Lágrimas De Um Demônio escrita por VampireWalker


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu não tenho nada a dizer, apenas boa leitura.



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Você deixou o mundo, me abandonando, me largando sozinha, seu anjo estúpido. Você me disse que seria para sempre e que tudo aquilo iria nos “dar forças” para sermos o que somos, não era assim? Então, por que agora vejo seu corpo morto na minha frente? Por que sinto minhas lágrimas escorrerem pelos meus olhos e minhas mãos fechadas em punhos ao lado do meu corpo enquanto vejo seu corpo ensanguentado jogado ao chão gélido da noite?

Por que teve que me deixar quando jurava a mim que seríamos felizes juntos com este amor proibido? Por que não me levou junto? Sei muito bem que você era um anjo, o anjo mais lindo pelo qual meu mole coração se apaixonou e eu, apenas mais um demônio para sua coleção de feiuras, então por que me acolheu em seus aposentos e me tratou como esposa e não como um ser da espécie do seu maior inimigo?

Sempre me dava um beijo de boa noite na minha testa ou na minha bochecha, eu corava enquanto escondia meu rosto entre as cobertas que mandou fazer para mim, ouvia sua doce risada e podia perceber o brilho em seus olhos e o seu grande sorriso. Por que acabei me apaixonando por você?

Minhas lágrimas rolaram pelas minhas bochechas ao lembrar da primeira vez que, sem querer, nos beijamos. Você ia me dar um beijo de boa noite, todas as terças e quintas eram na bochecha e nos outros dias na testa, quando eu virei a cabeça para perguntar-lhe alguma coisa, nossos lábios se encostaram levemente, lembro também de ter arregalado os olhos e ter ficado vermelha, enquanto você tinha os olhos levemente abertos. Ao invés de você simplesmente se afastar de mim e desejar-me boa noite, você continuou com os lábios juntos aos meus. Meu coração palpitava forte e ouvia o seu batendo na mesma frequência que o meu, aquele elo invisível que havíamos selado naquele dia foi o suficiente para você mudar de ideia sobre as coisas, sobre o amor.

Agora havia mudado: segundas, você me beijava nos lábios levemente; terças, me dava um beijo no pescoço; quartas, na bochecha; quintas, na testa; sextas, um beijo apaixonado, onde nossas línguas dançavam a emoção daquele amor quase correspondido que tínhamos; sábados, seu alvo era minha orelha, eu me arrepiava toda e ele apenas ria, depois lambia-a e beijava meu nariz; e, aos domingos, dávamos aqueles beijos de esquimós, onde nossos narizes se enroscando de um lado para o outro, era uma coisa fofa para mim.

Dei um meio sorriso ao me lembrar disto, enquanto minhas lágrimas alcançavam o chão em busca da liberdade, um triste sorriso nascia em minha face ao presenciar quando sua corte disse que você teria que casar com a rainha viúva do reino vizinho. Ela era conhecida por matar os maridos que não lhe agradavam, sendo viúva de vários homens, inclusive de meu irmão, meu tão amado irmão fora morto por ela.

Você passou então a faltar noites e noites. Chorava em meu quarto, isolada da sociedade, queria morrer ao preferir vê-lo casado com a mulher que matou meu doce irmão, mas não teve escolha, pois se negasse a algo desse nível corta-lhe a cabeça iam. Lágrimas me visitam todos os dias os meus olhos, até mesmo os que você ia, me via chorar e nada fazia, apenas dava um triste sorriso, seus olhos já não brilhavam mais como antes. Eu me via sozinha no mundo, eu estava só.

Um sorriso sarcástico e sem vida estava presente em meu rosto ao lembrar-me como fora doloroso lhe ver na igreja, esperando uma noiva com um falso sorriso no rosto. Senti inveja da maldosa viúva que adentrava pela porta com um vestido branco. Pelo casamento inteiro, desejei ser aquela noiva. Cruzei meus dedos para que na hora que o padre perguntasse de você se aceitava aquela viúva falasse não, mas disse sim. Me deparei em lágrimas e antes mesmo do padre perguntar se existia alguém contra aquele casamento forçado, abri as portas da igreja e fui correndo para o castelo onde você morava, chorar em meu leito sem cor, monocromático, que deixou para mim.

Não existia mais motivos para sorrir ou para forçar um sorriso como fez na hora de seu infeliz casamento, esqueci como era ser um demônio por culpa de sua pacífica aura angelical, de sua face angelical. A culpa foi totalmente sua se me apaixonei por um amor não correspondido agora.

Uma nova guerra começaria entre anjos e demônios, pois alguém deu falta de mim no submundo e resolveu avisar ao rei. Esse rei era conhecido pelos seus olhos incrivelmente vermelhos e seu típico cabelo preto que ardia em chamas quando se irritava, o que era visto todas as horas já que sempre estava irritado. Tinha a fama de ser conhecido como noivo de todas, pois quando todas as mulheres completavam 16 anos, tinham que se tornar noivas do rapaz, e só foram dar falta de minha presença quando completei essa idade.

Iria me entregar rapidamente, não queria que ninguém machucasse você, não queria me sentir culpada para o resto da eternidade, pena que ela não pensou do mesmo jeito que eu. Grossas lágrimas caíam de meus olhos ao me deparar com aquele rei egoísta, ele apenas olhou para mim, visualizando meu corpo e um sorriso safado tinha dado, agarrou-me pela cintura e começou a falar a mesma frase várias vezes “Minha noiva”. Chorei silenciosamente enquanto ele atacava meu frágil corpo quase sem vida, ele não era o anjo pelo qual tinha me apaixonado, era somente um pesadelo que teria que enfrentar.

