Teenage Dream escrita por Lele17


Capítulo 6
All About Us




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- Acho que já tenho o suficiente aqui... – Evelyn, em seu tom formal. – De qualquer forma, prazer em conhecê-lo, Kurt! – levantou-se, estendendo-lhe a mão.

- O prazer é meu, Evelyn! – disse o garoto, tomando-lhe a mão com firmeza. – Obrigado pelo seu tempo!

- Boa sorte! – disse a moça, quando Kurt já estava perto da porta. Ele agradeceu e pediu licença, retirando-se em seguida.

                Apesar do alívio da etapa já cumprida, o nervosismo não o abandonara – afinal, ainda teria de esperar o resultado. Não sabia se tinha ido bem ou não: apesar de simpática, Evelyn sabia ser muito inexpressiva. Era difícil saber quando estava agradando ou não.

                Mas, de uma maneira geral, sentia-se bem. Desceu as escadas e vagou pelo salão, a procura de Blaine – que não estava no lugar onde o avistara antes de ir para a entrevista. Olhou em volta, confuso, checando seu celular em seguida: nenhuma mensagem recebida.  “Talvez tenha ido ao banheiro...”, deduziu.

                Queria esperar no mesmo local onde se separaram, mas a multidão crescera consideravelmente enquanto estivera em sua entrevista. Foi, então, a cafeteria do andar superior – estava precisando desesperadamente de um Mocca Light.

                Ao aproximar-se da entrada, avistou Blaine em uma das mesas, ao longe. Como ele ficava lindo com aquele olhar pensat- Espere! Ele não estava sozinho! Um pilar estava na frente do misterioso acompanhante, aumentando o suspense. Se fosse quem Kurt estava pensando... Foi andando a passos firmes em direção ao namorado, irritado.

                Desviou da grande fila que agora se formava na cafeteria e foi direto para as mesas. Ao avistá-lo, Blaine não se mostrou assustado, o que já era bom sinal – porém, também não mostrava o mesmo entusiasmo de sempre.

- Kurt, achei que a entrevista ia demorar mais...

                Desviou o olhar rapidamente do namorado, torcendo para não dar de cara com aquele sorrisinho cretino... Ah! Era apenas o Finn! Aliviado, voltou a prestar atenção em Blaine:

- Desculpa! Eu devia ter subido, né... – disse o moreno, puxando uma cadeira para Kurt.

- É, a gente acabou perdendo a noção do tempo! – completou Finn, sorridente. Parecia tenso... 

- Sem problemas! Parece que só falta a Rachel agora! – comentou Kurt, ao sentar-se, ainda estranhando o desânimo de Blaine. Aproximou-se e perguntou, baixinho: - Tá tudo bem, amor?

- Tá, tá sim! – respondeu, se afastando. - Devo estar com dor de cabeça, só isso... E a entrevista, como foi?

- Estranha. – respondeu Kurt. – Não sei dizer se fui bem ou mal...

- Ah, mas é normal isso! – exclamou Finn. – Eu sempre ficava assim quando algum olheiro vinha e... – parou, como se tivesse se lembrado de algo. – É... É assim mesmo... – completou, com um sorriso triste.

                Agora o Finn também?  Todo esse clima já estava lhe dando nos nervos! Seja lá a conversa que eles tiveram, era algo que não queriam compartilhar com ele. Ambos desviavam o olhar quando Kurt tentava analisar um mínimo de expressão facial que os denunciasse. Levantou-se, enfim, dizendo:

- Bom, acho que vou ser mais útil na fila pra pegar minha bebida do que aqui, atrapalhando a conversa de vocês, não é? – e saiu, com um sorriso cínico.

                Cansado, Blaine chama o namorado de volta, que o ignora. Lembrou da história de Finn, pensou um pouco se devia mesmo ir atrás do namorado. Então seria sempre assim agora? Seria ele o que sempre dá o braço a torcer?

                Uau, talvez isso fosse um pouco exagerado. Estava confuso, tivera muitas conversas pesadas num dia só. Além disso, Kurt tivera um dia bem estressante... Não valia a pena brigar agora. 

- Acho melhor eu ir resolver isso... – disse Blaine, levantando-se.

- Vai lá! – incentivou Finn. – Valeu pela conversa... – agradeceu, estranhando um pouco sua própria fala.

- Relaxa! – disse Blaine, indo em direção a fila. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Kurt se aproximou dizendo:

- Ei, desculpa ter feito essa cena toda, tá? Deve ter sido bem chato ficar aqui me esperando esse tempo todo...

                Sorriu. Percebeu que estava julgando o namorado como se sequer o conhecesse. Kurt é diferente, não havia com o que se preocupar.

- Você perdeu seu lugar na fila. – comentou Blaine, risonho.

- Isso era só parte da cena. – respondeu Kurt, sorrindo.

                Abraçaram-se. Por algum motivo, Blaine achou melhor nada dizer. Se pedisse desculpas, teria que explicar tudo o que ocorrera naquela tarde, desde a conversa com Sebastian – e isso com certeza daria motivo para uma nova briga. Deixou assim: estavam bem agora, e era isso que importava.

