Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 7
Perigo? Onde? Aqui?


Notas iniciais do capítulo

Para ser sincera não estava com muitas ideias para esse capítulo, mas espero que ao menos preste.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/183842/chapter/7

Depois da conversa animada, Hayato mostrou o lugar para Akita. Era... bom, enorme. Simplesmente enorme, e obviamente esse amigo do albino era bem rico.

A cozinha era grande, com equipamentos caros e em perfeita manutenção. O balcão brilhando, os talheres de prata tinindo na gaveta e os panos de prato perfeitamente dobrados no armário.

— Já faz um tempo que não cozinho algo — contou Hayato. — É chato fazer comida só para mim mesmo.

Depois disso eles foram para a outra sala, de televisão. Era absurdamente confortável e apenas um pouquinho mais baixa que a outra. Tinha, na parede, uma televisão plana de cerca de 150 polegadas, enorme. Muitos e muitos metros de distância à frente, haviam, no lugar do sofá, pufes. Alguns eram menores, alguns maiores, tinha até um pufe gigante. Mas todos eram muito macios e confortáveis. Um grande tapete aveludado cobria toda a extensão entre a tela e os pufes. Janelas que iam desde o chão até o teto deixavam a luz do sol entrar, junto com uma deliciosa brisa fresca. Havia também uma mesinha comprida na parede, cheia de potes e caixas de doces. Balas, chocolates em barras, chocolates em cubos, bombons, gelatinas, doce de leite, alfajores, confetes... além de balas de goma, trufas, frutinhas secas e um grande panetone. No teto haviam enormes lâmpadas, pareciam abajures invertidos.

Passada a sala, eles foram para o escritório. Uma mesa de carvalho estava ao canto, com uma cadeira estofada à frente. Sobre a mesa havia um computador caro, que ainda nem estava à venda naquele país. Junto tinha uma bonita impressora, que naquele momento estava desligada. Atrás havia mais uma estante.

— Tem alguns livros de medicina aqui — disse Hayato, apontando a estante. — Lá na sala só tinham livros normais, de histórias e lendas. Aqui têm de um bocado de faculdades... como psicologia, letras, química, física, filosofia e mais esse monte de livros que nunca entendemos nada.

Depois veio a sala de jantar. Tinha a altura normal, as paredes brancas, uma delas em madeira clara, um espelho ao lado da mesa, junto com uma mesa de mármore negro e bancos altos. A mesa era para dez pessoas, as cadeiras brancas estofadas, o tampo da mesa de vidro. Lustres pequenos e decorados pendiam do teto. Uma grande janela estava do lado oposto do espelho.

— Eu, pessoalmente, não gosto muito de comer aqui — falou Hayato. — É deprimente sentar nessa mesa grande com poucas pessoas, ou sozinho. Geralmente como na cozinha, já que lá tem uma mesa também.

Akita assentiu, sem prestar muita atenção.

A área de serviço, Hayato disse que não havia necessidade em mostrar. Então eles foram para a sala de televisão, onde havia a escada que levava ao segundo andar. Os degraus eram de um mármore branquinho e o corrimão prateado. Ao subirem as escadas, depararam com algumas portas.

— Existem quatro quartos aqui — explicou Hayato. — Vamos usar os dois do canto. O seu vai ser o segundo de lá para cá. Há um banheiro em cada quarto, ok? Acho que era só isso para mostrar...

"No dia em que isso for , eu vou ser o governante do mundo", pensou Akita.

— Quer arrumar suas coisas agora ou mais tarde? — perguntou Hayato.

— Pode ser mais tarde — disse Akita. — Tenho que devolver um livro na biblioteca, então vou dar uma saída, tá?

Sem esperar o albino responder, ele desceu as escadas, passando pelos grandes e luxuosos cômodos. Quando estava no hall de entrada que Hayato, que o seguia, resolveu perguntar:

— Sabe o caminho de volta?

— Não — falou Akita, tirando o celular da mochila e guardando-o no único bolso que tinha. Logo depois tirou um pequeno livro de capa azul. — Mas eu me viro. Até mais.

E saiu.

— Aposto que ele vai se perder no caminho de volta — murmurou Hayato, jogando o cabelo para o lado com um movimento de cabeça. — Ou de ida, tanto faz.

