Que droga de problema eu fui arrumar?!

Se apaixonar por uma garota que conheço a menos de um mês e que, pra piorar, é namorada do meu irmão?!!

Me revirei na cama e cobri a cabeça com o travesseiro em mais uma tentativa fracassada de pegar no sono. Segunda estava se aproximando e eu não sabia como encarar Lorenza daqui a poucas horas.

Também, não era apenas isso que me perturbava. A garota da minha infância, cujo rosto sorridente reluzia na minha memória, era quem eu nunca deixara de amar. Mesmo depois de oito anos sem vê-la, esse sentimento continuava igual. Não me lembro para qual estado ela e os pais se mudaram ou por que ela nunca me ligou, eu só sabia, ou melhor, literalmente sentia, que um dia voltaríamos a nos encontrar. E agora tudo isso estava em crise por causa de uma garota exótica que apareceu do nada na minha vida!

Isso era pior que um pesadelo. 

O som do despertador me fez abrir os olhos de repente. Já havia amanhecido e eu não consegui dormir nem por um minuto.

Eu estava um caco, um trapo, e praticamente morto assim que cheguei na escola. Obriguei meus pés a se arrastarem até a sala antes que o sinal tocasse, o que foi um desafio já que eu estava atrasado.

Durante os dois primeiros horários nem o rosto dos professores chegava até minha retina. Tudo o que eu via eram figuras embaçadas movendo-se na sala. Se alguém me falasse que havia zumbis bem na minha frente, existiria uma grande chance de eu acreditar e atacá-los com a primeira coisa que eu conseguisse alcançar.

Felizmente não me disseram isso.

O som do sinal tocou e eu me debrucei acabado sobre a carteira. Usaria todos os preciosos segundos do intervalo para tentar recuperar o sono perdido. A silenciosa escuridão, que eu ansiava cada vez mais, chegou mais rápido do que imaginei.

Assim que abri os olhos novamente e fitei toda a sala, percebi que ainda não era a próxima aula pois toda a classe continuava vazia – ou quase.

De todos os alunos, por que logo ela tinha que estar ali?

Em seu lugar de costume, vi Lorenza lendo mais uma vez seu diário. Logo que ela percebeu minha presença, fechou o caderno e veio na minha direção.

Meu cérebro travou.

Qual o motivo dela estar caminhando exatamente para onde eu estou!!?

Se isso é um pesadelo, por favor, alguém me arranque disso.

-Oi – Lorenza disse, sentando-se numa cadeira ao meu lado.

-Oi – minha voz saiu embargada pelo susto e o sono.

-Lince, você parecia um morto vivo hoje mais cedo. O que aconteceu?

Sério, eu preciso sair desse pesadelo. Agora!

-Não é nada de mais...

Lorenza arqueou uma sobrancelha. 

-A propósito – a interrompi no momento que que seus lábios se moveram para me contradizer. Essa parecia minha única chance de descobrir, por isso tinha que perguntar de uma vez – por que você tá namorando meu irmão?

Ela corou.

Seus olhos ficaram tímidos antes de encontrarem um brilho único.

-Porque ele é a pessoa que eu estava procurando.