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Jasper

Fui correndo para poder pensar, aliviar minha mente. Cacei em alguns momentos, mas não estava exatamente com sede, era um vazio diferente.

Ao chegar, fiquei uns instantes admirando minha antiga morada. O vidro nas paredes refletia a iluminação do céu nublado de Forks. O gramado, apesar de abandonado, ainda florescia. Abri a porta devagar, e tive a expectativa de que Alice viesse me recepcionar, mas ela não veio.

Por dentro, tudo era igual. Tirei os lençóis que guardavam os móveis e me dediquei nas próximas três horas a livrar a casa do pó e do mofo que o abandono havia lhe concedido. Como concederia a mim.

O antigo quarto em que ficávamos tinha o toque pessoal de Alice. Por isso, não me estendi e, ao sair, tranquei a porta do cômodo. Levei minhas coisas ao quarto de hóspedes, próximo ao que pertencia o Edward, e sabia que deveria retomar a vida de estudante, porque a maior dor viria ao ficar vinte e quatro horas isolado naquela casa.

Não era o maior quarto da casa, mas era agradável. Tinha uma linda vista para a floresta, proporcionada pela parede de vidro exuberante, e as demais paredes tinham tons pastéis. Organizei o que trouxe comigo.

Passei no quarto de Emmett e Rosalie, puxando um pedaço de assoalho que, como em todos os cômodos, era onde escondíamos dinheiro. Guardei comigo. Depois de pronto, corri até a garagem, deparando-me com uma moto MV Agusta F4 1000 R, a última aquisição de Carlisle lá.

O suave ronco do motor me lembrou da minha admiração por motos, que acabei não prestigiando. Me dirigi ao lugar que sabia que precisava ocupar.

Como sempre, a burocracia é complicada, mas nada que um vampiro não consiga fazer. Ordenei meu início imediato e assim foi.

Se foi uma surpresa para os outros quando cheguei na escola? Sim, foi.

Eu iria terminar o Ensino Médio mais uma vez, e depois, arranjaria outra ocupação, em outro lugar. Não vi a lata-velha de Isabella ao chegar, o que me tranquilizou. Eu não estava pronto para ter a conversa sobre Edward com ela.

Pelos corredores, os alunos hesitavam ao me ver. Para uns, intimidadora, e para outros, atraente. Segui a massa que ia para o intervalo, como se nada acontecesse.

Entrei no refeitório e todos os olhares automaticamente se viraram para mim. Pude vê-la a alguns metros, me fazendo hesitar.

 Lá estava Isabella Swan, com uma raiva descomunal que nunca a vi sentir,  falando todas as verdades que desejava. Arqueei as sobrancelhas, surpreso. Ao se virar, deixou a bandeja cair, mas lá ficou, parada, me encarando como se fosse irreal. Decidindo que não estava pronto para uma conversa com a jovem que quase matei, e um pouco surpreso com o leve pico de emoções que senti ao vê-la, passei diretamente por ela e sentei-me a mesa em que costumava ficar com minha família.

Com a visão periférica, a vi se sentar em outra mesa qualquer e me observar de esguelha, coisa que ela nunca foi muito boa em fazer.

Não era um bom momento para socializações. Estava me adaptando às informações que recebia por todos os lados, todos os sentimentos de todas as conturbadas mentes juvenis.

Foi um momento longo, onde me lembrei de Maria, das guerras, do meu tempo solitário, de Alice, dos Cullen, de virar vegetariano... É difícil ter memórias tão reais de toda uma vida.

Senti Bella sentar ao meu lado e pigarrear, mas minha mente estava longe. Na minha primeira noite com Alice. No entanto, o cheiro de Bella me atingiu e, por um segundo, tive medo de atacá-la novamente. Porém, apesar do cheiro maravilhoso da garota ao meu lado, a sede que eu senti no momento não parecia incômoda. Isso me intrigou de uma nova forma, e, me afastando dos pensamentos de Alice, comecei a cogitar a possibilidade de a minha perda de controle na noite do aniversário de Bella ter tido outra razão. E só saí desse estado pensativo ao toque do sinal, indo diretamente para a sala, sabendo que aquele não era o momento certo para falar com Bella.

Senti sua indignação, sua decepção. Segui para a próxima aula.