11- Justin descobre o óbvio.

No dia seguinte, à noite, Selena ficou comigo, e Kendall foi sozinho para a gangue de Royalton. Eu não deixei de ficar preocupado com ele. Era só ver o que Royalton havia feito a mim e Selena. Eu quase morri, Selena foi estuprada. Não podia ficar pior. Ficamos nós dois, eu e Selena na frente dos computadores, conversando, e ela tentando me deixar menos em pânico.

– Justin, ele vai ficar bem. – Selena disse para mim, afagando meu cabelo. Na verdade, ela repetia aquela frase pela décima vez.

– Ele disse a mesma coisa quanto a você. Eu disse isso a você. E olha o que aconteceu... – Murmurei. – Eu me sinto péssimo por causa disso...

– Justin, está tudo bem...

– Não, não está! – Quase gritei. – Você insiste em dizer que está bem! – Eu a fitei. – Selena, você não está totalmente bem! Por que você não quer que eu me preocupe com você?!

Voltei meu olhar para o outro lado, e, quando eu me virei para ela novamente, e fui surpreendido com um beijo. Um beijo intenso. Eu fechei os olhos e me rendi. Nossos lábios se roçavam com intensidade e veemência, Selena envolveu meu pescoço com seus braços, e ficamos nos beijando por um tempo. Um tempo mega maravihoso. Quando ela separou seus lábios dos meus, ela disse:

– Não preciso que você se preocupe comigo quando eu me machuco por que você já se preocupa comigo sempre! – Ela disse. Eu corei.

– M-mesmo?

– Mas é claro que sim! – Selena murmurou, tocando meu nariz. – E, olha, acho que o pé frio é o Kendall, não você! – Ela disse, brincando.

– Qual é, ele já conseguiu um monte de coisas... – Disse, num tom modesto.

– Você também! Se não fosse você, não saberíamos onde procurar, nem o que havia acontecido comigo, etc, etc. – Selena disse. Eu a fitei, tentando entender o que ela havia acabado de dizer. Eu? Importante? – Justin, você é o mais importante de nós três! – Ela concluiu.

Espera. Mais importante que eles dois?

– Mas... Você e o Kendall também são... Importantes. – Murmurei. – Vocês fazem tudo!

– Mas não saberíamos o que fazer sem você. – Selena rebateu. – É como dois escaladores sem um mapa. Não serve de nada.

Eu olhei para baixo. Era verdade. Não queria me vangloriar, mas o que Carl havia me dito estava começando a fazer sentindo.

Flashback On:

Carl sorriu, e colocou as mãos em meu ombro. Depois, me fitou e disse.

–Olhe, garoto, eu pude ver sua ficha com Mirage... Você é capaz de mais do que você imagina, pode acreditar! Você é importante! Eu posso não te conhecer, mas sei que tem bastante coisa por trás desses óculos... É só... Mostrar...

Flashback Off;

– Eu não sou importante. Pra nada. – Falei.

– Fala a verdade, Justin. – Selena disse. – Você não tem lá tanta auto estima, não é?

Eu suspirei, e joguei a cabeça pra trás.

– Não. – Falei, enfim. – Por que você acha que vivo na internet o dia todo?

– Isso vai mudar. – Ela disse. – Você vai perceber seu potencial alguma hora.

Eu suspirei, e nós voltamos a nos concentrar em Kendall, trocando alguns carinhos ás vezes. Eu não contei a Selena, mas eu havia tido meu primeiro beijo com ela. E estava me sentindo ótimo. Se apaixonar, mesmo sabendo que era impossível levar algo á frente, era ótimo. Eu passei a amar o amor com o passar dos dias, quando Selena estava se recuperando e tinha de ficar comigo. Claro, não passávamos dos beijos mais atrevidos, eu ainda estava aprendendo a beijar, mas eu concluía que não estava fazendo tão errado assim, mas de qualquer forma, se apaixonar era ótimo. Claro, não podíamos deixar Kendall saber daquilo. Ele gostava dela, sabíamos que, se ele soubesse que eu, seu irmão de 13 anos de idade, havia roubado a Selena dele, não sairia de casa nos próximos dois meses. E não, não é drama demais. Já aconteceu, até. Quando se trata de Kendall Knight, nada é demais.

Selena voltou á ativa, e eu ainda estava tendo de ficar no QG por causa do meu braço. Ninguém consegue mexer com três teclados com uma mão engessada. Mas eu nem estava fazendo um trabalho ruim, mesmo longe. Deixei os planos de encontrar minha mãe de lado por enquanto. Comecei a planejar a Operação Chip 1, aonde pegaríamos o primeiro dos seis chips que foram roubados. Daquela vez, eu iria entrar em campo, de acordo com o planejado. Bem, Kendall iria distrair Royalton e seu ego inflado, dizendo que precisava de ajuda dele, para melhorar nas corridas, e jogar alguns elogios para o cara. Ele com certeza iria cair. Selena distrairia os seguranças e os caras da equipe que estivessem por perto. Eu pegaria os chips, com Royalton e a segurança ocupados, o cerco estaria livre.

– O que vamos fazer com as nossas identidades? – Kendall perguntou para mim, em um dos muitos dias que nós tiramos para planejar a operação. Eu havia acabado de voltar do hospital, onde havia tirado meu gesso. A única coisa que eu conseguia fazer com a mão desengessada era apontar para alguém com o indicador. – Já me têm na mente. Já atacaram a Selena. Já atacaram você.

– Downey. – Falei, com um sorriso torto.

– Eu quero ser o Taylor Lautner dessa vez. – Kendall disse, numa risada, logo ao entender o que eu estava sugerindo.

– Deixa eu ver... – Selena disse. – Eu quero ser a Hayley Williams!

Eu a fitei, surpreso. Claro, Selena era minha diva maior, mas Hayley Williams era a artista que eu mais admirava desde que ouvi sua voz Mezzo-Soprano cantando My Heart em All We Know Is Falling. Eu tinha sete anos, mas me viciei naquela garota e não larguei mais.

– Eu não vou precisar me disfarçar. Eles explodiram o carro, não me viram. E... Hayley? – Perguntei. – Você vai ficar mais perfeita.

Selena riu, Kendall me encarou com uma cara de WTF?!, e eu tive de olhar para ele com uma cara de Oi, tudo bem?, e ver sua cara mais confusa ainda. Eu estava descobrindo muitas coisas óbvias naqueles dias. Que o amor que eu sentia por Selena não iria terminar por causa das nossas idades, que Kendall era mais lerdo do que eu imaginava, que as pessoas achavam que eu era uma espécie de herói, que eu era importante, ou estava começando a ser, que eu estava perto de muita gente importante pra mim, e, depois de uma série de sonhos estranhos: Eu era uma espécie de vidente. Tudo bem, a última afirmação era dispensável, mas era verdade. Eu sonhei com o que aconteceu comigo muito tempo depois da Operação Chip 1 e mais outras coisas.