Ela se virou e seus olhos encontraram os meus. Sorri abertamente para ela e me aproximei.

– A senhorita toca?- Perguntei tocando o instrumento.

– Não mais..- Suspirou.

– Não quer falar sobre isso?- Perguntei quase afagando sua mão, mas desisti.

– Eu não estou me sentindo muito bem. Vou ficar um pouco lá fora.- Mudou de assunto e saiu.

Fui para a biblioteca e esperei que Isabella retornasse, mas não aconteceu. Foi escurecendo e nada dela aparecer. Procurei por Ângela, e quando a encontrei na cozinha perguntei de uma vez:

– Onde a Srta. Isabella está?

– Deve estar no jardim, Sr. Cullen.- Disse educadamente.

Fui até o jardim à procura dela, e a encontrei quase saindo por uma passagem no canto.

– Srta. Isabella?- Perguntei a assustando e ela correu até mim, tapando minha boca com sua mão.

– Vem..- Me apuxou até a passagem que dava no meio de várias árvores, e dava para ver as luzes da cidade.

– Está fugindo?- Perguntei surpreso.

– Não. É apenas um passeio. Não posso sair durante a noite..- Me olhou tristemente.- Irá contar pro meu pai?

– Não, claro que não.- Sorri e estendi meu braço para ela, que o pegou um pouco receosa.- Para onde quer ir?

– Tem um lugar, mas não pode dizer a ninguém sobre ele.- Falou seriamente, e eu assenti. Ela finalmente estava começando a confiar em mim.

Ela foi me puxando por entre as árvores, até que chegamos à um rio, e antes dele tinha várias flores. O brilho da noite refletia na água, e havia alguns vagalumes acima de nossas cabeças. Um esconderijo muito bonito.

– Como encontrou este lugar?- Perguntei à ela, que ainda segurava meu braço.

– Antes de morarmos naquela casa, havia uma jovem que morava lá com seus pais e irmãos, e fugia sempre que podia. Ela ia ser obrigada a se casar, aí criou esse esconderijo.- Contou me soltando.- O pai dela ficou furioso, e mandou que destruíssem todos os meios de chegar até aqui mas antes que isso acontecesse, ela fugiu com um rapaz que por quem ela era apaixonada. Os pais ficaram decepcionados e tristes, aí resolveram ir embora. É só isso que eu sei..- Falou se sentando próxima ao rio.- É bom fugir para cá, é onde me sinto eu. Aqui eu não sou filha de um homem rico e importante, e não existem pessoas gananciosas. É onde fico em paz com meus pensamentos.

A olhei encantado. Ela ficara ainda mais linda sob o luar, olhava tudo maravilhada, suspirando feliz. Sorri ao vê-la desse jeito. Quando ela voltou sua atenção para mim, deu um sorriso lindo que quase me fez correr para sentir seus lábios nos meus.

– É a primeira pessoa que trago aqui.- Falou olhando para longe. Me sentei ao seu lado, colocando seu cabelo atrás de sua orelha.

– Nunca se interessou por ninguém Srta. Swan?- Perguntei levando minha mão até seu rosto, mas ela se afastou.

– Não, mas eu já fui noiva.- Fiquei surpreso.- Talvez um dia eu lhe conte sobre isso. Por que não me conta sua história?- Perguntou.

– Talvez um dia eu lhe conte.- Sorri me levantando.- Venha. Vamos nos divertir um pouco. Sua fuga não pode ser em vão.- Ela arqueou uma sobrancelha.- Confie em mim.- Estendi minha mão, mas pensando que ela fosse recusar, a abaixei. Para a minha completa surpresa, ela segurou minha mão e sorriu para mim. Não estava hesitante como sempre.

A levei para darmos um passeio pela cidade. Falávamos sobre seus passatempos. A cada segundo me via mais encantado por ela.

– Mas chega de falarmos sobre mim. Me diga, o que gostas de fazer Sr. Cullen?- Perguntou sorridente. Ela estava à vontade comigo.

– Eu gosto de viajar, ler, tocar piano, mas uma das coisas que mais gosto de fazer é estar com a senhorita.- Sorri de volta vendo o sangue se acumulando, num rosa bem claro, em suas bochechas.- Ainda mais adorável estando corada.

– Obrigada.- Falou baixando sua cabeça.- Então, o senhor também toca..?- Assenti.- Eu adoraria ouvir qualquer dia desses.

– Mesmo?- Perguntei quando estávamos em frente à sua casa. Segurei suas mãos, olhando em seus olhos, preso por sua intensidade e mistério. Me aproximei de seu rosto, quase tocando meus lábios nos dela, quando ela se afastou e puxou suas mãos, me deixando confuso com aquela reação.

– Boa noite Sr. Edward.- Entrou em sua casa apressando os passos.