Akita entrou no elevador, descendo pacientemente. Da mesma forma que fez quando entrou, cruzou o pátio e cumprimentou o porteiro, saindo logo em seguida. Tinha plena consciência de que Hayato lhe observava da janela de alguma das salas, lá do apartamento. Infelizmente o 81 era de frente para a rua. Segurando firme o livro, Akita virou para a esquerda. Sabia onde estava indo. Já tinha visitado aquela parte da cidade antes, quando exatamente ele não sabia, mas já tinha. A biblioteca ficava um pouco longe, mas odiava pegar ônibus e taxi, então a única saída era ir a pé mesmo.

O caminho foi proveitoso só quando ainda estava no bairro rico. Quando passou para o normal, o barulho foi aumentando gradativamente. As ruas foram enchendo de carros e pessoas, e lojas, além de papéis no chão. "Odeio pessoas", pensou Akita, como se fosse algo que sempre comentasse. "Odeio barulho. Odeio fumaça. Odeio bagunça. E uma cidade é tudo isso junto. Então odeio cidades também."

A biblioteca pública era grande, sem dúvidas. Com uma rampa que ia da calçada até a porta de entrada. Akita entrou, logo se vendo em um cômodo de três andares de altura, quase vazio. E estaria se não fosse por duas poltronas gastas, uma em cada canto, e um balcão, com uma moça entediada carimbando uma pilha de livros. Akita depositou o dele na caixinha do balcão e se virou, pronto para ir embora. Mas aí se lembrou que se voltasse ia ter que ficar trancafiado naquele apartamento o resto do dia. E ainda tinha tempo. Decidiu ficar por ali mesmo, além disso, Kenichi tinha lhe pedido para ler um livro antes da prova seguinte. Era a chance perfeita.

Akita foi para a sala ao lado, onde tinham estantes e mais estantes enormes cheias de livros, separadas devidamente por assunto. Ele pegou o de literatura que Kenichi havia pedido e se sentou em uma das muitas mesas espalhadas, começando a ler.

Não soube dizer quando o tempo passou, ou quanto tempo passou. Mas só se deu conta da hora quando o sol começou a se pôr, e o mesmo refletiu nos seus olhos, atrapalhando a leitura. Mesmo sendo um cabeça-dura, Akita compreendeu que nas entrelinhas da conversa com Hayato, foi dito: "Não fique andando pela rua de noite." Akita devolveu o livro à prateleira e foi em direção à porta principal, mas antes que desse um passo para fora, sentiu um forte arrepio percorrer a espinha.

Como se uma mão gelada tivesse tocado seu ombro, virou-se bruscamente. Não havia ninguém ali, além dele e a moça do balcão. Mas ela, com toda a certeza, não estava fazendo nada ameaçador, pois estava pendurada no celular. Ao ver que o garoto tinha uma expressão meio assustada, meio preocupada e olhando em volta, a moça tapou o bocal do celular e disse:

— Aconteceu algo?

Akita não respondeu imediatamente. Revistou com os olhos o lugar mais uma vez. Só depois que percebeu que não conseguia ver ninguém, ele engoliu em seco e balançou a cabeça negativamente. A moça relaxou os ombros e voltou a falar animadamente no celular. "Mas eu tenho certeza que tinha alguém lá", pensou Akita, andando pela calçada ainda cheia de gente. "E com certeza não é nenhum desses idiotas fazendo compras."

Ele estava tão distraído que acabou entrando na rua errada, e, quanto levantou os olhos, sentindo mais um arrepio percorrer o corpo, viu-se em uma rua vazia, cheia de casas com luzes apagadas. Não estava lá com uma sensação muito boa. Conhecia aquela rua. Era um saco, apesar das casas serem ocupadas, nunca se via ninguém. Sabia como voltar para o apartamento, mas para isso teria que seguir reto. Já anoitecera completamente. As estrelas brilhavam alegremente no manto negro. Por uns segundos, Akita andou normalmente, até que, inconscientemente notando algo pelo canto do olho, deu um salto repentino para o lado, derrapando. "Hã?", pensou ele. "Por que eu fiz isso...?" Mas se interrompeu ao ver, no chão, algo semelhante a uma flecha, com a ponta de aço.

