Pegue O Metrô Da Meia Noite escrita por Anna B4nana
De sem rumo, decidi tomar um caminho, fui pra Cena e encontrei o Pedro lá, já estava bem “alto” e veio de braços abertos. Ele já sabia de tudo.
- Sinto muito irmão.
- Eu sei...
- Vamos achar esse filho da puta e acabar com ele, porque é isso que os amigos fazem, ajudam uns aos outros.
Eu sorri.
- Vem comigo. – Ele me arrastou pro grupo que fumava, bebi e estava escutando Ozzy Osbourne, Crazy Train.
Comecei a beber com eles, fumar e a curtir as músicas com eles, mas depois de um tempo, comecei a chorar, deitado nas pernas de Pedro enquanto ele ficava com uma garota.
- TÔ SOZINHO NO MUNDO AGORA! PEDRO ME AJUDE! O QUE EU FAÇO AGORA? – Era uma cena tragicômica, ridícula e insana. Ele largou a garota e disse que iria me levar pra casa.
No ônibus ainda chorava demais, agora no ombro dele. Ele tentava me consolar, mas um bêbado consolado o outro nunca deu certo, então, ele notou que falhou com isso e começou a chorar também. Dois cavalões chorando no ônibus, que escroto. Era o que a maioria das pessoas pensava. Ridículas, adoram julgar sem nem ao menos buscar saber os motivos.
Chegamos em casa, finalmente e o dia todo não vi nem sinal da outra, a Vitoria. Ela sumiu do mapa. Pedro me deixou no sofá e já foi logo para a cozinha. Enquanto ele fazia isso, meu amigo querido Alex apareceu de repente:
- Você ta muito ruim. – Ele me olhava de cima a baixo. Odeio quando fazem isso.
- Eu sei, vem cá – Chamei-o. – Vem aqui vem
Ele sentou ao meu lado, sentei também e o abracei. Ele recuou e me olhou estranhamente, após isso, foi a minha vez de sorrir sinistramente e dar lhe o que merecia: Um belo soco na cara. Pedro chegou na hora em que eu ia partir pra cima de Alex, que jazia caído no chão, segurando o nariz.
- Porra! Meu nariz, seu pedaço de merda!
- Cara... o que houve entre vocês?
- Esse veado... é culpa dele isso tudo! CULPA DELE! – Pedro me segurava com força e Alex sentou no canto da sala de estar e sangrava pelo nariz. Me olhava.
- O que? Como assim? Relaxa cara, fique calmo. – Pedro tentava me acalmar, deitei no sofá e fechei os olhos. Quando os abri novamente, estava de noite e Pedro conversava cm Alex e um detetive.
-... Não falou de ter ouvido nada e... Ele acordou.
O detetive era alto, branco, careca e tinha os olhos azuis. Ele anotava tudo os que falávamos, que era apenas besteiras, não sabíamos de nada.
- Você é o dono da casa... Agora? – Perguntou ele.
Apenas balancei afirmativamente a cabeça, bem devagar.
- Bem, eu sou o detetive Rodrigues e estou no caso desse assassino em série. Batizaram-no de “Anti-Cristo”, pelo modus operandi dele, entende?
Novamente, afirmei com a cabeça.
- Pode me dizer o que fez na noite dos assassinatos?
- Saí com uma amiga.
- Podemos falar com ela?
- Podem, se ela estiver em casa
- Como assim?
- Ah, a gente não a viu o dia todo, estudamos juntos e ela não estava lá na escola. – Disse Pedro
- Entendo... – Falou o detetive, escrevendo em seu bloquinho de Sherlock Holmes. – Pode descrever o que aconteceu, com os horários?
- Claro: Busquei a Vistoria as oito da noite, saímos, fomos ao cinema, devemos ter chegado lá no shopping pelas 20h20min algo assim, pegamos a sessão das 20h30min, ficamos por lá até 21h15min e voltamos para cá, deveria ser as 21h:35min. Subimos, transamos e devo ter terminado pela 22h05min, depois trocamos algumas palavras, ela pediu pra dormir aqui e se encostou em mim e ela dormiu. Acho que uns cinco minutos depois eu dormi. Isso deveria ser lá pelas 23h00min. Daí, acordei de manhã...
- Lá pelas sete da marina. – Disse Alex.
- Isso, - Concordei. – E ela não estava mais aqui em casa, só esse meu amigo.
O detetive olhou estranhamente para Alex, ele ia perguntar algo que provavelmente não saberíamos como responder.
- E como você entrou aqui? – Não falei?
- Ah... Bem... - Comecei.
- Velho, você não sabe de nada, ta falando o que? Fica aí gaguejando, eu hein. – Cara de pau ficou estressado.
- Então? – Perguntou o detetive.
- Entrei com a chave que ele tinha esquecido comigo, somos muito amigos e primos distantes, então, achei que não teria problema. Além disso, estava preocupado com ele, eu soube logo da noticia pela TV e queria saber como Danny estava.
- Entendo... – O bloquinho novamente. – Então, seus pais não dormiram em casa, certo Daniel?
- Errado.
- O que? – Ele me olhou.
- É Danilo o meu nome.
- Fora isso, está certo dizer que eles não dormiram aqui, não é?
- É. Está sim.
- Ótimo. Obrigado pela ajuda de vocês. Se souberem de algo, me liguem – Ele nos deu um cartão e se retirou.
Ficamos parados ali sem saber o que fazer, olhando uns para os outros. Momento difícil, mas teria que ir ao necrotério, mas não tinha cabeça para aquilo.
- Tenho que ir ao necrotério para poder enterrá-los. – Falei, olhando para o chão.
- Ah cara... – Falou Pedro, que foi pro quarto e na volta trouxe 2 pares de tênis. – Vou com você e olha – Ele me deu um abraço forte. – Estou aqui pro que der e vir, amigos são até o final da vida, mas cara, eu te considero meu irmão e isso, é mais que pra vida toda. É eterno.
- Valeu cara, te considero um irmão também. Muito obrigada, nem sei o que faria sem você, parceiro.
Ficamos alguns segundos assim e Alex parecia meio deslocado, não sei se era da atuação ou se era verdadeiro, mas pedi para ele nos acompanhar também.
- Está bem, eu vou sim. – Ele respondeu um pouco emotivo.
Estávamos no ônibus, quando o Alex me olhou seriamente. Sabia que ele queria me falar, sabia que ele estava certo, sabia qual era a minha missão, mas naquele momento eu pensava que aquilo aconteceu por eu não ter ouvido o Alex na noite passada. Sinto que ter levado Vitória para casa comigo foi errado, sinto que ter pego o metrô naquela noite foi errado. Mas tenho a certeza absoluta, dentro da minha alma, que devo terminar esse serviço que me foi destinado. Em nome da minha tia e do meu padrasto Roberto. E farei isso com todas as minhas forças e destruirei qualquer um que se meter em meu caminho. Isso não era uma jura ou uma promessa, mas acabara de se tornar a minha meta de vida, a razão de eu acordar todos os dias: Acabar com a Puella Daemonem
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