era difícil de acompanhar.

   No final, ficou decidido que eu e o Hoshitake iríamos resgatar Pandora quando ela fosse levada de volta à prisão, após o teste da Hilda. Ficaríamos dependendo de um sinal do shishou, que seria a ativação dos Sprinklers do corredor em que Pan estaria com os guardas que a escoltariam. Com isso a possibilidade de combatermos algum general era completamente anulada.

   Acabei percebendo que não havíamos planejado nada para salvar Hidelgarde-sama e falei isso para os dois presentes.

 - Como o Hoshitake disse, a Hilda sabe se virar sozinha. – Bruce falou calmamente. - Ela só está passando por aquilo para evitar problemas desnecessários, só isso. Se ela não for inocentada, ela vai colocar fogo em tudo aquilo e vai fugir. E claro que o Alexis irá ajudá-la. Deixe que os generais cuidem disso.

   Então, tudo que poderíamos fazer era esperar até que a hora chegasse. Amanhã será o dia em que decidiremos se Pan morreria ou não.


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