— Mas o que... — começou Akita, confuso. Se interrompeu novamente, desviando-se algumas vezes de borrões finos e pontudos. Mais flechas cravaram-se no chão, à sua frente.

Akita levantou os olhos, acostumados ao escuro, procurando alguém. Por uns momentos não localizou ninguém, até que achou, sabe-se lá como, uma sombra escondida no topo de uma árvore. Dessa vez consciente do que fazia, deu mais um pulo para o lado, rolando, para escapar de mais ataques, e disparou em uma velocidade verdadeiramente impressionante para um estudante da sétima série, ou talvez até para uma pessoa. Continuou correndo, mas não tomou o caminho para o apartamento. Não que estivesse preocupado com Hayato, sabia que o albino conseguiria se cuidar, o problema era com os outros residentes do prédio. Não, tinha que continuar para outro lado, depois que despistasse quem quer que fosse, voltaria ao apartamento.

Mas o problema era que ainda conseguia ver a pessoa o seguindo. E vez ou outra eram lançadas mais flechas.

— Ah, quer tanto assim brincar? — murmurou Akita. — Tudo bem, se for só uma pessoa acho que não tem problema...

Mal ele terminou a frase, deu um impulso para o lado, sumindo na dobra de um muro. A pessoa também parou, esperando o outro reaparecer. Só então que deu para se ver a pessoa direito. Era uma mulher, de cabelos castanhos compridos amarrados no alto, e usava óculos escuros. Ela carregava uma espécie de besta preta de metal, com o lançamento parecido com o de uma pistola. Ela esperou Akita aparecer, com a besta de prontidão, mas não foi isso que aconteceu. O que houve foi que uma sombra de baixa estatura se esgueirou pela árvore, com a discrição e agilidade de um gato. No segundo seguinte houve um baque seco na cabeça da mulher e ela caiu da árvore, atordoada e quase inconsciente.

— Você me fez perder tempo, sabia? — disse Akita que, por acaso, era a tal sombra. — Quero ver a bronca que vou ganhar quando chegar no apartamento, e tudo por sua culpa.

Ele carregava um cano de metal, que estava jogado ao lado do muro que se escondera. É fácil desmaiar alguém desse jeito. Akita saltou da árvore para o chão com uma facilidade extrema. A impressão que se levou era a de que o mesmo fazia isso sempre, o que era quase uma verdade.

— Parece que correr dos idiotas no colégio serviu para alguma coisa — disse ele para si mesmo, puxando a mulher inconsciente e a escondendo em uma moita, junto com o cano. — Pelo menos dessa vez eu tinha uma razão para fugir.



~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


— Demorou, sabia?

— Poupe-me da bronca. E poupe-se de fôlego. Já sei o que vai falar.

— Sabe que corre perigo, não é? E, além do mais...

Hayato estava com uma expressão irritada, com uma voz irritada, mas não estava irritado de verdade. Estava mesmo é preocupado. Falava sem parar, até que notou uma manchinha vermelha na bochecha do menor, escondida pelo cabelo.

— Espere aí — disse o albino, segurando o braço do outro e afastando o cabelo da mancha. Era um arranhão fino, mas que deixava escapar um filete de sangue. Hayato assumiu um tom mais sério. — Foi atacado?

— Não — respondeu Akita indiferente. — Tropecei na entrada da biblioteca. Nada demais.

— Mentiroso.

O albino falou aquilo com tanta firmeza que Akita chegou a se perguntar se o mesmo podia ler pensamentos, porque naquele momento "Mentiroso" era exatamente o que Akita dizia a si mesmo. Ninguém disse mais nada nos segundos seguintes. O pequeno soltou o braço e virou as costas, e, já que estavam na sala de televisão, começou a subir as escadas. Quando estava no quinto degrau, disse:

— Vou dormir.

Não houve resposta imediata. Só quando o mesmo terminou de subir as escadas, Hayato falou:

— Boa noite.

E, mais uma vez, Akita só retribuiu o "boa noite" momentos antes de entrar no quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foi assim que ficou. Bom? Ruim? Uma porcaria? Apesar de tudo eu tentei, e não faço a mínima ideia de quando vou colocar mais um capítulo. Kissuss!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aki No Ame (DESCONTINUADA)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.