- Escuta, vamos sair logo daqui? – perguntou Blaine, ansioso.

- Mas e o Finn? – perguntou Kurt, olhando para o irmão.

- Ele vai ficar em boas mãos. – disse Blaine, apontando para a TV da cafeteria, que transmitia um jogo de futebol americano. Finn parecia bem entretido, sequer piscava.

                Acenaram para o rapaz de longe. Subiram as escadas e, ao voltarem ao saguão principal, avistaram Rachel descendo do andar de entrevistas. Foram ao seu encontro:

- E aí, como foi? – perguntou Kurt, animado.

- Ótima! – disse Rachel, com igual entusiasmo.  – Achei que demoraria um pouco mais... Minhas respostas devem ter sido mais completas do que imaginei!

- Oh... Fico feliz! – sorriu Kurt.

- O Finn está te esperando lá na cafeteria, Rach! – comentou Blaine, fingindo não saber do desentendimento entre os dois. – Você devia ir vê-lo, é que a gente já está de saída...

                O sorriso de Rachel estremeceu, mas se manteve. A garota agradeceu o aviso, despediu-se brevemente e desceu as escadas um tanto hesitante. Kurt virou-se para Blaine:

- Blaine... O Finn te disse que horas a Rachel foi fazer a entrevista? – perguntou.

- Hm, quando nos encontramos na cafeteria ela tinha acabado de subir... – disse o garoto, olhando seu relógio. - Faz uns 30 minutos, acho.

- Então a entrevista da Rachel durou METADE do tempo da minha? – concluiu Kurt, apreensivo.

-  O-oh... Isso pode ser muito bom ou muito ruim! – disse Blaine.

- Não, isso só pode ser muito ruim! – disse Kurt, preocupado. – Não é possível fazer uma entrevista daquela em meia hora! Mesmo sendo a Rachel...

- Kurt, calma. – disse Blaine, estranhando a exaltação do namorado. – Eram dois entrevistadores diferentes, não é? Vai ver cada um tem o seu método...

- É a NYADA, Blaine, não uma faculdade de esquina! – disse Kurt, exaltado, enquanto caminhavam até o carro. - Eles não podem ser tão subjetivos na seleção dos candidatos!

- Mas não adianta ficar pensando nisso agora! – disse Blaine. – Só vai te deixar mais ansioso... Talvez seja hora de pensar só em você, Kurt. Não dá pra perder tempo com os outros.

- “Não dá pra”... Que conversa é essa? É a Rachel, minha melhor amiga! – exclamou Kurt. – O que deu em você pra falar desse jeito?

- Eu sei, e-eu... – Blaine gaguejava confuso. Estava falando como Sebastian de novo! Mas fazia sentido dessa vez... – Eu só não quero que você fique sobrecarregado!

                Diante do silêncio de Kurt, agora que entravam no carro, Blaine continuou:

- Você acha mesmo que neste exato momento ela está preocupada com o SEU desempenho na entrevista?

- Blaine... – começou Kurt, sério. – Eu não sei que tipo de conversa você teve com o Finn, mas toda história tem dois lados, sabia?

- Mas o que... – começou Blaine, confuso.

- Não é porque o Finn te disse algo a respeito da Rachel que você tem direito de julgá-la agora!

- Eu não estou julgando! – exclamou Blaine, enquanto Kurt saía do estacionamento da faculdade.- Você sabe que ela é assim!

- Tudo o que eu sei é que a Rachel me disse mais de uma vez que o sonho dela é entrar na NYADA, - começou Kurt – e que parte do sonho é que eu esteja com ela. É tão difícil assim de acreditar?

- E você acha que não está faltando nada? – perguntou Blaine, cínico.

- Eu não tenho que achar nada! – exclamou Kurt, com os olhos na rua. - Nem você!

- Oh, ok, então é isso que você está me dizendo? – interrogava Blaine, cada vez mais exaltado. – Que esse é o seu sonho também?

- E se for? – retrucou Kurt, igualmente irritado.

- Então EU não sou parte do seu futuro?! – gritou Blaine. – Do mesmo jeito que o Finn não faz parte do dela?

- Claro que é! – exclamou Kurt. – Nós somos diferentes deles, Blaine!

- Será mesmo? Você acabou de me provar o contrário!

- Deus, por que você não CRESCE?! – gritou Kurt, virando-se para Blaine ao parar em um sinal fechado. – Nós já conversamos sobre isso, e uma conversa com o FINN te faz mudar de ideia? Que tal amadurecer e começar a pensar por si mesmo?

- Quer me ver pensando por mim mesmo agora? – disse Blaine, tirando o cinto de segurança. – Espero que eu tenha idade pra pegar o ônibus desacompanhado.  – saiu do carro, indo até o ponto de ônibus do outro lado da rua.

                Kurt rapidamente baixou o vidro e chamou Blaine, que sequer se virou. Antes que pudesse fazer alguma manobra pra buscá-lo, o sinal abriu, e os carros atrás começaram a buzinar. Viu-se sem escolha e seguiu, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto sem descanso.  Tinham ido longe demais, disseram coisas demais.