O que eu fiz? Estava tão perto! Entrei na grande casa e ouvi gritos de Charlie vindos da sala de jantar.

– O que estava pensando ao sair no meio da noite por Londres sozinha Isabella?- Ele gritou e vi Isabella se encolher.

– Pai, eu só estava..

– Não quero saber! A partir de hoje, só sairá desta casa acompanhada!- Via tudo acontecendo, escondido até que senti que precisava proteger Isabella.

– Eu a acompanhei, Sr.- Falei entrando na confusão e Isabella me olhou surpresa.

– Por que não esperaram pela manhã para que pudessem dar um passeio?- Ele perguntou ainda irritado.

– Porque a Srta. Swan não estava se sentindo muito bem. Achei que seria melhor se ela saísse um pouco.- Expliquei.

– Tudo bem então. Não quero que isso se repita Isabella.- Falou friamente para a filha. Ela ficou parada e quando seu pai saiu da sala de jantar, ela veio me abraçar.

A apertei delicadamente em meus braços, sentindo o agradável calor de seu corpo. Respirei fundo em seu cabelo, sentindo seu cheiro. Tão perfumada.. Ela apenas beijou meu rosto, e me olhou.

– Obrigada.- Sorriu e se afastou indo para seu quarto. Senti falta do seu corpo ao meu, e balancei a cabeça tentando clarear minha mente.

Fui para meu quarto, tomei um banho e me preparei para dormir. Não conseguia me entregar à incosciência do sono. A única coisa que me vinha à cabeça era Isabella. Seu rosto levemente corado, o calor de seu corpo, a sensação de tocar sua mão, e principalmente seu sorriso. A coisa que eu mais queria experimentar era a maciez de seus lábios cheios e convidativos.

Tentei me concentrar em alguma outra coisa, como por exemplo, em Tânia, mas nada tirava o sorriso de Isabella da minha cabeça. O sorriso que me fazia querer sorrir também.. Fui até o banheiro e joguei bastante água em meu rosto, dando tapas leves.

"Concentre-se no objetivo.." Pensei. Por mais que eu tentasse, ela não saía da minha cabeça. "Eu não posso me apaixonar!"....

Quando finalmente consegui dormir noite passada, de nada adiantou, pois pensar nela só me fez ter sonhos com a mesma. No meu sonho, ela estava completamente entregue à mim, dava para sentir em cada beijo, cada toque, cada olhar.. Mas no meu sonho, estávamos casados, vivendo felizes juntos. Eu não era esse monstro que iria magoá-la mais cedo ou mais tarde com as minhas mentiras e traições.

Me levantei num pulo, ansiando por ver o rosto de Isabella. Me vesti mais rápido que saí da cama e praticamente corri para a biblioteca. Quando entrei, procurei por ela em todo canto quase até no meio dos livros, e de repente senti uma mão tocando meu ombro. Virei-me na direção do toque com um argo sorriso, que se desmanchou ao ver que era, na verdade, Tânia e não Isabella..

– O que faz aqui?- Perguntei me afastando dela, que estava colada em mim.

– Só vim desejar bom dia.- Sorriu maliciosamente. Talvez eu precisasse de alguém para me fazer esquecer Isabella, mesmo que por pouco tempo. A puxei para um beijo, esmagando seus lábios contra os meus e fechei os olhos, quando os abri novamente, vi Isabella e não Tânia. Tentei clarear novamente a minha cabeça, e como eu ainda via "Isabella", beijei Tânia ferozmente imaginando a doce Srta. Swan ali.

Minhas mãos vagaram por todo o corpo de Tânia, mas meus olhos viam Isabella, era o que eu queria ver.. Isabella, e não Tânia. Quando voltei a ver Tânia como ela mesma, me afastei abruptamente e fui tomar ar fresco no jardim. Quem eu encontro? A razão de toda a ansiedade ao levantar da cama. Lá estava Isabella, tocando nas rosas. Havia algo errado.. Ela não estava sorridente como sempre. Por que não? Eu precisava ver seu glorioso sorriso..

Fui andando devagar até estar ao seu lado. Ela parecia irritada. Sorri para ela, mas a mesma não fez nada, apenas assentiu.

– Aconteceu alguma coisa?- Perguntei querendo ouvir sua linda e aveludada voz.

– Não.- Disse simplesmente. Fiquei confuso.

– Quer fazer o que hoje Srta. Swan?- Perguntei tentando fazê-la sorrir.

– Eu quero ficar sozinha.- Se levantou, e segurei seu braço.

– O que aconteceu?- Perguntei novamente.

– Já disse que não aconteceu nada! Agora, me solte.- Puxou seu braço com força.

– O que eu fiz desta vez?- Perguntei alto e ela, que já estava quase entrando na casa, se virou.

– Provou que é exatamente o homem que pensei que fosse.- Respondeu.- Ou acha que não o vi com a Srta. Denali na biblioteca?