POV Justin.

Phelipa Lovewind McWood. Esse era o nome dela. Da minha nova babá. Minha mãe só podia estar ficando louca mesmo... Eu tenho 17 anos, pra quê preciso de uma babá? Já sei me cuidar muito bem. Aquela... Garota irritante. Vive pegando no meu pé. Que saco! “Justin faz isso...” “Justin faz aquilo...” “Justin... Para que sua mãe não vai gostar” “Justin... Justin... Justin” ECA! Já perdi a conta de quantas vezes ela fala meu nome quando tem que ir lá pra casa quando minha mãe sai.

Eu realmente queria continuar odiando-a. Queria mesmo, mas com o tempo, se tornou quase impossível. Ela é simplesmente perfeita. É bonita, inteligente, está no último ano do colégio, é do clube de teatro e da equipe de vôlei. Não tem como existir garota melhor que ela no mundo. Mas, uma coisa me impedia de me declarar para ela... Ou melhor, mais de uma. Primeira coisa: Selena Gomez, minha namorada grudenta, que eu já não gostava mais como antes, e talvez nunca tivesse gostado dela de verdade. Segunda coisa: Ela era minha babá! Como a gente se declara pra sua babá? Na boa, eu realmente não sei. Terceira coisa: Ela me odiava. Odiava-me de verdade. Uma coisa – ou sentimento – que antes era mútuo passou a vir de uma pessoa só. Dela. Eu queria tanto que ela me amasse como eu a amava.

POV Phelipa.

Justin Drew Bieber. Esse era o nome dele. Do garoto que eu tinha que cuidar. Eu tive um susto tremendo quando dona Pattie abriu a porta para que eu entrasse, eu esperava uma criança de no máximo, 10 ou 11 anos, mas me deparo com um garoto da minha idade, de bermuda e sem camiseta, sentado no sofá com os braços cruzados. Aquele... Menino chato! Parece um desses pirralhos pentelhos que ficam te irritando de segundo em segundo. “Cala a boca, Phelipa...” “Fala direito comigo, Phelipa...” “Eu não sou aquelas suas amiguinhas, Phelipa...” “Phelipa... Phelipa... Phelipa...” Cala a boca, guri! Nunca tive coragem de mandá-lo calar a boca e me respeitar, porque quando a mãe dele sai, quem manda ali SOU EU! E não ele.

Eu queria odiá-lo como odiava antes, mas de repente, tornou-se impossível. Seus cabelos, seu rosto, sua voz, sua inteligência e seu imã para problemas, começaram a me atrair de uma maneira que eu nunca havia imaginado antes e quando dei por mim, já estava completamente apaixonada por ele. Mas, múltiplas coisas me impediam de dizer para ele tudo que eu sentia. Primeira coisa: Selena Gomez, a namoradinha sem sal e sem açúcar dele. Segunda coisa: Eu era sua babá! Como a gente se declara pro menino que a gente cuida? Terceira coisa: Ele me odiava. Odiava-me do fundo do seu coração forte e eu simplesmente não conseguia lutar contra isso. Tinha que continuar fingindo que sentia vontade de bater nele todas as vezes que ele me chamava, quando na verdade, só queria abraçá-lo e dizer que o amava.

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O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.