                No farol seguinte, tentou ligar para o rapaz, que rapidamente desligou ao ver seu nome na tela. Ao avistar nuvens negras no céu, Blaine apressou-se para chegar ao ponto de ônibus antes da chuva cair, em vão.  A chuva fina foi ficando cada vez mais forte, até se transformar numa violenta tempestade.

                No carro, Kurt tentava se recompor da discussão. Só pensava em Blaine. Sabia o quanto o rapaz era sensível às palavras. Por que tinha dito aquilo? Ligou o rádio, numa nova tentativa de se distrair, e reconheceu as primeiras notas de uma música que ele e Blaine adoravam cantar um para o outro de brincadeira: I’m All Out Of Love, na versão do Westlife [http://www.youtube.com/watch?v=w7eCGnHWTes].

I'm lying alone with my head on the phone
Thinking of you till it hurts
I know you hurt too but what else can we do
Tormented and torn apart?

( Estou deitado sozinho, com a cabeça sobre o telefone
Pensando em você até machucar
Eu sei que você também está ferido, mas o que posso fazer
Atormentado e aos pedaços?)

                Era a primeira vez que tinham uma briga séria, mesmo com tanto tempo de namoro. A primeira crise, e, portanto, Kurt estava totalmente perdido. Controlava ainda o impulso de virar o carro na hora e voltar ao ponto onde Blaine o abandonara, furioso. A simples lembrança da cena lhe deu arrepios. Blaine sempre fora tempestuoso, impulsivo. Temia por ele.

I wish I could carry your smile in my heart

For times when my life seems so low

It would make me believe what tomorrow could bring

When today doesn't really know, doesn't really know

I'm all out of love, I'm so lost without you

I know you were right, believing for so long

I'm all out of love, what am I without you

I can't be too late to say that I was so wrong

( Queria poder levar seu sorriso em meu coração

Para os momentos em que minha vida parece tão triste

Ele me faria acreditar no que o amanhã trará

Quando o hoje não sabe ao certo, não sabe ao certo

Estou completamente sem amor, perdido sem você

Sei que você estava certo, acreditando por tanto tempo

Estou completamente sem amor, o que sou sem você?

Não pode ser tarde demais pra dizer que eu estava tão errado)

                A chuva acabou por ajudar Blaine a acalmar seus nervos. No ponto de ônibus descoberto, o rapaz sentia seu coração a cada batida. Não sentia raiva; estava ferido. Kurt nunca havia falado daquela maneira com ele. Ouvir seus defeitos, aqueles que bem sabia que possuía e detestava, apontados pela pessoa que mais amava doía mais do que podia imaginar.

                Mesmo sendo orgulhoso como sempre fora, também se sentia arrependido. Toda a briga fora completamente desnecessária, ainda que tivesse dito o que realmente pensava. Por que deixara tanta coisa acumular pra depois explodir numa discussão idiota? Por que não conversara a respeito de suas aflições antes? Talvez tivesse medo de quebrar o clima de romance constante que os circundava. Tinha feito tudo errado. Talvez fosse mesmo uma criança...

I want you to come back and carry me home

Away from these long, lonely nights

I'm reaching for you, are you feeling it too?

Does the feeling seem oh, so right?

And what would you say if I call on the night

to say that I can't hold on?

There's no easy way, it gets harder each day

Please love me or I'll be gone, I'll be gone.

( Quero que você volte e me leve ao meu lar

Longe dessas noites longas e solitárias

Estou tentando te alcançar, você também consegue sentir?

Esse sentimento não parece oh, tão certo?

E o que você diria se eu te ligasse de noite

Dizendo que não aguento mais

Não há um jeito mais fácil, cada dia fica mais difícil

Por favor, me ame ou partirei, partirei )

                Com seu pensamento lá longe, na briga com Kurt, Blaine quase não percebe dois homens se aproximando de forma suspeita do mesmo ponto de ônibus, que com exceção dos três se encontrava vazio. Um garoto sozinho na chuva numa rua deserta; era a presa perfeita.              

                Tentando manter a calma, pensou rapidamente em suas opções: entrar num ônibus qualquer não era uma delas, uma vez que só aparecia um a cada 15 minutos, se tanto. Apesar de saber o suficiente de defesa pessoal e boxe, nada disso teria muita valia contra dois caras muito maiores do que ele, provavelmente armados. 

                Resolveu atravessar a rua, ao avistar do outro lado uma pequena mercearia. Ainda que não estivesse movimentada, ao menos poderia refugiar-se lá até que os dois desistissem.  Ao perceberem sua intenção de afastar-se, porém, os dois se anteciparam e começaram a vir em sua direção. Ainda passavam muitos carros, não teria tempo suficiente!

                Neste instante, porém, um carro  freou bruscamente e parou à sua frente. Os vidros do carro desceram rapidamente e logo viu algumas faces conhecidas:

-  Tá perdido, Blaine? Entra aí!


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