Ela me encarou pasma e empalideceu mais do que antes.

-No seu diário, me desculpa mas eu tive que ler, Diih não é o Marcelo, sou eu – ela quis me interromper porém eu continuei – Quando nos conhecemos eu me apresentei como Diogo só que você nunca me chamava assim, Lorena; quer dizer, Lorenza.

Meu rosto corou com essa lembrança e a confusão dos nomes só me atrapalhou.

-Faz tempo que não me chamavam de Lorena – ela disse, sem expressão nenhuma no rosto – Se isso foi verdade, porque o Marcelo fingiu ser você?

-Eu também não sei...

Lorenza levantou-se e me olhou decidida.

-Se isso for mesmo verdade, vamos descobrir então.

Me coloquei de pé mecanicamente e abanei a cabeça, concordando com ela. Nem precisamos dar dois passos quando ouvimos palmas e o som de uma risada irônica atrás de nós.

-Que linda história essa de vocês, não? – meu irmão disse, caminhando na nossa direção.

-Marcelo... – Lorenza falou, olhando de mim para meu irmão.

-Por que eu fingi ser você!? – Meu irmão riu – Essa sua história tá errada desde o começo. Eu não escondi seu diário, Lorenza. Tanto que meu quarto foi o primeiro lugar que procuramos, certo?

Lorenza pareceu hesitar.

-Foi.

-Mas não olharam atrás do criado-mudo – retruquei, vendo o sorriso desaparecer do rosto de Marcelo.

-Você sabe que eu sempre procurei por ela – falei, cravando os olhos no meu irmão – E Lorenza, se você duvida, pergunta para os meus pais, meus amigos. Eles vão te dizer que sou eu.

-Confiar nos seus amigos?! – Marcelo rosnou – Se você pagar, qualquer um pode falar isso.

Ele virou-se e ficou de frente para Lorenza. Diminuindo o tom de voz, continuou:

-Lô, já se esqueceu de tudo que a gente passou? Desde o dia em que nos encontramos no shopping até hoje. Não deixe que essas mentiras te enganem.

Essa frase foi tão clichê que não sei como Lorenza ficou aflita e não respondeu nada por um tempo. Eu olhava de Marcelo para ela até que Lorenza pigarreou e minha atenção parou nela.

-Olha, eu preciso de tempo para pensar, ok? E também de mais... provas. Uma semana. Depois disso e de tudo que me disserem até lá, eu digo minha resposta.

-Fechado – meu irmão retrucou na mesma hora.

-Lince? – Lorenza disse, um tanto receosa.

-Tudo bem.

Isso seria como um jogo para ver juntava mais provas. Eu estava tão perto do que sempre busquei que depois de oito anos, não seria agora que eu iria desistir. Olhei com o canto do olho para meu irmão. Que o jogo comece.