A guerra estava em seu ápice. Corpos de estudantes, comensais da morte e criaturas estavam espalhados por todo o pátio principal. Alunos de todas as casas lutando bravamente juntos. Alguns estavam correndo, tentando se esconder, enquanto a maioria lutava. Professores e funcionários mostrando suas habilidades antes nunca vistas por seus alunos.

Hermione corria rapidamente enquanto lançava feitiços em Comensais da Morte. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, esse dia viria. Ela só não estava preparada psicologicamente, por assim dizer. Viu tantos amigos morrerem, estava completamente traumatizada.

Esbarrou-se com Rony em meio à confusão e os dois se abraçaram. Poderia ser a ultima vez que teriam a chance de fazer isso. E então, se separaram e correram em direções diferentes. Rumos diferentes.

Hermione havia perdido as contas de quantos Estupore havia lançado naquela noite que parecia interminável. Continuou correndo e lutando. Estava procurando por Harry. Temia pelo amigo. Temia pelo o que poderia acontecer a ele naquela noite.

Ela sabia que uma parte de Voldemort vivia dentro de Harry. E tinha quase certeza de que, a essa altura, seu amigo também sabia. O que a deixava apavorada era pensar que ele poderia estar indo se encontrar com Voldemort neste momento.

Correu, correu até não agüentar mais. Respirou ofegante antes de subir as escadas do castelo. Continuou correndo até que chegou a sala de Dumbledore. Algo lhe dizia que era pra entrar lá. E assim, Hermione o fez.

A castanha deu de cara com o amigo com o rosto dentro da penseira, e sentiu um alivio por ele estar ali, vivo. Resolveu não interromper Harry e começou a olhar a sala.

Tudo estava intacto, igual a ultima vez que estivera ali. Hermione sentiu uma paz gigantesca. Nem parecia que lá fora estava acontecendo uma guerra terrível. Nem parecia que Hogwarts estava sendo destruída.

–Hermione, o que faz aqui? – a castanha ouviu o amigo perguntar. Ela virou-se pra ele e imediatamente o abraçou.

–Harry, eu sei o que você quer fazer. – ela disse quase chorando. – Não faça.

–Eu tenho que fazer, Hermione. E você já deve saber por quê. – ele disse engolindo seco.

Harry se afastou da amiga lançando-lhe um último olhar cansado antes de sair da sala, deixando-a sozinha. Hermione permaneceu ali, sem mover um músculo enquanto tentava pensar. Pensar no que aconteceria dali em diante.

Não sabia dizer quanto tempo ficou na sala de Dumbledore, mas assim que saiu de lá e foi ao Salão Principal, foi como se tudo tivesse perdido o sentido, a razão. Alunos chorando e gritando em todos os cantos do salão, professores correndo de um lado pro outro ajudando as enfermeiras com os alunos feridos enquanto alguns já estavam mortos a seus pés.

Hermione conseguiu segurar o choro por um tempo, mas aí viu Fred, Tonks e Remus deitados, mortos. Não aguentou mais. Caiu de joelhos e começou a chorar. Molly Weasley viu a castanha chorando e foi em direção a ela. Ela considerava Hermione como sua filha, agora mais do que nunca. Hermione havia tirado a memória dos pais para o próprio bem deles, porém pagou muito caro.

–Querida... – Molly disse maternalmente se ajoelhando ao lado de Hermione e a abraçou forte. – Tudo vai ficar bem.

Hermione tentava, de verdade, acreditar nisso. Que tudo ia ficar bem. Mas não conseguia. Naquele momento tudo parecia perdido. Sem solução. Soluçou diversas vezes enquanto abraçava Molly e quando, finalmente, conseguiu se acalmar, agradeceu a Mãe Weasley.

–Não precisa agradecer, querida. Você é como se fosse uma filha – acariciou-lhe o rosto e prosseguiu – Sempre que precisar, estaremos aqui. É a sua família também, afinal.

Família. Hermione nunca teria uma família novamente se não fosse pelos Weasley. Ela era muito grata por isso. Por tudo o que eles fizeram em todos os momentos difíceis. A castanha, depois de muito esforço, levantou-se e foi em direção ao pátio que há essa hora estava vazio, já que Harry fora duelar com Voldemort pessoalmente.

Estava bastante frio, mas Hermione não ligava. As nuvens cobriam a lua que parecia querer se mostrar, porém não podia. Respirou profundamente enquanto andava devagar pelo pátio. Estava tão preocupada com o amigo que chegava a doer. Ele era como se fosse um irmão pra ela.

–Não adianta ficar tentando adivinhar o que está acontecendo agora na Floresta Proibida, Granger. – Hermione ouviu uma voz seca e arrastada atrás de si. Draco Malfoy.