Então o safado rei parou e observou, disse que viraria sua legítima rainha, pois era a mais bela de suas atuais noivas. Senti minhas pernas fraquejarem e caí no chão aos prantos, dando berros de dor, agonia e tristeza. Nunca mais encontraria a felicidade naquele mundo.

O rei ria de minha desgraça e chutou-me para a coluna mais próxima, gritando em plenos pulmões “Demônio estúpido, apaixonado pelo inimigo. Escravas serás de teus próprios pecados, traidora.

Sentia o sangue sair pela minha boca enquanto o rapaz, com seu egoísmo, continuava a gargalhar de minha desgraça, graças aos céus que você não apareceu naquela hora, meu querido anjo. A antiga viúva apareceu com uma espada em mãos, seus olhos também vermelhos mostravam superioridade em relação ao rapaz a sua frente e o quanto não tinha medo de um demônio. Em um rápido movimento, vi o sangue roxo saindo da espada que ela tinha encravado no corpo do antigo rei, ele apenas riu e não deu mais tempo para nenhuma reação, pois ela retirou o objeto de sua barriga e cortou-lhe o pescoço.

Dei um meio sorriso para a mulher que teria salvado minha vida e somente lembro dela gritando de dor ao olhar meu rosto, com lágrimas nos olhos.

Quando acordei, estava em meu quarto daquele castelo que fugira. Virei para o lado e dei de cara com o anjo pelo qual me apaixonei, com os braços apoiados na ponta da cama, dormindo de forma angelical. Um pequeno sorriso fugiu de meus lábios, sentei-me na cama e fui arrastando-me para sair até uma mão segurar meu pulso. “Não é inconveniente sair sem falar bom dia para a outra pessoa?

Soletrei um pequeno bom dia como fora pedido pelo meu anjo e ia em direção à saída da cama, mas você segurou meu pulso com mais força e jogou-me de volta nela, ficando por cima de mim, lambeu e mordeu o glóbulo da minha orelha e sussurrou na mesma “Viramos viúvos”. Nos primeiros instantes, não havia entendido a mensagem até lembrar dos gritos que minha antiga cunhada deu ao me ver.

Ela… faleceu?” Lembrei-me de ter perguntado isso a você enquanto você apenas balançou a cabeça positivamente, com um sorriso sádico nos lábios. Hoje devia ser domingo, então seria o beijo de esquimó, apesar de ser ‘bom dia’, porém decidimos que não existiria mais aquelas coisas.

Então rapidamente você foi tirando minha inocência de garota, explorando minhas partes sensíveis com o maior cuidado do mundo, sem pressa. Podia dizer que tiramos nossas inocências com gosto, prazer, não podia? Pena que você não estava mais aqui para concordar comigo, segurar minha mão, beijar minha bochecha e sussurrar que me ama enquanto me arrepiava toda.

Queria que não tivesse acontecido assim, não poderia ter sido assim. Quando chegamos nos nossos ápices, você me jogou ao seu lado e brincou com as mechas ruivas do meu cabelo enquanto encarava com seus orbes azuis celestes meus simples olhos verdes com um sorriso, seu cabelo loiro todo bagunçado, suado, colado ao travesseiro.

É difícil acreditar que isso foi ontem, difícil acreditar que hoje você está morto, morto por alguém, morto por um de sua corte, de sua espécie. Era difícil pensar que nossa ‘noite de núpcias’ ocorreu um dia antes de você ser assassinado.

Chorar, chorar. Observe em que ponto irônico fui chegar. A alma de uma senhora viúva apareceu em minha frente, seus olhos demonstravam tristeza e tocou meu ombro com um triste sorriso presente no rosto. Fiquei mais triste ao vê-la pois ela me lembrou você.

Jovem pecadora, seu destino ainda não acabou” começou a doce senhora, logo sumindo e deixando-me sozinha com seu corpo morto. Joguei-me em cima do mesmo, derramando mais lágrimas, apertando sua mão gélida, esperando que a mesma voltasse a ficar quente e acariciasse a minha em retorno, depois minha bochecha falando que não passava de um sonho.

Beijei-lhe os lábios gelados, petrificados como uma bela peça de gelo, sem vida. Contornei o seu rosto com a ponta dos dedos, gélido. Era triste ter que admitir que você realmente está morto, meu doce anjo, meu doce pecado.

Engravidaste minha jovem, em sua noite de núpcias, sua primeira vez, de seu maior pecado contra sua espécie.” Murmurou a voz da rainha viúva, seu fantasma apareceu em minha frente com um sorriso um tanto feliz no rosto, gritos e gritos eu dava, além de te perder, você me dá um presente que não queria?

As duas fantasmas sumiram de minha frente, indo descansar pela eternidade até alguém dar uma nova chance para elas. Um pequeno sorriso teria brotado em meu rosto se não sentisse tamanha dor pela sua perda. Uma mão se estendeu a minha frente e ousei a olhá-la para ver seu dono.

Dê-me sua mão, Rain” pediu a alma de meu anjo morto, dei-lhe minha mão e senti o toque da mesma, o que fez meu corpo arrepiar-se todo e você apenas rir.

Fez-me chorar a toa, Leonard.” Comentei enquanto me levantava de onde estava, seguindo-o. “Venha comigo para aonde vivo agora, assim poderemos cuidar de Angelina.” Você falou com um sorriso no rosto, apenas balancei a cabeça negativamente.

Que Angelina? Está falando do Edward?” Então rimos, infantis somos até mortos.

Assim, caminhávamos de mãos dadas em alguma direção, iríamos viver aquele amor proibido mesmo após a sua morte, amor angelical e demoníaco que resultou em sua morte, todavia também resultou em um novo feto. Viver as escondidas, sorrir, amar, e assim que terminará nossa história de amor: somente eu, você e nosso pecado.


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