Era 3 de março. Um sábado. Todo ano eu ia fazer uma visita ao tumulo de meus pais no cemitério. Carmen ia comigo e levava Samantha, que já estava coisa dois anos. Ela parecia muito com Carmen.

Carmen ficou ao meu lado ate certo tempo e foi para o carro com Samantha quando começou a chuviscar. Fiquei ali mais um tempo. Agachei-me e fiquei olhando para a lápide.

Pensei no quanto eu poderia ter sido forte para salva-los. Em ter chegado antes para que nada disso tivesse acontecido. Que eu não tivesse sofrido o acidente naquele dia, que poderia ter perdido Carmen também, mas por sorte isso não aconteceu. E a sorte foi tão boa, que me deu uma filha linda.

– Queria que vocês vissem a neta de vocês. – Murmurei.

Olhei para trás e vi Carmen no carro olhando para mim. Ela compreendia o porquê de eu ficar ali o tempo que fosse preciso.

– Sinto tanto a falta de vocês.

Já tinha se passado dez anos desde a catástrofe. Tive sorte por ter alguém que cuidou de mim enquanto eu estava no hospital. Eu queria ter poderes pra voltar no tempo para salvar a vida de vocês, mas não tenho. A única coisa que tenho é a sorte de ter sido filho de vocês. Levantei-me e fiquei ali por mais algum tempo. A chuva começou a cair mais fortemente, mas nem me importei com isso.

Decidi voltar para o carro. Despedi-me dos meus pais e fui caminhado ate o carro. Enquanto voltava uma coisa que pensei me fez sentir menos culpado por tudo que tinha acontecido.

“Talvez o cemitério seja o único lugar onde ninguém é culpado de nada. E é onde todos são absorvidos por sua culpa numa terra de pecados.”

Entrei no carro e segui de volta para casa com Carmen e minha filha. O resto que aconteceria com nós só o tempo diria, mas eu estava feliz por ter Carmen ao meu lado para sempre e estávamos felizes por termos tido uma filha. Olhei para ela e sorri. Ela sorriu de volta. Eu não precisava de mais nada em minha vida para ser feliz, eu tinha Samantha, Carmen e o seu sorriso. Eu me completava.