A semana seguinte passou mais rápido que de costume. Caio e Henrique continuaram insistindo na teoria da filmagem, porém eu é que não ia me fazer de idiota. Além disso, Lorenza já havia adquirido o uniforme da escola e deixara de usar seu cosplay.

De um certo modo, me arrependi de não ter tirado uma foto dela no primeiro dia. Ela realmente ficara bem com aquela roupa. Só tinha que tomar cuidado para não falar isso a ninguém. Não queria que pensassem que eu era um maníaco por garotas de mini-saia. Se bem que não sou contra o uso delas pelas mulheres...

Certo,chega. Hora de mudar de assunto antes que minha mente piore tudo.

Numa quinta-feita, acordei estranhamente mais cedo que de costume. E quando cheguei na escola, a encontrei praticamente vazia. Iria aproveitar esse silêncio para tirar um cochilo antes das aulas começarem.

Entrei na sala e encontrei alguns garotos debruçados sobre a mesa e, perto da porta, no seu lugar de costume, vi Lorenza lendo algo parecido com um livro escrito à mão. Como não tinha ninguém conversando com ela, e eu era um dos únicos que ainda não se apresentara, pensei então em falar finalmente com a garota.

Sentei-me na cadeira vaga à sua frente.

–Oi - cumprimentei, por falta de saber o que dizer.

Ela fechou o que estava lendo e pude comprovar pela capa que aquilo era um diário.

Engoli o comentário que iria dizer.

–Oi - ela respondeu, sorrindo.

–Ainda não tinha me apresentado pra você...

Lorenza riu.

–É verdade. Bom, mas então, qual seu nome?

–Diogo. Só que todos me chamam de Lince mesmo.

–Hum, é um apelido diferente.

–É.

Ficamos em silêncio por um instante. Ela parecia esperar eu dizer alguma coisa.

–Ah! - lembrei do que queria perguntar a ela - aquele cosplay que você veio no primeiro dia, de qual anime é?

–Você é otaku também!? - seus olhos ganharam um brilho próprio.

–É, sou...

–Legal! A maioria das garotas achou que era uma fantasia de carnaval - Lorenza sacudiu a cabeça decepcionada - Aquela roupa não é de nenhum anime. Eu que desenhei.

–Você? Sério?! - isso me surpreendeu.

–Aham. Eu me inspirei em alguns uniformes de colegial, desenhei aquele e pedi para uma amiga da minha tia costurar.

–Ficou realmente bom - eu não devia ter falado isso.

Ela pareceu não reparar na minha cara de constrangimento e sorriu agradecida.

Vi nesse momento que a sala começava a ficar cheia e raparei num canto Henrique com seu celular ligado apontado diretamente para mim. Droga! Desde quando ele estava ali!?

Fui salvo por um grupo de meninas que se aproximou de mim e Lorenza e usei isso para sair dali. Acenei para ela e fui até onde Henrique sentava. Ele tentou esconder o celular, só que eu fui mais rápido e o tirei da mão dele.

Cliquei em vídeos e selecionei o mais recente. Ele havia mesmo filmado a maior parte da conversa. Pelo menos não dava para ouvir o que tínhamos conversado. Henrique apontou para a tela no momento em que eu elogiara Lorenza.

–Você ficou vermelhão, hein Lince.

Semicerrei os olhos.

–Não é da sua conta.

Me virei para afastar o celular da mão dele e cliquei logo em excluir vídeo. Pronto, problema resolvido.

–Hei! - Henrique retrucou - Aff cara, relaxa. Era só um vídeo.

-Se era só isso não tinha problema então em ser apagado.