Pegue O Metrô Da Meia Noite escrita por Anna B4nana


Capítulo 8
Capítulo 8




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A última vez que encontrei seu Alex, ele gritava comigo por estar demorando tanto. Disse a ele que não era tão simples assim matar alguém e ainda pedi a ele para de mandar a loirinha do banheiro perseguir meus sonhos e mandar a ruiva selvagem pro buraco. Ele vem tentando me “animar”, assim não dá pra trabalhar.

- Pare de palhaça, os humanos matam toda hora, por que você está me enrolando tanto? – Estávamos sentados na sala da minha casa, dessa vez ele escolheu bem a sua fantasia. Parecia um moleque mesmo. Alto, moreninho, cara de sono. Tinha jeito de filho da puta metaleiro.

- Essas pessoas são doidas, agem com um princípio doido: vingança. E sempre vão presas por não tomarem cuidado. Não quero ir preso e além do mais, estou me aproximando dela aos poucos.

- Acho que ela já se aproximou demais de você ou você acha que não sei o que iria rolar naquele dia da festa?

Cara esperto.

- Velho, se você é tão foda assim, por que você mesmo não a mata, em?

- Não posso e já te falei isso.

- Não lembro, explica de novo?

Ele me olhou atravessado e disse finalmente.

- Vá se ferrar

- Vai fodão, fala! – Insisti cutucando ele e rindo.

- Caralho, ela tem mais força do que eu por causa da jóia que ela usa. Você provavelmente não notou porque ela tem um belo par de seios, mas ela usa uma tornozeleira com uma pedra da vida nela.

- O que é a pedra da vida?

- Uma pedra vermelha que aumenta os poderes de qualquer demônio no mundo dos humanos.

- Aham. Interessante.

- Espero que você não tenha outra palavra melhor para descrever isso.

- Não, isso é chato mesmo. Quer dizer que o senhor “apareço onde quiser como bem entender” não tem força o suficiente, em?

- Para. Não tenho força porque ela me roubou a pedra. Aquela maldita pedra me pertence!

- Ok, fique calmo, espere. Vamos se pacientes e deixe eu ir com calma, traçar um plano pra ninguém desconfiar. Está bem?

- Não. Quanto mais demorar, mais pessoas podem morrer.

- Você não disse que ela estava matando ninguém.

Ele sorriu, aquele sorriso dos arrepios.

- Você não perguntou.

Abri a boca, fazendo menção de falar, mas nada saiu de lá.

- Como?

- Ela está matando todos os dias, você não vê as noticias?

Ele apontou pra televisão. Liguem e ela começou a mudar de canal. Alex estava com o controle e então ele deixou num canal de noticias 24horas.

“Mas três mortos essa manhã foram encontrados perto da Igreja Católica Padre Miguel, pendurados em uma árvore, um deles o padre Carlos. A pericia disse que é do mesmo modus-operandi dos outros assassinatos. Os pescoços foram profundamente arranhados e seus estômagos foram abertos e seus corpos faziam o sinal da cruz de cabeça para baixo. Havia várias mordidas na cabeça de algo que parecia ser um lobo ou algo pior...”

Alex desligou a TV e eu não conseguia processar tudo aquilo.

- Quantas pessoas ela já matou?

- Acredito que umas 16 pessoas.

- Ela é rápida em.

- Muito.

- Vou tentar adiantar o meu lado também.

Alex se levantou.

- Faça isso. – Ele estalou os dedos e eu fechei os olhos com medo de acordar no dia seguinte na minha cama. Era domingo e mesmo sendo chato, não queria logo ir a escola. Quando abri os olhos, ele tinha ido embora e eu estava parado na sala. Meu padrasto me olhava com um leve espanto.

- Tá tudo bem, Danny?

- Ah... Está sim... Vou... Ah, tchau. – Sai sem mais nem menos e deixando Roberto confuso.

Primeira coisa era colocar a minha mente no lugar. Mas aqueles assassinatos não saiam da minha cabeça, estavam me fritando os neurônios. Aquelas imagens da TV me vieram à cabeça e passavam rápido com a voz da repórter no fundo, repetindo várias e várias vezes. Então passo na frente da igreja em que aconteceu tudo aquilo, quando olho para o alto da arvore, vejo os corpos pendurados e se balançando, com estacas de madeiras presas em suas costas para manter a posição da cruz invertida. Vomitei e tentei não voltar a olhar pra ali. As pessoas passavam por mim me olhavam com pena, um cara me ofereceu ajuda, mas recusei. Disse que estava tudo bem. Fui à porta da igreja e tinha muitas velas, fotos, homenagens na escada até a porta. Entrei na igreja e para a minha doce surpresa, a Vitória estava lá, de preto, linda, ops... Ah, com a mãe dela. Acho que era a mãe dela. A mãe dela estava conversando com o padre e ela estava de pé ao lado da imagem de Jesus Cristo no altar. De repente ela se vira e me vê: Pálido, cheirando a vômito e pendendo para um lado.  

- Amor você ta bem?

Amor? Alguém mais ouviu isso?

- Amor? – Falei

- Desculpa. Mania feia que tenho.

- Aham.

- Não acredita? Ah, esquece, vem cá.

Fomos até o altar e a mãe dela estava consolando o padre oferecendo ajuda. A mãe dela parecia muito velha pra ser mesmo a mãe dela. Ela aparenta ter uns 60 ou mais de idade Nos sentamos no banco bem na frente do altar e Vitória se virou pra mim e disse:

- Tá tudo bem mesmo?

- Está, acho. Apenas coloquei o café da manhã pra fora, só isso.

- Nossa, você ta mesmo bem? Tá doente? – Que desespero menina! Como pode alguém fazer tudo aquilo e depois se preocupar com alguém desse jeito?

- Ah, tô bem sim. Valeu.

Ela me abraçou.

- Estou to abalada com o que aconteceu.

- Eu também

- Tão trágico não é?

- É. – As imagens voltaram e repetiam na minha cabeça sem parar.

Ela me apertou bem forte e se afastou.

- Quer dar uma volta? – Ela perguntou

- Tá, pode ser, preciso mesmo sair daqui, não sou muito fã de igrejas.

Saímos, ela me deu a mão, inicialmente eu hesitei, mas ela a agarrou com força e se encostou em mim. Parecíamos um casal, pra ela e os outros. Para mim, era uma coisa tão surreal, não sabia ainda como fui parar nessa situação de maluco. Acho que desejo que alguém me acerte bem forte na cabeça. Não demorou muito e acho que meu desejo foi concebido, pois tudo ficou escuro e perdi o chão.


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